quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Democracia brasileira é contaminada com discriminação salarial contra negros e negras

Na véspera do Dia da Consciência Negra pesquisa registra que renda do negro é metade da do não-negro

(Ao lado, nossa homenagem a Zumbi dos Palmares) Enquanto persistir a tremenda e vergonhosa desigualdade salarial que vitimiza os trabalhadores negros e suas famílias em relação aos seus colegas brancos e asiáticos a democracia brasileira continuará comprometida. Foi com essa preocupação que o Sindicato dos Comerciários encomendou em 2005 uma pesquisa ao Dieese que constatou que os negros ganhavam apenas 54% do que era pago aos brancos. Descobrimos também que a maioria dos shoppings centers (uma realidade que ainda se mantém até hoje) prefere pagar o dobro a um trabalhador branco do que (mesmo discriminando em termos salariais) dar oportunidade a um negro. Para os trabalhadores negros não existe democracia racial (tão apregoada nos discursos oficiais) e por isso a UGT tem na defesa dos negros e negras sua principal bandeira de inclusão social e econômica. Porque enquanto nada for feito para gerar oportunidades iguais para os cidadãos brasileiros, sem distinção de raça, ainda estaremos distante da verdadeira democracia.

Leia mais: Segundo pesquisa Seade/Dieese, negro tem rendimento médio de R$ 4,36 por hora em SP; não-negro recebe R$ 7,98. Causas da diferença são o menor acesso à educação e o preconceito, que impede o negro de subir na carreira, segundo os especialistas.

O trabalhador negro (preto e pardo) ganha apenas cerca da metade do que o não-negro (branco e amarelo) recebe na Grande São Paulo. São R$ 4,36 por hora, em média, contra R$ 7,98, segundo pesquisa realizada pela Fundação Seade e pelo Dieese.

Quanto maior o nível escolar, maiores as disparidades. O rendimento real do indivíduo negro que não concluiu o ensino fundamental é de R$ 3,44 por hora, e o do não-negro, R$ 4,10 -uma diferença de 19,2%.

Já na comparação entre duas pessoas que terminaram a universidade o abismo atinge 40%: o negro recebe R$ 13,86 por hora e o não-negro, R$ 19,49. O levantamento foi realizado em 2007, mas os valores tiveram correção monetária até julho.

"Considerando a média de R$ 4,36 por hora e o fato de que o negro escravo do Brasil Imperial contava com a renda indireta da comida e da moradia, pode-se falar que nada mudou", argumenta o presidente da ONG Afrobras e reitor da Unipalmares (Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares), José Vicente.

O indicador "mais preocupante", aponta, é o que mostra a distância entre os ganhos dos negros e dos não-negros que fizeram faculdade. O restrito acesso à escola é uma das principais causas da desigualdade no mercado de trabalho, mas, para quem conseguiu superá-la, o preconceito acaba sendo o pior obstáculo, afirma. Uma vez contratado por uma empresa, o trabalhador negro não consegue galgar posições e subir na carreira, daí a sua renda ser inferior à dos brancos que sobem na hierarquia, diz ela.

"Os negros não conseguem sequer entrar em um cargo mais elevado. Entre um engenheiro negro e um branco, certamente prefere-se contratar o branco, achando que o negro não é capaz", afirma Vicente.

"Na minha opinião, trata-se da dificuldade em lidar com o diferente", resume Costa. "Existe um perfil de trabalhador que o mercado recebe melhor: homem branco, entre 25 e 39 anos. Ou seja, negros são discriminados, mulheres, homens muito novos ou mais velhos."

Medo da crise faz vendas do varejo crescerem 9% em um ano

Acredito que não podemos ainda atribuir o crescimento do consumo ao medo da crise. Vivemos ainda reflexos do grande consumo do ano de 2008, um dos mais excepcionais anos para o comércio, apesar de os empresários do setor, manterem sempre a choradeira na hora de negociar participação nos lucros com os comerciários. A crise só será plenamente percebida no comércio a partir do próximo ano, pois ainda temos o Natal, o décimo terceiro.

Leia mais: Consumidores antecipam compras diante da perspectiva de aumentos de preços por causa do câmbio, diz IBGE.

As vendas do comércio varejista subiram 9,4% em setembro na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo divulgou nesta terça-feira, 18, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o técnico da coordenação de serviços e comércio do instituto, Reinaldo Pereira, o ótimo desempenho nas vendas varejistas de móveis e eletrodomésticos e equipamentos de informática no mês pode estar relacionado a uma antecipação de compras dos consumidores, diante da perspectiva de aumentos de preços por causa do câmbio.

As vendas de móveis e eletrodomésticos aumentaram 3,1% em setembro ante agosto e 21,3% na comparação com setembro do ano passado. No caso de artigos de informática, houve expansão de 6,9% ante agosto e de 50,6% comparativamente a igual mês de 2007.

Segundo Pereira, além da possível antecipação de compras, o desempenho desses setores continua impulsionado pelo aumento da renda, a continuidade da oferta de crédito e a estabilidade ou redução de preços desses produtos.

Todas as dez atividades do varejo pesquisadas pelo IBGE mostraram resultados positivos em todas as bases de comparação.

Em setembro ante agosto, as vendas subiram 1,2%, na série com ajuste sazonal. Neste caso, o resultado veio dentro das expectativas (de -0,30% a 4,40%) e acima da mediana de 0,95%. No ano, as vendas do comércio acumulam alta de 10,4% e em 12 meses, de 10,3%. (Mais informações no Estadão)

BNDES libera R$ 5,2 bilhões para usinas de cana neste ano

O BNDES faz o papel dele de preservar a indústria sucroalcooleira. E a UGT faz o papel dela ao exigir do banco atenção às contrapartidas sociais. Este setor é notório pelo trabalho precário e escravo, pela falta de registro, pela humilhação permanete de sua mão-de-obra. É hora da contrapartida. E vamos insistir nisso, pois os empresários estão se valendo de dinheiro público e o governo tem que gerar proteção social aos trabalhadores e consumidores.

Leia mais: A indústria sucroalcooleira jamais tomou tantos recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) quanto neste ano. Segundo Paulo Faveret, gerente do Departamento de Biocombustíveis do banco, o setor tomou R$ 5,2 bilhões em 2008, cifra recorde para a indústria sucroalcooleira num só ano dentro do banco.

Apenas em outubro, o banco desembolsou R$ 800 milhões. "Ficamos surpreso", disse Favaret. Segundo ele, o acesso a um total de recursos tão expressivo demonstra não haver problemas econômicos dentro da cadeia sucroalcooleira. Hoje, a carteira de crédito do banco para o setor alcança a cifra de R$ 29 bilhões. (Mais informações na Folha)

Crescimento do PIB impulsiona "economia subterrânea" do país

O crescimento da economia subterrânea prova que a crise é brava. Pois quando faltam oportunidades na economia formal, as pessoas se dirigem para a improvisação, para a criatividade econômica e apostam na informalidade, que muitos chamam de economia subterrânea. Aliás, essa economia sobrevive sempre, independente das crises.

Leia mais: A expansão da economia formal não diminui o nível da informalidade, a chamada "economia subterrânea". Pelo contrário: até impulsiona.

O dado consta da segunda edição do Índice de Economia Subterrânea, da FGV (Fundação Getulio Vargas) e do Etco (Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial), divulgado ontem. A economia não formalizada teve avanço de 4,7% entre dezembro de 2007 e junho de 2008, ante resultado do semestre anterior. No mesmo semestre, o PIB avançou 6% (ante o mesmo período de 2007).

O estudo do pesquisador Fernando de Holanda Barbosa Filho mostra que a expansão da economia formal absorve, sim, trabalhadores informais, o que não freia a economia subterrânea. Esta, por sua vez, se expande no encalço da aceleração do consumo dos novos trabalhadores formais. (Leia mais na Folha)

Lula e Serra acertam venda da Nossa Caixa

Presidente e governador se encontram hoje no Palácio do Planalto para tentar concluir as negociações, incluindo o preço a ser pago pelo BB.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador José Serra (SP) se encontram hoje, no Palácio do Planalto, para bater o martelo na compra da Nossa Caixa paulista pelo Banco do Brasil. Na mesa do encontro, os dados revelam que o governo de São Paulo pede pela instituição pouco mais de R$ 7 bilhões e quer que o pagamento seja feito em dinheiro, com um prazo máximo de um ano para a quitação total. Mas, na conversa com o governador paulista, Lula pensa baixar um pouco o preço.

O governo vai insistir no parcelamento do valor. A maior preocupação é com a possibilidade de descapitalizar o BB. “O pagamento não pode significar a descapitalização do banco e a capitalização do governo de São Paulo”, segundo uma fonte.