segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Criar barricadas contra a crise que ameaça como principais vítimas as famílias trabalhadoras

Contra crise, G20 prioriza ação a reforma do sistema

(Postado por Marcos Afonso de Oliveira) — A deflação para os trabalhadores é tão prejudicial quanto a inflação. A deflação é desemprego, baixo consumo, falta de perspectiva para retomada do crescimento da economia. É como se o país inteiro entrasse numa depressão profunda, com lojas fechando, indústrias demitindo, ruas com pouco movimento. É uma tristeza só que devemos a todo custo lutar para não deixar nos contaminar enquanto cidadãos, trabalhadores e Nação. Vamos nos manter otimistas, com realismo, como sugere nosso presidente Ricardo Patah e incentivar as iniciativas governamentais (federal, estaduais e municipais) para a manutenção e ampliação de investimentos que mantenham a economia aquecida.

Leia mais: Para clube que representa 85% da economia mundial, risco de recessão supera o de inflação; BCs atuam como bombeiros na crise.

O G20, o clube de países que somam cerca de 85% da economia mundial, constatou, em sua reunião em São Paulo, que o risco de recessão é bem maior que o de inflação, do que decorre a determinação de "tomar todas as medidas necessária para estimular o crescimento não-inflacionário"- ou, na prática, reduzir os juros e adotar pacotes de estímulo fiscal.

O ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, presidente de turno do G20, aceita a recomendação e aproveita-a para fazer publicamente o máximo de pressão que se pode permitir em público sobre o Banco Central para reduzir os juros. "A perspectiva é de queda da demanda; logo, a preocupação com a inflação cede lugar a outras preocupações", disse ontem o ministro, na entrevista de encerramento do G20. Emendou sutilmente: "As autoridades monetárias saberão adequar-se ao novo cenário".

O México, um dos poucos países, como o Brasil, que não reduziu os juros nos meses de crise, já antecipou que vai fazer a adequação sugerida por Mantega: diante da queda de preços de alimentos e commodities, seu vice-ministro de Finanças, Alejandro Werner, diz que há margem para cortar juros. "Os juros que temos agora não mais mais necessários", disse Werner à margem do encontro do G20. A China, por sua vez, antecipou-se à recomendação de "tomar todas as medidas" para o crescimento: anunciou um pacote de estímulo espetacular pelos números (US$ 586 bilhões, mais ou menos meio Brasil), até 2010.

Mas a recomendação do G20 é matizada: não se trata de uma espécie de PAC global (Programa de Aceleração do Crescimento) e, sim, de ações "consistentes com as circunstâncias [de cada país]".

Traduzindo: países que tenham bom resultado fiscal (receitas menos despesas) devem usar o espaço para estimular o crescimento. Quem tem déficit fica mais limitado.

O Brasil, que tem saldo, não vê, no entanto, necessidade de aplicar agora algo parecido ao que anunciaram os chineses. "Não temos uma queda de atividade que nos leve a isso", diz Mantega.

O fato de o G20 ter recomendado medidas para incentivar o crescimento revela que as autoridades financeiras continuam mais preocupadas em atuar como bombeiros, atacando os diferentes focos de crise, do que em pensar no futuro, na reforma da arquitetura financeira internacional -que deveria ser o principal objetivo da reunião em São Paulo. (Mais informações na Folha)

Contra desaceleração, China lança pacote de R$ 1,23 trilhão

O governo chinês se integra às iniciativas adotadas por governos ocidentais dentro da mesma perspectiva de manter a economia aquecida, com crédito sendo distribuído em todos os níveis. É a hora de os governos agirem, pois o Mercado financeiro falhou feio. O tão apregoado mercado que tudo regula, deixou todos nós a ver navios. É hora de os governos e cidadãos agirem.

Leia e reflita e mantenha seu sentimento de pátria em alta, porque vamos precisar: Recursos para estimular a economia devem ser aplicados nos próximos 2 anos. Valor do pacote anunciado pelo governo da China equivale a quase 2,5 vezes o total de investimentos previstos no PAC brasileiro.

O governo chinês anunciou ontem um pacote de investimentos de 4 trilhões de yuans (o equivalente a R$ 1,23 trilhão -US$ 586 bilhões) para os próximos dois anos a fim de estimular a economia, ameaçada pela desaceleração interna e pela queda nos mercados que importam produtos chineses.

O valor do pacotão chinês representa uma injeção de recursos de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) anual do país em 2009 e 2010. A soma das riquezas da China neste ano deve somar US$ 3,5 trilhões. Os recursos do pacote equivalem a quase duas vezes e meia o total de investimentos previstos no PAC brasileiro (R$ 504 bilhões) de 2007 a 2010. Contra desaceleração, China lança pacote de US$ 586 bi

Recursos para estimular a economia devem ser aplicados nos próximos 2 anos

Valor do pacote anunciado pelo governo da China equivale a quase 2,5 vezes o total de investimentos previstos no PAC brasileiro

O valor do pacotão chinês representa uma injeção de recursos de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) anual do país em 2009 e 2010. A soma das riquezas da China neste ano deve somar US$ 3,5 trilhões. Os recursos do pacote equivalem a quase duas vezes e meia o total de investimentos previstos no PAC brasileiro (R$ 504 bilhões) de 2007 a 2010. (Mais informações na Folha)

Preços dos alimentos sobem em outubro após 2 meses de queda, diz IBGE

Como de hábito, em qualquer crise anunciada, os primeiros sintomas é a elevação de preços, mesmo diante de uma temida recessão com deflação. Temos que ficar atentos para evitar que os espertalhões de plantão usem a alta do dólar para aumentar, artificialmente, os preços. Com a desculpa da crise. Se bem que diante do cenário atual, o empresário que aumentar os preços levianamente será sumariamente punido. Continuemos atentos, pesquisando e comparando preços e excluindo de nossa lista de compra produtos e serviços que subam covardemente acima da inflação.

Mais informações: Os preços dos produtos alimentícios voltaram a subir em outubro, notou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O ramo Alimentação e Bebidas, que cedeu 0,18% em agosto e recuou 0,27% em setembro, verificou elevação de 0,69% no mês passado.

Com contribuição de 0,16 ponto percentual, o grupo foi responsável por 35% do IPCA de outubro, que cresceu 0,45%. Os produtos alimentícios tiveram 10,04% de acréscimo no ano, passando a taxa de igual período de 2007, de 7,76%.

"A pressão nos alimentícios ficou concentrada nos feijões (5,66%) - o feijão preto, por exemplo, passou a custar 7,74% a mais - e nas carnes, que, com alta de 3,61%, foram o item com a maior contribuição individual no mês (0,08 ponto percentual)", salientou o IBGE. Com recuo nos preços, apareceram cebola (-15,19%), a cenoura (-14,94%), os ovos (-4,12%), o óleo de soja (-3,38%) e a farinha de trigo (-2,84%). (Mais informações no Valor)

Lula autoriza BB a fechar compra da Nossa Caixa

Aparentemente chegou a época da concentração bancária. E com a concentração bancária a UGT e seus sindicatos filiados exigem dos bancos que não usem a demissão como um dos componentes desta concentração. Temos que nos aliar aos correntistas (que em grande parte é composto por nós trabalhadores) e vigiar de perto os monopólios que vão se formar, com o consequente reajuste imoral de tarifas bancárias. Toda atenção e mobilização serão bem vindas.

Leia mais: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu o sinal verde para o Banco do Brasil comprar a Nossa Caixa, banco do governo do Estado de São Paulo. O negócio deverá ser concretizado nesta semana.

Como revelou a Folha na quinta-feira (6), o governador de São Paulo, o tucano José Serra, e o ministro Guido Mantega (Fazenda) acertaram o negócio. O valor fixado foi de R$ 6,4 bilhões, sujeito a ajustes devido a cálculos sobre créditos e débitos da instituição paulista.

Mantega e Serra aceleraram a negociação entre o BB e a Nossa Caixa por dois motivos diferentes: o ministro quis reforçar o BB após a fusão Itaú-Unibanco criar o maior banco brasileiro, já para o governador, a venda da Nossa Caixa vai lhe render cacife para investimentos em 2009 e 2010.

Na semana passada, o governador e o ministro se encontraram para avaliar o negócio. A reunião é mais um passo após a fusão de Itaú e Unibanco e depois que o governo editou medida provisória que permite aos bancos oficiais comprarem carteira de instituições em dificuldade.

Na última segunda-feira, Itaú e Unibanco anunciaram a fusão entre os bancos e criaram o maior banco do Hemisfério Sul. Segundo as duas instituições, o total de ativos combinado é de mais de R$ 575 bilhões --contra R$ 403,5 bilhões do Banco do Brasil, e R$ 348,4 bilhões do Bradesco, de acordo com dados de junho do Banco Central. (Mais informações na Folha online)

Crise vai impedir que prefeitos cumpram suas promessas

A preocupação da Associação Brasileira de Municípios faz sentido, mas segue a linha dos pessimistas de plantão. Com determinação cívica, prioridade social, mobilização popular é possível que os prefeitos e prefeitas eleitas invistam seus orçamentos de maneira a gerar mais empregos e aquecer o comércio de suas cidades. Estimulando as empresas do próprio município a participar da concorrência, apostando no treinamento de seus jovens, criando bancos de empregos dentro do município. E controlando de perto o orçamento para evitar a praga da corrupção e do desvio de verbas públicas.

Leia mais e participe das decisões de sua prefeitura, através das Câmaras Municipais e dos governos participativos onde existir: Os prefeitos eleitos não poderão cumprir suas promessas de campanha. É o que afirma o presidente da Associação Brasileira de Municípios (ABM), José do Carmo Garcia. Pelo menos não logo no início do mandato. "Durante o período eleitoral, o cenário não era de crise. Ela foi se instalando quando as estratégias já tinham sido feitas. Agora é rever", diz.

As despesas, investimentos e custeio das propostas dos candidatos foram feitas com base na arrecadação de 2007 e 2008 . "Esse foi o ponto de partida para projetar 2009. Acontece que os prefeitos vão assumir diante de expectativas diferentes", conta. Segundo Garcia, será preciso fazer uma reavaliação dos planos de governo, uma vez que a previsão era de o País atingir 6% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e agora, as estimativas apontam para algo em torno de 3,2%. "Não dá para avançar no custeio e aumentar despesas", diz Garcia.

Entidades ligadas a administração municipal recomendam cautela . Entre as lições de casa para novos prefeitos e reeleitos estão: reduzir gastos com custeio, não admitir servidores que foram aprovados em concursos e cortar cargos comissionados.

"O que se deve ter neste momento é precaução. Promessas de campanha talvez tenham de esperar um pouco antes de serem implementadas. São ossos do ofício. Não é a primeira vez que isto acontece, nem será a última", afirma François Bremaeker, economista consultor da organização não-governamental (ONG), Transparência Municipal. (Mais informações no DCI)

Frente a crise financeira internacional, a gestão dos recursos ganha atenção redobrada. Sabe-se, por exemplo, que o salário mínimo vai aumentar em 12% a partir de 1º de fevereiro de 2009. Isto reflete não apenas sobre a conta "pessoal e encargos", mas também sobre os pagamentos a serviços de terceiros (pessoa jurídica e física), obras e instalações e locação de mão de obra, porque direta ou indiretamente os custos são repassados aos serviços. "A obrigação dos prefeitos será ficar em estado de alerta", avisa Bremaeker.

"O governo já anunciou a possibilidade de uma redução de 5% na arrecadação federal. Mas isso não representará uma diminuição dos valores transferidos, mas uma redução no ritmo de crescimento da arrecadação e, por conseqüência, no ritmo de crescimento das transferências do Fundo de Participação dos Municípios (FPM)", explica o economista da ONG.

Segundo Garcia, as receitas de Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços (ISS) devem ser revistas nos orçamentos municipais. Além disso, é provável que a liberação de emendas parlamentares fique mais restrita. (Mais informações no DCI)