sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Diante da inoperância do sistema financeiro, só restam aos trabalhadores e ao governo buscar saídas para crise

Crédito a empresas volta ao nível de 2007

(Postado por Marcos Afonso de Oliveira) Isso é preocupante. Afinal, o Brasil vive num sistema capitalista, onde o crédito é essencial para que as empresas funcionem. E aqui deveria prevalecer a norma de os bancos cumprirem o seu papel de irrigadores da moeda, de fornecedores preferenciais de crédito. E o que temos visto é uma inversão das vocações dos banqueiros, que entraram em pânico com a crise e fecharem os cofres, comprometendo mais ainda a pouca confiança que temos no sistema bancário, principalmente, num momento que mais precisamos de bancos ativos, prontos para ajudar a sociedade como um todo a construir as saídas para a atual crise.

Leia mais: Novas concessões de empréstimos caíram quase 25% em janeiro

A concessão de novas operações de crédito bancário para as empresas caiu fortemente em janeiro e atingiu o montante mais baixo desde setembro de 2007. O volume de novos financiamentos, de R$ 84,5 bilhões, recuou 11,4% em relação a janeiro de 2008. Na comparação com dezembro, o tombo foi ainda maior: 24,8%. Os dados contrariam o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, que tem dito que as concessões de crédito já estariam retornando aos níveis que antecederam o aprofundamento da crise, em setembro.

O montante refere-se às operações de crédito livre, que não têm destinação específica nem são direcionadas por lei. O valor é 13,7% menor que o de agosto de 2008. Para o analista da Tendências Consultoria Bruno Rocha, "os bancos estão mais seletivos na liberação do crédito".

Em relatório, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) observou que parte da retração do crédito foi compensada pelo desempenho dos bancos públicos.

"A perda de ritmo só não foi maior por causa do desempenho dos empréstimos direcionados, ancorados nas operações do BNDES", diz o Iedi.

Além de mais escasso, o crédito para as empresas ficou mais caro. O juro médio cobrado das empresas subiu de 30,7% ao ano em dezembro para 31% em janeiro.

A alta decorreu da ampliação da margem do banco.

O chamado spread bancário - diferença entre a taxa de captação e o juro cobrado nos empréstimos - passou de 18,4 pontos para 18,8 pontos porcentuais ao ano. Em fevereiro, a tendência continua e o juro avançou para 31,2% nos primeiro oito dias úteis. O salto do spread foi maior, para 21,5 pontos. (Leia mais no Estadão) 

Falta dinheiro no FAT para ampliar seguro-desemprego

Se o Tribunal de Contas da União fez o alerta, a situação é preocupante. Os trabalhadores através das centrais e a UGT, especialmente, tem assento no Conselho do Fat, e é nosso dever acompanhar de perto a movimentação dos fundos que saem eo FAT para irrigar o BNDES e depois os mais diferentes setores económicos. Algumas regras têm que ser claras e exigir que o uso de qualquer financiamento que se origine no FAT gere mais empregos e mantenha  as atuais ocupações. Senão teremos perdido o propósito de ser do FAT e comprometido definitivamente o fundo que foi criado com dinheiro do trabalhador para defender nossos interesses.

Leia mais: TCU alertou órgão para evitar o déficit; ministro Lupi (Trabalho) diz que este ano ainda dá para fazer desembolso.

O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) não tem condições financeiras para custear as despesas decorrentes de uma ampliação do seguro-desemprego para até dez parcelas, segundo avaliação da área técnica do governo. Essa ampliação, cuja possibilidade foi admitida no início do mês pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, teria de ser bancada com recursos adicionais do Tesouro ou pela redução ou eliminação dos empréstimos do FAT ao setor produtivo, para que os recursos fossem direcionados ao pagamento dos benefícios.

Por causa da crise, as centrais sindicais reivindicam o aumento das parcelas do seguro-desemprego, que hoje é pago em até cinco meses. Para custear a ampliação para até sete parcelas aos trabalhadores dos setores mais afetados pela crise, já decidida pelo governo no início deste mês, a lei permite que o FAT lance mão, por semestre, de até 10% de suas reservas técnicas, que hoje estão em torno de R$ 11 bilhões.

O FAT paga o seguro-desemprego, o abono salarial e destina recursos para a qualificação profissional e para empréstimos aos setores produtivos (os chamados "depósitos especiais"), com o objetivo de aumentar a oferta de empregos. O Fundo é mantido com recursos das contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor (Pasep). A avaliação técnica é que o FAT está à beira do colapso, pois as despesas estão crescendo em ritmo mais acelerado do que as receitas.

A nota técnica 89/2008, elaborada pela coordenação-geral de recursos do FAT, órgão ligado à Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração do Ministério do Trabalho, informa que o programa vai apresentar em 2010, pela primeira vez em sua história, um déficit operacional de R$ 497,2 milhões. Ou seja, as despesas serão maiores que todas as receitas, inclusive as financeiras, resultantes das remunerações das aplicações. A nota diz que o déficit será crescente e atingirá R$ 4,3 bilhões em 2012.

Esse "rombo" anual terá de ser coberto pelo Tesouro Nacional ou pela devolução pelos bancos dos "depósitos especiais" - empréstimos concedidos com recursos do FAT. As projeções da nota técnica foram feitas antes da decisão de pagar o seguro-desemprego em até sete parcelas e com base numa previsão de crescimento da economia de 3% este ano e de 4% em 2010. (Leia mais no Estadão)

Vendas de carros aumentam até 10% em fevereiro, dizem revendas do Rio

As vendas de carros novos continuam em recuperação nas concessionárias do Rio em fevereiro, mostra reportagem do jornal O Globo. No entanto, devem encerrar o mês com um volume inferior ao de janeiro por causa do efeito calendário, já que fevereiro tem 19 dias úteis, enquanto que janeiro teve 21.

As vendas diárias (que eliminam a diferença do calendário) aumentaram de 6% a 10% neste mês frente a janeiro, amparadas pela redução de impostos como IPI e IOF, além da melhora nas taxas de juros do financiamento, indicam as revendas visitadas pela reportagem do Globo. (Leia mais em O Globo)

Taxa de desemprego em seis regiões metropolitanas teve maior alta em janeiro desde 1998, mostra Dieese

Mais 75 mil pessoas perderam o emprego em janeiro, nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pela Fundação Seade e pelo Dieese - Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal. Segundo o levantamento divulgado nesta quinta-feira, o contingente de pessoas sem empregos chegou a 2,620 milhões nessas seis localidades.

Com isso, a taxa de desemprego aumentou de 12,7%, em dezembro, para os atuais 13,1% nessas metrópoles. Segundo a pesquisa, embora seja comum que a taxa aumente em janeiro, esse foi o maior crescimento para o período desde 1998, quando o levantamento começou a ser feito nas seis regiões. Ainda assim, é a menor taxa para o mês de janeiro já registrada pela pesquisa, refletindo a forte geração de emprego nos três primeiros trimestre de 2008.

Na semana passada, o Ministério do Trabalho divulgou que mais de 100 mil empregos foram perdidos em janeiro, considerando todo o país. Segundo o governo, quase 800 mil postos de trabalho foram fechados no Brasil desde novembro.

De acordo com Fundação Seade e Dieese, o crescimento da taxa de desemprego em janeiro ocorreu em quase todas as regiões, com exceção de Salvador, onde foi registrada pequena redução. As regiões metropolitanas de São Paulo e de Belo Horizonte apresentaram os maiores aumentos relativos.

Na região metropolitana paulista, a taxa de desemprego aumentou entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, ao passar de 11,8% para 12,5%. Apenas no início dos anos 1990 verificou-se aumento dessa magnitude. Apesar disso, a taxa é a menor para janeiro desde 1996. (Leia mais em O Globo)