sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Em torno dos pais, ampliar as conquistas econômicas a favor das nossas famílias

Homenagem aos pais
Aproveito o Dia dos Pais para destacar que as lideranças sindicais e suas entidades, através dos pais de família, garantem a sua razão social, econômica e histórica de existir. Todas as lutas econômicas e políticas que travamos acontecem porque estamos motivados em buscar resultados para a família trabalhadora, que tem no pai e na mãe, os responsáveis diretos pela educação, saúde e moradia dos filhos.
Neste domingo, no Dia dos Pais, vamos reunir nossas famílias e refletir sobre a importância do líder de nossa família, das lutas que trava com ou sem emprego, para garantir a nossa sobrevivência. Porque todos nós sabemos as dificuldades de se substituir um pai de família, que por assumir com naturalidade a sua luta a favor de todos nós, nem sempre espera as homenagens, que fazemos em nome de todos os companheiros e companheiras da UGT.

TRABALHO -- MINISTÉRIO MULTA 25 MIL EMPRESAS
Veja a notícia a seguir e não se impressione com os números. As 25 mil multas aplicadas pelo Ministério do Trabalho são fichinhas perto do abuso cometido por milhares de empresas no Brasil. Só em São Paulo, mais de cem mil comerciários, milhares de trabalhadores em padarias, oficinas mecânicas, pequenas indústrias, são obrigados a aceitar o emprego sem a carteira assinada.
De qualquer maneira, a atuação do Ministério do Trabalho é melhor do que nada. Mas, insisto, muito mais precisa ser feito.
Veja a notícia publicada hoje nos sites: No primeiro semestre, 24.998 empresas foram multadas pelo Ministério do Trabalho por manterem em seus quadros empregados informais, inclusive adolescentes e crianças. Elas foram obrigadas a regularizar a situação de 303.381 trabalhadores. São Paulo foi o Estado com maior número de trabalhadores regularizados.

Petrobras anuncia nova descoberta
Reserva de petróleo está na camada pré-sal e é de maior valor comercial. Estimativa de volume da reserva ainda depende de testes; em dia de queda da Bovespa, ações da empresa subiram até 1,7%.Claro, adorei saber que a Petrobras achou mais uma reserva.
O que me preocupa é o anúncio ter sido feito num dia de queda de ações da Bovespa. Temos que preservar o patrimônio da Petrobras e, especialmente, tomar muito cuidado para não facilitar a vida dos especuladores.
Leia, por favor a notícia: a Petrobras anunciou ontem outra descoberta de petróleo na camada pré-sal da bacia de Santos, mais nova e promissora província petrolífera do país. A reserva foi encontrada no bloco BM-S-11, o mesmo que abriga o campo de Tupi, identificado em julho de 2006. A estatal não informou a previsão do volume de reservas disponíveis nessa nova área, o que depende de testes. Só disse que se trata de acumulação de óleo leve (30 API), de maior valor comercial.A descoberta do BM-S-11 foi feita em águas ultraprofundas da bacia de Santos, a 2.230 metros de distância entre a superfície da água e o solo marinho.

Aumento salarial é maior no setor público
Batemos na tecla dos prejuízos que a rotatividade vem causando ao Brasil e concordamos com o vice-presidente da UGT e deputado federal, o companheiro Roberto Santiago que faz uma campanha sistemática em busca de uma solução para conter a sangria que a rotatividade de mão-de-obra causa ao País.
Os trabalhadores do setor público, por terem estabilidade, têm conseguido reter na massa de seus salários os repasses que o governo federal tem feito nos seus salários. Enquanto os trabalhadores do setor privado, apesar das seguidas vitórias de seus sindicatos, que conseguiram negociações com reposição de inflação e aumento real, vêem a massa de salários achatada pela rotatividade.
Acompanhem a notícia: O crescimento da economia, a melhora nas finanças públicas e a decisão política dos governos em conceder reajustes ao funcionalismo resultaram em uma recuperação dos salários dos empregados do setor público nos últimos seis anos não constatada com a mesma intensidade no setor privado. Ao se compararem os rendimentos dos trabalhadores dos dois setores em maio deste ano com maio de 2002, há inclusive perda salarial para quem trabalha na iniciativa privada. O rendimento médio real do trabalhador no setor público cresceu 2,3% nesse período --passou de R$ 1.824,84 para R$ 1.866,79.
No setor privado, caiu 2,8% --foi de R$ 1.111,16 para R$ 1.079,69. Os dados são da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE realizada em seis regiões metropolitanas --São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre-- e levam em conta os rendimentos de servidores dos funcionalismos federal, estadual e municipal. "Com mais dinheiro em caixa em razão do aumento na arrecadação pública, o Estado tomou uma decisão política: melhorar a relação com o setor público com a concessão de maiores reajustes", diz Anselmo Luis dos Santos, economista do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho) da Unicamp.

Esta é a hora de se reivindicar salários, diz Lula
Na semana passada, num evento no Sindicato de São Bernardo, o presidente Lula teve que dar um chega pra lá na euforia patronal do Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, que tinha declarado que era hora de os trabalhadores conterem suas reivindicações salariais. Lula, ex-sindicalista e presidente deixou bem claro. É hora de se reivindicar salários.
Leia a notícia: Luiz Inácio Lula da Silva fez hoje um discurso inflamado durante a posse da nova direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. À centenas de sindicalistas presentes, Lula disse que "esta é a hora de se reivindicar salários, aumentos de conquistas e mais direitos trabalhistas".
Lula complementou que a economia cresce, os salários crescem e o emprego sobe como jamais subiu e esse "é o momento em que você (os trabalhadores) deve conquistar salários". O presidente disse ainda que é preciso saber a hora, porque quando a economia deixar de crescer o que o trabalhador terá é desemprego. "Estou falando quase como presidente do sindicato, mas é assim mesmo", afirmou. Lula ressaltou, no entanto, que o mundo vive um momento preocupante.
Ele explicou aos sindicalistas que a crise norte-americana, começou no mercado imobiliário no ano passado, fará com que os pobres paguem a conta."Eles estavam no cassino nos Estados Unidos e agora pularam para o mercado especulativo futuro do petróleo e dos alimentos. Aí veio a inflação mundial", afirmou. Desta vez, no entanto, segundo o presidente Lula, o Brasil está mais preparado. Ele reiterou que a crise dos alimentos é um problema para alguns, mas é uma oportunidade extraordinária para o Brasil. O governo, segundo ele, está investindo forte em agricultura a ponto de fazer com que "até aquele nordestino deixe de plantar macaxeira e tenha máquinas para alimentar o Brasil e o mundo".
Falando ainda sobre economia, o presidente citou aos sindicalistas que o investimento privado até 2012 totalizará US$ 400 bilhões e foi listando as obras em andamento para justificar o bom momento vivido pela economia. Até março de 2009, disse, serão anunciadas quatro novas siderúrgicas, duas refinarias de petróleo - uma no Maranhão e outra no Ceará - e destacou também a licitação do trem bala Rio-São Paulo-Campinas, investimento no valor de US$ 9 bilhões.
Lula disse ainda que serão investidos US$ 6 bilhões em duas hidrelétricas, além de uma refinaria em Pernambuco em parceira com a Venezuela. "A palavra de ordem é aumento do investimento em produção", disse o presidente, destacando ainda uma nova fábrica da Toyota em Sorocaba e a intenção da montadora coreana Hyundai abrir outra fábrica no Brasil. Ainda sobre a questão da inflação, que ele considera preocupante, Lula disse que o governo está tomando todos os cuidados necessários para mantê-la sob controle.

Veja também um trecho que considerei muito importante, de recente entrevista do presidente Lula à revista Exame:
É factível deter a especulação?, perguntou a repórter se referindo à especulação internacional com matérias-primas. Eis a resposta do presidente Lula:

"O que precisamos é aumentar a produção. Por isso, digo que essa crise é uma grande oportunidade para nós. O Brasil está desafiado a produzir muito mais — e vai produzir. Todos já ouviram que somos fadados a ser o celeiro do mundo. Pois bem, esta é a oportunidade. Nos últimos sete anos, o estoque de grãos no mundo caiu 175 milhões de toneladas. E o superávit brasileiro no mesmo período foi de 149 milhões, o que mostra o nosso potencial. A Europa chegou a pagar para que seus agricultores não produzissem. Não dá mais — para que a oferta de alimentos cresça, é hora de abrir o mercado dos ricos. O Brasil está colaborando. Montamos a Embrapa em Gana. Temos pesquisas em campo em 17 países. Sabemos que a savana africana tem muita semelhança com o cerrado brasileiro, que em 30 anos deixou de ser improdutivo e virou uma potência. Assim, vamos dar conta de lidar com um mundo em que há muito mais gente comendo, seja na China, na Índia ou no Brasil. Essa demanda vai continuar crescendo, o que é bom para nós. É por isso que estou tranqüilo. E também porque tenho a convicção de que não vamos deixar a inflação voltar."

Artigo de Marcos Cintra mostra Brasil melhor preparado para crise mundial
Transcrevo para vocês, que como eu têm muito pouco tempo para uma leitura mais aprofundada, o artigo do professor Marcos Cintra, vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas e professor titular da FGV. É importante notar a análise da crise global e a importância do mercado interno brasileiro para nos ajudar a ter uma relativa blindagem na crise financeira mundial, que deve ainda durar alguns anos, segundo o economista.

O Brasil e a crise internacional
Marcos Cintra
A crise no mercado hipotecário de alto risco (subprime) nos Estados Unidos completa um ano e as instituições financeiras européias e norte-americanas já acumulam perdas superiores a US$ 330 bilhões. Esse prejuízo terá impacto negativo sobre o crédito ao redor do mundo, sobretudo nos países ricos, e reduziu em mais de 45% o valor das ações de 90 bancos listados em Wall Street entre julho de 2007 e o mesmo mês deste ano.
A crise no mercado imobiliário norte-americano se espalhou por segmentos financeiros ao redor do mundo por conta de práticas financeiras de distribuição de risco. Em vez de manter esses financiamentos em carteira, os bancos nos Estados Unidos repassaram esses créditos para outros agentes.
A crise do subprime tem sua origem em 2000 quando o Federal Reserve (Fed) passou a reduzir os juros nos Estados Unidos e muitos consumidores refinanciaram suas moradia nos bancos.
Quando em 2003 os juros começaram a subir a dificuldade das pessoas em honrar seus compromissos surgiu e a inadimplência no mercado foi uma questão de tempo. Ocorre que a grande oferta de recursos reduziu o preço dos imóveis e muitos mutuários endividados desistiram de suas casas.
O problema é que o patrimônio recuperado pelo setor bancário valia menos, mas a dívida não foi reduzida.O temido contágio que o abalo no mercado imobiliário norte-americano pode provocar na economia mundial gera tensão crescente ao redor do planeta. Em um mundo cada vez mais integrado a propagação de uma crise de liquidez nos grandes centros mundiais pode causar estragos imediatos em outras economias.No Brasil as crises em outras épocas impactaram negativamente e exigiram ajustes internos de grande magnitude, mas hoje o país já não é tão vulnerável. Os fundamentos da economia brasileira encontram-se em situação boa para enfrentar um novo abalo externo.
Uma recessão nos Estados Unidos vai refletir na economia mundial e pode reduzir as perspectivas de crescimento mundial, afinal o país representa mais de um quarto do PIB mundial. O impacto mais significativo para a economia brasileira viria por conta da possível redução das exportações, o que reduziria o saldo comercial do país, mas o setor externo já vem registrando participação negativa no crescimento econômico.
A economia brasileira tem sido impulsionada por fatores internos. O crescimento do consumo das famílias, alavancado pelo aumento da massa salarial e do crédito e pelo Bolsa-Família, e dos investimentos, estimulados pela importação de máquinas e maior volume de recursos para a construção civil, é que sustentam o avanço do PIB. Ademais, a política monetária foi aperfeiçoada com o sistema de metas de inflação a partir do final da década passada; a dívida externa é baixa; e as reservas internacionais, de quase US$ 200 bilhões, são recordes.
A instabilidade econômica mundial deve se prolongar nos próximos anos e a percepção de risco pode crescer caso seja apurado perdas ainda maiores no mercado financeiro internacional. Mas, dessa vez a economia brasileira deve assimilar bem mais essa turbulência do mundo globalizado.

Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque é doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas.