sexta-feira, 15 de maio de 2009

Crise ainda é ameaça aos nossos empregos e renda mas temos energia e determinação para superá-la

Setor abre 19 mil vagas em abril, e Fiesp diz que o pior já passou

Ainda vivemos um período de muitas informações desencontradas relacionadas com a crise financeira mundial e seus efeitos no Brasil. Basta ler os textos que recolhemos hoje e de um lado vemos a Fiesp, sempre pessimista, alardeando que o pior da crise já passou. Noutro texto vemos o ministro Mantega, sempre tão otimista, afirmando que a economia brasileira terá crescimento zero em 2009. E mais embaixo um texto que mostra o avanço do setor informal, de maneira agressiva, como acontece em períodos de crise aguda. Ou seja, ainda é muito cedo para comemorar. Temos que nos manter atentos e prontos para enfrentar muitas dificuldades ainda. Mas sempre com a certeza de que o Brasil, os brasileiros e, principalmente, a classe trabalhadora brasileira somos muito maiores que a atual crise.

Leia mais e reflita: A indústria de transformação do Estado de São Paulo abriu 19 mil vagas em abril e encerrou o mês com avanço de 0,8% no nível de emprego ante março, nos dados sem ajuste sazonal, segundo levantamento da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Trata-se do segundo mês de alta nessa base de comparação.

Apesar da criação de postos de trabalho, o índice de emprego com ajuste sazonal, que elimina características específicas de cada período, teve no mês passado a sua sétima queda seguida, de 1,09%. Em relação a abril de 2008, a queda no nível de emprego foi de 6,76%.

Na avaliação da Fiesp, porém, o ritmo de retração nessa comparação já se amenizou.

Para o diretor do Depecon (Departamento de Pesquisas Econômicas) da Fiesp, Paulo Francini, a indústria deve interromper a tendência já a partir de maio. "No mês passado já tínhamos visto uma atenuação da perda [de vagas]. Abril nos deu a mesma impressão", disse Francini. "A força maior [de queda] já passou, e agora, se tiver mais alguma baixa, será residual. Pode até cair de novo em maio, mas acreditamos em estabilidade."

Em abril, dos 22 setores analisados, cinco mais contrataram do que demitiram. O que mais abriu vagas foi o de fabricação de coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (15 %). A maior queda foi no segmento de produtos de madeira (-4,3%).

O Sensor Fiesp, que mede expectativas futuras de empresários, foi otimista, a 53,2 pontos, na primeira quinzena de maio. (Leia na Folha)

Mantega admite crescimento zero em 2009
Governo trabalha com previsão de alta de 2%, parâmetro utilizado para projetar arrecadação e liberar gastos públicos.
Consultorias veem recessão técnica com dados do 1º tri; para Lula, economia vive recuperação "extraordinária" e sairá rapidamente da crise.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu ontem pela primeira vez que a economia brasileira pode ter crescimento zero em 2009.
Depois de ponderar que "já saímos do fundo do poço" e que "o ano é de muita volatilidade", dificultando previsões, Mantega afirmou: "O primeiro trimestre foi péssimo. O segundo será de retomada, com o PIB acelerando. Não muito, mas vai subir. O terceiro vem ainda mais forte, e o quarto fechamos com uma alta muito boa. Acredito que fechamos o ano em torno de 0 a 2% positivos".
O governo vinha mantendo o discurso de crescimento mesmo com os efeitos da crise internacional, que no Brasil atingiu com mais força a indústria, apesar de a maioria dos analistas de mercado e de órgãos internacionais prever retração.
O mercado financeiro estima retração de 0,44% no PIB, enquanto o FMI prevê queda de 1,3%, e a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), de 1%.
Oficialmente, o governo ainda trabalha com previsão de alta de 2% do PIB, que serve como parâmetro para projeções da arrecadação e de contingenciamento de recursos públicos.
No início da semana, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) afirmou que o governo pode rever sua meta de crescimento. A meta do governo está acima até da previsão de alta de 1,2% do Banco Central.

Para Mantega, mesmo que o país tenha crescimento zero neste ano, ainda será uma exceção. "Temos de lembrar que a maioria dos países vai fechar com 4% negativos", disse.

Para o ministro, o ritmo de recuperação vai depender ainda do efeito das medidas de estímulo adotadas. Mantega disse que o crescimento de 0,3% na vendas do varejo em março indica que "talvez a retração que houve nos meses anteriores tenha terminado". O ministro disse que consultou diversas redes varejistas e que acredita que o setor se recuperou.

Para a consultoria LCA, a redução do PIB do primeiro trimestre deve chegar a 1,5% em relação ao último trimestre de 2008. Será a segunda retração seguida, o que configura recessão técnica. Na opinião do economista-chefe da LCA, Bráulio Borges, a maior dúvida hoje decorre da retomada ainda lenta da atividade industrial. Para o ano, a consultoria prevê crescimento de 0,7% no PIB.

Na avaliação da MB Associados, o PIB deve ter recuado 1,3% no primeiro trimestre em relação ao período anterior. "Provavelmente o segundo trimestre não deve ter um resultado tão ruim. Mas temos que lembrar que a crise ainda não acabou", disse o economista Sergio Vale. No ano, a MB vê expansão de 0,5%. (Estadão)

Governo estuda mudanças na tributação da caderneta para evitar derrota no Congresso

O Congresso deu sinais na quinta-feira de que dificilmente aprovará a tributação sobre as cadernetas de poupança , considerada fundamental pelo governo para que as taxas de juros continuem caindo. Diante da resistência, o Planalto já estuda a possibilidade de prorrogar para 2010 a redução de impostos sobre os fundos de investimentos - prevista para acontecer em breve - por meio de medida provisória, mostra reportagem do Globo, nesta sexta-feira. Mas esta seria uma solução paliativa, caso não consiga fechar um acordo com a oposição. Até o PMDB, da base aliada, demonstra que vai criar dificuldades para aprovar a nova taxação da poupança para 2010. Para alguns integrantes do governo, a previsão é que a batalha para mudar a poupança será tão difícil quanto a da CPMF.

Ao anunciar a tributação da poupança, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo deve editar até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), nos dias 8 e 9 de junho, uma MP limitando a alíquota do IR para fundos em 15% até o fim do ano. No caso da renda fixa, ela pode chegar hoje a 22,5%. A renúncia fiscal seria de R$ 2 bilhões em 12 meses. (Leia mais em O Globo)

Crise turbina o avanço da informalidade na economia

Participação no PIB cresce 27,1%, diz pesquisa da FGV.

A participação no PIB brasileiro de bens e serviços não reportados ao governo cresceu 27,1% em 2008 -a maior taxa desde o início da série histórica da FGV (Fundação Getulio Vargas), em 2003. A expansão ganhou força principalmente no último trimestre, quando a chamada economia subterrânea cresceu acima da formal, mais impactada pela crise.

"Isso é um sintoma de que alguma coisa está estranha com a economia do país", disse o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, para quem há fatores que estão "empurrando" as empresas para a informalidade e a ilegalidade. "A principal variável que se vê é a carga tributária, ela explica grande parte desse aumento."

O economista disse que, para chegar ao resultado, usou como base a proporção de trabalhadores sem carteira assinada e a de papel-moeda em circulação sobre os depósitos.

Esses dados funcionam como "vestígios" deixados pela economia subterrânea. Para burlarem a fiscalização, as empresas evitam o sistema bancário e os vínculos empregatícios.

Barbosa Filho disse, porém, que as informações não são suficientes para precisar o tamanho dessa economia no Brasil -que, segundo o Etco (Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial), é de 20% a 30% do PIB do país. Eles permitem, no entanto, comparar a evolução ao longo do tempo e apontar os fatores que mais contribuíram para esse comportamento.

Corrupção — Em 2008, por exemplo, além da carga tributária, pesou também o aumento da percepção de corrupção no país. Segundo o pesquisador da FGV, os relatos dos desvios de dinheiro público dão aos empresários uma "desculpa" para sonegar, além de reduzir o medo de punição. "O empresário acaba achando que poderá subornar o fiscal se for pego", afirmou.

A queda da proporção das exportações sobre o PIB foi outro fator apontado pelo economista. Como exigem um nível de formalização muito grande, as vendas para o exterior funcionam como um desestímulo à economia subterrânea.

Já a expansão da atividade econômica verificada ao longo da maior parte do ano passado teve efeito contrário. "Quando a economia formal cresce e gera emprego e renda, ela tem a capacidade de gerar renda e criar emprego também na economia subterrânea, porque parte das pessoas que recebem salário consome bens providos por essa economia", afirmou. (Leia mais na Folha)

Centrais sindicais reivindicam do governo concessão de rádio e TV

Demanda surge após autorização de concessões para fundação ligada a sindicato.

Ao autorizar a concessão de duas TVs e duas rádios educativas a uma fundação ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o presidente Lula abriu caminho para que outros sindicatos e centrais sindicais reivindiquem igual tratamento.

"É uma felicidade incomensurável. Lula demonstrou mais uma vez que é o nosso paizão. Daqui a pouco, todo o movimento sindical vai ter sua emissora de televisão", disse o vice-presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil, Ubiraci dantas de Oliveira.

O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, diz que a entidade nunca pleiteou TVs ou rádios, mas que agora pensa no assunto. "O mundo sindical nunca teve seus meios. Vamos analisar os Estados e ver onde podemos pleitear."

A Folha revelou ontem que a Fundação Sociedade Comunicação, Cultura e Trabalho, que tem o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC como principal mantenedor, obteve do governo concessões de TV educativa em Mogi das Cruzes e São Caetano do Sul e autorização para explorar rádios educativas em São Vicente e Mogi das Cruzes.

Segundo o deputado Márcio França (PSB-SP), que foi o relator do projeto de concessão da rádio de São Vicente, na Câmara se sabe que as emissoras são vistas como concessões para a CUT (Central Única dos Trabalhadores). Sendo assim, ele diz ser natural que agora outras centrais reivindiquem o mesmo tratamento.

O presidente da Nova Central, José Calixo Ramos, disse que a iniciativa abre margem para outras entidades sindicais, "mas é algo que deve ser avaliado com muito critério, pois manter uma TV exige estrutura quase empresarial".

Atenágoras Lopes, da Conlutas (ligada ao PSTU), vê "um aspecto de democratização". "Mas o governo poderia ter feito muito mais. Persegue-se, por exemplo, rádios comunitárias." Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, disse ontem que estudos técnicos estão em andamento para a implementação dos canais. "É uma proposta de longo prazo, 30, 40 anos. As grandes redes de TV também nasceram pequenininhas." (Leia mais na Folha)