sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Greves voltam para mesa de negociação diante da indiferença dos patrões

Inflação reduz ganhos de trabalhadores
A única resposta que as lideranças dos trabalhadores deve dar aos patrões, diante da redução dos ganhos, causada pela inflação: é ampliar mais ainda a mobilização. A análise do Dieese, publicada nos jornais e que você lerá em seguida, mostra que ainda temos um excelente nível de ganhos, com os 73,5% de categorias que conseguiram ganho real. Mas estamos com indicadores que mostram que os patrões estão endurecendo nas negociações num momento de grandes avanços na economia.
Leia a notícia:
Segundo o Dieese, a parcela das negociações salariais com ganho real no primeiro semestre é a menor em dois anos. Levantamento mostra que 73,5% das categorias conseguiram aumento superior à inflação; um ano antes, haviam sido 87,1%
O aumento da inflação reduziu o número de categorias trabalhistas que obtiveram reajustes reais ou a reposição da alta de preços no primeiro semestre do ano. Das 309 negociações acompanhadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) no período, 12,3% obtiveram a reposição do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), enquanto 73,5% lograram aumentos maiores e 14,2% tiveram que se contentar com reajustes menores. Em 2007, 87,1% haviam obtido aumento superior ao INPC, 9,5%, igual, e 3,4%, abaixo do índice.
"A explicação para essa queda está justamente na inflação, que passou do patamar médio de 4% no ano passado para o de 6%", diz José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador técnico do Dieese. "Fica mais difícil alcançar aumentos reais."
Entre os trabalhadores que tiveram reajustes reais, a maior parte recebeu até dois pontos percentuais acima do INPC. Dos que não chegaram a obter a reposição da inflação, a maioria conseguiu aumentos no máximo um ponto percentual abaixo do índice medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). "É uma diferença pequena, portanto", salienta Silvestre.
Os percentuais dependem também do poder de barganha da categoria, o que está relacionado ao grau de organização do seu sindicato e à produtividade do setor. Por esse motivo, maior sucesso tiveram os operários da indústria, onde 81,3% das negociações resultaram em reajustes superiores à inflação. No caso dos comerciários, o índice foi semelhante, de 80%. Os profissionais do segmento de serviços, no entanto, apenas em 64% das suas negociações tiveram aumentos reais.
No Sul e no Centro-Oeste, foram registrados os melhores resultados: 85,7% das campanhas na primeira região e 84,6% na segunda tiveram aumento real. Os piores foram vistos no Norte, com 62,5% de acordos acima do INPC.
Perspectivas — "O cenário no país é positivo, mas o crescimento das vendas e dos lucros das empresas não necessariamente está se traduzindo em melhoria de salários", destaca Silvestre. "Isso significa que ainda há bastante espaço para avanços."
Na avaliação do técnico do Dieese, como a economia promete seguir em passo rápido, as categorias cujas datas-base se encontram no segundo semestre podem negociar aumentos maiores.

Inflação para baixa renda é a menor desde junho de 2006
Primeiro você acelera até 150 km por hora. Ao temer por sua segurança, abaixa a velocidade para 120 km por hora. A velocidade diminuiu, mas o veículo continua, ainda, em alta velocidade.
É o mesmo raciocínio para a inflação. Subiu a patamares que transfere renda do bolso da família trabalhadora para os empresários. Depois dá uma desacelerada e se noticia que a inflação diminuiu, que caiu, que é menor etc. Mas os patamares continuam altos. E a gente tem que recuperar os valores perdidos nos salários nas negociações salariais. Mesmo quando os patrões, covardemente, teimam em manter para eles os estrondosos ganhos nesta época de quase euforia da economia brasileira.
Veja o texto: Para economista da FGV, custo de vida ainda está alto para os mais pobres. A inflação para famílias com renda entre 1 e 2,5 salários mínimos é a mais baixa desde junho de 2006. A queda no preço dos alimentos derrubou o IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor -Classe 1) para -0,32% em agosto, menor taxa em mais de dois anos. Pela primeira vez no ano, os preços para essas famílias ficaram abaixo do que foi verificado pelo IPC-BR, que mede a inflação para famílias com renda até 33 salários.
O resultado deve-se principalmente à deflação de 1,35% nos preços dos alimentos, que respondem por quase 40% dos gastos das famílias mais pobres. Em escala menor, também foi beneficiado pela variação de -0,33% no grupo vestuário e pela desaceleração de 0,97% para 0,22% no grupo saúde e cuidados pessoais.
O alívio, porém, não foi suficiente para compensar a alta acumulada nos últimos meses. O economista André Braz, da FGV (Fundação Getulio Vargas), destaca que o IPC-C1 acumulado no ano está em 6,27%, contra 4,54% do IPC-BR. Nos últimos 12 meses, a diferença é ainda maior: 8,45% contra 5,93%. "A sensação para o consumidor de baixa renda ainda é a de que o custo de vida está mais alto", disse.
Ele afirma que algumas das principais influências no mês vieram de produtos como o arroz branco (que caiu de 0,72% em julho para -2,59% em agosto), o feijão carioquinha (de 6,01% para -7,26%), a farinha de trigo (de 0,16% para -4,03%) e o óleo de soja (de -0,54% para -4,40%).
No acumulado dos últimos 12 meses, porém, os preços desses itens continuam apresentando crescimento de pelo menos dois dígitos: 39,76% para o arroz, 117,5% para o feijão, 31,78% para a farinha de trigo e 48,74% para o óleo de soja. De todos os principais subgrupos alimentícios, apenas três registram deflação no acumulado desde setembro do ano passado: adoçantes e doces, chocolates e laticínios.

Sem acordo, metalúrgico ameaça greve geral na 2ª
Como disse, os patrões e empresários brasileiros estão abusando da boa onda da economia. É hora de negociar e aceitar as reivindicações dos trabalhadores. Os números são sólidos e mostram ganhos estrondosos. Falta apenas bom senso. Para os trabalhadores em comércio se desenha a mesma situação enfrentada pelos metalúrgicos. Em 65 anos de negociações salariais, pela primeira vez nossa categoria começa a organizar uma greve como alternativa à indiferença e prepotência patronais. Não é essa a nossa preferência. Tradicionalmente, apostamos sempre na negociação. Mas diante da indiferença patronal, com o próprio negócio, com a manutenção dos ganhos neste momento de pico da economia e, principalmente, um descaso absoluto com seus principais parceiros, que são os seus trabalhadores, só nos restará a greve (dentro da lei, conforme prevê a Constituição) a serem mantidas as atuais ofertas patronais para os comerciários.
Veja as notícias dos metalúrgicos e mobilize sua categoria:
Sem chegar a um acordo salarial com as montadoras, os metalúrgicos de Volkswagen, Ford, Scania e Mercedes-Benz decidiram suspender a realização de horas extras e a produção no final de semana para pressionar os fabricantes de veículos a negociarem um aumento real "razoável". Se não houver acordo até amanhã, a categoria pode fazer greve geral a partir de segunda-feira.
A medida vale para os trabalhadores do ABC de outras empresas que também estão em campanha salarial, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ao menos 10 mil empregados da Volkswagen, Ford, Scania e autopeças de Diadema paralisaram em até duas horas as atividades ontem.
As paralisações, concentradas na entrada dos turnos da manhã, não afetaram a produção, segundo as montadoras.
No Paraná, cerca de 8.000 metalúrgicos da Renault/Nissan e Volkswagen/Audi decidiram ontem manter a greve em São José dos Pinhais. A paralisação completa hoje cinco dias.
Até a noite de ontem, representantes das montadoras do ABC e dos trabalhadores estavam reunidos na sede do Sinfavea (sindicato dos fabricantes de veículos) para tentar chegar a um acordo.
"As montadoras têm até sábado [amanhã] para apresentar um proposta decente, caso contrário a greve será por tempo indeterminado a partir de segunda-feira. O que foi oferecido está longe do razoável", afirma Sérgio Nobre, presidente do sindicato da categoria no ABC.
"Na negociação, pensamos a longo prazo e não apenas no atual momento da indústria, assim como as decisões sobre investimento. Temos de pesar também as condições competitivas da indústria no cenário internacional e nos impactos de qualquer aumento de custo", diz Jackson Schneider, presidente da Anfavea (fabricantes). "Estamos abertos à negociação e acredito na maturidade dos atores nesse diálogo."
Os sindicalistas não divulgam o índice de reajuste pretendido no ABC, mas já descartaram a proposta feita anteriormente de 1,25 ponto percentual de aumento acima da inflação.
No ano passado, o aumento real nos salários chegou a 2,5 pontos acima da inflação. A indústria automobilística encerrou o ano com 2,34 milhões de automóveis e comerciais leves emplacados -melhor resultado dos últimos dez anos. Nos oito primeiros meses deste ano, os licenciamentos já alcançaram 1,94 milhão de unidades -26,4% de aumento sobre mesmo período de 2007.
"Uma parcela do crescimento do setor tem de ir para o bolso do trabalhador. Não estamos pedindo 20% de aumento real.
Sem acordo, vamos cortar as horas extras", diz Moisés Selerges, diretor do sindicato.
Na Mercedes-Benz, os metalúrgicos estimam que 400 caminhões e ônibus deixarão de ser produzidos no final de semana. Anteontem, outros cem já deixaram de ser fabricados com uma paralisação.
Os metalúrgicos ligados à Força Sindical fizeram passeata e manifestação ontem pela manhã em frente ao prédio da Fiesp (federação das indústrias), na avenida Paulista. Para a central, a adesão foi de 5.000 trabalhadores representados por 54 sindicatos paulistas. Para a PM, foram cerca de 1.500.
"Os 20% de reajuste que pedimos foi calculado com base na produtividade que o setor teve e na inflação que tem de ser reposta", diz Eleno Bezerra, presidente do sindicato da categoria em São Paulo e da confederação nacional da Força.
No Paraná, os trabalhadores rejeitaram contraproposta das empresas de reajustar os salários em 10% -sendo 2,5 pontos percentuais de aumento real.
Os grevistas pedem o dobro.
Já os 2.700 funcionários da Volvo (Curitiba) aceitaram a proposta patronal e receberão 10% mais abono de R$ 1.500. O sindicato da região informa que cerca de 6.600 veículos deixaram de ser fabricados desde o início da paralisação.

Produção industrial sobe em 10 de 14 regiões
A produção industrial subiu em dez das 14 regiões pesquisadas em julho na comparação com o mês anterior, segundo o IBGE.
Na média nacional, a indústria apresentou alta de 1% na mesma base de comparação. Os principais incrementos foram verificados em Goiás (3,1%), Pará e Amazonas (2,3% cada um), Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo (2,1% cada), Minas Gerais (1,8%) e Bahia (1,5%). Essas regiões ficaram acima da média nacional.
Ao mesmo tempo, tiveram queda na passagem de junho para julho Pernambuco (-3,2%), Ceará (-1,4%), Rio Grande do Sul (-1,1%) e região Nordeste (-1,0%).
Cresceram abaixo da média Rio de Janeiro (0,6%) e São Paulo (0,3%).
Na comparação com julho do ano passado, a atividade industrial cresceu em 13 das 14 regiões analisadas.
Na média nacional, a indústria cresceu 8,5%, quando se utiliza a mesma base de comparação.
As principais altas foram notadas em Goiás (17,6%), Paraná (15,1%), Espírito Santo (14,3%), São Paulo (10,9%), Pará e Minas Gerais (ambos com 8,6%) e Amazonas (8,5%). Abaixo do nível de crescimento nacional, apareceram Ceará (6,3%), Rio Grande do Sul (6,2%), Rio de Janeiro (5,4%), Santa Catarina (3,6%), Pernambuco (1,7%) e Bahia (0,5%).
No acumulado de janeiro a julho, todas as regiões apresentam crescimento na produção industrial, com destaque para os Estados do Espírito Santo (12,8%), do Paraná (11,8%) e de São Paulo (10%).
No acumulado de 12 meses até julho, a produção industrial também foi ampliada em todas as regiões, principalmente, mais uma vez, no Espírito Santo (13,9%), em São Paulo e no Paraná (ambos com 9,3%). Na média nacional, esse avanço foi de 6,8%.

Mais de 12 milhões de idosos são chefes de família
Trabalho ao longo de uma vida toda faz com que os idosos surpreendam com um perfil de vida que a todos honra e estimula. Mas o Brasil ainda é devedor para com os idosos. Mesmo com as recentes políticas de recuperação do salário mínimo, com reflexos nas aposentadorias e pensões, precisamos fazer muito mais em respeito a quem já deu toda a sua vida para o País.
Veja a notícia: A imagem de um idoso entediado de pijamas está longe do cotidiano da terceira idade no Brasil. Hoje, eles representam 10,1% da população, alcançando 18,5 milhões de pessoas. E não devem nada para as gerações seguintes. Segundo dados reunidos pelo cientista social e ex-coordenador da ONU, José Carlos Libânio, os idosos chefiam 12,2 milhões de lares brasileiros, ou 22% do total (são considerados chefes, pelo critério do IBGE, aqueles apontados como tal pela família no momento da pesquisa).
Além disso, 71% da terceira idade do país conseguem ser independentes financeiramente. Apenas 5% dos homens e 23% das mulheres se dizem em dificuldade financeira. A grande maioria dessa faixa da população, 83%, possui casa própria já quitada.
- Esses fatos quebram um mito, mostrando que os idosos continuam a acumular patrimônio. Os mais jovens estão, na verdade, em desvantagem atualmente - analisa Libânio.
Em crescimento — As cifras também jogam a favor dos mais velhos. "A parcela de idosos da população tem crescido cada vez mais e isso deve continuar assim. Em 2050, calcula-se que um em cada três brasileiros serão da terceira idade – afirma.
O movimento é intenso. Entre 1940 e 2006, o número de idosos no país cresceu 11 vezes, passando de 1,7 milhão para 18,5 milhões. A mudança também levou a uma reviravolta nos mercados, cada vez mais interessados nesse segmento. Afinal, eles já são responsáveis por nada menos do que R$ 243 bilhões.
Grande parte da renda da terceira idade, 49%, vem da Previdência, majoritariamente do INSS. Na seqüência, com 39%, estão os rendimentos vindos do trabalho. Os aluguéis também representam uma porcentagem significativa da renda dos idosos, 7%.
As mulheres, por terem uma expectativa de vida maior do que os homens, representam 55% dos idosos. E têm uma velhice mais solitária. A viuvez das idosas é 3,4 vezes maior do que a dos idosos.