sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A crise econômica internacional tem servido, infelizmente, de alavancagem ao terrorismo patronal

Lula diz que desemprego é terrorismo psicológico e evitá-lo é questão de honra

(Postado por Marcos Afonso de Oliveira) Dividimos com o presidente Lula a preocupação com as iniciativas dos empresários da indústria completamente alheios aos problemas que o Brasil enfrenta. São empesários ávidos por ajuda governamental, com a ameaça de demitir, e que assim que reajustam seus caixas, demitem da mesma maneira, para aproveitar a crise internacional que a todos preocupa. A UGT está em plantão permanente, em troca de ideias com nossos sindicatos filiados, avaliando, mobilizando e pressionando em todas as instâncias de relacionamento com o Governo Federal para que estanquemos a sangria do desemprego, que prejudica os trabalhadores que foram os principais sustentadoes do crescimento económico até a poucos dias atrás.

Leia mais e se mantenha em alerta máximo: As primeiras notícias de queda de emprego na indústria paulista deixaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preocupado. Em todos os dias da viagem oficial à Itália, encerrada ontem, ele fez discursos em que ressaltou a preocupação com o desemprego, citando em especial a situação da Europa. Na entrevista concedida poucas horas antes de embarcar para Washington, ele deixou ainda mais claro esse temor.

Indagado se a possibilidade de desemprego no Brasil tirava o seu sono, Lula respondeu que o "terrorismo" psicológico causado pela crise deixa investidores e consumidores cautelosos, o que põe em risco as frentes de trabalho. "O que me preocupa, e o que já aconteceu comigo, é que muitas vezes você quer comprar ou trocar de carro e ouve por aí que vai ter um problema e acaba não comprando. Na hora que você não compra um carro, é menos um carro produzido e pode ser um posto de trabalho que você perde", disse ele.

Na conversa com jornalistas, o presidente disse que atendeu a pedidos da indústria automotiva de facilitar a concessão de crédito para garantir a manutenção dos empregos. Ele afirmou que o governo considera também prioritários os setores de construção civil e agricultura, que empregam mais. (Mais informações no Estadão)

No setor de autopeças, demissão chega por carta — Mais de mil trabalhadores já foram dispensados em São Paulo. O metalúrgico Luiz Renato Melinski, 33 anos, é um dos nomes da lista de 480 demitidos da indústria de autopeças Torque, de Rio Claro (SP), especializada no serviço de estamparia. Há sete anos e meio na empresa, Melinski foi surpreendido em casa na manhã do último domingo, quando pretendia fazer um churrasco com a família. A correspondência informava que ele não fazia mais parte do quadro de funcionários a partir do dia 3 de dezembro. Há pouco mais de um mês do Natal, Melinski não disfarça o choque: "Simplesmente não sei que rumo tomar".

Já passa de 1 mil o número de trabalhadores demitidos nas últimas semanas pelas empresas de autopeças do Estado de São Paulo. Os cortes no setor começaram há cerca de um mês.

A multinacional demitiu 80 empregados e, em conversas com o sindicato, avisou que o número pode subir para 600. Segundo Santos, a produção da empresa foi reduzida em quase 40% nos últimos meses, por conta da retração no consumo global. A Bosch é a maior companhia do setor de autopeças e no País emprega em torno de 5.600 funcionários. (Leia mais detalhes no Estadão)

Infra-estrutura terá mais R$ 10 bi

Medida acertada do Governo Federal. Investir na infra-estrutura gera novos empregos, consolida o crescimento da economia brasileira e nos prepara para o pós-crise. Que estes 10 bilhões de reais sejam apenas a primeira etapa de grandes investimentos para sustentar o crescimento do País e tentar conter o avanço da crise.

Leia mais: O financiamento de empréstimos-ponte para a infra-estrutura será o uso prioritário dos R$ 10 bilhões extras para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciados na semana passada pelo governo. Com isso, a instituição poderá financiar até 90% dos investimentos em leilões de infra-estrutura, sendo até 70% pelo empréstimo principal, nas condições do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) - Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e mais até 20% como empréstimo-ponte, a juros de mercado. (Leia mais no Estadão)

Crédito curto faz juro do cheque especial ser o maior em 5 anos

O cheque especial é uma invenção brasileira. Desenvolvido pelo sistema bancário para achacar os correntistas com juros que são qualquer coisa de maluco. Pensar em cheque especial numa situação de dificuldade, qualquer que seja, é como falar em corda na casa de enforcado. A tendência, e os bancos apostam nisso, é ficar pior do que antes, financiando os agiotas do sistema financeiro. Todo o cuidado é pouco.

Leia mais: Taxa média de outubro ficou em 9,24% ao mês (188,7% ao ano) a mais alta desde julho de 2003

Apesar de a taxa básica de juros (Selic) não ter sido alterada na última reunião do Copom, em outubro, as taxas de juros para as pessoas física e jurídica voltaram a subir por conta do agravamento da crise econômica internacional, segundo duas pesquisas divulgadas ontem - uma da Fundação Procon de São Paulo e outra da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).

Pesquisa do Procon sobre empréstimos pessoais e cheque especial divulgada ontem mostrou que nessas modalidades a taxa de juros em novembro é a mais alta desde 2003.

Os juros médios para empréstimo pessoal ficaram em 6,15% ao mês ou 104,57% ao ano, patamar mais alto desde junho de 2003 (6,22% ao mês). Em relação a outubro (6,04%), houve alta de 1,82%. No cheque especial, os juros médios ficaram em 9,24% ao mês ou 188,73% ao ano - maior taxa mensal desde julho de 2003 (9,27%).

Dos dez bancos pesquisados, cinco elevaram a taxa do empréstimo pessoal e sete a do cheque especial. Os demais mantiveram valores. Para empréstimo pessoal, foi considerado o prazo de 12 meses e, para cheque especial, o uso por 30 dias. O Procon pesquisou taxas no Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú, Nossa Caixa, Real, Safra, Santander e Unibanco.

As maiores elevações para as duas modalidades aconteceram no Bradesco. Para empréstimo pessoal, a taxa passou de 5,47% para 5,99% ao mês - alta de 9,51%. Para cheque especial, passou de 8,05% para 8,64% - alta de 7,33%. Houve aumento significativo dos juros ainda na taxa do cheque especial do Real, que subiu de 9,28% para 9,85% ao mês.

A taxa de juros mais alta para empréstimo pessoal foi registrada no Real, de 8,15% mensais. A mais baixa, na Caixa, de 4,49%. No cheque especial, os juros mais altos, de 12,30% ao mês, estão no Safra e os mais baixos, de 7,98%, na Caixa.

BC muda recolhimento do compulsório para manter mais reais circulando

Tem que ver se desta vez vai funcionar. Porque a banca nacional atua no sentido de extorquir os caixas governamentais e os correntistas. E chamamos mais uma vez a atenção que o governo tem tampado os buracos do sistema financeiro sem exigir contrapartidas claras para proteger os empregos dos trabalhadores do sistema financeiro e o interesse dos correntistas.

Leia mais: Em reunião extraordinária do Conselho Monetário Nacional, ficou definida uma mudança no recolhimento do compulsório adicional dos depósitos à vista, a prazo e poupança. Estes passarão a ser feitos em títulos públicos. Até então, eram realizados em espécie, com correção pela taxa Selic. Isso significa hoje a liberação de R$ 40 bilhões em dinheiro para os bancos.

A medida ajudará a melhorar a liquidez em moeda no mercado e a recompor o volume de compulsórios recolhidos pelo Banco Central (BC) em títulos, depois das diversas mudanças anunciadas de meados de setembro para cá, desde o agravamento da crise financeira mundial.

O estoque hoje destes compulsórios adicionais é de R$ 40 bilhões e a medida começa a ter impacto a partir do dia 1º de dezembro. O BC informou ainda que as alíquotas do recolhimento não foram alteradas: continuam de 5% para os depósitos à vista e poupança e de 10% para aqueles a prazo. (Mais informações no Globo on line)