sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Ainda falta muito para ser feito no Brasil, apesar dos avanços recentes na economia

Desigualdade na renda tem maior queda desde 1990, diz Pnad
Ainda bem que existem pesquisas regulares do PNAD para reforçar os argumentos da UGT a favor das mudanças urgentes que o Brasil precisa, especialmente a classe trabalhadora. Todos os indicadores, mesmo os melhores, são tímidos. Ainda temos muitos analfabetos e analfabetos funcionais, muita criança trabalhando quando deveriam estar na escola, muita carteira assinada de ex-trabalhadores informais, sendo contabilizada como emprego novo, muito patrão usando e abusando da rotatividade para arrochar salários e reduzir a folha salarial.
Leia com calma os principais pontos divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicíoios (Pnad) e mantenha seu sindicato mobilizado, sua categoria antenada, pois mais uma vez, vai depender dos trabalhadores e dos seus sindicatos avançar para melhorar o Brasil. O governo federal abandonou a classe trabalhadora ao não assinar a Convenção 158 da OIT, dando mais poder aos patrões para demitir para arrochar. Por isso, que você verá que os empregos se formalizam, mas a massa salarial continua baixa, menor do que era em 1998.


Apesar dos dados favoráveis, distância entre rendimentos das camadas de maior e menor renda ainda é elevada.
No que diz respeito ao rendimento do trabalho, no ano passado os 10% da população ocupada de mais baixos rendimentos detiveram 1,1% do total dos rendimentos do trabalho, enquanto os 10% com os maiores rendimentos corresponderam a 42% do total das remunerações.
A desigualdade no País continuou diminuindo em 2007, com o indicador que mede a concentração de renda de um ano para o outro apresentando a maior queda apurada desde 1990. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o índice de Gini da distribuição de renda do trabalho passou de 0,541 em 2006 para 0,528 em 2007. Usado como parâmetro internacional para avaliar as condições de vida da população, o índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de zero, melhor é a condição de vida de um cidadão.
O Gini de todos os rendimentos (inclui programas de transferência de renda, aplicações financeiras, renda de aluguel e aposentadorias) também vem registrando quedas sucessivas desde 2004 e passou de 0,547 em 2006 para 0,534 em 2007.
Apesar dos dados "favoráveis" dos índices de Gini, a coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, Márcia Quintslr, ressalta que a distância entre os rendimentos das camadas de maior e menor renda da população mostra que a concentração, mesmo em queda, ainda é elevada.
No que diz respeito ao rendimento do trabalho, no ano passado os 10% da população ocupada de mais baixos rendimentos detiveram 1,1% do total dos rendimentos do trabalho, enquanto os 10% com os maiores rendimentos corresponderam a 42% do total das remunerações. A fatia dos menores rendimentos ficou praticamente inalterada em relação a 2006, quando era de 1%. "Esses dados mostram que ainda permanece uma concentração elevada", disse a coordenadora.

Contribuintes da Previdência já superam 50% dos trabalhadores
Pela primeira vez no País, porcentual de trabalhadores que contribuíam para a Previdência chegou a 50,7%.
Em 2007, a sindicalização perdeu força no Brasil, com queda de 3,3% frente a 2006. No ano passado, eram 16 milhões de sindicalizados ou 17,7% da população ocupada. Ao longo de dez anos, o total de trabalhadores ligados a sindicatos subiu de 16,2% da população ocupada, para 17,7%.
Com mais pessoas trabalhando com carteira assinada, segundo a Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (Pnad), o número de contribuintes da Previdência Social bateu recorde em 2007. Pela primeira vez na história do País, o porcentual de contribuintes para a Previdência Social é maior que 50% da força de trabalho. A pesquisa mostra que, em 2007, 46,1 milhões de trabalhadores no Brasil contribuíam para instituto de previdência em qualquer um dos trabalhos que tinha, com aumento de 5,7% em relação a 2006.
Enquanto em 2006 o porcentual de trabalhadores que contribuíam para a Previdência era de 48,8%, em 2007 chegou a 50,7%. A expansão ocorreu em todas as regiões do País. Entre as atividades, a administração pública registrou o maior porcentual de contribuintes (85,8%) no total de ocupados, enquanto o menor porcentual estava nas atividades agrícolas (15,4%).
"O avanço do trabalho com carteira e da contribuição para a Previdência representam ganhos e garantias importantes para os trabalhadores embora o número de pessoas sem assistência ainda seja relevante", afirmou o economista do IBGE Cimar Azeredo Pereira.
Em 2007, a sindicalização perdeu força no Brasil, com queda de 3,3% frente a 2006. No ano passado, eram 16 milhões de sindicalizados ou 17,7% da população ocupada. Ao longo de dez anos, o total de trabalhadores ligados a sindicatos subiu de 16,2% da população ocupada, para 17,7%.

Analfabetismo cai, mas País está atrás da Bolívia, aponta Pnad
Em 2007, havia 14,1 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais, o que equivale a 10% dessa faixa da população.
A taxa de analfabetismo prosseguiu na trajetória de queda no País em 2007, mas o Brasil ainda está atrás de países como Bolívia e Paraguai nesse indicador, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), relativa ao ano passado, divulgada nesta quinta pelo IBGE. Em 2007, havia 14,1 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais de idade no País, com taxa de analfabetismo de 10%, ante 10,4% em 2006. Em 1992, a taxa era de 17,2%.
Apesar do novo recuo apurado na taxa no ano passado, o País continua muito aquém de outros países da América Latina. Segundo dados de projeção da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para taxas de analfabetismo na América Latina em 2007, reunidos pelo IBGE, a taxa brasileira é superior à apurada em países como Bolívia (9,7%), Suriname (9,6%), Paraguai (6,3%), Argentina (2,4%) e Chile (3,5%), entre outros. Com taxas maiores que o Brasil estão outros sete países latino-americanos, como Haiti (37,9%), Guatemala (26,8%), Nicarágua (19,5%) e República Dominicana (10,9%).
A taxa de analfabetismo brasileira tem variações significativas entre as grandes regiões do País. Em 2007, chegava a 19,9% no Nordeste, enquanto não ultrapassava 5,4% no Sul. No Sudeste era de 5,7%, no Norte de 10,8% e no Centro-Oeste, de 8,1%. Houve diferença também, no ano passado, entre a taxa apurada para os homens (10,2%) e para as mulheres (9,8%).
Há também variações significativas entre as diversas faixas etárias. Enquanto na faixa etária da taxa oficial de analfabetismo (15 anos ou mais de idade) chegava a 10% em 2007, para a população de 25 anos ou mais, a taxa era bem superior, de 12,5%. Para a faixa de 10 a 14 anos era bem menor (3,1%). Em todas as faixas, o Nordeste liderava com taxas bem acima da média nacional.
População — A Pnad relativa ao ano passado confirmou a manutenção da tendência do envelhecimento populacional no País, além do aumento no número de pretos e queda no número de brancos. A população acima de 40 anos de idade aumentou 4,2% em 2007 ante o ano anterior, enquanto a população mais jovem, de zero a 14 anos, teve queda de 0,7%.
Segundo a Pnad, em 2007 as mulheres correspondiam a 51,2% (ou 97,2 milhões de pessoas) da população residente e os homens, a 48,8% (ou 92,6 milhões). Em 2006, a distribuição por sexo na população residente apontava 51,3% de mulheres e 48,7% de homens, ou seja, praticamente não houve alteração de um ano para o outro.
No que diz respeito à raça, a Pnad mostra que a população preta passou de 6,9% do total da população brasileira em 2006 para 7,4% em 2007, com aumento, em números absolutos, de 1,2 milhão de pretos. Houve aumento, no período, no porcentual de pretos nas populações do Nordeste (7,8% para 8,5%), Sudeste (7,7% para 8,4%), Sul (3,6% para 4,3%) e Centro-Oeste (5,7% para 6,6%). O único recuo ocorreu no Norte (6,2% para 5,5%).
A população branca passou de 49,7% em 2006 para 49,4% em 2007, sendo que as maiores quedas ocorreram nas regiões Sul (79,6% para 78,7%) e Centro-Oeste (43,0% para 41,1%).

Trabalho infantil cai, mas ainda há 4,8 mi de empregados mirins
Proporção de crianças e adolescentes trabalhadores no País passa de 11,5% em 2006 para 10,8% em 2007
O trabalho infantil voltou a cair no Brasil em 2007, mas permanece em patamar elevado, segundo mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). No ano passado, do total de 44,7 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade, 4,8 milhões estavam trabalhando. A pesquisa mostra redução em relação a 2006, quando havia no País 5,1 milhões de trabalhadores nessa faixa etária. A proporção de crianças e adolescentes trabalhadores nessa faixa etária passou de 11,5% em 2006 para 10,8% em 2007.
Os dados da Pnad mostram que o rendimento é um fator determinante para o trabalho infantil no País. Enquanto o rendimento médio domiciliar per capita total no Brasil em 2007 foi estimado em R$ 653,00, as crianças e adolescentes ocupados de 5 a 17 anos de idade tinham origem em domicílios cujo rendimento médio domiciliar per capita estavam em torno de R$ 318,00.
A relação entre renda e trabalho infantil fica ainda mais evidente quanto menor a faixa de idade. O contingente de 16,1 milhões de crianças de 5 a 9 anos de idade que trabalhavam no País em 2007 tinha origem em domicílios cujo rendimento médio domiciliar per capita estava em torno de R$ 189,00.

Renda cresce 3,2%, mas não atinge patamar de 98
Aumento para R$ 960 ainda é menor do que a renda média de R$ 1.003 em 1998.
Região Centro-Oeste apresentou a renda mais alta; concentração diminuiu com base na melhora do mercado de trabalho.
A renda média do trabalhador brasileiro cresceu pelo terceiro ano seguido, mas, desta vez, em ritmo mais fraco. Em 2007, a alta foi de 3,2% e chegou a R$ 956. A expansão foi inferior à registrada em 2006, de 7,2%, e em 2005, de 4,5%.
Utilizando a série histórica que começou em 1992 e que exclui a área rural da região Norte, a renda alcançou R$ 960 no ano passado.
Esses dados foram revelados pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), realizada anualmente pelo IBGE. Para aferir informações sobre habitação, rendimento, trabalho, população e educação, pesquisadores fizeram, em 2007, 399,9 mil entrevistas em 147,8 mil domicílios.
Mesmo com a recuperação dos últimos anos, o trabalhador ainda não recuperou o patamar de 1998, quando a renda média era de R$ 1.003. Nos últimos três anos, a renda cresceu 15,6%. A expansão do rendimento contribuiu para a queda da desigualdade no país.
"O aumento da renda no ano passado foi baixo. Tivemos uma conjuntura muito boa, com crescimento da economia maior do que 5% e aumento do salário mínimo", afirma Sonia Rocha, economista do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade).
Para o IBGE, o aumento do número de trabalhadores contribuiu para um crescimento menor da renda. "Parte se deve ao crescimento real do salário mínimo, que em 2007 foi menor do que o verificado em 2006. Mas há outros fatores. Um deles é o crescimento do número de ocupados. Esse contingente de pessoas que ingressaram no mercado de trabalho pode estar baixando a média salarial", afirma Márcia Quintslr, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
O crescimento da renda foi mais expressivo nas regiões Centro-Oeste (8,0%) e Norte (5,7%). No Sudeste, a expansão foi de 1,9%. A região Centro-Oeste apresentou o patamar mais alto de renda, de R$ 1.139. Segundo o IBGE, o resultado reflete o crescimento do agronegócio e o reajuste do funcionalismo. O Sudeste registrou renda média de R$ 1.098.
A única categoria que superou os rendimentos verificados nos anos 90 foi a de trabalhadores domésticos, com renda média de R$ 332 no ano passado. Entre os empregadores, por exemplo, a renda de 2007, de R$ 2.863, ainda é 18,76% inferior à registrada no ponto mais alto da série, em 1996.
"Mais importante do que o resultado é a trajetória de recuperação da renda. Salvo um fator exógeno, como a crise nos mercados, enquanto a economia estiver em expansão e o mercado de trabalho aquecido, a renda deve continuar a crescer", afirma Lauro Ramos, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).