quarta-feira, 4 de março de 2009

O Brasil e os brasileiros são mais criativos e maiores que a atual crise

Comissão especial do Senado acompanhará turbulências da crise financeira no país

(Postado por Marcos Afonso de Oliveira) É uma iniciativa que merece nosso apoio e que nos inspira a fazer o mesmo, ou seja, a criar uma comissão permanente de vigilância das consequências da crise. No caso dos trabalhadores, como faremos a proposta na próxima reunião da executiva da UGT, vamos vigiar também os empréstimos repassados pelos bancos oficiais para as empresas e as contrapartidas sociais. Vamos ficar de olho nas desculpas esfarrapadas das organizações que usam a crise para criar terrorismo e demitir arbitrariamente. E, principalmente, vamos monitorar a geração de novas vagas e a manutenção dos atuais cargos com os respectivos valores dos salários.

Leia mais: O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), criou hoje um grupo especial para acompanhar o impacto da turbulência global na economia brasileira e no mercado de trabalho. A Comissão de Acompanhamento da Crise Financeira e de Empregabilidade será presidida pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ), que criticou os elevados spread bancário (diferença entre custo de captação e o cobrado ao tomador final) e juros no Brasil, fatores que comprometeriam o efeito das medidas adotadas pelo governo para atenuá-la.

- O governo brasileiro tem atuado com serenidade, procurando tranquilizar os mercados e adotar políticas anticíclicas de forma a atenuar o impacto da crise externa sobre o nível de renda e de emprego. Entretanto, a taxa referencial de juros, uma das mais elevadas do mundo, os spreads bancários, também recordistas em elevação, e a enorme burocracia existente na máquina estatal têm dificultado enormemente o sucesso das decisões governamentais - disse Dornelles.

Já o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), outro integrante da comissão, ressaltou que os estados já estão registrando perda de arrecadação:

- Já tenho notícias de estados em que a perda de arrecadação é dramática, principalmente aqueles que têm uma dependência muito grande do setor exportador ou do setor da produção de commodities. E isso virá, sem dúvida nenhuma, a afetar de uma maneira bastante séria toda a economia brasileira.

A comissão é formada por cinco senadores: Dornelles, Tasso, Marco Maciel (DEM-PE), Pedro Simon (PMDB-RS) e Aloizio Mercadante (PT-SP).

Ao instalar a comissão, Sarney disse que a crise era uma "preocupação mundial".

A comissão apresentará seu primeiro relatório em 45 dias, mas ontem Dornelles já apresentou um documento preliminar, na forma de um boletim informativo. O relatório mostra que a crise tem se manifestado por meio de quedas tanto da produção quanto do consumo, mas, neste momento inicial, o impacto sobre a produção tem sido mais intenso. Além disso, alerta para o fato de a crise ter atingido mais intensamente a geração de empregos formais e a queda na balança comercial em janeiro. (Leia mais no Estadão)

Baixa renda pagará 'valor simbólico' por moradia

Vamos incentivar a construção civil sem criar o subprime, ou seja, os artifºicios de financiamento e refinanciamento de casas próprias que deu origem à atual crise financeira mundial. Ao mesmo tempo, vamos garantir casas para as famílias de baixa renda e gerar um impacto direto na economia, com geração de empregos diretos através da construção civil. O Brasil é maior que a crise e muito mais criativo que os demais países para enfrentá-la.

Leia mais: Famílias com renda de até três salários mínimos (R$ 1.395,00) pagarão apenas um "valor simbólico" pela casa própria, porque vão receber um "subsídio integral ao financiamento" do governo federal. É o que informou hoje o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, após reunir-se com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Também participaram do encontro os governadores de São Paulo, José Serra, de Minas Gerais, Aécio Neves, e do Paraná, Roberto Requião. Haverá subsídios para outras faixas de renda, limitadas a 10 salários mínimos (R$ 4.650,00), mas num montante menor.

Segundo Cabral, Dilma não revelou quanto custará o pacote da habitação. Disse apenas que a cifra é de dois dígitos, ou seja, ultrapassa os R$ 10 bilhões. A ministra dedicou sua tarde de hoje a discutir o pacote. Antes de receber os governadores, ela esteve com representantes da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Aos empresários, revelou que o governo decidiu eliminar o seguro cobrado junto com a prestação dos financiamentos habitacionais, para os mutuários com renda de até cinco salários mínimos (R$ 2.325,00). O seguro cobre morte ou invalidez permanente de quem toma o empréstimo, ou danos permanentes ao imóvel, mas pode representar até 40% da prestação. O custo elevado incomodava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não ficou claro como isso será feito, creio que haverá recursos do Tesouro", comentou o vice-presidente da entidade, José Carlos Martins. Para as demais faixas de renda, o seguro ficará mais barato.

Outro ponto já certo no pacote é a criação do Fundo Garantidor. Formado com dinheiro do Tesouro Nacional, ele permitirá que os mutuários de determinada faixa de renda fiquem até 36 meses sem pagar a prestação da casa própria em caso de desemprego. As parcelas serão transferidas para o final do contrato.

Dilma chamou os governadores para discutir o pacote da habitação porque o governo federal pretende ampliar o alcance das medidas. Quer que os Estados concordem em reduzir a zero o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado sobre o material de construção. Se os governadores concordarem, os mutuários receberão do tesouro estadual um cheque com o valor do imposto embutido no preço do material utilizado para construir o imóvel. Esse dinheiro seria usado para pagar prestações.

Para entrar em vigor, a proposta precisa ser aprovada por unanimidade pelos Estados. As chances de isso acontecer, porém, são remotas. "Não foi colocada pelo governo a proposta de redução de impostos estaduais", afirmou Aécio Neves. Ele acrescentou que a arrecadação estadual está em queda.

Os prefeitos também serão convidados a contribuir com o pacote, reduzindo a zero as alíquotas do Imposto sobre Serviços (ISS) e o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) - que é da ordem de 2% a 3% do valor do imóvel, dependendo do município. É outra proposta que promete polêmica. (Mais informações no Estadão)

Venda de supermercados cresce 6,5% em janeiro

Ai está um resultado para fazer pelo menos as carpideiras da crise pararem para reavaliarem os paus presságios. Ainda é possível lucrar, ainda é possível se valer do mercado interno, ainda é possível acreditar no Brasil.

Leia mais: Pão de Açúcar tem alta de 33,4% no lucro em 2008.

O ritmo de crescimento de vendas nos supermercados se desacelerou em relação à média de 2008 (8,98%), mas ainda mostrou um bom resultado em janeiro, quando cresceu 6,54% ante igual período do ano anterior, já descontada a inflação.

Para o presidente da Abras (associação do setor), Sussumu Honda, esse resultado se deve principalmente aos efeitos da crise no segmento de não-alimentos e à queda nas vendas de produtos importados.

Com o foco das empresas no mercado interno, Honda avalia que o consumidor será beneficiado com preços mais competitivos. Para evitar "o encalhe do produto", varejo e indústria avaliam com muito mais cuidado o aumento do valor dos produtos atualmente. Devido à alta no preço, houve queda no volume vendido em 2008, em relação ao ano anterior, em produtos como arroz (5,9%) e farinha de trigo (6,6%). Na média entre os itens, houve estabilidade.

"O crescimento das vendas em janeiro demonstra que o consumidor pode estar refreando o consumo de outras categorias do varejo, mas continua "liberal" nos supermercados", avalia o consultor Eugênio Foganholo, da Mixxer.

Também ontem o Grupo Pão de Açúcar divulgou o balanço de 2008. O primeiro ano de reestruturação rendeu à segunda maior rede de supermercados do país, que inclui a bandeira de mesmo nome, além de Extra, CompreBem, Sendas e Assai, lucro líquido de R$ 281,4 milhões, com alta de 33,4% sobre o ano anterior. O resultado pro-forma, sem considerar os gastos com a reestruturação no primeiro trimestre, mostra um crescimento de 41,6%. (Folha)

Lula prevê recuperação do mercado de trabalho em março

Estamos juntos com o presidente Lula na torcida e na vigilância permanente do nosso mercado interno. Já tem montadora chamando de volta trabalhador. A Volks está fazendo hora extra. Ou seja, há sinais positivos no horizonte que nos enchem de esperança.

Leia mais: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que o mercado de trabalho voltará a se aquecer em março, depois de ter passado por mais dificuldades em fevereiro.

Segundo o presidente, as medidas anunciadas pelo governo para aumentar a oferta de crédito e incentivar a economia têm um prazo de maturação. Além disso, acrescentou, o Brasil tem um mercado interno com um potencial "extraordinário".

"Tivemos a primeira grande queda (de empregos) em dezembro, e depois tivemos uma queda menor em janeiro e, certamente, vamos ter em fevereiro. O importante é que nós prevíamos o primeiro trimestre muito delicado, por conta da crise internacional", disse Lula em seu programa semanal de rádio, Café com o Presidente.

Entre dezembro e janeiro, houve redução de 750 mil empregos com carteira assinada no país, segundo dados do Ministério do Trabalho.

Lula ainda classificou a recente decisão da Embraer de demitir cerca de 4.200 funcionários de "quase uma anomalia", pois não houve negociações com os funcionários.

Ele se reuniu na semana passada com a direção da Embraer, mas, diante do argumento de que as demissões foram causadas pela queda das vendas no mercado internacional, não pediu que a fabricante de aeronaves recontratasse os trabalhadores. Agora afirmou que pretende ajudar a empresa a vender mais.

Em entrevista em São Paulo, o presidente disse que vai incentivar o uso das aeronaves da Embraer pelas companhias aéreas nacionais, uma vez que a produção da empresa é adquirida quase exclusivamente para companhias estrangeiras. (Leia mais em O Globo)

Superação da crise dependerá dos governos, diz Fitch

" A festa acabou " . Essa foi a abertura do discurso da diretora de Rating Soberano da agência Fitch Ratings, Shelly Shetty, em São Paulo. Para ela, a retração que assola as principais economias do mundo torna 2009 um ano desafiador para a economia global. Mas mesmo nesse ambiente, segundo ela, o Brasil está mais preparado para enfrentar a crise. " Tudo vai depender de como e com que velocidade as autoridades políticas brasileiras agirão " , completa ela.

Segundo Shelly, estão nas mãos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva as ações necessárias para a contenção dos efeitos da contração econômica global sobre a economia real do país. "Dependerá da competência do governo a forma com a qual a retração global atingirá a economia brasileira".

Ela afirma que, para começar, o Brasil deve "usar sabiamente " e "proteger" os US$ 190 bilhões em reservas externas que possui. Além disso, o governo deve agir prontamente para conter a escassez dos capitais e investimentos externos. "É aqui que o país mais pode ser afetado", afirmou a diretora de rating.

Para Shelly, as pressões macroeconômicas, o aperto do capital internacional e a queda nos preços das commodities são os três grandes problemas que os países da América Latina devem enfrentar neste período de crise. Nesse sentido, os piores choques serão sentidos pelos países menores e mais abertos, ou seja, os mais dependentes da situação econômica externa. (Leia mais em O Globo)