segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Plenária da UGT se transforma em evento de reflexão e mobilização a favor do Brasil e das políticas de inclusão social e econômica

Primeira Plenária Nacional de Entidades Filiadas à União Geral dos Trabalhadores (UGT)

(Postado por Moacyr Pereira) — Conseguimos, após dois anos da UGT, um grande evento com a nossa primeira plenária. Foi a oportunidade de discutir os efeitos da crise econômica e começar o debate, necessário, sobre os rumos que a UGT adotará nas eleições presidenciais do ano que vem. Todas as tendências se manifestaram e nos permitiram voltar para nossos Estados de origem com uma visão geral das estratégias que poderão unir a UGT e criar um impacto positivo no grande debate que antecederá e acompanhará as eleições presidenciais e aos governos dos estados. Além do debate político e estratégico a plenária nos ajudou a conhecer de perto nossos companheiros e companheiras, aprender com as mais diferenciadas práticas regionais a combinar nossos esforços organizacionais e políticos para acelerar mais ainda a luta da UGT a favor dos excluídos.

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Serra diz que país tem que viver 'de comida e de roupa'

Serra fez questão de destacar que a UGT é uma das entidades que mais agrega trabalhadores no país. “- Na UGT são 570 sindicatos e 8 milhões de trabalhadores que representam 7,19% da força de trabalho do país. É praticamente um em cada 15 trabalhadores.”

Dois dias depois de voltar a admitir que pode ser candidato à presidência, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), discursou nesta sexta-feira numa plenária da União Geral dos Trabalhadores (UGT), em São Paulo. Com frases como a de que um país não deve viver apenas de papéis financeiros, mas de comida e de roupa, o tucano fez também um apelo aos sindicalistas para que a luta por emprego possa uni-lo ainda mais aos trabalhadores.

- Um país não vive só de papéis financeiros. Não é que não tenha que ter finanças, mas um país vive de comida, roupa, transporte, e isso você tem pela produção. Não podemos perder isso de vista. Temos que transformar essa política de produção e de emprego na coisa mais importante que o Brasil faça na área social - disse Serra, aplaudido por cerca de 500 filiados que acompanhavam o discurso numa colônia de férias em Praia Grande, no litoral paulista.

Uma hora antes, o governador chegou de helicóptero na cidade para acompanhar a inauguração de um Ambulatório Médico de Especialidades (AME). A uma platéia formada por sindicalistas ligados a entidades trabalhistas, o governador também aproveitou para lembrar que foi ele o criador do seguro-desemprego, assim como do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).

O presidente da UGT, Ricardo Pattah, não poupou elogios ao governador paulista.

- Estamos aqui com um dos homens mais comprometidos com São Paulo e com o Brasil. E que deve ser um dos candidatos a presidente em 2010 - disse o sindicalista.

Ainda no palanque, Serra fez ataques às políticas econômica e social do governo Lula.

- A economia brasileira, por incrível que pareça, cresceu menos do que a economia mundial. Fomos o que crescemos menos na América Latina, apesar de que cresceu bem, mas não aproveitamos o que poderíamos ter aproveitado - disse o tucano, direcionando o discurso para os efeitos negativos da política econômica no salário do trabalhador.

- A política econômica tem problemas especialmente nos juros, que continuam sendo os maiores do mundo, e isso tem a ver com os trabalhadores porque tem a ver com o emprego - disse ele, com ataques também ao Bolsa Família , programa do governo federal.

- A gente sabe que transferência de renda, que é o nome genérico desses programas, ajuda, mas não resolve. O que ajuda é emprego e vocês sabem disso. Se não tivesse emprego não teria nem a UGT - reforçou o governador, novamente aplaudido de pé pelos convidados.

Serra fez questão de destacar que a UGT é uma das entidades que mais agrega trabalhadores no país.

- Na UGT são 570 sindicatos e 8 milhões de trabalhadores que representam 7,19% da força de trabalho do país. É praticamente um em cada 15 trabalhadores. (Leia mais em O Globo)

Um ano depois, Brasil sai da crise mundial maior do que entrou

Às vésperas do mês em que se completa um ano da crise global, o otimismo com o País tornou-se consenso.

O Brasil saiu da turbulência global maior do que entrou. Às vésperas do mês em que se completa um ano da crise iniciada com a concordata do Lehman Brothers, em 15 de setembro, o otimismo com o País tornou-se consensual. “O fato de que o Brasil passou tão bem pela crise tinha mesmo de instilar confiança”, diz Kenneth Rogoff, da Universidade Harvard, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI). Para Jim O’Neill, do Goldman Sachs, e criador da expressão Bric (o grupo de grandes países emergentes, Brasil, Rússia, Índia e China), “o Brasil passou por essa crise extremamente bem, e pode crescer a um ritmo de 5% nos próximos anos”.

As medidas do Brasil contra a crise -- O crescimento de importância do Brasil e de outras economias emergentes é uma das características do novo mundo surgido com a crise econômica. Para comentar essa e várias outras mudanças, o Estado ouviu oito grandes economistas estrangeiros e brasileiros: Rogoff; O’Neill; Barry Einchengreen, da Universidade de Berkeley; José Alexandre Scheinkman, de Princeton; Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio gestor do Gávea Investimentos; Edmar Bacha, consultor sênior do Itaú BBA e codiretor do Instituto de Estudo de Políticas Econômicas - Casa das Garças (Iepe/CdG); Affonso Celso Pastore, consultor e ex-presidente do BC; e Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco.

Pastore observa que a recessão no Brasil foi curta, de apenas dois trimestres, comparada a quatro em países como Estados Unidos, Alemanha e França. Goldfajn nota que há os países que estão saindo da recessão no segundo trimestre e os que estão saindo no terceiro - o Brasil está entre os primeiros, com várias nações asiáticas. “Mesmo no primeiro trimestre, se olhar mês contra mês, há números fortes de crescimento no Brasil”, acrescenta.

Para Goldfajn, a crise foi um teste de estresse para diversos países, no qual alguns passaram, outros não, alguns tiveram nota boa e outros nota ruim. “Acho que o Brasil tirou nota boa, e agora está todo mundo olhando e dizendo ‘esse cara é bom’”, diz Goldfajn.

Uma das principais razões para o sucesso do Brasil em enfrentar a crise, segundo Pastore, é que ela pegou o País com o regime macroeconômico adequado - câmbio flutuante, bom nível de reservas, inflação controlada, superávit primário, dívida pública desdolarizada e caindo em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB). Essa solidez combinou-se com o sistema financeiro capitalizado, pouco alavancado, que estava proibido pela regulação de operar com os ativos perigosos, como os títulos estruturados no mercado americano de hipotecas subprime. “Uma das lições da crise é que países que tinham uma abordagem equilibrada da regulação do mercado financeiro, como Brasil, Austrália, Canadá , não tiveram crise bancária”, diz O’Neill.

A política anticíclica, baseada em corte de impostos e ampliação de gastos públicos, também ajudou, embora esta segunda parte seja criticada pelos efeitos de médio prazo. Para Pastore, os aumentos do funcionalismo e do Bolsa-Família tiveram efeitos contracíclicos, mas “por coincidência”, já que foram decididos antes da crise. “O defeito é que, se fosse política contracíclica mesmo, teria de expandir gastos transitórios, e não permanentes.”

Para a maioria dos economistas, o aumento dos gastos públicos correntes reduz o espaço do investimento, e impede que o Brasil cresça a um ritmo ainda mais forte do que os 4% a 5% que estão sendo previstos. “Não é nem preciso dizer que há um monte de coisas que o Brasil poderia fazer para crescer mais rápido”, comenta Rogoff.

De qualquer forma, o sucesso diante da crise jogou o Brasil no radar dos investidores. “À medida que continuarmos a crescer mais que o mundo, é natural que o País receba um aporte muito grande de investimentos estrangeiros diretos”, diz Pastore, acrescentando que eles aumentaram, mesmo com recessão e queda de lucros nos países que sediam as empresas que investem no Brasil.

A contrapartida dos fluxos de capital é o câmbio valorizado e o déficit em conta corrente, o que significa que o mundo está financiando o Brasil para consumir muito (o que implica poupar pouco) e investir ao mesmo tempo. Segundo Goldfajn, os brasileiros serão um dos povos convocados, junto com os asiáticos, a preencher o espaço deixado pelo fim da exuberância do consumidor americano, atolado em dívidas e necessitado de reconstruir seu patrimônio. (Leia mais no Estadão)

Capitalização ameaça trabalhador cotista de fundos FGTS-Petrobras

A capitalização da Petrobras, estudada pelo governo para levantar dinheiro para os investimentos no pré-sal, representa ameaça aos 55 mil cotistas do fundo FTGS-Petrobras. O processo deverá reduzir sua fatia na empresa e, de quebra, diminuirá seus dividendos.
Para preservar seus direitos, o governo teria de criar mecanismos para que os trabalhadores pudessem investir mais recursos do FGTS e, assim, acompanhar o investimento que o governo fará -mas nem isso garante que consigam manter a fatia na empresa.
A capitalização é um processo pelo qual uma empresa emite ações novas para levantar recursos para investimentos. Os acionistas da empresa têm prioridade na compra das novas ações e podem comprar até o limite da participação que têm no capital da empresa.
Assim, o governo, que tem 32,21% do capital da Petrobras, poderá comprar tantas ações quantas forem possíveis para manter a mesma participação. Isso vale para todos os acionistas, inclusive para o fundo FGTS-Petrobras, que tem 2,11% do capital da empresa.
Ainda em estudo, a capitalização pode chegar a R$ 100 bilhões. O valor de mercado da Petrobras é R$ 312 bilhões.
Quem não participar da oferta mantém as ações que tinha. Mas, como o número de ações em circulação aumenta, sua participação acaba diluída.
As ações não compradas pelo acionista são ofertadas ao mercado. Para o governo, a "sobra" de ações é a chance de aumentar a participação na Petrobras -de preferência, sobre os investidores estrangeiros.
"Para que o FGTS-Petrobras acompanhasse a proposta, o governo precisaria autorizar os trabalhadores a usarem parte de seu saldo para que o fundo compre mais ações", diz Haroldo Vale Mota, professor de finanças da Fundação Dom Cabral.
Pelas regras atuais, não é mais possível destinar dinheiro do FGTS para comprar ações.
Se a capitalização for de R$ 100 bilhões, o FGTS-Petrobras teria que investir mais R$ 2,1 bilhões para manter sua participação atual no capital da empresa. Hoje, o patrimônio do fundo é de R$ 3,65 bilhões, todo aplicado em Petrobras.
"O problema é que alguns cotistas podem não ter mais recursos porque sacaram seu dinheiro para comprar casa própria, porque suas contas estão inativas ou porque não querem", afirma o professor de finanças do Ibmec-RJ Nelson de Souza. "A participação deles deve cair."
E é a participação de um acionista que determina sua fatia no bolo dos dividendos (parte do lucro distribuída aos acionistas). Quem tem a participação diluída recebe, portanto, menos dividendos. (Leia mais na Folha)

FGV: preço no atacado indica que recessão não acabou

A deflação registrada pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) nos últimos seis meses confirma que o processo de recuperação da economia mundial é gradual e ainda não foi suficiente para eliminar totalmente os efeitos da recessão sobre os preços. "O fim da recessão não pode ser medido por uma recuperação na margem. Ainda há um hiato na economia, que está diminuindo, mas ainda estamos longe da situação normal", afirma o coordenador de análise de dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Ele diz que esse quadro fica claro quando se olha para os preços no atacado, que seguem mostrando variação negativa.
A percepção da economia ainda fraca, segundo Quadros, pode ser observada no comportamento dos preços de bens de investimento - que reúnem máquinas e equipamentos, caminhões e ônibus. Esses preços recuaram 0,17% em agosto, ante queda de 0,07% em julho. "A demanda por investimentos está pequena, em grande parte porque a exportação está menor", afirma Quadros. "O setor de bens de capital terá o ciclo recessivo mais longo."
As matérias-primas brutas, que também integram o Índice de Preços por Atacado (IPA), por sua vez, mantiveram a trajetória de queda de preços, em parte como reflexo dos preços das commodities, mas também diante da redução da demanda - o que amplia a oferta desses produtos no mercado doméstico. Nesse grupo, estão a soja, cuja deflação foi intensificada de 3,32% em julho para 3,95% em agosto; e o trigo, que caiu 6,32% em agosto e 1,71% em julho. Já a laranja, que sofre diretamente com a dificuldade de exportações, teve seu preço reduzido em 9,29% em agosto e 17,19% em julho. Por fim, os bovinos seguem com preços em queda, mesmo em meio à entressafra, o que confirma o mercado internacional desfavorável para exportação. Em agosto, esse item registrou deflação de 0,50% e em julho, de 0,11%.
O IPA, no entanto, reduziu a deflação (0,61% em agosto ante 0,85% em julho), graças à recuperação de preços de algumas commodities, como petróleo e metais. Essa melhora se reflete no desempenho dos bens intermediários, que saíram de uma deflação de 0,66% em julho para uma taxa positiva de 0,06% em agosto. Dentre os itens que compõem esse subgrupo, tiveram importante participação para esse movimento o preço de óleo combustível, que saiu de uma deflação de 1,77% em julho para uma inflação de 10,69% em agosto, e o querosene de aviação, que subiu 3,24% este mês. "A tendência é de que esses preços continuem em alta ", afirma Quadros. A FGV faz um cálculo dos preços dos bens intermediários excluindo o efeito dos preços dos combustíveis. Nesse caso, os preços desse subgrupo seguem em queda: a taxa ficou em -0,24% em agosto ante -0,20% em julho. (Leia mais no Estadão)

Governo muda regras da aposentadoria

Após anos de debate com as centrais sindicais, o governo federal concordou em abrir mão do fator previdenciário, que atuava como redutor do valor dos benefícios na maior parte das vezes, para o cálculo das aposentadorias do INSS.

Em acordo firmado com a CUT, Força Sindical, UGT e CGTB, o Ministério da Previdência decidiu abolir o fator previdenciário para mulheres que alcançarem 85 anos na soma de sua idade e anos de contribuição e para os homens que atingirem 95 anos pelo mesmo cálculo.

Pela nova regra, o segurado do INSS terá direito ao benefício integral ao alcançar a soma entre a idade e o tempo de contribuição prevista na fórmula, sendo que para cada ano a mais do tempo mínimo de contribuição para aposentadoria é diminuído um ano da idade.

O tempo mínimo de contribuição para os segurados permanecerá o mesmo, de 35 anos para os homens e 30 anos para as mulheres.

Os professores poderão atingir cinco anos a menos para ter direito ao benefício sem descontos. Dessa forma, as mulheres precisarão somar 80 anos, enquanto os homens 90.

O acordo será consolidado por meio de substitutivo global a diversos projetos de lei em andamento no Congresso Nacional. Em troca, proposições como a que concede o mesmo reajuste do salário mínimo a todos os aposentados do INSS - atualmente só os que ganham o piso previdenciário têm direito a esse aumento - serão abandonados.

Exemplos:
As mulheres poderão se aposentar com 30 anos de contribuição e 55 anos idade (85 anos), assim como com 35 anos de inscrição no INSS e 50 anos de idade (85 anos)

Já os homens poderão fazer o pedido de aposentadoria sem se preocupar com descontos aos 35 anos de contribuição e 60 anos de idade (95 anos), assim como os 40 anos de inscrição no INSS e 55 anos de idade (95 anos)

Para o cálculo das aposentadorias, a Previdência fará a média dos 70% maiores salários de contribuição ao longo da vida do segurado. O salário de contribuição não corresponde sempre ao salário do trabalhador, pois obedece ao teto do INSS, hoje em R$ 3.218,90.

Os períodos em que o segurado estiver recebendo salário desemprego ou sob aviso-prévio também serão computados como tempo de contribuição. O acordo com as centrais prevê ainda estabilidade para os profissionais nos 12 meses que antecedem a aposentadoria.

Aumento real – Para os anos de 2010 e 2011, o Ministério da Previdência também assegurou que aposentados e pensionistas que recebem acima do piso previdenciário (salário mínimo) terão a reposição da inflação (INPC) mais 50% da variação do PIB. (Época Negócios online)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Começa hoje a 1ª Plenária Nacional de Entidades Filiadas da União Geral dos Trabalhadores (UGT)

Governador Serra confirma presença na 1ª Plenária Nacional de Entidades Filiadas da União Geral dos Trabalhadores (UGT)

O governador José Serra participa hoje da 1ª Plenária Nacional de Entidades Filiadas da União Geral dos Trabalhadores (UGT). O discurso do governador está agendado para as 12 horas, no auditório da Colônia de Férias do Sindicato dos Comerciários, em Praia Grande.

Já estão inscritas 900 lideranças de trabalhadores de todo o País. Durante o evento serão discutidas as ações que a UGT adota em todo o Brasil para a superação da crise econômica, especialmente, a reivindicação das contrapartidas sociais dos setores econômicos que se valem e se valeram de empréstimos públicos, a ampliação do crédito para as micro e pequenas empresas e a ampliação das políticas públicas para a inclusão social.

As eleições de 2010 também estarão na pauta da UGT que aproveitará para discutir como a central acompanhará as campanhas nas disputas presidencial e nos estados.

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Indústria de SP registra alta de 2% e fala em retomada

Depois de dois meses de expressiva recuperação na atividade da indústria paulista, o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, admitiu ontem que os efeitos da crise financeira internacional no País foram menores do que a entidade esperava.

Em julho, o Indicador de Nível de Atividade (INA), pesquisado pela Fiesp, apresentou alta de 2% em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal. Em junho, o crescimento havia sido de 2,7% ante m maio.

"Tinha medo de que a crise viesse pior. Pagamos um preço mais baixo do que eu pensava, no sentido da profundidade e da duração", disse Francini.

A atividade industrial ainda permanece 10% abaixo do nível pré-crise, de setembro, mas já chegou a ficar 18% menor, em dezembro. "A melhora se acentuou. A indústria caiu da janela do quinto andar e agora está subindo as escadas num ritmo mais lento, mas bom."

Apesar disso, Francini não concorda com a avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que a indústria agiu com "cautela exagerada" e deu um "cavalo de pau desnecessário" nos meses de novembro, dezembro e janeiro. "Não concordo com o presidente Lula. Não foi uma marolinha", afirmou Francini.

"Principalmente para as 200 mil pessoas que perderam o emprego durante a crise na indústria paulista", completou o gerente do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, André Rebelo.

A previsão da entidade é de que 2009 encerre com queda de 6% a 7% na atividade industrial do Estado. Na comparação com julho de 2008, o INA mostrou queda de 9,4%. "Ainda é um número expressivo, mas devemos lembrar que esse resultado já foi 15% menor na comparação anual. O número negativo está se reduzindo", ressaltou Francini, para quem os níveis de atividade anteriores à crise só serão atingidos em 2010.

Outro dado que mostra a recuperação industrial é o índice de dispersão de crescimento. Em julho, dos 17 setores analisados, 70,6% apresentaram crescimento. Foi o mesmo número observado em julho, mas ficou bem acima dos 35,3% registrados em maio.

As vendas reais aumentaram 3,1% em julho ante junho, o que indica que os estoques foram absorvidos. Já o nível de utilização da capacidade instalada de julho, de 81,6%, sem ajuste, é o maior desde novembro de 2008, quando estava em 81,9%.

Apesar da recuperação da atividade em julho, a confiança no meio industrial paulista deu sinais de piora na segunda quinzena de agosto. A pesquisa Sensor, realizada pela Fiesp, registrou 53 pontos no período, ante um nível de 55,9 na primeira quinzena de agosto, quando foi registrado o segundo melhor resultado da série da pesquisa, iniciada em 2006.

Dois dos itens que compõem o sensor ficaram praticamente estáveis: mercado, que passou 63,7 para 64,1, e emprego, de 54,4 para 54,5. Os demais subíndices pioraram. O item relacionado a vendas cedeu de 60,0 para 57,1; estoque, de 45,8 para 42,3, e investimento de 54,2 para 49,4.

Na pesquisa Sensor, um nível de 50 indica equilíbrio. Resultado acima de 50 é considerado um sinal de otimismo e abaixo dessa marca, de pessimismo. (Leia mais no Estadão)

Vendas em supermercados sobem 6,66% em julho

Férias escolares e o fato do mês ter um dia a mais em relação a julho colaboraram com alta

As vendas reais dos supermercados cresceram 6,66% em julho em relação ao mesmo mês do ano passado, informou nesta quinta-feira, 27, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Na comparação com junho, a alta foi de 5,66%. Os resultados foram deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

De acordo com a Abras, contribuíram para a melhora do desempenho das vendas no mês passado o período de férias escolares, prorrogado este ano por conta da gripe suína, e o fato de julho ter um dia a mais em relação a junho.

O valor da cesta de 35 produtos considerados de largo consumo pela associação aumentou 0,93% na comparação com junho e 4,44% ante julho do ano passado, atingindo R$ 268,02. Os produtos que apresentaram as maiores altas em relação a junho foram: carne dianteiro (8,02%), queijo mussarela (5,68%) e feijão (4,75%). As maiores baixas foram registradas nos itens: batata (-12,85%), tomate (-8,99%) e arroz (-4,53%). (Leia mais no Estadão)

Ipea defende IPTU nacional contra pobreza

Em meio à queda contínua na arrecadação federal, um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sugere que a intensificação da cobrança de IPTU, sobretudo nos municípios menores, pode ser uma importante fonte de recursos para a ampliação dos programas sociais do governo. Além disso, um recolhimento eficaz do imposto sobre a propriedade proporcionaria uma maior justiça tributária.
"O IPTU vem perdendo importância na carga tributária, sendo substituído pelos tributos indiretos", afirmou o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.
A participação do imposto na arrecadação dos municípios caiu de 37,9% em 1991 para 28,6% em 2008. O Ipea propõe que as alíquotas passariam a ser definidas em âmbito nacional ou estadual, respeitados critérios de proporcionalidade entre os municípios, que continuariam sendo os responsáveis pela arrecadação.
Segundo o estudo, os recursos seriam suficientes para reduzir o número de pobres em 3,9%, com repasse de R$ 84 às famílias com renda mensal abaixo de meio salário mínimo por pessoa.

Começa feirão de crédito para compra de carros

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A Caixa Econômica Federal dá a partida hoje à Semana Auto, onde o banco vai financiar a compra de veículos novos ou usados dentro de 391 concessionárias de todas as marcas no estado. Os interessados em adquirir um carro encontrarão condições especiais, como juros mínimos mensais de 1,19% a 1,37% no caso de um modelo zero-quilômetro e de 1,64% nos automóveis com seis a dez anos de uso. No mercado, esses percentuais chegam a 1,5% e de 2,5%, respectivamente.

A iniciativa ocorrerá até o próximo domingo nas revendedoras. Além das taxas oferecidas, a instituição dará crédito de até 90% do valor do automóvel. O parcelamento pode atingir 60 meses nos carros novos ou com até cinco anos de fabricação. No caso das unidades entre seis e dez anos, o pagamento deve ser em, no máximo, 48 vezes.

- Muitos clientes já nos procuraram. Assim, a nossa meta pode ser ultrapassada - avaliou Valter Nunes, superintendente regional da Caixa.

A expectativa prevista é de movimentar R$ 50 milhões em financiamentos. O banco também enviou cartas para 436.130 clientes no estado com crédito pré-aprovado.

A Caixa informou a taxa mínima de 1,19% será na compra em seis parcelas, com metade do valor no ato da compra. Um Fiat Mille duas portas novo, por exemplo, que custa R$ 21.960 sairia por R$ 10.980 e em seis vezes de R$ 1.906,97.

Já o financiamento com juros de 1,37% ao mês ficaria em 60 vezes de R$ 485,25 e R$ 2.196 referentes a 10% de entrada. A simulações foram feitas pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Os consumidores já admitem antecipar as compras caso as condições oferecidas sejam, de fato, vantajosas. (Leia mais em O Globo)

OIT: trabalho escravo é usado para desmatamentos

Um estudo da Organização Mundial do Trabalho (OIT) indica que o trabalho escravo no Brasil se encontra, principalmente, em zonas de desmatamento da Amazônia e áreas rurais com índices altos de violência e conflitos ligados à terra.

Segundo a publicação, apesar dos avanços feitos pelo governo brasileiro nos últimos anos, "a mão-de-obra escrava continua sendo usada no país para desmatar a Amazônia, preparar a terra para a criação do gado e em atividades ligadas a agricultura em áreas rurais".

A análise faz parte do livro Forced Labor: Coercion and Exploitation in the Private Economy ("Trabalho Forçado: Coerção e Exploração na Economia Privada", em tradução livre), que será lançado pela OIT no próximo domingo, quando se comemora o dia mundial em memória do tráfico de escravos e da abolição da escravatura.

A obra apresenta uma série de estudos de caso sobre formas de escravidão modernas na América Latina, Ásia, África e Europa e traz um capítulo específico, de 15 páginas, sobre o Brasil.

De Rondônia ao Maranhão

Com base na análise de dados e estatísticas do governo brasileiro e da Comissão Pastoral da Terra, a OIT constata que a correlação mais evidente se verifica no sul e sudeste do Estado do Pará que, entre 2000 e 2004, registrou quase a metade das operações do governo para libertar os trabalhadores escravos. No mesmo período, o Estado contribuiu com 38,5% do desmatamento total do país e registrou 44,12% dos crimes ligados a terra, indica a OIT.

Os dados analisados também demonstram que o trabalho escravo vem sendo utilizado para aumentar a produção agrícola e para o preparo das áreas desmatadas que serão transformadas em pastos.

"De fato, as propriedades rurais que usam o trabalho escravo estão concentradas exatamente numa faixa de terra onde foram abertas clareiras, que vai de Rondônia ao Maranhão", afirma à BBC Brasil Roger Plant, diretor do programa contra trabalho forçado da OIT.

"A correlação entre o trabalho escravo e os desmatamentos no Brasil é uma das conclusões interessantes desse estudo", diz.

Intimidação — A Organização cita um estudo publicado pelo Banco Mundial em 2003 (Causas do desmatamento na Amazônia brasileira) que indicou que a expansão da pecuária foi responsável por 75% das áreas desmatadas no Brasil.

"Para aumentar a produtividade, os desmatamentos são feitos com mão-de-obra barata e, muitas vezes, com recurso a trabalhadores escravos, que preparam a terra para permitir investimentos mais rentáveis", explica no texto o autor do capítulo dedicado ao Brasil, Leonardo Sakamoto.

Segundo a OIT, a principal forma utilizada no Brasil para submeter os trabalhadores a formas de trabalho forçado é a intimidação por dívidas. Essa prática se verifica não somente no Brasil, mas também em outros países do mundo.

Na maioria das vezes, as vítimas são recrutadas em zonas muitos pobres, no nordeste e norte do país, pelos chamados 'gatos', que trabalham para os proprietários rurais e que atraem os candidatos com ofertas muitas vezes enganosas.

Nos casos mais frequentes, os gatos prometem arcar com despesas de transporte e acomodação ou incitam os trabalhadores a pedir adiantamentos de salários que serão cobrados mais tarde.

"Os trabalhadores entram, então, em um círculo vicioso e são obrigados a abrir mão dos salários para pagar as dívidas" explica Plant.

Os dados analisados pela OIT indicam que a maioria das vítimas são originárias dos Estados de Tocantins, Maranhão, Pará, Bahia e Piauí, "regiões pobres, com altas taxas de desemprego e baixo índice de desenvolvimento humano, o que torna essas pessoas extremamente vulneráveis", comenta o diretor do programa de luta contra o trabalho escravo da organização.

Avanços — Roger Plant diz que o Brasil avançou muito nos últimos anos na luta contra o trabalho escravo, com iniciativas como o Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo, lançado pelo governo Lula em 2003.

"Apesar disso, o país ainda precisa superar alguns desafios, entre eles a defasagem entre a ação do governo e a aplicação da justiça", explica.

A impunidade é apontada pela OIT como um dos principais obstáculos na luta contra as formas modernas de escravidão.

O relatório da organização cita o artigo 149 do Código Penal brasileiro, que prevê penas de prisão de 2 a 8 anos de prisão, mas argumenta que os responsáveis pelos crimes são raramente detidos.

O livro Coercion and Exploitation in the Private Economy é publicado pela OIT em parceria com a editora americana Lynne Rienner Publishers.

A Organização Internacional do Trabalho vai publicar, no início do setembro, um estudo específico sobre o trabalhado forçado no Brasil. (Leia mais em O Globo)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A medida da superação da crise é retomar o emprego para possibilitar a inclusão de mais de um milhão de jovens por ano

Desemprego deve ficar estável, diz Seade/Dieese

(Postado por Laerte Teixeira da Costa) O desemprego brasileiro é cronicamente alto desde meados da década de 80. Por isso, temos que estar sempre mobilizados para buscar maneiras de mudar essa situação que se repete ano a no e deixa fora do mercado de trabalho mais de um milhão de jovens que chegam e ficam sem emprego e sem perspectivas. A retomada do crescimento económico, o fornecimento de mais créditos às pequenas e médias empresas, o controle da corrupção e a redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução de salários são medidas que podem ajudar a médio e longo prazo a melhorar essa situação crónica de desemprego.

Leia mais: Taxa média deve cair lentamente nas regiões metropolitanas e fechar o ano em nível próximo ao verificado em 2008, quando foi de 14,1%

Os coordenadores da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Fundação Seade, Alexandre Loloian, e do Dieese, Clemente Ganz Lucio, acreditam que o desemprego deve cair de forma lenta e gradual até o fim do ano. Segundo eles, o segundo semestre costuma ser melhor que o primeiro para o emprego. "Nada leva a crer que o segundo semestre será ruim. Ninguém aposta em redução do nível de atividade", disse Loloian.

Lucio afirmou que o desemprego deve encerrar o ano muito próximo do nível de 2008, quando a taxa média foi de 14,1% nas seis regiões metropolitanas que fazem parte da pesquisa - Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Salvador (BA), Recife (PE) e Distrito Federal (DF). Se a previsão se confirmar, será a primeira vez em que deve ocorrer estabilidade, após cinco anos seguidos de queda no desemprego. "Será como se nada tivesse acontecido entre 2008 e 2009, com o mercado de trabalho relativamente estável."

Para ele, o resultado poderá ser avaliado como positivo. "Para se ter uma ideia, o contingente de desempregados nas seis regiões metropolitanas aumentou em 100 mil pessoas em julho na comparação com julho de 2008, para 3,029 milhões de pessoas. São números elevados, mas bem menores que os milhões de desempregados a mais que temos visto nos países desenvolvidos em razão da crise."

Por outro lado, ainda não será em 2010 que o País voltará ao período de 2004 a 2008, quando as taxas de desemprego caíram por cinco anos seguidos. Os coordenadores não arriscam números, mas apostam novamente em uma relativa estabilidade nas taxas de desemprego. Segundo eles, para que a taxa de desemprego permaneça estável de um ano para o outro, o País precisa crescer 3% ao ano. "Considerando as expectativas do mercado para o crescimento em 2010, que variam entre 3,5% a 4%, o desemprego não deve apresentar uma redução expressiva nem um aumento catastrófico", afirmou Lucio.

Segundo ele, se confirmadas as expectativas de crescimento econômico nos próximos meses, a disposição das pessoas em procurar emprego deve aumentar, o que gera impacto na taxa de desemprego. "Atualmente, o mercado de trabalho não atrai muito as pessoas. A taxa de desemprego poderia estar muito maior se a População Economicamente Ativa estivesse crescendo da forma usual. Mas, quando a economia melhorar, essas pessoas vão voltar a procurar emprego, e, por esse motivo, é possível até que o desemprego cresça um pouco, apesar do provável aumento dos postos de trabalho."

SÃO PAULO — A diminuição dos empregos no setor de Serviços da Região Metropolitana de São Paulo foi a responsável pelo pequeno crescimento da taxa de desemprego do País em julho ante junho, de 14,8% para 15%. A variação de 0,2% é avaliada como estabilidade pelos coordenadores da Fundação Seade e do Dieese. (Leia mais no Estadão)

Abimaq: uso da capacidade instalada atinge 81,7% em julho

É um bom sinal a recuperação neste setor. Apesar de demorar, deve ter reflexo ainda que tardio no nível do emprego.

Leia mais: Dado revela recuperação, mas ainda está muito inferior ao registrado em julho do ano passado (86,8%).

O nível de utilização da capacidade do setor de máquinas e equipamentos atingiu no mês de julho 81,7%, ante 80,9% em junho. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 26, pela Abimaq, apesar de exibir recuperação na comparação na margem, o dado ainda está muito inferior ao registrado em julho de 2008 (86,8%).

Segundo o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, os sinais de recuperação da crise ainda não estão consolidados. A seu ver, o setor exibe um pouco de recuperação, mas o quadro só deve estar mais claro a partir de outubro, quando devem começar a surtir efeitos as medidas de estímulo para o setor. Ele citou especificamente os recursos colocados à disposição pelo BNDES, em linha que começou a ser liberada a partir de 27 de julho.

De acordo com a Abimaq, o BNDES já liberou por meio dessa linha especial, com taxa de juros de 4,5% ao ano, um total de R$ 520 milhões, beneficiando tanto o setor de máquina e equipamentos como o de caminhões e ônibus.

Outro indicador que confirma o crescimento gradual do setor é o número médio de semanas para atendimento de pedidos pelas empresas, que subiu de 19,5 semanas em junho para 19,7 em julho. No sétimo mês de 2008, essa média era de 22 semanas.

Por outro lado, um indicador que mostra que a recuperação ainda não é consistente é o do emprego. No mês de julho, o número de pessoas empregadas pelo setor caiu 0,5% ante junho, para 230 mil trabalhadores. Em relação a julho de 2008, a queda foi de 6,2%. Desde outubro de 2008, houve o fechamento de 20 mil postos de trabalho nas indústrias de máquinas e equipamentos. (Leia mais no Estadão)

IBGE: salário em serviços teve alta real de 9,3% em 2007

Temos que esperar as estatísticas mais recentes. Mas pelo que sentimos todo esse ganho deve ter desaparecido com a crise. Mas é esperar novos dados para comparar e avaliar com mais precisão.

Leia mais: O setor de serviços registrou um crescimento real (descontada a inflação) de 9,3% dos salários, retiradas e outras remunerações em 2007, na comparação com 2006, de acordo com a Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2007, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Não se trata de salário médio, mas do conjunto de remunerações, incluindo comissões e outras rendas.
Na comparação com 2006, os maiores aumentos reais do total de remunerações no setor de serviços vieram do grupo "Outras atividades de serviços", com 28,6%, principalmente da parte de serviços financeiros de corretoras e distribuidoras de valores mobiliários pela alta da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Também houve aumento expressivo nas atividades imobiliárias e de aluguel de bens (18,6%), nos serviços de informação (10,3%) e nos serviços prestados às famílias (9,8%).
A PAS abrange só uma parte do setor de serviços que aparece como componente do PIB. Enquanto na pesquisa de Contas Nacionais, o setor de serviços representava 65,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2006, os setores contemplados pela PAS representavam apenas 13,3% do PIB no mesmo ano.
Salário médio — O salário médio mensal dos trabalhadores do setor de serviços registrou ganho real de 1,5% em 2007 em relação a 2006, revelou a PAS. Na comparação com 2003, o ganho salarial real foi de 6,3%, informou a gerente de Análise de Dados da Coordenação de Serviço e Comércio do IBGE, Juliana Vasconcellos.
Ela explicou que é tradicional no IBGE fazer as comparações salariais com base no salário mínimo, o que, no caso da PAS, resulta em queda nas duas comparações. No entanto, não há um recuo das remunerações em valor real. "O salário mínimo está crescendo mais que as demais remunerações", disse Juliana. Ela comentou que 2007 "foi um ano muito bom para a economia".
Juliana ressaltou que os segmentos que tradicionalmente pagam mais, como telecomunicações e o setor aéreo, apresentaram as maiores quedas proporcionais. Isso porque são segmentos em que a remuneração não está atrelada aos reajustes do salário mínimo. A PAS de 2007 tem como foco a evolução de empregos e salários no setor. (Leia mais no Estadão)

Crédito ainda não flui para empresas menores

É outra situação histórica no Brasil. Não tem nada a ver com a crise. Os bancos privados e até os públicos exigem dos pequenos empresários garantias fora do alcance deles, saldo médio que não possuem, e não investem na produção e no crescimento destas empresas que são dirigidas por homens e mulheres que entregam suas vidas para desenvolver o País.

Leia mais: De junho para julho as grandes tendências do crédito no Brasil se mantiveram as mesmas. Observando-se os dados na abertura pelas grandes categorias de tomadores de crédito, prosseguiu o crescimento das concessões às pessoas físicas, enquanto o volume de empréstimos às empresas continuou fraco (movimentos que não foram interrompidos até meados de agosto, de acordo com os dados parciais divulgados pelo Banco Central).

Já a participação relativa das grandes categorias de credores -bancos públicos e bancos privados- também evoluiu na mesma direção que vem sendo verificada desde outubro do ano passado (momento em que a crise global de travamento do crédito se aprofundou dramaticamente). O peso dos bancos públicos no estoque total de empréstimos aumentou novamente, e até com maior velocidade do que nos meses anteriores, ao passar de 38,5% para 40% entre junho e julho.

É óbvio que essa elevação foi inflada por uma operação gigantesca (que envolveu desembolso, no mês, da ordem de R$ 19 bilhões) entre o BNDES e a Petrobras. Mas, mesmo quando se exclui das contas esse empréstimo de dimensão excepcional, a conclusão não se altera: os bancos públicos continuaram, em julho, a ampliar sua participação no mercado de crédito.

Pelo lado do crédito às famílias, o aperto verificado no final de 2008 parece definitivamente superado: o aumento da confiança dos consumidores e a recuperação do mercado de trabalho prenunciam uma continuidade da alta das concessões.

Mas é evidente que duas dificuldades, entrelaçadas, ainda não foram superadas: a escassez de crédito para as empresas (sobretudo as de menor porte) e a timidez da oferta de crédito pelas instituições privadas.

Anunciado em meados de maio, o Fundo Garantidor de Crédito -que ressarcirá a instituição financeira que vier a sofrer inadimplência em novos empréstimos concedidos a empresas médias e pequenas- só muito recentemente começou a operar. Dentro de algumas semanas saberemos se ele se revelará eficaz para aliviar a asfixia de crédito de que muitas empresas de menor porte ainda vêm padecendo. (Leia mais na Folha)

Câmara aprova usar até 30% do FGTS no PAC

Deputados também autorizam governo a elevar transferência de recursos para o fundo de investimento do FGTS.

A Câmara dos Deputados autorizou os trabalhadores a usarem até 30% do saldo na conta do FGTS para aplicar no fundo de investimento criado pelo governo para financiar as obras de infraestrutura do PAC. O limite atual, proposto pelo governo, é de 10%.
Os deputados também aprovaram permissão para o governo aumentar a transferência de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço para o fundo de investimento do próprio FGTS. O limite passa a ser o de 80% do patrimônio líquido do fundo registrado em 31 de dezembro do exercício anterior àquele em que der a autorização para a integralização das cotas. Atualmente, o limite já é de 80%, mas do patrimônio líquido registrado em 2006.
As mudanças foram incluídas na MP 464, que permitiu ao governo injetar verba em fundos de aval para micro e pequenas empresas, visando fomentar o mercado de crédito para esse setor. A MP, que ainda será votada no Senado, trata ainda da liberação de R$ 1,9 bilhão para Estados e municípios para o incentivo às exportações.
O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), criticou a alteração feita pelo relator da MP, deputado Átila Lins (PMDB-AM). Para Caiado, a emenda não tem nenhuma relação com a medida. Ele lembra que o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), proibiu os chamados "contrabandos", ou seja, a inclusão de temas diferentes do original da medida provisória.
Caiado pediu questão de ordem, que foi rejeitada por Temer. O deputado deve recorrer da decisão à Comissão de Constituição e Justiça. Ele disse ainda que as mudanças têm o único intuito de direcionar mais recursos para o PAC em ano pré-eleitoral. "Isso é uma clara tentativa de buscar mais verbas para o PAC. Então que façam uma MP apenas para isso."
Átila Lins disse que o uso do fundo só até 2006 estava engessando projetos estruturantes do país. "O fundo estava parado, por isso fiz a mudança." (Leia nais na Folha)

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Avanços sociais e conquistas dependem, basicamente, da iniciativa da classe trabalhadora

Governo defende redução da jornada; indústria contesta

(Postado por Moacyr Pereira) A cada iniciativa dos trabalhadores há sempre, como sempre se espera, os argumentos e a pressão contrária dos empresários. Estamos em lados opostos. Representamos o trabalho que cria a riqueza, enquanto que o capital surrupia essa riqueza em causa própria. Por isso, os empresários ainda não percebem os ganhos de uma jornada menor, de mais gente trabalhando e, portanto, consumindo mais. Pois também é típico das diferenças entre as grandes massas trabalhadoras e os ávidos capitalistas e empresários a maneira com que se inserem na coletividade. Os trabalhadores e trabalhadoras querem o bem do País, o crescimento da economia, estabelecer relações de humanização no trabalho, no tempo para cuidar da família. Sendo que parte do empresariado pensa apenas no lucro imediato e se esforçam ao máximo para arrancar o couro de todos nós para encher seus bolsos e contas numeradas no Exterior.

Leia mais: Ministro do Trabalho criticou a prática abusiva de horas extras, que impede aumento dos postos de trabalho.

O projeto de redução da jornada de trabalho de 44 horas semanais para 40 horas está em discussão em uma comissão geral da Câmara desde o início da manhã desta terça-feira, 25. A proposta, contestada por empresários, prevê a redução da jornada sem diminuição dos salários e com aumento do adicional da hora extra de 50% 75% do valor da hora trabalhada.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, defende a redução da jornada de trabalho e diz que o peso desta decisão é de 1,99%. Ou seja, a participação do custo do salário na produção passaria de 22% para 23,9%. Para o ministro esse custo é muito baixo, ao contrário do que as empresas afirmam.

Lupi ressaltou que a maioria dos países no mundo adota uma média de 40 horas semanais de trabalho. Ele criticou, por outro lado, a prática abusiva de horas extras adotada pelas empresas que, segundo ele, impede o aumento dos postos de trabalho no país. (Leia mais no Estadão)

Aposentados terão reajuste de 6,5% em 2010

Acordo com centrais prevê que aumento será de acordo com a inflação e o PIB

Depois de quase quatro horas de reunião, o governo e as principais centrais sindicais fecharam um acordo que prevê a concessão de reajuste real para os aposentados e pensionistas que ganham acima de um salário mínimo.

Ficou pactuado que serão concedidos aumentos equivalentes à taxa de inflação do período mais 50% do aumento do PIB de dois anos anteriores (em 2011, por exemplo, o cálculo será feito com base no PIB de 2009). Isso significa, em termos práticos, um reajuste, em 2010, da ordem de 6,5 %, aí incluídos 2,6% de aumento real.

O impacto na folha de pagamento será de cerca de R$ 3 bilhões, já autorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo declararam os ministros da Previdência, José Pimentel, e da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci.

O acordo fechado ontem, que será transformado em projeto de lei a ser votado no Congresso o quanto antes, prevê ainda a flexibilização do fator previdenciário que passaria a funcionar com a regra que está sendo chamada de 85-95. Tal fator refere-se à soma, para fins de aposentadoria, da idade com o tempo de contribuição. Para mulheres esta soma deve resultar em 85 e, para os homens, em 95.

Estabilidade — O texto trará ainda a novidade de que o empregador não poderá demitir o funcionário um ano antes de ele se aposentar e se fizer isso, terá de pagar por isso. Também estará incluído no projeto que o tempo que a pessoa ficar desempregada recebendo seguro desemprego contará para a sua aposentadoria, assim como o tempo de aviso prévio.

Será criada ainda uma mesa de negociação permanente para garantir que seja assegurado um reajuste real para aposentados que ganham mais de um mínimo a partir de 2011. Esta mesa discutirá ainda uma bolsa de benefícios para os idosos que incluirá medicamentos e transporte. Apenas a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil e a Associação dos Aposentados ficaram contra o acordo.

Os ministros Pimentel e Dulci lamentaram, mas avisaram que isso não impediu que o acordo fosse fechado e esteja assegurado. "As centrais se comprometeram a trabalhar pela aprovação do projeto substitutivo do deputado Pepe Vergas (PT-RS), relator do projeto na Câmara, com estas propostas no Congresso. As maiores centrais aceitaram.

As demais, tem o direito de não aceitar, mas isso não impede o acordo", declarou o ministro Dulci, ao informar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou que o acordo poderia ser fechado nestas bases, "apesar de representar um esforço enorme por parte do governo". E avisou: "o presidente Lula disse que considera justo o pedido e que este é o esforço máximo que o governo pode fazer".

Aval do governo — O ministro Pimentel por sua vez, comentou: "este aumento é absorvível pelas nossas contas". Mas, cerca de uma hora antes, ao sair de encontro com Lula, no Alvorada, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que ainda não ia ser possível fechar o acordo porque o governo não havia definido o orçamento de 2010.

No acordo ficou definido ainda que hoje pode expurgar 20% do piores salários para fazer o calculo de aposentadoria. No acordo subiu para 30% o expurgo, o que significa um aumento do valor médio do benefício. Segundo o ministro Dulci, o presidente Lula lembrou ainda que serão 8,5 milhões de aposentados e pensionistas beneficiados que ganham acima de um salário mínimo.

Os presidentes da CUT, Arthur Henriques, e da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), comemoram o resultado e classificaram o acordo como "histórico". Segundo Henriques, "este é um passo importante para construir uma política permanente de reajuste dos benefícios acima do mínimo". O presidente da CGTB, Antonio Neto, que saiu pouco antes do final do encontro disse que não entendia porque havia central contra o acordo que melhora muito a vida dos trabalhadores. (Leia mais no Estadão)

Lula diz que forçou BB a buscar liderança

Presidente afirma que "fez questão" de que banco adquirisse instituições menores e ultrapassasse novamente Itaú Unibanco. Petista disse que não errou quando afirmou no ano passado que a crise global chegaria ao Brasil como uma "marolinha".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem em São Paulo que os bancos públicos foram fundamentais para superar a crise financeira global e afirmou que "fez questão" que o Banco do Brasil comprasse uma série de outras instituições menores para "voltar a ser o maior banco deste país".
Segundo o presidente, "os bancos públicos, que quase foram extintos em um passado muito próximo, lideraram a retomada do crescimento, colocando crédito".
O Banco do Brasil reconquistou há duas semanas o posto de maior banco em ativos do Brasil e da América Latina, nove meses após ter perdido a liderança para o Itaú Unibanco. A atuação agressiva do BB na concessão de crédito durante a crise foi fundamental para ele ter recuperado a liderança do ranking bancário, objetivo cobrado por Lula após a perda do posto. Enquanto os bancos privados foram mais cautelosos após o congelamento global do crédito, o BB acelerou a liberação de empréstimos.
"Fofão" e os meninos — Lula disse que o governo tem "semancol" para não querer ser o administrador do banco, "mas ser o regulador desse banco e ser o que dá a orientação política, porque, às vezes, quando os meninos pegam um cargo lá, eles se esquecem de quem nomeou eles". Em abril, o governo demitiu Antonio Francisco de Lima Neto da presidência do Banco do Brasil, insatisfeito com os "spreads" cobrados pela instituição.
O presidente comparou a temporada de aquisições do BB a um time que busca jogadores para certas posições. "Fui conversar com o presidente do Banco do Brasil e ele falou: "Mas nós não temos expertise em carro usado". Eu falei: então compra um banco que tenha. Não tem, vamos comprar. O Corinthians não está sem centroavante? Compra um. Comprou o Fofão, mas o Fofão cismou de fazer lipo, pô", disse, em referência a Ronaldo.
Marolinha — O presidente reclamou que ninguém nunca lhe pediu desculpas por ter "tirado sarro" de sua frase sobre o "espetáculo do crescimento" e deixou claro que considera que não errou quando disse que a crise internacional chegaria ao Brasil como uma "marolinha": "O Brasil estava preparado".
"Eu me lembro que quando falei as palavras "espetáculo do crescimento" fui tripudiado por um ano. Não teve presidente que tivesse mais charge tirando sarro do que tiraram de mim. E o que aconteceu em 2004 na economia? Crescemos 5,8%, e ninguém me pediu desculpas. Também não quero mais."
Em discurso para lideranças da região do ABC, afirmou que falou aquilo porque tinha sido informado de que "estávamos em um ritmo de crescimento que iria surpreender todo e qualquer brasileiro em 2004".
"E foi exatamente o que aconteceu. E, quando nós dizíamos da marolinha, não era que a gente não tinha o tamanho da crise. É importante saber que nós tivemos duas crises: uma crise que era do "subprime", antes da quebra do Lehman Brothers, e outra crise depois da quebra do Lehman Brothers. São dois momentos importantes desta crise. [Para] qualquer um dos dois, o Brasil estava preparado", afirmou Lula. (Leia mais na Folha)

Bancos cortam 2.224 empregos

Os bancos com operações no país fecharam um total de 2.224 empregos no primeiro semestre. Ao todo, as instituições demitiram 15.459 bancários e contrataram outros 13.235 entre janeiro e junho, segundo pesquisa divulgada terça-feira pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O processo de fusão é apontado como motivo para esse resultado, diferente do registrado na primeira metade de 2008, quando houve a abertura de 8.754 novas vagas. As demissões serão abordadas nas negociações com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), na quinta-feira. (Leia mais em O Globo)

Brasil sairá da crise 'relativamente ileso', diz consultoria

A economia brasileira deve sair da crise global "relativamente ilesa" graças às reformas feitas nesta década e o impacto "altamente benéfico" dos preços mais altos das commodities, segundo afirma um relatório divulgado nesta terça-feira pela consultoria Economist Intelligence Unit (EIU), braço de pesquisas da revista Economist

A EIU revisou para cima sua projeção para o crescimento do PIB brasileiro em 2010, para 3,3%. No mês passado, a empresa havia estimado em 2,7% o crescimento da economia brasileira no próximo ano.

A EIU manteve, porém, sua previsão de retração de 1% no PIB do Brasil para este ano.

Segundo o relatório, o crescimento da demanda da China por commodities e o estímulo ao consumo interno devem impulsionar a economia brasileira a partir do ano que vem.

"Muitos países da América Latina foram gravemente atingidos pela crise financeira e econômica global, mas alguns sinais de recuperação já começam a aparecer, particularmente entre aquelas economias (principalmente na América do Sul) que têm uma maior exposição aos mercados asiáticos", afirma o documento.

Recuperação — A EIU vê o Brasil como "uma das economias mais resistentes da região em 2009-2010, graças a uma base industrial e exportadora altamente diversificada e um grande mercado interno".

Segundo o relatório, "há indícios claros de que a economia está se recuperando do choque externo, ajudada pela força do sistema financeiro doméstico, baixa inflação e programas antipobreza efetivos".

"A recuperação relativamente rápida deve ser considerada um grande feito, já que choques externos anteriores eram frequentemente amplificados pela fragilidade financeira doméstica", diz a EIU.

Para o relatório, as eleições presidenciais de 2010 não devem trazer instabilidade financeira ao Brasil, já que "ambos os principais partidos estão comprometidos com a solidez financeira".

Previsões — As previsões da EIU sobre o PIB brasileiro são próximas às de vários organismos internacionais, muitos dos quais também revisaram para cima suas previsões recentemente.

Em junho, o Banco Mundial previu que a economia brasileira deve se contrair 1,1% neste ano e crescer 2,5% em 2010, enquanto a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) previu 0,8% de retração em 2009 e 4% de crescimento em 2010.

No mês passado, o FMI (Fundo Monetário Internacional) previu uma retração de 1,3% em 2009 e um crescimento de 2,5% no próximo ano.

Também em julho, a Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe) previu uma queda de 0,8% no PIB brasileiro em 2009 e um crescimento de 3,5% no ano que vem.

O relatório semanal Focus, do Banco Central do Brasil, que reúne a média das previsões de cerca de cem instituições financeiras instaladas no país, mostra nesta semana uma expectativa de queda de 0,3% no PIB neste ano e um crescimento de 4% em 2010. (Leia mais em O Globo)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Hoje é o dia de se discutir em Comissão na Câmara dos Deputados a redução da jornada para 40 horas semanais, sem redução de salários

UGT promove seminário para discutir atuação dos bancos públicos e privados durante a crise financeira

(Postado por Edson Roberto dos Santos, Secretário para Assuntos de Finanças, Créditos e Seguros da União Geral dos Trabalhadores) — A crise financeira mundial, que aparentemente começa a ceder, deixou lições dolorosas para os trabalhadores brasileiros e em especial para os correntistas e para as pequenas e médias empresas brasileiras. De uma hora para outra o sistema bancário privado fechou o acesso ao crédito e quando começou a oferecê-lo o fez com spreads altíssimos, completamente fora do contexto, prejudicando empresas, correntistas e a recuperação da crise financeira. Ao mesmo tempo, os bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES) se sensibilizaram diante da pressão continuada das centrais sindicais e ampliaram a oferta de crédito, abaixaram os juros e reduziram o spread.

Tendo como pano de fundo a retomada da dianteira dos bancos públicos sobre os bancos privados na oferta de crédito e na redução do spread, e a discussão da oferta de empregos no setor bancário a União Geral dos Trabalhadores-UGT, promoverá nesta quarta-feira, dia 26 de agosto, o I Seminário Nacional de Bancários e Securitários, através da Secretaria para Assuntos de Finanças, Crédito e Seguros da UGT e com apoio da CONTEC e FENESPIC.

A agenda do evento está assim definida:

- Local: Hotel Maksoud Plaza (Alameda Campinas nº 150 -- São Paulo/SP)

- Data: 26/08/2009; Horário: das 09:00 às 17:00 horas;

- Palestrantes:

- LOURENÇO FERREIRA DO PRADO – CONTEC

- DEPUTADO ESTADUAL DAVI ZAIA - FEEB SP/MS

- MAGNUS RIBAS APOSTÓLICO – FENABAN

- ARMANDO VERGÍLIO DOS SANTOS JÚNIOR – SUSEP

- JOSÉ ROBERTO MENDES DO AMARAL – BANCO DO BRASIL S.A.

- GERALDO L.M.MARTINS/MARCOS R.CARNIELLI – ITAÚ/UNIBANCO

Câmara debate com empresários e sindicalistas redução da jornada de trabalho

A proposta de Emenda à Constituição (PEC) 231/95 que reduz para 40 horas a jornada semanal de trabalho será analisada hoje (25) pela Comissão Geral da Câmara. Cerca de 300 sindicalistas de todo o país devem participar do debate, que começa às 9h30.

A proposta já foi aprovada em comissão especial e precisa agora ser votada em dois turnos no plenário da Câmara e depois no Senado. O texto prevê a redução da jornada de 44 para 40 horas sem diminuição dos salários, aumenta o adicional da hora extra de 50% para 75% sobre o valor da hora trabalhada. (Agência Brasil)

Aposentadoria pode ter aumento pelo PIB

Governo sinaliza conceder reajuste real a benefícios acima do mínimo igual à metade da variação do PIB de dois anos antes. Acordo entre governo e aposentados pode sair hoje, valendo para 2010 e 2011; se houver acerto, aumento real será de 2,55% em 2010.
O governo sinalizou ontem que poderá atrelar o aumento real para as aposentadorias acima do salário mínimo a uma parcela da variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes.
Segundo relatos de sindicalistas envolvidos na negociação, a tendência é que o ganho real seja equivalente a 50% do crescimento do PIB, e a regra, que precisará ser aprovada pelo Congresso Nacional, seja aplicada em 2010 e em 2011.
Um acordo entre governo, centrais sindicais e aposentados deverá ser fechado hoje. Se a proposta se confirmar, além de corrigir os benefícios pela variação da inflação, o governo garantirá aumento real de 2,55% às aposentadorias em 2010. Como haverá ainda a reposição da inflação, o reajuste total ficaria próximo de 6%.
A regra de reajuste é similar à já aplicada hoje ao salário mínimo. A diferença é que, no caso do piso salarial, a variação do PIB de dois anos antes é aplicada integralmente, ou seja, além da inflação, o mínimo tem aumento de 100% do PIB.
Ontem, governo e sindicalistas não chegaram a um consenso, mesmo depois de quase seis horas de negociação. Representantes dos trabalhadores e dos aposentados trouxeram novas propostas, e o governo pediu mais tempo.
Os sindicalistas informaram aos ministros que comandam as negociações -José Pimentel (Previdência) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência)- que não aceitam a imposição do governo para que sejam retirados quatro projetos de interesse dos aposentados em discussão no Congresso.
Na semana passada, o governo avisou que só chegaria a um acordo se, de antemão, os sindicalistas abrissem mão dos projetos. Com a negativa das centrais sindicais, o governo voltou atrás e aceitou manter uma das propostas no Legislativo: o projeto que vincula o benefício previdenciário ao número de salários mínimos na época da concessão.
Esse acerto, no entanto, depende de um compromisso dos líderes dos partidos de não votar a medida no ano que vem, quando haverá eleição presidencial.
Política de valorização — Na reunião de ontem, trabalhadores e aposentados também foram enfáticos ao defender um aumento real para os benefícios acima do salário mínimo não apenas em 2010.
"Queremos uma política de valorização das aposentadorias, assim como existe o projeto para o salário mínimo. Tem de ser em 2010 e em 2011", declarou o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical.
"Poderá ser um percentual do PIB. É uma proposta que foi colocada por nós e pelo governo. Pode ser 50%, 70%", declarou o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Artur Henrique. A Folha apurou que o acordo deverá ser fechado em torno de 50% do PIB de dois anos antes. (Leia mais na Folha)

Crise não afeta alimento, bebida e limpeza e higiene

Consumo desses produtos não se alterou e houve até a inclusão de novos itens entre as classes de menor renda. O consumo de alimentos, bebidas e artigos de higiene e limpeza ficou imune à crise e até se sofisticou no primeiro semestre deste ano. As classes de menor renda, D e E, incluíram cinco itens na lista de compras: achocolatado em pó, caldo, iogurte, leite longa vida e salgadinho. Esse movimento contraria o que normalmente ocorre em outras épocas de aperto econômico, quando os produtos básicos ganham força.
Com isso, houve um acréscimo tanto de quantidades como de gastos. Entre janeiro e junho, as famílias brasileiras compraram um volume 14% maior de bens não duráveis e ampliaram em 19% o desembolso com esses itens em relação a igual período de 2009, revela pesquisa da LatinPanel. "Foi o melhor primeiro semestre para esses produtos desde 2006 em termos de taxa de crescimento anual", afirma a diretora comercial da LatinPanel e responsável pela pesquisa, Christine Pereira. A enquete consulta semanalmente 8,2 mil domicílios para avaliar as compras de mais de 70 categorias de produtos, o que representa 91% do potencial de consumo domiciliar do País.
Além da inflação sob controle que deu mais poder de compra aos salários, houve no primeiro semestre deste ano migração de consumo de bens financiados para aqueles comprados à vista, como alimentos e itens de higiene e limpeza. Situações novas como a lei seca e a gripe suína reforçaram a tendência de gastar mais com produtos consumidos dentro de casa, explica a diretora. Ela acredita que a lei antifumo deve intensificar essa tendência nos próximos meses.
Das quatro cestas de itens pesquisados, o maior crescimento em volume ocorreu nos alimentos, que tiveram um aumento de 15% ante o primeiro semestre de 2008. Em valor, o acréscimo foi de 18% no mesmo período. O fato de a taxa de crescimento em valor ter superado o acréscimo em volume no período ratifica a tendência de compra de itens mais sofisticados, observa Christine. Tanto é que, tirando o detergente em pó, que é um item de consumo básico, os quatro produtos que apresentaram as maiores taxas de crescimento de consumo para todos os estratos sociais no primeiro semestre são aqueles mais sofisticados. Nesse rol estão iogurtes, sucos em pó, leites aromatizados e molhos.
De acordo com a pesquisa, a cesta de produtos que apresentou maior taxa de crescimento em valor foi a de produtos de higiene. No primeiro semestre deste ano, os gastos aumentaram 26% na comparação com os mesmos meses de 2008. Christine observa que esse crescimento foi puxado pelos itens de maquiagem, colônias, xampus e pós-xampus, além de antissépticos bucais.
A explicação para esse acréscimo, segundo a diretora da LatinPanel, é que, em momentos de crise, quando os consumidores deixam de comprar itens mais caros e viajar, eles costumam compensar essa lacuna com o aumento de gastos com pequenas "indulgências", que são esses produtos de uso pessoal. Segundo Christine, essa tendência positiva para os bens não duráveis em geral deve ganhar força neste semestre, com a recuperação da renda e do emprego estampada nos índices recentemente divulgados. (Leia mais no Estadão)

Melhora a previsão do PIB para 2010

Pesquisa divulgada ontem pelo Banco Central mostra que a previsão para a recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010 melhorou pela segunda semana seguida, de 3,80% para 4%. Há um mês, a expectativa dos analistas era de expansão de 3,50%. A recuperação deverá ser liderada pela indústria. Para o mercado, a produção nas fábricas deve crescer 5,05% em 2010, ritmo maior que a média esperada para a economia. (Leia mais no Estadão)

Presidente do BNDES: país crescerá 4% em média até 2012

A economia brasileira deverá apresentar um crescimento de 4%, em média, de 2009 a 2012. A opinião é do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Segundo ele, mostra reportagem do Globo, na edição desta segunda-feira, apesar de uma pequena alta entre zero e 1% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) prevista para este ano, o "entusiasmo" das empresas está de volta, e o Brasil tem condições de crescer muito acima da média dos países desenvolvidos.

O presidente do BNDES apontou a recuperação da indústria, cujo nível de ocupação deve chegar a 82% no fim deste ano, e o aumento dos investimentos de longo prazo como fatores que devem ajudar a alcançar a média de crescimento de 4% até 2012.

Para este ano, a previsão do banco é de que a taxa de investimentos fique na faixa dos 19% do PIB, insuficiente, na avaliação de Coutinho, para sustentar uma retomada mais forte da economia nos próximos anos. O Brasil, avaliou, precisa elevar seu esforço de investimento e poupança em direção a 23%, 24% ou 25% do PIB, contando também com a ajuda do setor privado. (Leia mais em O Globo)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Comissão geral se reúne amanhã, na Câmara dos Deputados, para debater redução da jornada para 40 horas semanais, sem redução dos salários

Reduzir a jornada de trabalho é gerar empregos de qualidade

Amanhã, as centrais sindicais estarão, mais uma vez, unidas a favor do Brasil. E vamos trabalhar juntos para garantir na Comissão Geral que se reunirá, sob a liderança do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, para consolidar, mais um avanço a favor do Brasil. Precisamos, com urgência das 40 horas semanais, pois desde 1988, quando reduzimos de 48 para 44 horas semanais, o Brasil e o mundo mudaram muito. Nesta etapa as tecnologias deram um salto surpreendente. Em 1988, nosso principal meio de comunicação era o fax. Hoje temos o e-mail, a internet, o telefone celular. Dentro das empresas, os softwares estão cada vez mais sofisticados, permitindo um gerenciamento em tempo real e a necessidade, atendida pelos trabalhadores, de serem multifuncionais.

O resultado de tanta tecnologia agregada ao processo produtivo é que de um lado, muitos estão desempregados e, de outro, grande número de pessoas trabalha cada vez mais, realizando horas extras e de forma muito mais intensa devido às inovações tecnológicas e organizacionais e à flexibilização do tempo de trabalho, segundo estudos publicados pelo Dieese.
O desemprego de muitos e as longas e intensas jornadas de trabalho de outros têm como conseqüência diversos problemas relacionados à saúde como, por exemplo, estresse, depressão, lesões por esforço repetitivo (LER). Aumentam também as dificuldades para o convívio familiar, que tanto podem ter como causa a falta de tempo para a família, como sua desestruturação em virtude do desemprego de seus membros. Estamos correndo sérios riscos de criar uma geração sem pais. Meninos e meninas abandonados dentro de casa e que sem perspectiva de emprego se tornam, cada vez mais, vitimas do crime organizado ou do consumo de drogas como uma busca para dar sentido à própria vida.

Enquanto isso, o Brasil e os brasileiros trabalhadores que ainda têm emprego, dão suas vidas para garantir o crescimento do pais, enquanto não têm tempo sequer para aproveitar os trocados a mais que conseguem com suas horas extras exageradas. São homens e mulheres que em pleno Século 21 são obrigados a gastar metade do tempo dedicado à produção no trajeto de ida e vinda entre o emprego e suas residências. Melhor dizer, suas camas. Pois só têm tempo de chegar, dormir e voltar para a labuta.

Mas foram estes homens e mulheres que criaram as condições favoráveis para a redução da jornada de trabalho pois todos sabemos que: • a produtividade do trabalho mais que dobrou nos anos 90; • o custo com salários é um dos mais baixos no mundo; • o peso dos salários no custo total de produção é baixo; • o processo de flexibilização da legislação trabalhista, ocorrido ao longo da década de 90, intensificou, significativamente, o ritmo do trabalho.

O principal argumento favorável à redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários é a geração de 2.252.600 novos empregos, segundo os cálculos do Dieese.

A redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais teria o impacto potencial de gerar em torno de 2.252.600 novos postos de trabalho no país. Faça as contas:

a. O Brasil tinha 22.526.000 pessoas com contrato de 44 horas de trabalho, em

2005, segundo dados da Relação Anual das Informações Sociais (Rais), do

Ministério do Trabalho e Emprego;

b. Diminuindo quatro horas de trabalho semanais de cada uma delas, cria-se a

possibilidade de gerar 2.252.600 novos postos de trabalho;

c. A conta a ser realizada é (22.526.000 x 4) : 40 = 2.252.600.

As lideranças patronais se apressam para tentar vender a idéia de que a redução da jornada para 40 horas semanais aumentaria exageradamente o custo do trabalho. É só questão de fazer as contas para a gente perceber que se trata de mais um discurso que aposta, ainda, no atraso.

No que se refere ao argumento patronal que aponta para o risco de aumento de custos, informa o Dieese, é importante dimensionar melhor o que representa uma redução de 9,09% na jornada de trabalho, ou seja, reduzi-la de 44 horas semanais para 40 horas.

Conforme dados da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), a participação dos salários no custo das indústrias de transformação era de 22%, em média, em 1999.

Assim, uma redução de 9,09% da jornada de trabalho, conforme demandada pela campanha das centrais, representaria um aumento no custo total de apenas 1,99%, como mostram os dados a seguir:

a. Considerando que a participação dos salários no custo das indústrias de transformação é de 22%;

b. que a redução da jornada de trabalho reivindicada de 44 para 40 horas representa uma redução 9,09% das horas trabalhadas;

c. A conta é a seguinte: 1,0909 x 22= 23,99; 23,99 - 22 = 1,99% de aumento no custo total da produção.

Ou seja, a partir de amanhã estaremos debatendo na Câmara dos Deputados a proposta de avanço apoiada no bom senso. As 40 horas semanais significarão muito para o Brasil, com reflexos diretos na recomposição da família, ao permitir um contato mais prolongado dos pais com seus filhos. Teremos ainda a possibilidade de encaminhar nossos filhos para um mercado de trabalho que terá condições de incluí-los, resgatando muitos jovens da ociosidade, da falta de perspectiva e, especialmente, da influência nefasta do crime organizado.

Leia os demais textos:

Comissão geral na Câmara analisa redução da jornada

Patrões e empregados vão disputar um clássico esta semana. Está marcada para amanhã uma ampla reunião, na Câmara dos Deputados, para discutir uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a jornada de trabalho das atuais 44 para 40 horas semanais, com manutenção do salário. A mesma proposta eleva de 50% para 75% o adicional a ser pago pela hora extra.
Dada a delicadeza do tema, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), decidiu promover uma comissão geral. Nela, especialistas contra e a favor da proposta darão explicações ao conjunto dos deputados para melhor prepará-los para a votação.
Por enquanto, o placar está a favor dos sindicalistas. No dia 30 de junho, a comissão especial que examina a PEC aprovou o relatório do deputado Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), a favor da proposta. A mudança contou com amplo apoio da base governista no Congresso, mas ainda resta um caminho longo.
Para entrar em vigor, ela precisa ser aprovada na Câmara e no Senado, em dois turnos de votação em cada Casa, com três quintos dos votos a favor.
Deter o avanço da proposta de emenda é, porém, um "tremendo desafio", segundo reconheceu o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE). "Essa é uma matéria sensível do ponto de vista político e tem apelo do ponto de vista eleitoral. É um tema sujeito a muita demagogia, mas é preciso resistir a ela."
PRODUTIVIDADE — Para os sindicalistas, a redução da jornada de trabalho só tem vantagens: geraria 2,5 milhões de novos empregos, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O impacto sobre os custos das empresas seria de 1,99%, segundo a mesma fonte.
As empresas tiveram aumento de produtividade de 113% nos últimos dez anos, disse Vicentinho, para demonstrar que elas são capazes de absorver o aumento nas despesas. "Além do mais, o trabalhador mais feliz produz mais e teremos redução dos acidentes de trabalho, pois eles normalmente ocorrem no final da jornada."
"O aumento do número de empregos é uma falácia", rebateu Monteiro Neto. Ele estima que os custos de produção aumentarão algo como 10% com a redução da jornada. O impacto será forte sobretudo nas pequenas e médias empresas. "A tendência é aumentar a informalidade", disse. As grandes empresas poderão investir em mais automação. "Não digo que haverá desemprego, mas esse é um risco real."
É possível que ambos os lados estejam carregando nas tintas. Tanto os sindicalistas quanto patrões admitem que, em grande parte da economia, a jornada de 40 horas já é adotada na prática. Ou seja, o impacto não seria tão forte nem no aumento de custos, nem na abertura de novas vagas.
"A maioria das montadoras já adota a jornada de 40 horas", disse Vicentinho. "A indústria farmacêutica também." Ele aponta esses dados como um sinal que o patronato estaria "rachado" na disputa. Armando Monteiro Neto nega. "Não conheço empresa que defenda a redução da jornada por lei, muito menos na Constituição." (Leia mais no Estadão)

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''País fechará 2009 com o menor déficit do G-20''

Mantega diz que déficit nominal será de 2,1% do PIB.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o Brasil vai encerrar 2009 com o menor déficit nominal entre os países do G-20, grupo que reúne os países em desenvolvimento. A previsão do ministro é de que o resultado nominal, que engloba receitas menos despesas, incluindo os gastos com juros, fique entre 2,1% e 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo ele, a previsão inicial do governo, feita antes da crise mundial, era de que o déficit fosse zerado em 2009 ou 2010. Mas, agora, ele acredita que isso só possa ocorrer daqui a três ou quatro anos.
Mantega afirmou que, apesar desse adiamento, o impacto nas contas públicas do programa de medidas anticíclicas lançado pelo governo será pequeno, na comparação com outros países do G-20. Ele citou a China, que pode terminar o ano com déficit nominal de 4,5% do PIB, e a Índia, com estimativas entre 7% e 8%.
Já os Estados Unidos, centro da crise financeira internacional e integrante do G-8 (as sete maiores economias do mundo mais a Rússia), gastou mais de US$ 700 bilhões em medidas de estímulo à economia e pode encerrar o ano com déficit nominal de 13,7% do PIB, segundo números apresentados pelo ministro na cerimônia de lançamento da 9.ª edição do anuário Valor 1000, organizado pelo jornal Valor Econômico. Os gastos do Brasil com medidas anticrise, afirmou Mantega, não chegaram a 1% do PIB. Um nível de recursos, segundo ele, "mais modesto, mas não menos eficiente".
"O Brasil tem o menor déficit entre países do G-20. Fizemos um ajuste fiscal, mas mantivemos os fundamentos econômicos", disse. "Em 2009, tivemos uma redução do superávit primário (que não inclui gastos com juros), de cerca de 0,8% a 0,9%. Excepcionalmente, baixamos o primário. Mas, felizmente, os juros caíram e, portanto, o custo financeiro do Estado diminuiu também. Uma coisa compensou a outra."
Mantega também calculou um crescimento do PIB de até 1,8% no segundo trimestre deste ano. O ministro afirmou que a retomada da economia já está ocorrendo e a crise já está sendo superada. A previsão do ministro é que o País tenha uma expansão do PIB entre 4,5% e 5% em 2010.
O ministro voltou a dizer que o Brasil está saindo mais rapidamente da crise por causa dos sólidos fundamentos econômicos. "Estamos retomando a economia sem criar desequilíbrio, sem acumular inflação e sem aumentar a dívida pública e a dívida externa." Segundo Mantega, países de economia mais avançada não fizeram isso e foram mais atingidos pela crise econômica. (Leia mais no Estadão)

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Dívida privada supera a do setor público

Crescimento da classe média, estabilidade econômica e segurança institucional explicam mudança, segundo especialistas. Dívida de famílias, indivíduos e empresas chega a 52,9% do PIB; para economista, juro alto e prazo curto ainda são entraves ao crédito privado.

A dívida de famílias, indivíduos e empresas privadas ultrapassou no ano passado, pela primeira vez desde o início do Plano Real, o total do endividamento do setor público, que até então absorvia a maioria dos recursos disponíveis para financiar a economia brasileira.

Trata-se, segundo especialistas, de mudança estrutural na forma como o país se financia, que sinaliza o amadurecimento do mercado de capitais e maior viabilidade do setor privado.

A virada ocorreu em abril de 2008, ainda no auge da expansão da economia, segundo o Cemec (Centro de Estudos do Mercado de Capitais), entidade ligada à Fundação Ibmec, criada pelas instituições do mercado para avaliar desempenho e dar suporte técnico para o comitê que define prioridades de autorregulação.

Segundo o economista Carlos Rocca, autor do estudo, a mudança é fruto da estabilidade da moeda, da emergência de uma nova classe média e da pujança do setor privado. Altera progressivamente o funcionamento da economia do Brasil, país com um dos menores patamares de crédito do mundo, quase sem financiamento imobiliário e de infraestrutura.

Para o economista Claudio Haddad, presidente do Insper e ex-diretor do BC, a mudança decorre também de ganhos institucionais que trouxeram mais transparência e reduziram o risco do investidor, como o Novo Mercado, a Lei de Falências, a alienação fiduciária e o crédito consignado. "Você não tem desenvolvimento de mercado privado sem que o investidor possa ter segurança e horizonte para suas aplicações."

No estudo, o setor privado somava em junho R$ 1,549 trilhão (52,9% do PIB) em empréstimos bancários, promissórias, debêntures, fundos de recebíveis, entre outros instrumentos, ante R$ 1,32 trilhão do endividamento público, incluindo empréstimos bancários das estatais. É o primeiro trabalho que considera dados de diferentes fontes e procura retirar duplas contagens.

Para Rocca, a mudança significa que o governo e as estatais começam a sair do centro das decisões financeiras, espaço que passa a ser ocupado pela iniciativa privada, pela sociedade civil e por entidades de classe e de defesa do consumidor, que podem não estar totalmente articuladas para assumir esse papel. "Falta investir em educação financeira em todos os níveis: pessoa física, Executivo, Legislativo e Judiciário."

Do ponto de vista da aplicação desse dinheiro, a mudança indica que as perspectivas de crescimento de empresas e as ambições da classe média, como comprar um carro, uma casa, viajar ou investir na educação dos filhos, tornam-se mais viáveis e com menor risco de dar errado -como em qualquer decisão de investimento, pautada pelo equilíbrio entre taxas de retorno e risco.

Para o economista Edmar Bacha, um dos formuladores do Plano Real, o crédito privado progrediu muito nos últimos cinco anos, mas o principal problema diz respeito aos prazos desses financiamentos, que seguem curtos e só devem aumentar com juros menores.

"Mais importante do que olhar quantidade é ver os prazos. Em que prazos estão sendo feitos esses financiamentos? Com taxa de juros muito elevadas, não dá para ter nem prazo nem muito crédito. Quem consegue pagar taxas de juros [altas]? Só o governo", disse. (Leia mais na Folha)

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Rio acelera e alcança o alto desenvolvimento

O Rio pisou no acelerador, cresceu quase o dobro de São Paulo, ultrapassou Santa Catarina e chegou à faixa considerada de alto desenvolvimento. O resultado alçou o estado ao terceiro lugar do ranking do país, segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM). O levantamento leva em consideração dados oficiais de educação, saúde, e emprego e renda formais. Foi no último quesito, aliás, que o desempenho fluminense fez a diferença: cresceu em um ano 10,1%. O aumento foi o quarto maior do país e o primeiro da Região Sudeste.

Os números são de 2006 e mostram um avanço do IFDM no Rio de 3,1% em relação a 2005. O índice vai de 0 a 1, sendo que, quanto mais próximo de 1, maior é o grau de desenvolvimento. O Rio teve média 0,8035. No país, o resultado aponta uma redução da desigualdade. Pelo levantamento, de 2005 para 2006, subiu de 54,5% para 59,1% o percentual de municípios brasileiros que se encontram numa mesma faixa (entre 0,5 e 0,7) considerada de desenvolvimento moderado.

Na carona do Bolsa Família, o Nordeste apresentou a maior evolução regional, com uma alta de 3,4% em um ano. Foi justamente entre 2005 e 2006 o maior salto no número de beneficiários do programa Bolsa Família: 25,6% nacionalmente. No Nordeste o percentual superou a média brasileira: 29%. De 2006 a 2008, a expansão de favorecidos no país foi de 5,2%.

Das cem cidades mais bem colocadas no índice de desenvolvimento, 81 são paulistas. O número mostra que, apesar da redução das desigualdades, o Brasil ainda tem diferenças regionais marcantes.

1ª colocada do índice — A 12 quilômetros da capital paulista, São Caetano do Sul é a primeira colocada no ranking geral do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), com uma nota de 0,9524. A indústria automobilística é o motor propulsor da cidade, que busca empresas de alto valor tecnológico, como o Instituto de Tecnologia da GM - que está contratando 600 engenheiros e transformou a fábrica da montadora numa referência internacional - para diversificar sua economia.

Na Região Metropolitana de Campinas, Hortolândia também passou pela turbulência sem sobressaltos. Apostando em incentivos fiscais e na proximidade de estradas e aeroporto, a cidade levou a nota máxima (1) em emprego e renda no país. (Leia mais em O Globo)

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Caixa avalia empréstimos de R8 bi para empresas

Aproveitando-se do vácuo deixado pelos bancos privados, que frearam a oferta de crédito em meio à crise, a Caixa Econômica Federal está reforçando a atuação no setor corporativo e diz ter no momento 8 bilhões de reais em pedidos de financiamento sob análise.

"Estamos apostando na estratégia de diversificação", disse à Reuters o vice-presidente de finanças da Caixa, Marcio Percival, nesta sexta-feira.

A exemplo do que fez nos financiamentos para consumo, setor em que reduziu os juros seis vezes só em 2009, o banco passou a ofertar taxas mais agressivas para empresas, medida que teve reação imediata, especialmente porque parte delas encontrou dificuldades para obter crédito nos bancos privados.

"A gente está tendo uma atuação mais agressiva nas linhas para empresas", afirmou o executivo. "Estamos dispostos a emprestar para quem nos procurar", emendou.

As linhas podem ser liberadas tanto por meio de crédito bancário como por operações de mercado de capitais, como debêntures, por exemplo.

No varejo -principal responsável pelo salto de 56 por cento da carteira de crédito da Caixa no período de 12 meses encerrado em junho-, o ritmo de expansão seguiu forte desde então.

Por isso, o banco considera elevar a previsão de crescimento da carteira em 2009, atualmente fixada em 40 por cento para o período.

"Seguimos crescendo a carteira de varejo ao passo de 3 a 3,5 por cento a cada mês", revelou Percival.

Ele descartou a hipótese de o banco reduzir a agressividade, agora que a economia começa a se recuperar, mesmo em meio a críticas de que a Caixa estaria se arriscando demais.

"Isso não é uma aventura. Nós estamos avaliando nossos níveis de inadimplência e a solidez do capital", disse.

Nas últimas semanas, representantes de bancos estatais e privados se envolveram numa polêmica depois de o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, ter dito que algumas taxas praticadas pelos bancos públicos eram insustentáveis.

Além de juros menores, a Caixa também planeja ampliar a oferta de serviços bancários a milhões de clientes que hoje não são correntistas. É o caso dos donos de cadernetas de poupança, que somam 36 milhões de pessoas. Hoje a Caixa possui 15 milhões de correntistas.

Os atuais correntistas vão enxergar brevemente essa diversificação, promete Percival. Uma das iniciativas nesse sentido será o lançamento de seu próprio home broker, instrumento que permite a negociação de ações via Internet. (Leia mais em O Globo)