sexta-feira, 22 de maio de 2009

Queda na renda dos trabalhadores é resultado da rotatividade e UGT insiste que Brasil assine Convenção 158 da OIT

Após três meses de alta, desemprego fica estável no País

A queda do desemprego, pequena, pode ser atribuída a uma estabilização da economia, como também pode ser em função do Dia das Mães, que é uma data notória pelo reaquecimento das vendas no comercio, o que aumenta a demanda por mais trabalhadores, seja na indústria, no comércio ou nos serviços. Já a queda da renda, de 0,7%, aparentemente não tem nada a ver com a crise. Trata-se de uma prática deliberada dos empresários brasileiros que usam a rotatividade como uma estratégia sistemática para reduzir a massa salarial. Existem setores no comércio que  trocam completamente seus empregados duas vezes por ano, um absurdo pois é uma prática que prejudica o trabalhador, que vive e trabalha inseguro, mas também significa um prejuízo muito grande para o próprio empregador que tem que investir em novas adaptações de seu quadro de funcionário. Além disso, ao demitir os patrões que apostam no arrocho salarial deixam para o governo as contas de seguro desemprego. Por isso, a UGT está sempre insistindo com o Governo Federal e com o Congresso Nacional para que se aprove a Convenção 158 da OIT para que a gente tenha um mínimo de controle sobre essa desenfreada fúria patronal que demite irresponsavelmente, prejudicando inclusive, seus próprios interesses. Mas prejudicando muito mais o Brasil e as contas públicas. Só com seguro desemprego o Brasil deve gastar em 2009 quantias superiores a R$ 15 bilhões.

Leia mais: Taxa medida pelo IBGE cai 0,1 ponto, para 8,9% em abril; renda, porém, cai 0,7% na comparação com Março.

O índice de desempregados no Brasil ficou estável em abril, após três meses consecutivos de alta, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 21, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desemprego, apurada nas seis principais regiões metropolitanas do País, ficou em 8,9% no mês passado, ante 9% em março. A renda dos trabalhadores, porém, caiu 0,7% nessa base de comparação, mas cresceu 3,2% ante abril de 2008.

Em abril do ano passado, a taxa de desemprego ficou em 8,5%. Nos seis anos anteriores, o índice tinha ficado acima de 10%. O número de ocupados nas seis principais regiões metropolitanas do País somou 20,91 milhões em abril, com queda de 0,2% ante março e aumento de 0,2% ante abril de 2008.

O gerente da pesquisa mensal de emprego do IBGE, Cimar Azeredo disse que os dados do mercado de trabalho de abril e do primeiro quadrimestre de 2009 mostram que a "a crise não piorou, mas estabilizou o mercado de trabalho em relação ao ano passado"."É um mercado de trabalho muito parecido com 2008, o mercado está se mantendo, mas não está se desenvolvendo", disse Azeredo, acrescentando que "o mercado de trabalho parou, está dando conta de manter postos, formalidade e poder de compra, mas não está evoluindo".

Ele mostrou dados que, segundo ele, confirmam a estabilidade do mercado de trabalho em 2009 ante o ano passado. A taxa média de desemprego no primeiro quadrimestre deste ano ficou em 8,7%, ante 8,5% ante igual período do ano passado, o que, de acordo com Azeredo, mostra que não houve variação estatisticamente significativa no período.

Desocupados — O número de desocupados (sem trabalho e procurando emprego) totalizou 2,046 milhões, com queda de 1,7% ante março e aumento de 5% na comparação com abril do ano passado. Por outro lado, o emprego formal voltou a crescer em abril. O número de empregados com carteira assinada aumentou 0,9% ante março e subiu 2,0% ante abril de 2008.

Ao mesmo tempo, o número de empregados sem carteira recuou 0,7% na comparação com o mês anterior e caiu 3,7% ante igual mês do ano passado. Houve queda também, nas duas comparações, no número de trabalhadores por conta própria (camelôs, profissionais liberais), de 1,5% ante março e de 0,5% ante abril do ano passado. (Leia mais no Estadão)

Seguro-desemprego extra inclui mais 216 mil

O governo deve estender a 216.500 trabalhadores demitidos em razão da crise internacional a ampliação em duas parcelas do seguro-desemprego. Do total, 73.360 foram dispensados em janeiro, e o restante, em dezembro.

A nova rodada de parcelas extras deverá custar ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) R$ 263,7 milhões.

O Ministério do Trabalho já havia proposto o benefício adicional a 103.707 trabalhadores demitidos em dezembro. Com a pressão das centrais sindicais, ampliou a medida. Ao todo, agora serão contemplados 320.207 desempregados. Desde novembro, 647.313 vagas formais foram fechadas no país.

"A nossa intenção é que, com isso, tenhamos finalizado essa ampliação [das parcelas adicionais do seguro-desemprego], porque já começamos, a partir de fevereiro, a ter resultados positivos na geração de empregos", disse o ministro Carlos Lupi (Trabalho).

Os dez setores mais atendidos são: alimentação e bebidas (45.290), comércio varejista (38.304), metalurgia (24.927), agricultura (18.693), indústria mecânica (13.468), indústria têxtil (12.622), setor elétrico e comunicação (11.372), indústria química (10.476), material de transporte (9.412), madeira e mobiliário (8.556) e borracha, fumo e couro (5.261).

Os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro são os que concentram a maior parte dos demitidos que receberão as parcelas adicionais.

A lei do seguro-desemprego já permite o pagamento de duas parcelas adicionais em casos de desvio no índice médio de demissões. O benefício extra, no entanto, precisa ser aprovado pelo Codefat (Conselho Deliberativo do FAT), que deverá analisar a proposta do ministério no próximo dia 27.

O FAT dispõe de até R$ 2,2 bilhões neste ano para fazer o pagamento das prestações adicionais do seguro-desemprego. As parcelas regulares do benefício variam de três a cinco, dependendo do tempo de trabalho do empregado na empresa. O valor das mensalidades vai de R$ 465 a R$ 870 -conforme o valor do salário do demitido. (Leia mais na Folha)

Sindicatos farão mobilização para votar matérias de interesse dos trabalhadores

Representantes de seis centrais sindicais se reuniram nesta quinta-feira com o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), para tratar de uma pauta de projetos prioritários para classe de trabalhadores. Segundo informou o presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), as centrais pretendem reunir trabalhadores das principais categorias do Brasil para pressionar a Câmara e a sociedade na votação dessas matérias.

"Nós queremos trazer para Câmara pelo menos mil presidentes de sindicatos do Brasil inteiro para poder iniciar aqui uma grande pressão na sociedade e na Casa. Precisamos resgatar a Câmara, porque ela é o simbolo da democracia. A nossa ideia é que, por exemplo, no dia da votação todas as principais categorias do Brasil façam uma mobilização para acompanhar as votações", destacou o deputado após reunião com o presidente da Casa.

De acordo com Paulinho, a prioridade da classe é a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 231/95, que reduz a carga horária máxima semanal de 44 para 40 horas e aumenta o valor da hora extra de 50% do valor normal para 75%. A PEC aguarda votação em uma comissão especial da Câmara.

 “A tendência é a Comissão especial é votar às 40 horas no próxima dia 9, segundo me informou o relator e o presidente da Comissão. À partir daí a proposta vem para Câmara e ai sim faremos toda pressão para votá-la no plenário”, destacou o deputado.

O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Antonio Neto, também defendeu a redução da jornada de trabalho. Segundo ele, esta seria uma forma de gerar mais empregos no País. "Em alguns setores, como o comércio, há uma jornada de até 60 horas semanais. Nós precisamos regulamentar isso. Temos que resolver esta questão", completou Neto.

As centrais sindicais reivindicam ainda a votação do substitutivo do relator, deputado Pepe Vargas (PT-RS), ao projeto que acaba com o fator previdenciário; a aprovação do Projeto de Lei 1/07, que estabelece a política de valorização do salário mínimo; a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 438/01, que expropria as propriedades rurais onde houver o trabalho escravo; a aprovação da Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre negociação coletiva no serviço público e, a aprovação de uma lei que proíba a demissão imotivada, nos termos da Convenção 158 da OIT.

Participaram da reunião os representantes da Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB). (Leia mais no IG)

Vale corta 37% de seu investimento neste ano

Mineradora é uma das mais afetadas pela crise global, que reduziu a demanda por minério de ferro, seu principal produto

Uma das empresas brasileiras mais afetadas pela crise global, a Vale do Rio Doce anunciou ontem uma redução drástica de seu plano de investimento para 2009. Os US$ 14,235 bilhões em investimentos anunciados em outubro de 2008 foram reduzidos agora para US$ 9,035 bilhões. Trata-se de um corte de 37% -ou US$ 5,2 bilhões.

Segundo a Vale, a valorização do real reduziu seus custos, permitindo que ela faça investimentos gastando menos recursos. A mineradora, segunda maior empresa do Brasil (atrás só da Petrobras), alega ainda que atrasos em licenças ambientais seguraram investimentos.

"Essa revisão reflete basicamente a variação de preço das moedas nas quais nossos dispêndios são denominados, revisão de custos de equipamentos e de implantação, atrasos associados principalmente à obtenção de licenças ambientais e simplificação ou mudança de escopo de alguns projetos", disse a Vale em comunicado no início da noite de ontem.

A empresa não atribuiu à crise o corte de investimentos, mas é natural rever projetos em momentos de forte desaceleração do consumo global de minério de ferro.

A crise travou a produção siderúrgica mundial -que, em alguns país, foi reduzida à metade- e levou à reboque o mercado de minério de ferro, principal insumo do aço.

Diante desse cenário, a produção da Vale, maior produtora mundial do minério, caiu 25,9% no primeiro trimestre na comparação com o período de outubro a dezembro do ano passado. Segundo a companhia, uma "redução de demanda sem precedentes" provocou o tombo.

Com uma produção menor, a empresa viu seus ganhos minguarem. A mineradora lucrou R$ 3,151 bilhões no primeiro trimestre deste ano, abaixo da cifra recorde de R$ 10,4 bilhões do quarto trimestre de 2008. (Leia mais na Folha)

Economist': emergentes podem sair da crise antes que os EUA

Um artigo na edição mais recente da revista britânica The Economist afirma que as grandes economias emergentes, principalmente Brasil, China e Índia, podem se recuperar mais rapidamente da crise econômica do que os Estados Unidos.

A revista defende uma nova tese do "descolamento", teoria defendida no ano passado por alguns analistas (entre eles a própria Economist) que afirmavam que os emergentes estariam mais resistentes a uma recessão nos EUA.

Admitindo que esta tese não se mostrou correta durante a crise, a Economist apresenta agora a tese do "descolamento 2.0" ("Decoupling 2.0", que dá nome ao artigo), que, segundo a publicação, seria "um fenômeno mais limitado, restrito a algumas das maiores e menos endividadas economias emergentes".

"Mesmo se a economia americana continuar fraca, há sinais de que as algumas das maiores economias emergentes podem ter uma recuperação razoável", diz a publicação.

A revista argumenta que esta nova teoria é baseada em dois fatores subestimados: que as grandes economias emergentes seriam menos dependentes dos gastos americanos do que se acredita e por elas terem se provado mais capazes e desejosas de responder à fragilidade econômica.

Como prova desse "novo descolamento", a revista cita o exemplo da China, cuja economia começou a se acelerar novamente nos primeiros quatro meses deste ano.

"Apesar dos debates sobre a precisão dos dados do PIB da China (...) o crescimento este ano pode ser perto de 8%. Este otimismo abasteceu os preços das commodities, o que, por sua vez, melhorou as previsões para o Brasil e outros exportadores de commodities".

Novo descolamento — Segundo a revista, durante a crise, países como o Brasil e a China não foram atingidos apenas pela queda na demanda dos EUA. O que talvez tenha afetado mais essas economias foi o quase colapso dos mercados de crédito globais e os cortes de estoques de companhias "traumatizadas".

Além disso, muitos dos emergentes apertaram sua política monetária para combater a inflação antes da crise, o que fez a demanda doméstica cair ao mesmo tempo em que as exportações entravam em declínio."Mas os choques globais estão se acalmando agora. Empresas não podem reduzir estoques para sempre. O pânico dos investidores está recuando, o que faz os mercados de crédito começarem a funcionar. Isto pode não ser o suficiente para estimular uma recuperação vibrante nos EUA (...) mas remove um obstáculo para as grande economias emergentes, que soltaram as rédeas ficais e monetárias", diz a revista, citando os pacotes de estímulo da China e os cortes na taxa de juros do Brasil.

Para a Economist, ações como essas por parte dos governos podem fazer as economias se recuperarem mais rapidamente, mas não criam uma resistência de longo prazo.

A publicação afirma que, para ter uma recuperação sustentável, a China deve substituir mais investimentos estatais por consumo privado e outros países, como a Índia, devem administrar melhor as finanças do governo. (Leia mais na BBC Brasil)