segunda-feira, 13 de abril de 2009

Empresários começam a voltar a atenção para o mercado interno, mas têm que sinalizar com geração de empregos

Indústria dá sinais de recuperação

Vamos ter que aprender a conviver a partir de agora com o gerenciamento das boas notícias. O próprio mercado, ou seja, os atores deste mercado, descobrem que não adianta só espalhar notícia ruim para de tabela manipular seus empregados e justificar as demissões desnecessárias. Por isso, volta agora a estimular boas notícias temendo um travamento geral do consumo, conforme alertávamos desde o início. Agora, cabe a nós ter cuidado também com o esforço dos manipuladores de plantão em tentar criar boas notícias descoladas do contexto de mais empregos, mais salários e de respeito à opinião pública. Só haverá recuperação de fato quando os empregos voltarem a crescer, com a manutenção ou ampliação dos valores dos salários.

Leia mais: Mercado interno impulsiona fábricas e a produção começa a indicar que o pior da crise pode ter ficado para trás

A indústria brasileira começa a dar sinais de recuperação no primeiro trimestre deste ano, após queda generalizada nos pedidos recebidos em dezembro. Um mapeamento feito com base na Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que a retomada da demanda está concentrada na produção de bens cujo consumo depende da renda do trabalhador, como alimentos, e da indústria automobilística, que teve o corte de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) renovado.

Em dezembro, no ápice da crise, todos os 14 setores pesquisados pelo estudo feito a pedido do Estado registraram queda na demanda global em relação a setembro. A demanda global inclui os pedidos para mercado interno e externo. Já em março, sete setores saíram do terreno negativo na demanda global na comparação com dezembro, observa o responsável pela área técnica da sondagem, Jorge Ferreira Braga.

A indústria automobilística, de móveis, de alimentos, têxtil, de vestuário e calçados, de celulose, papel e papelão e de produtos de matérias plásticas, as duas últimas fornecedoras de embalagens para o setor de alimentos, reagiram no primeiro trimestre, aponta a sondagem. A pesquisa consultou 1.066 empresas que, juntas, faturaram no ano passado R$ 540 bilhões. Em março foram vendidos 271,4 mil veículos no País, 16,9% a mais que em igual mês de 2008. Após dois meses de queda, a indústria de motocicletas também apresenta leve recuperação. Em março foram fabricadas 126.295 unidades, 54,9% a mais do que no mês anterior. O volume é 31,7% inferior ao de março de 2008, mas representa um sinal de que o pior da crise começa a ficar para trás.

"O mercado interno está segurando a queda", afirma Sérgio Amoroso, presidente do Grupo Orsa, uma das grandes companhias do setor de celulose, papel e papelão para embalagens. Ele conta que, entre dezembro e fevereiro, a sua empresa registrou quedas superiores 10% na demanda doméstica na comparação com os mesmos meses do ano anterior.

Em março, a queda na demanda doméstica de embalagens produzida pela empresa ficou em 7,5% em relação a março de 2008. "Com 7,5% de queda dá para viver", diz o empresário, que projeta recuo de 5% para abril na comparação anual. Amoroso frisa que ainda é cedo para afirmar que há uma recuperação. No mercado externo o empresário diz que houve pequena melhora na demanda por celulose, puxada pela China. Mas os estoques mundiais de celulose ainda são altos e os preços não cobrem os custos.

"O mercado não está hoje tão recessivo quanto pensávamos", afirma o presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), José Luiz Diaz Fernandez . Ele conta que o setor projetava queda de 50% na demanda neste primeiro trimestre. Apesar de não ter os números fechados, ele diz que o recuo foi menor.

"Fizemos duas feiras e cortamos as margens de lucro. Com isso, as lojas estão comprando, mas o volume é menor em relação ao do ano passado", pondera o presidente da Abimóvel.

Os alimentos são um caso à parte entre os setores analisados pela sondagem. Braga, da FGV, diz que o indicador de demanda global da indústria de alimentos em março ficou acima da média dos últimos 14 anos. "Trata-se de um item que é imune à crise porque não depende de crédito para ser comprado", explica o economista. Além disso, a inflação em baixa joga a favor das vendas de comida. (Leia mais no Estadão)

 

Deputado João Herrmann Neto morre em São Paulo

É com pesar imenso que registramos a perda de dois deputados federais, que tinham seus mandatos vinculados aos interesses dos trabalhadores. Registramos nosso luto com a morte do deputado João Hermann Neto (PDT-SP) e do deputado Carlos Wilson (PT-PE). Estendemos aos familiares dos dois líderes políticos o nosso pesar. E vamos trabalhar para  minorar tão importante perda para a democracia e para os trabalhadores brasileiros.

Leia mais: O deputado João Herrmann Neto (PDT-SP) , de 63 anos, morreu na madrugada deste domingo, em sua fazenda, em Presidente Alves, no interior de São Paulo. O corpo do parlamentar foi encontrado pela mulher, Jussara, por volta de 5h, na piscina. Ela conversara com ele até meia-noite de sábado, deixando-o com outras pessoas da casa, e foi dormir. De acordo com a assessoria do deputado, João Herrmann tinha o hábito de nadar de madrugada e teria batido com a cabeça durante um mergulho.

Em entrevista no fim da tarde, no entanto, o diretor do IML (Instituto Médico Legal) de Bauru, Ivan Edson Rodrigues Segura, afirmou que o deputado morreu vítima de um edema pulmonar agudo, causado pela hipertensão arterial. Segundo o legista, a pressão arterial do parlamentar subiu muito, inundando o pulmão com sangue. De acordo com o especialista, foi uma "morte de causa natural".

O deputado teria tomado um banho de sauna, o que pode ter provocado o aumento da pressão arterial, na opinião do médico.

- Com o aumento da pressão sanguínea, há o extravazamento de sangue. Houve uma inundação de sangue no pulmão, o que provocou sua morte. Se ele estava na sauna e depois foi para a piscina, isso pode ter contribuído para aumentar a pressão sanguínea.

O corpo do parlamentar começou a ser velado às 19h40, na Câmara dos Vereadores de Campinas, onde Hermann nasceu e onde será enterrado nesta segunda-feira, às 10h, no Cemitério Parque Flamboyant. O deputado, que tinha 63 anos, tem seu caixão coberto por duas bandeiras: a do Brasil e a do Cortinthians.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à noite da cidade, para participar do velório do deputado e prestar condolências à família. Mais cedo, em nota oficial, o presidente Lula lamentou a morte do deputado, a quem chama de "companheiro e amigo". Lula diz ter recebido com pesar a notícia e transmite suas condolências à família e aos amigos do deputado.

"Sua vitalidade, ousadia e disposição de luta sempre foram uma marca de personalidade. Companheiro e aliado nas lutas contra o regime autoritário, solidário nas horas difíceis e leal, ele sempre se alinhou ao lado da justiça social. É uma grande perda para a política brasileira", diz.

Lula e Herrmann tinham uma ligação antiga. Em viagens oficiais, o deputado era um dos poucos escolhidos para viajar no avião ao lado de Lula. Na política, ajudava na costura entre seus partidos, primeiro o PPS e depois o PDT, e o governo.

Sempre polêmico, João Herrmann Neto foi um dos mais atuantes líderes de esquerda dos movimentos de resistência na ditadura militar. Ele era do grupo de Ulysses Guimarães no antigo MDB, e depois no PMDB. É lembrado pelo presidente do PPS, Roberto Freire (PE), com quem protagonizou uma árdua disputa interna no partido, como um combatente na luta de resistência, sempre militando em partidos do campo democrático.

Deputado Carlos Wilson, ex-presidente da Infraero, morre em Recife — O deputado federal Carlos Wilson (PT-PE) , 59 anos, morreu na noite de sábado, em Recife. Ele estava internado desde o início do mês passado, no Hospital Santa Joana, para tratamento de câncer, doença contra a qual lutava há cinco anos. Ex-senador, ex-governador de Pernambuco e ex-presidente da Infraero, o parlamentar lutava contra a doença há cinco anos.

O corpo do deputado foi sepultado na tarde deste domingo, no cemitério Morada da Paz, na região metropolitana de Recife. O velório foi realizado no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo, na capital pernambucana. (Leia mais em O Globo)

Infraestrutura receberá R$ 62 bilhões de empresas

Como comentávamos no texto de abertura, até mesmo os capitalistas mais medrosos, tem uma hora que tem que sair do muro e avançar para a produção e para os investimentos. Sem investir capital, sem se aliar com o trabalho, não tem geração de riqueza. Todo mundo sabe disso, mas no Brasil, especialmente, enquanto dá para arrancar subsídios estatais, através de choradeira geral, é o que tem dado a norma. Quando todos nós sabemos que apenas a produção, o investimento industrial, o aquecimento do comércio e dos serviços, com a geração de novos empregos é que gera o bem-estar geral. E é para isso que a UGT trabalha.

Leia mais: Apesar da crise econômica internacional, os investimentos privados em infraestrutura seguem em ritmo acelerado e devem somar R$ 62 bilhões este ano, segundo reportagem de Gustavo Paul publicada na edição desta segunda-feira do GLOBO.

Parte desses investimentos faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas, como não depende de recursos orçamentários, não é afetada pela demora na liberação dos recursos.

Entre os investimentos em curso, estão o das usinas hidrelétricas de Estreito, Jirau e Santo Antônio, no norte do País, e o montante R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões que será aplicado pela Oi este ano, depois de comprar a Brasil Telecom em 2008, e os R$ 3,5 bilhões previstos para serem investidos pelo Grupo MMX, de Eike Batista. Leia mais em O Globo

 Atingidos sim, mas nunca sem reagir

Como boa parte da população mundial, o brasileiro está preocupado com o efeito da crise no seu futuro, mas, ao não deixar de consumir, contribui para sustentar a economia.

Fechado o primeiro trimestre do ano, considerado o mais crítico para a economia mundial, o Brasil exibe alguns números surpreendentes. Fazia 10 anos que não se vendia tantos carros em março quanto agora. As lojas de materiais de construção faturaram mais no mês passado, quando comparado com igual período de 2008. Os fabricantes de papel ondulado para embalagens, tradicional indicador que antecipa o comportamento da economia, reduziram de 10% para 2% as perdas. Até a Páscoa deverá representar um consumo de chocolate 5% superior à anterior.

Esses são alguns dos números a indicar que, apesar da crise e do aumento do desemprego, os brasileiros continuam consumindo num ritmo que seguramente não é o frenesi de 2008, mas tem sido suficiente para manter o país distante dos prognósticos mais sombrios gerados pelo pouso forçado dos Estados Unidos e boa parte da Europa e da Ásia.

O Instituto de Pesquisa Fractal mapeou que são os consumidores das classes C e B os responsáveis por manter a vitalidade da economia e onde pretendem gastar este ano.

– Eles têm demandas reprimidas e reagem a estímulos como a redução de impostos, no caso dos carros – afirma Celso Grisi, presidente do Fractal e professor da USP.

O economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas, apurou que as famílias com renda mensal a partir de R$ 4,8 mil foram as que até agora mais sofreram os respingos da turbulência global:

– A crise chegou à classe C em janeiro, mas em menor intensidade do que na A e na B. Como é possível dizer em relação aos países, também entre os brasileiros foram os mais ricos os mais atingidos.

Para Grisi, o Brasil está mais estruturado para resistir ao choque externo e, por isso, o consumo interno tem condições de sustentar um crescimento moderado da economia nos próximos meses. Não significa que os brasileiros não foram tocados pela turbulência. Indicadores que medem a confiança do consumidor acusam o abalo. O ICC de abril, da Fecomércio de São Paulo, teve um tombo de 16% em relação a igual mês de 2008, mas continua em terreno positivo.

Mesmo preocupada com os efeitos da crise no Estado, a enfermeira Simone Pasin, não desistiu da reforma no apartamento que divide com o marido, o médico Fábio Petry. O casal está há um ano na fila para adoção de um bebê e decidiu reformar a sala porque a escada não era segura. Gastaram R$ 40 mil. (Zero Hora)

Microempresários querem abreviar criação de empresas

O caminho que os brasileiros percorrem até conseguir formalizar a criação de sua empresa ainda é cheio de incertezas. A agilidade do processo depende de vários fatores, como, por exemplo, o estado onde se tenta abrir um negócio. Nesse momento, a informalidade acaba sendo o rumo escolhido por muitos, como conta o presidente da Associação Nacional dos Sindicatos da Micro e Pequena Indústria (Assimpi), Joseph Couri. Para tentar melhorar as condições dos micro e pequenos empresários, o presidente da Assimpi levará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva propostas que o governo federal poderia adotar para o setor.

 “A formalização da abertura de empresas pode levar de dois a 30 dias, dependendo do estado. O problema é quando você entra no imponderável. Quando se entra na frase 'depende' é que começam os problemas e muitos acabam desistindo de se formalizar, de estar na legalidade, o que é muito ruim”, disse ele, em entrevista à Agência Brasil.

Além desse problema, outros foram intensificados com a crise financeira, como o acesso ao crédito. Segundo Couri, em setembro do ano passado a liberação de crédito pelos bancos era efetuada em até dois dias, enquanto hoje a mesma operação chega a demorar até 15 dias. O valor das taxas de juros também foram multiplicadas.

 “Levaremos ao presidente sugestões de uma agenda construtiva para fortalecimento do mercado interno, desoneração do micro e pequenos empresários, que tiveram aumento de carga tributária, e acesso, redução do custo e mais agilidade para acesso ao crédito”, afirmou Couri. Uma audiência com o presidente Lula estava agendada para esta segunda-feira (13), mas teve de ser desmarcada e ainda não foi definida outra data para o encontro. (Leia mais no DCI)