quinta-feira, 12 de março de 2009

Acelerar, ainda mais, a redução da taxa de juros, a Selic

PIB fraco leva BC a fazer maior corte de juro desde 2003

(Postado por Marcos Afonso de Oliveira) A queda da taxa Selic de 1,5 ponto percentual é boa, mas tem que cair mais. E mais aceleradamente. Ainda somos os camlpeões mundiais no quesito taxa de juros. Que afeta toda a economia, prejudica a produção e o consumo. E beneficia banqueiros e agiotas de plantão.

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Redução de 1,5 ponto porcentual leva Selic a 11,25% e abre caminho para que a taxa chegue a 1 dígito.

Com uma decisão antecipada pela maioria do mercado, por causa dos desastrosos números do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2008 e da produção industrial em janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu ontem reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 1,5 ponto porcentual. A medida reduz o juro a 11,25% ao ano, igual à taxa do período de setembro de 2007 a abril de 2008, a menor da série histórica. O movimento também abre caminho para a taxa brasileira, uma das maiores do mundo, chegar ainda este ano a um dígito. Um corte da magnitude de ontem ocorreu pela última vez em novembro de 2003.

Ao contrário do que ocorreu em janeiro, a decisão da diretoria colegiada do BC foi unânime e tomada em tempo relativamente curto, cerca de duas horas. Dessa forma, a autoridade monetária tenta fortalecer sua posição no debate político do juro, pois uma decisão dividida poderia dar força aos críticos.

No comunicado distribuído após a reunião, o Copom tenta também passar uma mensagem de cautela, dificultando a antecipação das próximas decisões, e centra o foco na inflação e não na atividade econômica. "O Comitê acompanhará a evolução da trajetória prospectiva para a inflação até a próxima reunião, levando em conta a magnitude e a rapidez do ajuste da taxa básica de juros já implementado e seus efeitos cumulativos, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária."

A decisão não atendeu completamente aos anseios da ala desenvolvimentista do governo Lula. No Ministério da Fazenda, por exemplo, o desejo era de corte de 2 pontos. De qualquer forma, na equipe econômica trabalha-se com a Selic abaixo de 10% ainda neste ano. Mas o corte de 1,5 ponto também não chega a provocar um clima avesso ao BC, como ocorreu em outros momentos. O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante, por exemplo, apesar de considerar que a política monetária ainda está "atrasada", disse que a decisão do BC foi um "avanço importante" e "fundamental para o enfrentamento da crise". (Leia mais no Estadão)

São Paulo fecha 38 mil vagas e desemprego já chega ao comércio

É preocupante. Principalmente por não se tratar de redução sanzonal de vagas. Mas a alternativa, de novo, nos remete para as decisões macroeconómicas. Com as atuais taxas de juros somadas aos mortais spreads bancários, vamos ter muita dificuldade em recuperar o consumo e, consequentemente, o emprego.

Leia mais: O Estado de São Paulo perdeu 38.676 empregos formais em janeiro de 2009, o equivalente a 38% dos postos de trabalho eliminados em todo o Brasil. Embora a indústria responda por 51,3% dos empregos perdidos - 19.859 vagas -, já começa a haver aumento do desemprego no comércio, que respondeu por 32,3% das vagas eliminadas em janeiro: menos 12.518. São Paulo concentra 29% dos empregos de todo o País.

Os dados são do Observatório do Emprego da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo (Sert), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Em janeiro, o desemprego foi menor, em relação a dezembro de 2008, quando foram eliminadas 101 mil vagas de trabalho em São Paulo. Mas ainda preocupa.

"Normalmente em janeiro se inicia a recuperação dos empregos perdidos em dezembro. Este ano não foi assim e a tendência é que o emprego em fevereiro também reflita a desaceleração da economia. A sangria vai continuar", avalia o economista Eduardo Zylberstajn, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

A região metropolitana de São Paulo foi a mais afetada pelo desemprego. Foram perdidas 15.627 vagas. Em janeiro de 2008, a região foi responsável pela criação de 33.123 postos de trabalho. Em segundo lugar vem a região de Campinas, com a perda de 10.989 empregos.

Segundo Zylberstajn, o quadro se torna mais dramático quando comparado a janeiro de 2008, quando foram criados 65 mil postos de trabalho. Em todo o Brasil, a média de criação de empregos no mês de janeiro entre 2002 e 2008 foi de 78.850 empregos em todo o País. Em janeiro deste ano, foram eliminados 101 mil. "Não se pode falar em recuperação econômica, embora duas regiões do Estado tenham apresentado saldo de empregos positivo."

Das 15 regiões administrativas do Estado, 13 perderam empregos formais em janeiro e somente duas tiveram saldo positivo: Ribeirão Preto (4.825 postos) e Franca (1.033 empregos gerados). O motivo da amena recuperação pode ser o câmbio favorável à indústria voltada à exportação, da qual faz parte o polo calçadista de Franca.

Após lei seca, SP poupa 4 vidas por semana

O critério melhor para avaliar os resultados da Lei Seca é o número de vidas salvas. Ainda podemos salvar mais vidas com mais rigor na aplicação da lei, com mais fiscalização e conscientização.

Leia mais: Balanço dos acidentes na capital paulista mostra que houve redução de 12% nas vítimas fatais no trânsito no 2º semestre. A má notícia está ligada aos motociclistas, as únicas vítimas que continuaram a subir em 2008, ainda que num ritmo menor.

O número de mortes no trânsito da cidade de São Paulo atingiu no ano passado seu menor patamar desde 2004. Foram 1.463 vítimas fatais, 6,6% a menos que 2007, isso num ano em que a frota subiu 7%.

A redução foi causada, principalmente, pela lei seca. No primeiro semestre, quando ainda não estava em vigor, a queda era inferior a 1%.

No segundo semestre (a nova legislação passou a vigorar no dia 20 de junho), a redução das mortes superou 12% em relação ao mesmo período de 2007.

É como se a capital paulista tivesse, depois da proibição de dirigir após beber, poupado praticamente uma vida no trânsito a cada dois dias. Ou quase quatro por semana.

As estatísticas gerais fazem parte de balanço da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), baseado em indicadores do IML (Instituto Médico Legal).

A diminuição das vítimas, no entanto, ainda está aquém do impacto logo após a implantação do Código de Trânsito Brasileiro e da fiscalização da velocidade por radares, no final dos anos 90, quando chegou a haver queda anual superior a 20%.

Nesta década, a quantidade de mortes no trânsito teve outras variações, mas não igual à do segundo semestre de 2008.

A má notícia está ligada aos motociclistas, as únicas vítimas que continuaram a subir em 2008. Embora num ritmo menor do que nos anos anteriores, as mortes dos ocupantes de motos cresceram 2,6%.

No ano passado, a administração do prefeito Gilberto Kassab (DEM) chegou a anunciar algumas medidas para tentar reduzir os acidentes com motos, mas acabou recuando após repercussão negativa.

Dilma e Serra defendem as mesmas receitas para crise

Potenciais candidatos em 2010, petista e tucano pedem corte de juros e mais investimento. Em evento em São Bernardo, ambos ouviram gritos de "presidente" e falaram dos principais programas dos governos federal e estadual.

O governador José Serra cumprimenta a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff em seminário ontem em São Bernardo do Campo

Um dia após a divulgação da queda de 3,6% do PIB brasileiro no último trimestre de 2008, os dois principais pré-candidatos à Presidência pregaram, lado a lado, uma receita parecida contra a crise econômica: diminuir a taxa de juros e aumentar os investimentos públicos.

Em evento em São Bernardo do Campo, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), foi aplaudida ao dizer que a crise econômica "é uma oportunidade única para o Brasil passar a ter juros civilizados". "Nós iremos baixar os juros básicos e iremos pelo menos criar uma referência para os "spreads" [diferença entre a taxa que o banco paga e a que repassa ao cliente] no Brasil", disse Dilma, que discursou por cerca de 40 minutos, afirmando que a crise é "sistêmica" e de "trilhões".

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse que o Brasil tem a maior taxa de juros do mundo e que a redução da taxa básica deveria ter sido adotada há seis meses, quando os efeitos da crise começaram a atingir a economia interna.

Após o evento, eles foram juntos até o Palácio dos Bandeirantes. Na saída do encontro, Serra disse que a política eleitoral deve ficar em segundo plano em tempos de crise. "Trocamos idéias gerais sobre economia. Não cotejei [se há mais convergências que divergências]. Ela sabe o que eu penso e viu o que falei durante a palestra. Eleição no Brasil está sendo tratada de maneira muito prematura."

Segundo o governador, seria ruim se os nomes colocados na pré-campanha tentassem "faturar eleitoralmente": "A gente tem de trabalhar para enfrentar a crise. São Paulo é um Estado grande, complexo. Não dá tempo de governar e fazer campanha. Eu escolho governar".

Em São Bernardo, Dilma e Serra ouviram gritos de "presidente". Ambos falaram de carros chefes dos governos federal e estadual. Ela citou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), prometeu bilhões em crédito para financiar obras de saneamento, repetiu a proposta de construir 1 milhão de moradias até 2010 e anunciou projeto de R$ 4 bilhões para obras de drenagem.

Ele citou a Nossa Caixa Desenvolvimento, falou de investimentos em estradas, compra de tratores para agricultores e de abertura de escolas e faculdades técnicas. Sobre o Rodoanel, disse que "não só estamos mantendo investimento como acelerando". Foi aplaudido. Citou ainda "grande investimento" no metrô e na CPTM.

Os dois fizeram elogios ao Bolsa Família e falaram da importância do mercado interno. Dilma citou uma "nova classe média", formada por pessoas que deixaram as classes D e E.

Ainda no aspecto econômico, os dois presidenciáveis trocaram alfinetadas sobre as gestões FHC e Lula. Sob aplauso de uma plateia com muitos sindicalistas, Dilma lembrou o apagão energético sob FHC, dizendo que faltou investimento em infraestrutura, e disse que, no passado, "diante de uma crise financeira o governo quebrava porque era parte da crise". Segundo ela, "hoje é parte da solução". Ela disse que o governo recorria ao FMI, que tinha um "receituário recessivo".

"Era proibido investir em infraestrutura, investir em saneamento, proibido reajustar o salário mínimo e rede de proteção social nem pensar", disse Dilma, segundo quem hoje Serra tem "uma capacidade de investimento invejável".

Florestas serão foco de empregos

O investimento na economia verde pode resultar na criação de 10 milhões de novos postos de trabalho, informou nesta quarta-feira a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). De acordo com Jan Heino, diretor-geral assistente do Departamento de Florestas, boa parte dos novos empregos será criada a partir do gerenciamento florestal sustentável – processo de administração permanente de áreas florestais de maneira a promover a proteção do solo, da água, da vida selvagem e dos recursos madeireiros.

Segundo a FAO, o investimento na economia verde criará oportunidades nos setores agroflorestal, de gerenciamento de áreas de lazer, desenvolvimento sustentável e de replantio de florestas degradadas. A economia verde propõe diminuir ao máximo os impactos socioambientais na produção de bens e serviços. Em dezembro do ano passado, a ONU exemplificou o Brasil como um dos países em que a economia verde é praticada com bons resultados. O secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon citou a criação de empregos com a reciclagem de lixo no país como um excelente exemplo de economia verde.

A proposta de criação de postos de trabalho na economia verde deverá ser debatida pela FAO na próxima segunda-feira, durante a abertura da Semana Mundial de Florestas, na sede da organização, em Roma, na Itália.