sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Bancos lideram lucros e montadoras transferem lucros para o Exterior

Bancos lideram lucros
(postado por Moacyr Pereira) Nenhuma surpresa no fato de os bancos liderarem entre as empresas com maior lucratividade. O que preocupa a UGT é termos lutado arduamente, ao longo de décadas, contra a inflação e a ciranda financeira. E depois de 14 anos do Plano Real ainda termos que conviver com essa tremenda lucratividade do setor financeiro em detrimento do setor produtivo que gera emprego e sustenta a expansão do crescimento brasileiro. Como você verá também mais abaixo na notícia sobre as montadoras, quando o setor industrial, controlado pelas multinacionais lucra, se apressa em transferir imediatamente os lucros para o exterior. É hora de buscarmos políticas sistemáticas para estimular a produção nacional (para manter os lucros aqui) e controlar a euforia dos banqueiros, através de políticas de juros decentes, que evitem transformar o Brasil no paraíso dos banqueiros.
Veja os textos e reflita:
O setor bancário é o mais lucrativo entre as empresas brasileiras de capital aberto no primeiro semestre de 2008. De acordo com levantamento da consultoria Economática, o lucro líquido das instituições financeiras listadas na Bovespa foi de R$ 16,579 bilhões de janeiro a junho, crescimento de 13,1% sobre o mesmo período do ano passado. O lucro dos bancos representa 23,9% do ganho total das companhias que estão no mercado acionário.
O setor de petróleo e gás, representando principalmente pela Petrobras, aparece com lucro de R$ 15,809 bilhões no primeiro semestre, o que representa expansão de 41,3% na comparação anual.
Em seguida vem o setor de energia elétrica, com 37 empresas, tomando a posição da indústria de mineração que no ano passado estava na terceira posição. O setor de energia elétrica acumula lucro de R$ 8,765 bilhões no ano até junho 2008, contra R$ 7,828 bilhões em igual intervalo de 2007.
Na quarta colocação está mineração, com cinco empresas e destaque para Vale, com lucro combinado nos seis primeiros meses deste ano de R$ 6,937 bilhões, queda de 36,6%.
Considerando todas as empresas listadas na Bovespa, o aumento do lucro nos seis primeiros meses do ano foi de 8,97%. O lucro acumulado dos quatro primeiros colocados (representadas por 73 empresas) é de R$ 48,091 bilhões, ou 69,4% do total do lucro no primeiro semestre das 317 empresas de capital aberto.

Remessas de montadoras sobem 239% e vão a US$ 4 bi -- Setor automobilístico supera o financeiro como o que mais envia lucros ao exterior. Ganhos recordes no Brasil e necessidade de cobrir perdas no exterior elevam remessas; déficit em transações correntes vai a US$ 19,512 bi
Impulsionados pelos elevados ganhos obtidos nas suas operações no Brasil, a indústria automobilística foi o setor que mais enviou lucros para suas matrizes do exterior neste ano, superando as remessas feitas pelo setor financeiro, que tradicionalmente responde pelos maiores volumes de remessas.
Segundo dados do Banco Central, os fabricantes de automóveis responderam por um envio de US$ 4,045 bilhões para fora do Brasil entre janeiro e julho deste ano, aumento de 239% em relação ao valor observado no mesmo período de 2007. Só no mês passado, essas remessas somaram US$ 1,281 bilhão, 41% do total de dividendos enviados por empresas estrangeiras instaladas no país.
Com as vendas facilitadas pela expansão do crédito, as montadoras têm tido resultados recordes no Brasil. Entre janeiro e julho, foram fabricados mais de 2 milhões de veículos, 22% a mais do que nos primeiros sete meses de 2007.
Outros setores da economia também aceleraram suas remessas ao exterior, embora numa velocidade inferior à dos fabricantes de automóveis. As remessas feitas pelos bancos, por exemplo, somaram US$ 2,414 bilhões entre janeiro e julho, alta de 143% em relação a 2007.
Ao todo, as empresas instaladas no país enviaram, também entre janeiro e julho, US$ 22,131 bilhões para suas matrizes no exterior. Trata-se de um crescimento de 89% na comparação com 2007. O valor acumulado até agora já está bem próximo dos US$ 22,435 bilhões em remessas efetuadas ao longo de todo o ano passado.
Para Júlio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e ex-secretário do Ministério da Fazenda, a alta das remessas reflete o aumento da lucratividade das empresas instaladas no Brasil.
"Seria bom se uma parcela maior [desses ganhos] fosse reinvestida por aqui, mas, na atual conjuntura, isso é impossível", afirma. Segundo Almeida, setores como o bancário e o automotivo aproveitam a rentabilidade obtida no Brasil para compensar perdas sofridas no exterior, e esse quadro não deve se alterar tão cedo.
Déficit -- O lado negativo do aumento das remessas está no seu impacto sobre as contas externas do país. No mês passado, o déficit em transações correntes -que contabiliza a negociação de bens e serviços com outros países- ficou em US$ 2,111 bilhões, o que levou o saldo negativo acumulado no ano para US$ 19,512 bilhões, o maior já registrado nos primeiros sete meses de um ano.
O economista Fabio Kanczuk, professor da USP, diz que os números divulgados ontem não são "nenhuma surpresa" e que a velocidade de crescimento do déficit externo é "assustadora". "É de esperar que um país emergente tenha déficit, mas o ritmo que estamos observando não é sustentável."
Para Kanczuk, no curto prazo a situação não chega a ser preocupante, mas, se o déficit externo continuar crescendo, em 2009 será necessário um ajuste na taxa de câmbio para que o problema seja corrigido.

Governo evita propor teto para contribuição a sindicato
Diante da falta de consenso entre as centrais sindicais, o governo decidiu não propor teto para a contribuição negocial, o que abre espaço para a cobrança acima do teto de 1% sobre o salário anual, uma das propostas discutidas como alternativa ao fim do imposto sindical.Um projeto de lei a ser enviado ao Congresso deve prever apenas que a nova contribuição substituirá o imposto sindical, a contribuição assistencial e a taxa confederativa. Ficará nas mãos dos parlamentares definir se haverá -e qual será- a alíquota máxima cobrada dos trabalhadores todos os anos."Não daremos limite nenhum. Estamos mandando um esboço para o Congresso e ele define as regras", disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, depois de reunião ontem com representantes das centrais sindicais para definir como seria o projeto de lei. "Se essa é uma contribuição negocial, quem deve dizer o valor é cada categoria."A criação da contribuição negocial começou a ser discutida pelas centrais sindicais no início do governo Lula. A falta de consenso sobre como deveria ser feita impediu que o projeto fosse adiante. A idéia é que os trabalhadores de cada categoria decidam o valor da contribuição aos seus sindicatos, em votação em assembléias. Pela proposta da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da Força Sindical, a contribuição anual poderá ser maior que a paga atualmente.

Desemprego cresce e renda não consegue acompanhar inflação
A taxa de desemprego cresceu em julho e a renda não conseguiu acompanhar a alta da inflação. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) coletados nas seis principais regiões metropolitanas do País, a taxa de desemprego ficou em 8,1% em julho, ante 7,8% em junho. O resultado veio acima do teto das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções (7,60% a 7,90%). A mediana era de 7,80%.
O gerente da pesquisa mensal de emprego do IBGE, Cimar Azeredo, disse que o aumento na taxa de desemprego de julho não surpreende. Ele argumenta que não houve variação estatisticamente significativa na taxa, que ficou "estável" em julho ante junho. Segundo ele, "pode ter havido uma melhora tão forte no mercado de trabalho no primeiro semestre que agora as contratações estão mais tímidas".
Ainda de acordo com Azeredo, serão necessários pelo menos mais dois meses "para entender esse resultado". Ele afirmou que, se houver uma alteração significativa para cima na taxa em agosto, aí sim o mercado poderá estar configurando um quadro de piora. "Agora há um quadro de estabilidade", disse.
Azeredo afirmou que ainda não é possível afirmar que a inflação e os juros tenham tido efeito no mercado de trabalho em julho. "A gente não sabe se a inflação ou o aumento dos juros já estão afetando o mercado de trabalho, precisamos de mais alguns meses para analisar isso de forma mais efetiva", disse ele, que está concedendo entrevista sobre a pesquisa.
Renda não acompanha inflação -- Já a renda média real dos trabalhadores ficou em R$ 1.224,40, com variação de 0,1% em julho ante junho e de 3,0% na comparação com julho do ano passado. Ou seja, a renda do brasileiro cresceu abaixo da variação da inflação. Para se ter uma idéia, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - usado como referência para a meta de inflação - registra alta de 6,37% em 12 meses acumulados até julho.
Os números do IBGE mostram ainda que o número de pessoas ocupadas nas seis principais regiões metropolitanas do País somou 21,668 milhões em julho, com queda de 0,3% ante junho e aumento de 4,0% na comparação com julho do ano passado. O número de desocupados (sem trabalho e procurando emprego) somou 1,908 milhão, com aumento de 3,4% ante junho e queda de 12,3% ante julho de 2007.
A ocupação com carteira assinada caiu 0,4% em julho ante junho e subiu 7,8% na comparação com igual mês do ano passado. A ocupação sem carteira aumentou nas duas bases de comparação: 3,1% ante o mês anterior e 4,1% ante julho de 2007.
Massa de rendimentos cai -- Com o crescimento do desemprego, a massa de rendimento real efetivo da população ocupada nas seis principais regiões metropolitanas do País foi estimada em R$ 26,5 bilhões em junho - o dado é sempre relativo ao mês anterior ao de referência da pesquisa mensal de emprego. A massa de renda real caiu 0,6%, em junho, ante maio, e aumentou 8,2% na comparação com junho do ano passado.

Previdência defende teto atual de juros para consignado
É importante a gente se manter vigilante com a fúria dos banqueiros que agora não poupam, sequer, os aposentados e pensionistas. Quando surgiu o crédito consignado, os bancos, através de suas agências de publicidade, eram todos santinhos. Cheios de boas intenções. Agora, que o mercado está consolidado, começam as tentativas de explorar os pensionistas e aposentados. Repudiamos com veemência tais iniciativas. E achamos que o teto de 2,5% deve ser reduzido para 1,75%.
Veja o que foi publicado hoje:
Os representantes do governo no Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) vão defender, na próxima quarta-feira, a manutenção do teto atual da taxa de juros do empréstimo consignado para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que está em 2,5% ao mês. De acordo com a assessoria do Ministério da Previdência Social, o ministro José Pimentel anunciou a decisão durante evento realizado em Recife para lançamento do "Boletim Estatístico da Previdência Social - Especial Nordeste".
O CNPS, que além do governo é formado por representantes dos trabalhadores, aposentados e empresários, é o órgão que define sobre os juros máximos que os bancos podem cobrar neste tipo de empréstimo. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) já reivindicou o repasse das três últimas altas da taxa básica (Selic) definidas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em abril, junho e julho, que resultaram numa taxa de 13% ao ano.
Os bancos argumentam que os custos dos empréstimos foram elevados com a elevação da Selic e o compromisso do CNPS é repassar os movimentos da taxa básica, seja para baixo ou para cima, para o teto dos juros cobrados no crédito consignado. De acordo com o relato da assessoria, Pimentel destacou que o governo já tomou a decisão de defender a manutenção da atual taxa de juros por considerar que um reajuste seria desnecessário. "Muitos bancos têm praticado juros de 1,75% ao mês, mesmo com o teto de 2,5%, o que demonstra a possibilidade de manter as operações com esse padrão de juros", afirmou o ministro.


Chinaglia defende discussão de pré-sal pelo Congresso
Finalmente, o tema do pré-sal chegou no ambiente adequado para a discussão de toda a sociedade brasileira. A iniciativa do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia é elogiável. Tem assuntos, como o pré-sal, que requer o envolvimento de toda a sociedade brasileira. Parabéns.
Veja a nota que saiu hoje na imprensa: O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse ser fundamental que o Congresso discuta o modelo que será adotado para a exploração de petróleo na camada pré-sal. Chinaglia pretende realizar uma discussão na Câmara sobre o assunto. Poderá ser uma comissão geral, quando vários convidados debatem o tema no plenário, ou um grupo de trabalho ligado à presidência da Casa. "Dado o potencial das riquezas brasileiras na questão do petróleo, entendo que é tema de interesse nacional. É mais do que necessário que o Executivo e o Legislativo reflitam a respeito", disse Chinaglia, reconhecendo que a eventual criação de uma nova empresa é assunto sem consenso.