quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Barak Obama significa que a mudança a favor da Paz é possível

“A mudança chegou à América”, diz Obama no 1º discurso após ser eleito

Hoje, a UGT, através da eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, registra, para a História, que Barak Obama mais do significar a mudança, confirma que cada um de nós, em qualquer parte do mundo, pode acreditar de novo que a Paz também é possível. Como presidente da UGT acredito ter sido um dos únicos sindicalistas brasileiros que teve a oportunidade de participar da Convenção Democrata em Denver, nos Estados Unidos, que garantiu a indicação de Barak Obama para a disputa presidencial. Lá, nos idos de 21 de Agosto deste ano, o sonho de mudança já contagiava todos. Sonho que se confirma com a eleição de ontem e que nos pauta para confirmar a mudança do mundo inteiro a favor de novos tempos, de muito mais democracia, de muito mais Paz.

Fui aos Estados Unidos a convite de entidades sindicais mobilizadas em torno da campanha de Barak Obama. Um dos eventos ocorreu em um magnífico centro de convenções. Em seguida, nos dirigimos para o Estádio da Pepsi Cola. Vários ônibus traziam lideranças e populares de todos os cantos dos Estados Unidos. O clima era de euforia democrática, de fé nos homens e mulheres que se congragavam para mudar o mundo. E com a confirmação da eleição do primeiro negro para a presidência da Nação mais poderosa do mundo, temos muito que refletir. Aqui no Brasil, principalmente, onde os negros são quase metade da população e aonde, infelizmente, predomina o racismo disfarçado, que à luz do dia tolhe oportunidade de emprego, paga menores salários só por ser negro, retira das famílias negras a oportunidade que oferece aos brancos.

Barak Obama foi eleito por que ocorreram uma série de circunstâncias que motivaram a opinião pública norte-americana e do resto do mundo a fazer essa opção. A humanidade não quer mais as guerras articuladas em cima de interesses de lobbystas do petróleo e do armamento. Por isso, Barak Obama derrotou McCain que foi associado com Bush e sua guerra e sua agressividade contra nações e povos.

Barak Obama foi eleito porque os Estados Unidos e o mundo estão mudando sistematicamente nos últimos 50 anos. Uma mudança a favor da integração dos povos, a favor da Paz, a favor do respeito entre as nações.

 No Brasil, com Lula, experimentamos o gostinho da mudança com a eleição de um ex-metalúrgico para a presidência. E agora, nesta nova era que se inicia, estamos credenciados para apostar na inclusão social, na geração de oportunidades iguais para negros, mulheres e minorias. E é essa a missão da UGT, a central que mais cresce no Brasil, que continuará sua luta cotidiana e sua mobilização sistemática a favor do Brasil, da Paz e da inclusão social.

Leia o que foi publicado hoje sobre Barak Obama:  Democrata bateu McCain nas urnas e é o 1º presidente negro dos EUA.

Em discurso no Arizona, senador republicano assumiu a derrota.

Barack Hussein Obama, 47 anos, foi eleito nesta terça-feira (4) o 44º presidente da história dos Estados Unidos. Ele será o primeiro negro a chefiar a nação mais rica do planeta.

No discurso da vitória, o senador democrata disse que a "hora da mudança chegou à América" (assista ao lado).

 Obama falou em Chicago, seu berço político, pouco depois das 23h no horário local (3h de quarta em Brasília). Uma hora antes, projeções indicaram sua vitória sobre o também senador John McCain, 72 anos, um republicano.

 Pelas projeções, Obama terá mais de 330 dos 538 votos no Colégio Eleitoral - o mínimo para ser eleito é 270 -, num resultado que confirma a tendência apontada pelas pesquisas de intenção de voto divulgadas até a véspera da eleição. Até o início da manhã desta quarta, a apuração estava concluída em poucos estados (veja os números mais recentes da apuração dos votos).

A posse do democrata está marcada para 20 de janeiro, encerrando oito anos de um impopular governo do republicano George W. Bush.

O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, chega para discursar no Grant Park, após a vitória, na noite de terça-feira (4). (Foto: AFP)

Obama discursou para uma multidão no Grant Park, em Chicago, às margens do Lago Michigan. Segundo estimativa da rede de televisão CNN, o público foi de 125 mil pessoas. A agência Associated Press estimou em 250 mil.

Obama parabenizou o candidato derrotado, disse que McCain "trabalhou duro" durante a campanha e que quer trabalhar junto com o rival na Casa Branca. Ele também parabenizou seu candidato a vice, Joe Biden, sua mulher, Michelle Obama, e sua família.

Obama disse que o caminho que os Estados Unidos têm à frente é difícil e pediu "unidade" para enfrentar os desafios. "Nossa escalada vai ser íngreme. Nós não chegaremos lá em um ano nem em um mandato, mas, América, eu nunca estive tão esperançoso como nesta noite em que nós estamos aqui", disse.

O presidente eleito afirmou que é hora de "sonhar novamente o sonho americano". Ele repisou várias vezes o "Yes, we can" (sim, nós podemos), um dos lemas de sua campanha, e disse que "tudo é possível".

Pouco depois, o senador McCain fez discurso em Phoenix, Arizona, admitindo a derrota. Ele disse que telefonou para Obama cumprimentando-o pela vitória.

 Acompanhado de sua mulher, Cindy, e de sua candidata a vice, Sarah Palin, ele parabenizou publicamente Obama e se colocou à disposição do rival para ajudá-lo.

O discurso de McCain foi assistido com muita atenção no Grant Park, onde eleitores de Obama já se concentravam para festejar a vitória e esperavam a fala de Obama.

O candidato derrotado foi bastante aplaudido quando disse que ia respeitar o resultado das urnas. O único momento de vaia foi quando o republicano agradeceu a Sarah Palin.

O presidente George W. Bush também cumprimentou seu sucessor pela vitória eleitoral, informou a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, fez o mesmo.

Aos 42 anos, Obama entra para a história depois de uma longa campanha, iniciada nas prévias do partido democrata, disputadas com a ex-primeira-dama Hillary Clinton. Um ano antes das eleições, o agora presidente-eleito ainda era desconhecido da maior parte dos Estados Unidos.

Por que a eleição de um negro para a Presidência dos EUA é histórica?

Ele concorreu fazendo um apelo por “mudança”, palavra chave da sua campanha, e conseguiu empolgar o eleitorado, especialmente os mais jovens, com propostas de rompimento com o atual governo.

Para analistas, Obama conseguiu o impossível e o improvável

Em um resultado considerado impossível há alguns anos e improvável há alguns meses, os americanos elegeram nas urnas o democrata Barack Obama, o primeiro presidente negro do país. "O que vemos hoje é um passo enorme na história política americana. Mostra que superamos uma barreira que, há dez anos, parecia intransponível", disse Thomas Brunell, professor de ciência política da Universidade do Texas, em entrevista à Folha Online, por telefone.

A vitória do senador por Illinois marca um novo momento na política dos EUA e coloca as relações inter-raciais --tema delicado no país-- no topo da cena americana. "A eleição de Obama é uma oportunidade de melhorarmos as relações inter-raciais", avalia John Lapinski, cientista político e comentarista da rede de televisão NBC.

Os analistas, contudo, ressaltam o risco de superestimar a conquista de Obama. "Não vai simplesmente resolver o problema, até mesmo porque o próprio Obama tem opiniões divergentes em relação a ações afirmativas, mas mostra que os eleitores estão considerando as minorias", disse Lapinski, em entrevista por telefone à Folha Online, na Pensilvânia.

O fato dos EUA elegerem seu primeiro presidente negro, ressalva Brunell, mostra que a questão racial não deve mais influenciar significativamente nas urnas, mas não que foi superada. "Não acho que podemos simplesmente ignorar o voto guiado pela questão racial, mas o resultado desta eleição é uma indicação que crescemos nos últimos 30 ou 40 anos."

Donald Kettl, professor de ciência política da Universidade da Pensilvânia, engrossa o coro: "Raça, obviamente, é uma ferida aberta na América e na política americana". "A vitória de Obama representa certamente um movimento dramático na longa e turbulenta história da raça nos EUA", disse à Folha Online, por telefone.

Ano dos democratas — Embora a vitória de Obama carregue simbolismo histórico em uma nação marcada pelo preconceito racial, a Presidência democrata não surpreende, No ano em que os EUA vivem sua mais grave crise financeira em 80 anos, as chances do Partido Republicano eram remotas.

Para o professor Brunell, "é surpreendente pensar que, com as taxas de aprovação do presidente [George W.] Bush, a corrida tenha permanecido tão acirrada". "Na minha perspectiva, considerando o que o país está fazendo nos últimos anos, os republicanos não deveriam nem ao menos concorrer nestas eleições", completa. Obama entrou na corrida com a vantagem de que os eleitores estão insatisfeitos com a atuação de Bush, impopularidade agravada pelo estouro da crise financeira.

"Os eleitores culpam o governo pela crise que estamos vivendo e não pensam no governo como aquele que lidera a Câmara dos Deputados, no caso os democratas, e sim quem está na Presidência. Assim, o colapso da economia foi o que propulsou Obama em muitos Estados ganhos por Bush em 2004", avalia Lapinski.

E diante da perspectiva de um novo mandato republicano, os independentes e moderados --grupo que não tem voto definido e por isso pode ser crucial na eleição-- mostraram-se dispostos a sair de casa e votar não só a favor dos democratas, mas contra os republicanos.

Fardo

Mas o fato deste ser o ano dos democratas não traz apenas benefícios ao governo de Obama. Com a liderança do partido na Câmara dos Deputados e no Congresso --conquistada também nas eleições gerais de 4 de novembro--, Obama sofre uma cobrança ainda maior para aprovar suas medidas e solucionar a crise financeira que afeta o país.

"Ter a maioria no Legislativo não é garantia de ter aprovado todos os seus projetos. Ele pode ter problemas para conseguir apoio no Congresso e isso vai enfraquecer sua imagem como líder partidário", ressalta Kettl.

Outra dificuldade a ser enfrentada por Obama é cumprir as ambiciosas promessas de campanha, como a redução dos impostos para 90% da população americana. "Ele vai chegar no governo e perceber que não tem dinheiro para as promessas que fez e aí estará diante de decisões difíceis e impopulares", afirma o professor da Pensilvânia.

Para enfrentar os desafios da Presidência, Obama deve contar com seu companheiro de chapa, o senador veterano por Delaware, Joe Biden. "Biden foi uma escolha segura para a campanha, mas foi, acima de tudo, uma escolha garantida para seu governo", afirma Lapinski, lembrando que Biden é alguém em quem Obama confia e tem um bom relacionamento.

Ao lado do democrata estarão ainda sua mulher, Michelle, que promete ser uma primeira-dama tão proeminente quanto Hillary Clinton, e suas filhas Malia e Sasha --a quem prometeu um cão de estimação assim que chegassem à Casa Branca.