terça-feira, 16 de junho de 2009

Trabalhadores estão atentos à recuperação da crise que passa, como sempre afirmamos, pela recuperação do emprego

Pequenas empresas terão até R$ 11,6 bilhões do BB

Desde as primeiras manifestações da crise financeira mundial a UGT tem afirmado, pleiteado e pressionado pela concessão de crédito para as pequenas e micro empresas. É a decisão mais acertada pois são essas empresas, mesmo as consideradas de fundo de quintal, que geram emprego e através do emprego reforçam a renda do País. O Banco do Brasil, com seu novo presidente, assume, finalmente, sua função social para a qual foi fundado há 200 anos. Com o exemplo e concorrência do Banco do Brasil vamos acompanhar a reação dos bancos privados que deram nesta crise um exemplo estrondoso de egoísmo e de péssimos estrategistas no relacionamento com seus correntistas e com o mercado brasileiro. Pois os bancos privados literalmente deixaram sem crédito grande parcela dos seus clientes, sejam pessoas físicas ou jurídicas.

Leia mais: brasileirosBanco descarta decisão política, nega risco de calote com a medida e afirma que pacote beneficia segmentos mais prejudicados pela crise

Pela sétima vez em menos de dois meses, o Banco do Brasil anunciou ontem mais uma medida para elevar a oferta de crédito. Dessa vez, aumentou o limite de crédito de 303 mil micro e pequenas empresas que terão até R$ 11,6 bilhões extras para o capital de giro. O juro para esse cliente também caiu.

Apesar de a decisão estar alinhada com a recomendação feita pelo Palácio do Planalto para que bancos públicos ajudem a amenizar os efeitos da crise, a instituição diz que a medida é técnica e não gera aumento do risco de calote, nem prejuízo para o acionista.Desde que o novo presidente, Aldemir Bendine, tomou posse em 23 de abril, o BB tem anunciado praticamente uma nova medida de aumento do crédito a cada semana.

A medida beneficia quase metade dos clientes desse segmento com faturamento anual de até R$ 15 milhões. Dos beneficiados, 61% atuam no comércio, 23% em serviços e 16% na indústria. O volume disponível para cada cliente cresce 20% .

A mudança de critérios de avliação de risco permitiu que a medida fosse tomada. Foram beneficiadas empresas que têm relacionamento de pelo menos um ano com o BB e não estão inadimplentes.

O dinheiro sairá do caixa do próprio banco e será oferecido em operações que contam com a garantia de recebíveis, como cheques pré-datados, compras no cartão de crédito, títulos e duplicatas. Nesse tipo de transação, o empresário entrega o que tem a receber no futuro e consegue à vista o dinheiro mediante pagamento de juro.

"Na média, o empréstimo com recebível é menos arriscado. O risco global tende a se diluir porque esses financiamentos terão peso maior dentro da carteira", diz o vice-presidente de Crédito, Controladoria e Risco do BB, Ricardo Flores. Esse pacote deve beneficiar a comercialização no segundo semestre, época em que principalmente o varejo reforça os negócios com vistas às datas comemorativas, como o Natal.

Nos juros, o BB reduziu ligeiramente as taxas. No capital de giro, por exemplo, o juro máximo passou de 2,37% para 2,35% ao mês. Nesse caso, Flores diz que o corte da Selic na semana passada e a diminuição do spread bancário - margem cobrada pelo banco - permitiram a queda.

Flores rechaçou qualquer relação entre o anúncio e eventuais pressões políticas. "Não há decisão política. É uma decisão técnica, tanto que não foi decidida agora. Estamos mexendo nesse assunto há várias semanas", afirma. Há 20 dias, o banco tomou medida semelhante com o aumento do limite de crédito de 10 milhões de clientes pessoa física que passaram a contar com R$ 13 bilhões extras. (Mais informações no Estadão)

País quer combater trabalho escravo

Temos que ficar de olho nestes acordos entre usineiros e o governo federal. Esse pessoal das usinas está pressionado pelos seus potenciais compradores no exterior que vão exigir que não haja trabalho escravo nas plantações de cana de açúcar. O perigo é adotar medidas para “inglês ver” e manter a escravidão e as péssimas condições de trabalho. A UGT ficará vigilante. E atuante.

Leia mais: Produtor de cana terá de adotar garantias trabalhistas, ambientais e de segurança alimentar na produção do etanol.
Usinas assinam na semana que vem um acordo com o governo para garantir condições mínimas de trabalho no setor de cana-de-açúcar. Ontem, na Organização Internacional do Trabalho (OIT), Lula anunciou o entendimento, em um sinal para a comunidade estrangeira de que o setor do etanol está tentando atender às exigências de importadores. A esperança do Brasil é a de dar uma demonstração de que começa a lidar com a questão do trabalho escravo no País, principalmente na produção de etanol.

Desde a expansão do biocombustível, o Brasil vem sendo atacado pelas questões sociais envolvidas na produção da cana. ONGs e governos europeus alertaram que não aceitariam a importação de etanol que viesse de trabalho degradante ou escravo. Na Europa, deputados já sugeriram a criação de cláusulas trabalhistas e sociais para importar o etanol. O governo brasileiro julga que parte dessa preocupação com os trabalhadores da cana seja apenas um desculpa para legitimar medidas protecionistas.

Mas o próprio governo já admitiu existir o trabalho escravo no setor da cana, e isso é algo que precisa ser superado. "Apostamos no diálogo social para humanizar o trabalho", disse Lula, em discurso a mais de 3 mil pessoas na Assembleia Geral da OIT. "Na próxima semana, vamos assinar - trabalhadores, empresários e governo - um acordo histórico para aperfeiçoar as condições e as relações de trabalho na cana. O trabalho no setor vai se tornar muito mais digno e seguro. E a produção brasileira de biocombustíveis estará cada vez mais cercada de garantias trabalhistas, ambientais e de segurança alimentar", afirmou Lula.

Segundo a Secretaria-Geral da Presidência, o acordo foi sugerido a 413 indústrias do setor, sendo 248 unidades mistas (fabricantes de açúcar e etanol), 15 que produzem açúcar e 150 que produzem etanol. Segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o acordo estabelecerá 18 critérios que usinas terão de cumprir para empregar seus trabalhadores no corte.

"Essas exigências incluem salários decentes, equipamentos de proteção, alimentação adequada", disse Lupi. O acordo ainda é voluntário. Mas as empresas que aderirem vão ganhar um selo de qualidade que vai credenciar inclusive as eventuais exportações de etanol.

"Isso é para convencer os europeus de que podem tranquilamente comprar etanol. O que queremos é criar uma situação para acabar com o trabalho escravo", disse Lupi. Segundo ele, será exigida uma média de renda acima do salário mínimo. O cumprimento da exigência será fiscalizado pelo Ministério do Trabalho, que vai distribuir o selo de qualidade e ainda punir empresas. (Leia mais no Estadão)

Lula quer que trabalhador ajude a formar nova ordem econômica

A UGT está presente em várias instâncias governamentais para ajudar a buscar saídas na condução das políticas sociais e económicas do Brasil. Participamos das sugestões de superação da atual crise desde a primeira hora, quando exigimos que os empréstimos públicos tivessem contrapartidas sociais. E apoiamos as medidas de irrigação de crédito na economia e criticamos a falta de alcance destas medidas que não chegavam à pequena e micro empresa. Condenamos as demissões arbitrárias e o egoísmo patronal. Ou seja, estamos de maneira organizada presentes no Brasil.

Leia mais: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, em Genebra, que a culpa pela crise e pelo desemprego não pode recair sobre trabalhadores imigrantes , sobretudo os pobres. Lula pediu ainda que sindicatos e trabalhadores tirem vantagem da crise financeira mundial para ajudar a formar uma nova ordem econômica.

Segundo Lula, há uma oportunidade excepcional para que os trabalhadores, sindicalistas e líderes comerciais pensem e apresentem propostas que mudem as relações entre os Estados e a sociedade civil.

- Temos que aproveitar o momento. Não é esquecer a crise, mas, a partir dela, descobrir o que podemos fazer de novo. A presença de vocês dá força para produzir temas - disse Lula, em um encontro sobre empregos na Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que reúne representantes de governos, empresários e trabalhadores.

Para Lula, as variações do ano passado nos preços do petróleo e das commodities ocorreram devido à especulação. Ele voltou a criticar setores do mercado financeiro, que especulam sem produzir.

- Alguns tentam transferir o ônus da crise para os mais fracos e é aí que aparece a face oculta e cruel da globalização. Os trabalhadores imigrantes se tornam os bodes expiatórios e a comunidade internacional não pode permitir que isso ocorra - discursou o presidente, sob frequentes aplausos.

O G-20, grupo de países ricos e emergentes do qual o Brasil faz parte, pediu à OIT que desenhe políticas para levar o mundo a uma recuperação da crise. A OIT diz que é importante evitar um atraso na criação de postos de trabalho enquanto a economia se recupera, pois o emprego e a renda vão sustentar o consumo que servirá como alicerce para o crescimento sustentável.

Lula afirmou que, de 2003 a 2008, o Brasil criou 10 milhões de empregos formais e aumentou o salário mínimo em 65%. O presidente destacou que o país conseguiu combinar a expansão das exportações com o aumento do consumo interno.

O Brasil demonstrou solidariedade aos outros países, legalizando imigrantes ilegais, afirmou Lula. Lembrando que trabalhou em uma fábrica enquanto era adolescente, Lula ressaltou que o Brasil foi o primeiro país das Américas a ratificar uma convenção da ONU contra o trabalho infantil.

O presidente também disse que é inaceitável ver mais de 1 bilhão de pessoas no mundo passando por dificuldades para comer, e afirmou que a crise expõe a falsidade das doutrinas neoliberais. (Leia mais em O Globo)

Produção dá sinais de retomada, aponta FGV

A produção industrial no Estado de São Paulo cresceu 3,8% em maio ante abril, segundo o SPI (Sinalizador da Produção Industrial), divulgado ontem pela FGV (Fundação Getulio Vargas). O estudo busca antecipar a atividade da indústria.

Se confirmado, o resultado será melhor do que o registrado entre março e abril (1%), mas o histórico de alta na ponta, iniciado em janeiro, ainda é insuficiente para aproximar o setor dos níveis pré-crise.

De acordo com Paulo Picchetti, economista da FGV, a evolução do desempenho industrial após a eclosão da crise financeira, no ano passado, se dará como uma curva em "V". Por enquanto, a indústria se mantém em linha descendente quando se leva em consideração o período de 12 meses meses. Em maio, a queda acumulada é de 4,3% -mais pronunciada do que a de abril (-2,9%), segundo a FGV.

"Temos tido recuperação na margem, mas a tendência no longo prazo ainda é de baixa", afirmou o economista.

Para ele, a análise de que a crise já ficou para trás deve ser ponderada, já que o investimento, que tem relação maior com o longo prazo, continua decrescente. "A indústria não deve esboçar trajetória de alta antes do final do ano", disse Paulo Picchetti.

Outros indicadores antecedentes -como o fluxo de caminhões nas estradas, a venda de papelão ondulado e a produção de veículos- também apontam uma recuperação em maio.

O índice ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) apontou no mês passado crescimento de 2,7% em relação a abril. Na comparação com maio de 2008, porém, a queda é de 2,9%.

"A expectativa é de alta mais contínua, mas, nos últimos meses, o índice tem mostrado certa volatilidade", disse Ariadne Vitoriano, analista da Tendências, responsável pela elaboração do índice ABCR.

As vendas do setor de papelão ondulado tiveram alta de 6,14% entre abril e maio. Já a produção de veículos aumentou 6,7% na mesma comparação. Na comparação interanual, as quedas foram de 6,45% e 7,7%, respectivamente. (Leia mais na Folha)

Juros do empréstimo pessoal e cheque especial caem pelo quinto mês

As taxas de juros médias cobradas pelos principais bancos do país caíram mais uma vez em junho. O Procon de São Paulo, responsável pela pesquisa, ressalta que este é o quinto mês consecutivo de baixa e que o levantamento foi feito antes do corte da taxa Selic, aplicado pelo Banco Central na última quarta-feira. Na ocasião, o juro básico caiu 1 ponto percentual, para 9,25% ao ano.

Conforme o levantamento deste mês, a taxa média de juros para empréstimos pessoais caiu 0,05 ponto percentual de maio para junho, para 5,52% ao mês. Já a taxa do cheque especial ficou em 8,87% ao mês, com redução de apenas 0,02 ponto percentual em relação à pesquisa anterior.

Dos dez bancos pesquisados (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú, Nossa Caixa, Real, Safra, Santander e Unibanco), três mantiveram taxas, quatro diminuíram os juros de empréstimos pessoais e outros três cortaram as taxas do cheque especial. No mês anterior, todos tinham promovido redução de taxas.

No crédito pessoal, a baixa mais significativa foi feita pelo Banco Safra, que reduziu de 5,90% para 5,50% ao mês a taxa para empréstimo pessoal. A redução mais modesta no período foi 0,02 ponto percentual, aplicada pelo Banco do Brasil e pela Nossa Caixa nas taxas de empréstimo pessoal, que ficaram em 4,56% ao mês. O Unibanco cortou os juros em 0,08 ponto, para 6,71% ao mês. Os outros bancos mantiveram as taxas.

No cheque especial, o Banco do Brasil reduziu a taxa em 0,08 ponto, para 7,77% ao mês, e Unibanco também fez a mesma diminuição, para 8,71% ao mês. A Nossa Caixa passou a cobrar a mesma taxa do Banco do Brasil após redução de 0,05 ponto percentual. Os demais bancos mantiveram as taxas. (Leia mais no Valor)