segunda-feira, 31 de maio de 2010

Agente de Turismo será o profissional que organizará crescimento do setor de turismo para a Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016

Turismo será o novo grande gerador de empregos

(Postado por Roberto Santiago, vice-presidente da UGT e deputado federal PV-SP) Precisamos nos organizar para acessar os empregos que a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos, no Rio, em 2016, vão gerar para todos nós. “O que já sabemos é que o setor de Turismo vai ser um dos grandes pólos aglutinadores das novas vagas e que o profissional Agente de Turismo será essencial para ajudar a organizar a economia do setor”, afirma o deputado federal Roberto Santiago, relator do projeto de Lei 4078, de 2008, que regulamenta a profissão do Agente de Turismo.

A profissão de Agente de Turismo será exercida pelos portadores de diplomas em curso superior de bacharelado em turismo, ministrados por estabelecimento de ensino superior, oficiais ou reconhecidos em todo o território nacional”, explica o deputado Roberto Santiago. Serão também Agentes de Turismo os portadores de diplomas em cursos de nível técnico ou médio, de redes oficiais de ensino ou de formação no Exterior, desde que o diploma seja revalidado em território nacional.

Somando Copa e Olimpíada, os investimentos em infraestrutura podem chegar a R$ 130 bilhões. Segundo cálculos da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, apenas a preparação das 12 cidades-sedes do Mundial de 2014 movimentará R$ 100 bilhões.

Uma pesquisa realizada pela FGV Projetos, a pedido da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), revelou que a Copa do Mundo de 2014 deverá gerar 3,6 milhões de empregos no Brasil. Este crescimento reflete todo o foco para os meios de hospedagens e restaurantes. Redes de hotéis também já estão construindo unidades hoteleiras, em várias cidades-sedes.

Dados do governo federal indicam que os jogos podem gerar até R$ 90 bilhões em renda, além de incentivar a criação de 120 mil empregos diretos e indiretos ao ano, entre 2009 e 2016, e cerca de 130 mil, entre 2017 e 2027.

E para completar, o Agente de Turismo que a jornada de trabalho seja de 40 horas semanais e terá o dia 24 de abril como o Dia Nacional do Agente de Turismo. “Teremos que respeitar e incentivar através de financiamentos públicos as iniciativas que os empresários do setor de turismo adotarão para ajudar o Brasil a fazer bonito para os turistas que nos visitarão na Copa e nas Olimpíadas”, afirma Roberto Santiago.

Leia o clipping do dia:

Brasil tem 2º maior crescimento global

PIB do País no 1º trimestre deve registrar aumento anualizado superior ao da China, ficando atrás apenas da Índia entre as maiores economias.

O Brasil deve ocupar o segundo lugar no ranking das maiores taxas de crescimento do mundo no primeiro trimestre, à frente até mesmo da China. O dado oficial só será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira da semana que vem, mas, levando-se em conta as projeções do mercado financeiro, já é possível cravar que o País será um dos líderes em expansão no período.

O Itaú Unibanco, por exemplo, estima uma alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 3% nos três primeiros meses do ano, na comparação com o quarto trimestre do ano passado. É uma das projeções mais elevadas de todo o mercado. Em um cálculo anualizado ? ou seja, assumindo que o ritmo se manteria pelo resto do ano ?, seria o equivalente a crescer 12,6% em 2010.

Para ter uma ideia, a China se expandiu a um ritmo anual de 11,2% entre janeiro e março. O líder do ranking deve ser a Índia, que avançou a uma taxa anual de 13,4%. Os Estados Unidos, que ainda lutam para se recuperar da forte crise que atingiu o país em 2008, cresceram 3%.

O economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, observa que há risco de a expansão brasileira no trimestre ser ainda mais forte. O departamento econômico da instituição calcula a alta do PIB mensalmente. Considerando os resultados de janeiro, fevereiro e março nesse levantamento, o crescimento no trimestre seria de 3,6%. Ele admite que os próprios analistas se surpreenderam com o número. Por isso, preferiram optar por uma estimativa mais conservadora.

Recuo. Independentemente da posição do Brasil nesse hipotético ranking global, o fato é que a expansão no trimestre foi bastante superior ao que praticamente todos os analistas esperavam. Por isso, sem uma única exceção, eles projetam uma desaceleração daqui para a frente.

O próprio Itaú acredita que o ritmo de crescimento do PIB vai cair da faixa de 12% para algo como 4% ou 5% no último trimestre do ano. É essa freada que explica a projeção de alta para 2010 inteiro, hoje em 7,5%.

Os especialistas argumentam que, nesse cenário, a expressiva desaceleração é bem-vinda. O Brasil, dizem, não consegue crescer a uma taxa superior a 4% ou 5% de forma sustentável ? ou seja, sem uma alta da inflação para um nível acima da meta estabelecida pelo governo e/ou sem abrir um rombo nas contas externas.

"O risco de acelerar demais é sair da estrada e ser obrigado a voltar para trás para retomar a rota", diz o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa. Por isso, avalia, o Banco Central (BC) acertou ao iniciar no mês passado o ciclo de elevações da taxa básica de juros (a chamada Selic subiu de 8,75% para 9,50% ao ano).

Se o BC demorasse para agir, diz Rosa, seria obrigado a retrair a economia de uma forma mais intensa, o que poderia causar até mesmo retração do PIB em algum trimestre. (Estado)

Analistas já veem o País em pleno emprego

Desemprego de 6,7%, dessazonalizado, já provoca pressões inflacionárias.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ter sido modesto quando disse na semana passada que o Brasil se aproxima do pleno emprego. Para diversos analistas, o País, na verdade, já ultrapassou a marca do "pleno emprego" na visão econômica.

Nessa definição, o termo não significa que todo mundo que procura trabalho seja bem-sucedido. Na verdade, trata-se de uma taxa de desemprego mínima a partir da qual começam a faltar trabalhadores em diversas funções, levando à alta de salários, mas também a pressões de custos, que atiçam a inflação.

Assim, se a comemoração do presidente em relação ao pleno emprego é justificada, por outro lado esse é mais um sinal de que a economia pode estar vivendo um período de superaquecimento em pleno ano eleitoral, criando riscos inflacionários.

O pleno emprego é um indicador difícil de estimar, que varia muito de analista para analista. Mas o atual nível da taxa de desemprego livre de influências sazonais, de 6,7% em abril, está abaixo ou bem abaixo da maioria das estimativas de nível de pleno emprego obtidas pelo Estado - que correspondem a níveis de desemprego entre 6,5% e 8,5%.

Essas taxas de desemprego referem-se à Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com indicadores do mercado de trabalho das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife. Os bancos recalculam a série eliminando os fatores sazonais, com resultados que são praticamente os mesmos.

"Já caímos abaixo do pleno emprego, em termos econômicos", diz Cristiano Souza, economista do Santander. A estimativa da instituição é de que a "taxa neutra", ou "taxa não inflacionária" de desemprego - a definição mais precisa usada hoje para pleno emprego - seja de 8%. Na verdade, bem no meio do intervalo de 7,5% a 8,5% calculado pelo próprio Banco Central (BC), no início de 2008, para o indicador.

Riscos. Uma taxa de desemprego abaixo do nível correspondente ao pleno emprego provoca escassez de mão de obra em muitos setores e alta dos custos salariais, o que vem ocorrendo na construção civil. A população empregada no setor cresceu 10,6% na comparação de abril de 2010 com o mesmo mês de 2009, enquanto a população empregada como um todo crescia 4,3%. Dessa forma, no mesmo período, a renda média real da construção aumentou 13,4%, comparado com uma alta de 2,3% para todos os trabalhadores. "São as taxas mais fortes entre todos os setores", nota Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco.

Desde o início da atual série da PME, em março de 2002, o desemprego caiu quase pela metade em termos dessazonalizados, saindo de 12,3% para 6,8% em abril de 2010. O movimento acelerou-se a partir de 2006, quando o desemprego médio no ano ficou em 10%. Para 2010, o Banco Santander projeta um desemprego médio de 6,8%, e o Bradesco, de 7,1% - ou seja, bem abaixo do nível de 8,1% em 2009, e mesmo da taxa média de 7,9% em 2008, um ano de forte desempenho da economia.

Até o fim de 2010, as previsões variam de uma ligeira alta no desemprego em relação a abril até uma queda expressiva. Uma das projeções mais fortes é a de Fábio Ramos, da Quest, gestora de recursos do ex-ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros.

Ramos prevê, baseado nos resultados sobre emprego formal do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que a taxa de desemprego dessazonalizada atinja 6% em dezembro deste ano. Itaú Unibanco, Bradesco e Santander têm projeções para dezembro que variam de 6,6% a 7%. No caso do Bradesco, a previsão é para a média do último trimestre.

"Se o fluxo de criação de vagas formais no Caged continuar na atual cadência, a taxa pode cair até para menos de 6% no fim do ano", diz Ramos, referindo-se ao desemprego dessazonalizado. Ele acha mais provável, porém, que o ritmo de criação de vagas formais caia do nível dos últimos meses, em torno de 200 mil, para algo mais próximo a 150 mil - o que o economista considera compatível com a previsão de desemprego de 6% no fim do ano.

Bradesco e Itaú apostam que o mercado de trabalho continuará aquecido até o fim de 2010, mas num ritmo menos explosivo que o do primeiro trimestre. Bicalho, do Itaú Unibanco, observa que os números do emprego no momento refletem a atividade econômica muito acelerada do último trimestre de 2009 e do primeiro deste ano, para a qual o banco prevê crescimento de 3% (ou 12,6% em termos anualizados). O economista acha que, a partir de agora, a economia deve crescer a 1% ou pouco mais por trimestre, o que seria suficiente para manter o desemprego próximo a 7% até o fim do ano.

No Departamento Econômico do Bradesco, nota-se que o mercado de trabalho exuberante faz com que mais pessoas que estavam à margem busquem emprego, aumentando a população economicamente ativa. Isso, por sua vez, pode reduzir o ritmo da queda do desemprego. O crescimento da população economicamente ativa saltou de 1,4% em dezembro (ante mesmo mês do ano anterior) para 2,5% em abril.

"Esperamos que a melhora no mercado de trabalho continue, mas de forma mais lenta, já que o número de pessoas procurando emprego deverá aumentar, em conformidade com as notícias favoráveis", diz Octavio de Barros, diretor de Pesquisa Macroeconômica do Bradesco. (Estado)

Varejo defende no governo novas regras para cartões

Comerciantes varejistas pressionarão o governo a dar um sinal mais claro a respeito de quais e quando as novas regras para o setor de cartões de crédito estarão em vigor. Na próxima segunda-feira, o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, ouvirá do presidente da Confederação nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior, que há novas empresas querendo entrar no mercado brasileiro, mas que elas estão desconfortáveis com a insegurança jurídica.

"Tivemos contatos com alguns players do setor, que veem no País um mercado enorme a ser explorado", comentou hoje. "O problema é que eles não sabem até hoje qual é a regra do jogo aqui e querem mais precisão sobre as regras", acrescentou. No fim do mês passado, o Banco Central (BC) e os ministérios da Justiça e da Fazenda divulgaram relatório final sobre a forma de atuação dos cartões no Brasil. Também foi anunciado que o Conselho Monetário Nacional (CMN) dará poderes ao BC de regular as tarifas dos cartões, como já faz hoje com as tarifas bancárias. A aprovação da alteração pode ocorrer daqui a um mês, no próximo encontro do conselho.

Os comerciantes se consideram uma das pontas mais fracas neste ramo e apostam que o aumento da concorrência melhorará a situação dos lojistas. Pellizzaro Junior aproveitará o encontro com Barreto para apresentar a estratégia do setor para tornar o mercado mais competitivo. "Queremos mostrar ao ministro quem pressiona quem, pois é um mercado muito complexo", afirmou. A intenção da CNDL é tornar o setor mais estimulado por meio da quantidade de agentes que nele atuam, o que traria uma redução dos custos para todas as partes envolvidas. (Estado)

País não está pronto para a nova classe média, diz Bolívar

É preciso "evitar o oba-oba", afirma doutor em ciência política e diretor de instituto de estudos econômicos. Entraves do país são infraestrutura, mão de obra especializada e educação, diz autor de "A Nova Classe Média".
O Brasil não está pronto para a nova classe média.
Tampouco esse segmento populacional está devidamente preparado para suas recentes conquistas em termos de mobilidade social.
As afirmações são de Bolívar Lamounier, doutor em ciência política pela Universidade da Califórnia e primeiro diretor-presidente do Ipesp (Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo).
Em parceria com Amaury de Souza, ele acaba de lançar o livro "A Nova Classe Média" (Campus-Elsevier).
Na entrevista abaixo, ele discute a sustentabilidade da nova classe média e diz ser preciso "evitar o oba-oba".

Folha - Quais são as principais características dessa nova classe média?
Bolívar Lamounier - Estamos falando de algo em torno de 80 milhões de pessoas, um agregado social imensamente heterogêneo.
É um megaprocesso de mobilidade social. É o conjunto da classe C ascendendo a condições e aspirações mais altas de consumo .
Em razão disso, as famílias que a integram tornam-se mais "ambiciosas". Têm mais interesse em aumentar sua renda, querem um nível educacional mais alto para si e para seus filhos, manifestam desejo de obter um bom emprego ou de se estabelecer por conta própria etc.

Essa nova classe média é "sustentável"?
No nível macro, a sustentabilidade depende do crescimento econômico a taxas elevadas -e ambientalmente compatíveis. Hoje, no Brasil, há um clima de exagerado otimismo, mas é preciso cautela para não cantarmos vitória antes do tempo.
Por outro lado, o que chamamos de ascensão da classe C se confunde em larga medida com a expansão do mercado interno e a redução das desigualdades de renda, condições que tendem a tornar o processo inteiro mais sustentável, quer dizer, menos suscetível a crises.
O nível micro refere-se à geração da renda pelas famílias, à educação, ao empreendedorismo etc. Por exemplo, existem milhões de pessoas "empreendedoras", mas muitas não estão preparadas para isso. Do outro lado, a política pública mais dificulta que ajuda: carga tributária elevada, complicações burocráticas etc.

O Brasil está pronto, do ponto de vista estrutural, para essa nova classe média?
O avanço realizado nas últimas duas décadas é muito grande, mas eu não diria que está pronto. Basta atentar para a infraestrutura, obviamente incapaz de sustentar taxas elevadas de crescimento, a mão de obra especializada -que já começa a faltar- e a educação, de modo geral muito ruim.

E a nova classe média está preparada?
É preciso evitar o oba-oba. O aumento do consumo é salutar e as pessoas têm atualmente aspirações altas. Além de adquirirem mais escolaridade, os indivíduos precisam investir mais em si mesmos, ou seja, em sua própria produtividade, seja para conseguir empregos estáveis e de boa qualidade, seja para se tornarem empreendedores. (Folha)

Importação dispara com 60% de isenções

Os incentivos à importação como a eliminação da dupla cobrança de ICMS e a redução de impostos de importação (II) de alguns produtos acarretaram no salto de 60,9% das compras brasileiras em abril, o que acumulou no ano uma alta de 41,8%, segundo o Boletim de Comércio Exterior da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). A ampliação das importações deve permanecer crescente, uma vez que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento (Mdic) inseriu outros 95 produtos que serão beneficiados pela redução tributária na importação.

"Os primeiros 15 dias úteis de maio mostram que as importações permanecem crescendo a um ritmo mais acelerado do que as exportações, mas a diferença vem sendo bem menor do que a observada em abril. Nesse período, registrou-se uma média diária de US$ 822,4 milhões nas exportações e de US$ 688,1 milhões nas importações. O aumento das importações no mês de abril foi determinado principalmente pelo quantum, que teve variação positiva de 51,8% em relação ao mesmo mês do ano passado, enquanto que os preços aumentaram 5,9%. No acumulado do período janeiro-abril de 2010, o quantum registrou variação positiva de 41,2% e os preços tiveram crescimento de apenas 0,5% na comparação com o mesmo período de 2009", aponta o estudo.

O incremento de 92 produtos de bens de capital e 3 itens de bens de informática e telecomunicações que não possuem fabricação nacional à lista de ex-tarifários (produtos que terão redução no imposto de importação), beneficiará diretamente o setor de bebidas. De acordo com as informações da Camex, três produtos estão diretamente ligados a venda de latas recicláveis.

A importação de papel utilizado para rótulo de cerveja e refrigerantes terá alíquota reduzida de 14% para 2% em função da incapacidade do setor atender à expectativa de aumento da demanda. Também foi reduzido de 16% para 2% a tarifa de importação para as latas de alumínio de bebidas, devido à projeção do setor de um crescimento de 15% da demanda no primeiro semestre.

Segundo o analista da B&A, Ivan Boeing, a alta demanda é decorrente dos jogos da Copa do Mundo, que acontecerá juntamente com as férias de inverno escolares. "A Copa já é um evento que eleva as vendas de bebidas e bens duráveis como a televisão e a cerveja ou refrigerante, com a junção do evento esportivo temos as férias escolares, o que deve ampliar a demanda pelos produtos e com isso elevar a importação dos bens em questão", pontuou.

Segundo a secretária executiva da Camex, Lytha Spindola, os fabricantes nacionais de latas de alumínio estão operando em capacidade máxima. Ela disse que, tradicionalmente, o Brasil não importa latinha. Essa será a primeira vez que haverá a necessidade de uma importação maciça.

A Camex, por outro lado, aumentou a alíquota do imposto de importação de 16% para 32% da sardinha em conserva. No entanto, segundo Lytha como a importação do produto não é tão grande, e há o compromisso dos enlatadores de encontrarem sardinha nacional, não deve haver uma alteração de preços ao consumidor. A Câmara também reduziu o imposto de importação do fluoreto de alumínio usado na fabricação de alumínio primário de 10% para 2%, porque a produção regional é insuficiente e foi provocada pela suspensão da fabricação do produto, em 2009, pela única produtora da América do Sul.

Para o professor da ESPM, Edmir Kuazaqui há uma tendência de desindustrialização do País. "Vários setores estão abaixo da capacidade produtiva, não conseguem atender o mercado. O preço internacional está mais competitivo, e a produção externa é maior e consegue suprir a nossa falta", afirmou.

Kuazaqui alegou ainda que não há uma solução imediata. "Com a inserção dos itens na lista haverá um impacto na balança comercial, mas não serão tão onerosos no médio prazo. A média geral de falta de capacidade produtiva está em 10%, precisamos de uma política cambial para as exportações, assim dá para reter as importações. Outro fato é a necessidade no investimento industrial", concluiu. (DCI)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Pressão da UGT e demais centrais sindicais sensibilizam ministros do Trabalho e da Previdência a favor do reajuste de 7,72% para aposentados

Os 7,72% estão praticamene confirmados para aposentados acima do mínimo

Avançamos em mais um capítulo da novela do reajuste das aposentadorias acima do mínimo. Agora temos o apoio e aprovação dos ministros do Trabalho e da Previdência. Era uma aprovação esperada pois são ministérios que atual muito mais próximos da realidade dos trabalhadores e no dialogo constante com as centrais sindicais, sabem que estamos determinados e prontos para a defesa intransigente dos interesses dos aposentados. Além do apoio dos ministros sociais do governo Lula temos também a posição histórica do presidente Lula que sabe que os 7,72% é um reajuste possível e, mais que isso, que se trata do respeito aos trabalhadores e trabalhadoras que entregaram toda a sua vida para a construção do Brasil que hoje nos enche de orgulho e nos transforma numa referencia mundial. Por isso, estamos tranquilos. Os 7,72% serão aprovados. E vamos ampliar nossa batalha pela aprovação também do fim do fator previdenciário. (Ricardo Patah, presidente nacional da UGT)

Trabalho e Previdência apoiam 7,72%

Ministérios reagem ao Planejamento e à Fazenda, que querem vetar reajuste para os 8,3 milhões de aposentados que ganham acima do mínimo.
Os ministros da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, e do Trabalho, Carlos Lupi, também são favoráveis a que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aprove os 7,72% de reajuste para os 8,3 milhões de aposentados que ganham acima de um salário mínimo.

A medida provisória (MP) com esse aumento ? contra a proposta inicial do governo, de 6,14% ? foi aprovada no Congresso na semana passada, mas não caduca no dia 1.º de junho. Por ter sido alterada e ter virado um projeto de lei de conversão, o presidente ainda tem duas semanas para sancionar ou vetar o que os parlamentares aprovaram.

Os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento) entendem que a MP perde validade no próximo dia 1.º e defendem o veto ao aumento de 7,72%. A justificativa apresentada a Lula é de que, se o governo ceder agora, sairá derrotado em todos os outros projetos de reajuste que estão na fila de votação do Congresso.

A argumentação dos ministros é que o veto dos 7,72% "não deixaria os aposentados na mão". O governo garantiria a continuidade do pagamento de um reajuste de 6,14%, negociado com as centrais sindicais. Para isso, bastaria que o Ministério da Previdência editasse uma portaria assegurando o pagamento da diferença entre o que prevê a lei ? variação do INPC ? e o que foi acordado com as centrais.

A MP enviada por Lula ao Congresso estabeleceu o índice de correção dessa faixa de benefício em 6,14%. Esse aumento, acima da inflação do período, foi negociado com as centrais sindicais. Nos cálculos da equipe econômica, a diferença entre os dois índices representa R$ 1,7 bilhão de gastos a mais por ano.

A edição de uma portaria é possível porque já existe uma lei definindo o reajuste das aposentadorias e pensões para quem ganha acima de um salário mínimo. E essa lei fica em vigor porque seria vetada a nova regra da MP, ou seja, a variação do INPC mais 50% da variação do PIB.

Para o futuro. O que dificulta a adoção dessa decisão é que Lula jogará o problema para o futuro: esse valor que será pago para garantir a diferença representará uma espécie de abono e, por isso, não seria incorporado ao benefício dos aposentados.

O ministro Carlos Lupi disse ontem ao Estado, por meio da assessoria, que não foi chamado a opinar tecnicamente sobre o assunto. Acrescentou, porém, que sua posição é a mesma do seu partido, o PDT, na votação da MP dos aposentados ? o PDT votou a favor dos 7,72%.

E em conversa com líderes da base governista, Gabas, da Previdência, tem se posicionado a favor do reajuste. Juntos, ministro e líderes têm feito uma análise que leva em conta o efeito popular do pagamento retroativo a 1.º de janeiro deste ano aos 8,3 milhões de aposentados, faltando apenas quatro meses para as eleições. (Estado)

Desemprego foi de 7,3% em abril, a menor taxa para o mês desde 2002

Puxada pela melhoria do mercado de trabalho em São Paulo, a taxa de desemprego no país ficou em 7,3% em abril, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é menor que a registrada em março, de 7,6%, e bem abaixo do resultado de abril de 2009, de 8,9%.

Este é o menor desemprego para o mês de abril desde o início da nova série histórica do IBGE, em 2002. O resultado veio abaixo da expectativa do mercado. Economistas consultados pela Reuters projetavam uma taxa de 7,6%, de acordo com a mediana de 20 respostas que variaram de 7,3% a 7,8%.

Para o gerente de Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, Cimar Azeredo, o mercado de trabalho está mais aquecido do que antes da crise e já recuperou a tendência de crescimento de 2008.

- A redução da taxa de desocupação já era esperada para essa época do ano, que é quando o mercado começa a se acelerar. Mesmo assim, a queda de 0,3 ponto percentual foi significativa, pois a taxa média de desemprego já estava em nível muito baixo. Os números mostram também que a taxa de desocupação está sendo reduzida por conta da criação de vagas de trabalho, e não pela diminuição de pessoas que estão procurando emprego - afirmou Cimar Azeredo.

" O mercado de trabalho está mais aquecido do que antes da crise e já recuperou a tendência de crescimento "

O resultado foi puxado pelo desempenho de São Paulo, região com peso de 40% na composição da taxa de desemprego nacional do IBGE. O desemprego em São Paulo caiu para 7,7% em abril, ante 8,2% em março.

- Quem puxa é São Paulo e isso é bom porque lá a indústria éforte e dá sinais de recuperação - disse o economista do IBGE, Cimar Pereira Azeredo, ressaltando que o setor industrial abriu 11 mil novas vagas em São Paulo.

- Não é um crescimento muito significativo, mas só em já estar abrindo vagas já é uma boa notícia.

Ao todo, existiam 1,7 milhão de desocupados no país em abril, contingente que não variou em relação a março, mas recuou 16,4% na comparação com abril de 2009. Também não houve variação na população ocupada, estimada em 21,8 milhões de pessoas, frente a março. Na comparação com abril de 2009, no entanto, houve alta de 4,3%, com mais 907 mil postos de trabalho em um ano.

Segundo o IBGE, O rendimento médio real habitual dos trabalhadores (R$ 1.424,10) ficou estável em relação ao de março (R$ 1.423,32); frente a abril de 2009 (R$ 1.392,65), houve ganho de 2,3%. (O Globo)

FGTS para casa própria chega a R$ 2 bi

Classe média incrementa saques do fundo, que aumentaram 29% entre janeiro e abril se comparados a 2009. 76,5% do valor foi usado por pessoas com renda acima de cinco salários mínimos; setor aposta na baixa renda.
Os saques de recursos do FGTS para a compra da casa própria cresceram quase 30% no primeiro quadrimestre do ano em relação a igual período de 2009.
De janeiro a abril, 299.929 trabalhadores sacaram R$ 2,1 bilhões de suas contas no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para a compra de moradia.
Desse valor, 76,5% foram usados por pessoas com renda acima de cinco salários mínimos (R$ 2.550). Só a faixa de renda superior a dez pisos salariais (R$ 5.100) foi responsável por metade dos recursos retirados.
O levantamento aponta que, entre quem ganha até cinco salários mínimos, o valor sacado não chegou a um terço do volume global.
Nessa faixa de renda estão as famílias enquadradas pelo governo em programas de habitação popular, com recursos subsidiados. Essa parcela da população (ganhos até cinco salários mínimos) responde por 95% do deficit habitacional do país.
Na avaliação do vice-presidente de fundos e loterias da Caixa Econômica Federal, Wellington Moreira Franco, a chegada da nova classe média ao mercado de consumo está por trás desse aumento nos saques do FGTS para habitação neste ano.
"O grande ganho do mercado interno decorre da entrada dessa nova classe média, que passou a consumir. E o primeiro bem sonhado é a casa própria. Isso foi possível porque há crédito e oferta de imóveis pelo setor da construção civil", afirma o vice-presidente.
Para ele, a percepção de que a economia está em um bom momento, com expansão do mercado de trabalho, também motivou os trabalhadores a assumirem compromisso de longo prazo.
BAIXA RENDA — Na maior parte dos casos, o saque dos recursos do FGTS pelo trabalhador é acompanhado de um financiamento imobiliário para atingir o valor do imóvel.
"O trabalhador sabe que vai ter emprego no dia seguinte e assume compromissos de longo prazo."
Das 299.929 operações de saque realizadas entre janeiro e abril, 44,5% foram efetivadas por pessoas com renda acima de cinco salários mínimos. Na faixa acima de dez pisos salariais, foram realizadas 21% das operações.
Quantitativamente, o número de retiradas feitas por trabalhadores de renda mais baixa foi um pouco maior, equivalendo a 55,5% do total.
Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Safady, nos próximos meses haverá um uso maior do fundo por parte do público de renda mais baixa. "O setor está otimista", diz. (Folha)

Sancionado aumento para policiais de SP

O governador Alberto Goldman (PSDB) sancionou ontem lei que aumenta o salário de policiais civis, militares e científicos do Estado. No caso dos soldados de segunda classe da PM, o aumento chega a 23,82% em cidades com até 200 mil habitantes.
Desde sua apresentação como projeto de lei, houve insatisfação na Polícia Civil. A categoria reivindica um projeto de restruturação da carreira. (Folha)

Cooperativas de crédito vão atuar em cidades grandes

Para possibilitar maior acesso às cooperativas de crédito, o CMN (Conselho Monetário Nacional) modificou as regras para a constituição de instituições do segmento que operam por livre admissão, ou seja, que abarcam pessoas físicas e empresas.
Pela nova regra, esse tipo de instituição, que até então estava restrita a municípios com menos de 2 milhões de habitantes, poderá operar em áreas com população superior. Nesses municípios, será necessária a conversão para a livre admissão de uma cooperativa de crédito já existente.
No entanto, novas cooperativas na modalidade só podem ser criadas em cidades com menos de 300 mil habitantes.
O CMN autorizou ainda a ampliação das categorias aceitas para a constituição de cooperativas de crédito restritas.
Antes, só era possível por entes com vínculos trabalhistas ou profissionais. Agora poderão criar cooperativas de crédito pessoas e empresas com vínculos advindos de participação em cadeias de negócios e grupos sociais, como associações de bairro. (Folha)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Como a UGT tinha antecipado, presidente Lula vai manter os 7,7% para os aposentados que ganham acima do mínimo. Falta definir fator previdenciário

Lula manda refazer as contas para manter os 7,7%

Presidente pediu novos cálculos da arrecadação para não vetar reajuste que beneficia 8,3 milhões de aposentados, mas vai barrar fim do fator previdenciário.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu à equipe econômica para refazer as contas sobre a arrecadação porque não está disposto a vetar o reajuste de 7,72% para os 8,3 milhões de aposentados que ganham acima de um salário mínimo. Lula já decidiu barrar a emenda que extingue o fator previdenciário, mas não quer arcar com o ônus político de um veto duplo no fim de seu mandato e num ano eleitoral.

A equipe econômica, porém, continua pressionando o presidente, sob o argumento de que não há recursos. A alternativa oferecida para resolver o problema é um abono de 6,14% sobre as aposentadorias e pensões acima de um mínimo. Na prática, esse grupo já recebe o valor corrigido desde janeiro.

Até ontem, Lula resistia a optar pelo abono - que não é incorporado ao benefício - e mandou os técnicos fazerem novos cálculos. "A pressão está grande, mas ele ainda não bateu o martelo. Não quer vetar o reajuste e acha que ainda pode encontrar uma solução", disse ao Estado um auxiliar do presidente.

Pelos cálculos apresentados a Lula, a diferença entre o reajuste de 6,14% e os 7,72% aprovados pelo Congresso provocaria um impacto anual no Orçamento de R$ 1,5 bilhão. "Nós até aceitamos o veto sobre o fim do fator previdenciário, criado para desestimular as aposentadorias precoces, mas vamos pedir ao presidente que conceda o reajuste", afirmou o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), que comanda a Força Sindical. "Um abono é muito pouco, tão pequeno que parece até uma esmola para os aposentados."

Sem querer mexer nesse vespeiro, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse que Lula é um homem "com muita sensibilidade" e admitiu que há defasagem na correção das aposentadorias acima de um mínimo desde outros governos. Ex-ministra da Casa Civil, Dilma ressalvou, no entanto, que o presidente tomará a decisão sem comprometer o equilíbrio das contas públicas.

Em conversas reservadas, Lula não escondeu a contrariedade com o Congresso. Disse a ministros que o Legislativo deixou um "abacaxi" para ele descascar. Apesar do discurso para consumo externo de que o prejuízo eleitoral de um veto não é tão grande, ele está preocupado. Sabe que o corte do reajuste será explorado pelo pré-candidato do PSDB, José Serra, e pode respingar na campanha de Dilma.

As centrais sindicais convidaram o presidente para participar da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, marcada para o dia 1.º, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Previsto para reunir representantes de 5 mil sindicatos, o ato foi planejado sob medida para aprovar as propostas que as centrais entregarão aos pré-candidatos à Presidência.

Lula ainda não confirmou presença na conferência. Com receio das multas aplicadas pela Justiça Eleitoral, que vê campanha antecipada para Dilma, ele agora avalia com cuidado a conveniência de comparecer a esse tipo de manifestação. Além disso, confidenciou a interlocutores que só irá se não tiver vetado o reajuste de 7,72%. (Estadao)

Reajuste de 7,7% exigirá novos cortes, diz Mantega

Para o ministro, medida será única maneira de manter equilíbrio fiscal Já se o presidente vetar o aumento, o governo federal terá de editar uma MP para conceder abono aos aposentados.
O governo precisará realizar novos cortes no Orçamento caso o presidente Lula sancione o reajuste de 7,7% aprovado pelo Congresso para aposentados que ganham mais de um salário mínimo.
De acordo com o ministro Guido Mantega (Fazenda), a ampliação dos cortes seria a única forma de comportar o aumento de despesas com os aposentados dentro da meta de ajuste fiscal do governo.
"Não temos condição de dar o reajuste de 7,7% aprovado pelo Congresso. Teríamos de fazer novos cortes, uma nova redução de despesas para manter o equilíbrio fiscal do país. Estamos recomendando ao presidente o veto, mas é uma decisão dele", afirmou o ministro.
Além de Mantega, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, também já sugeriu ao presidente o veto ao aumento de 7,7%.
Na semana passada, o governo anunciou um corte de R$ 7,6 bilhões no Orçamento. Além disso, reestimou algumas projeções de gastos, reduzindo-os. Com isso, a União deixará de gastar R$ 10 bilhões até o final.
Somado ao bloqueio de recursos divulgado em março, o corte no Orçamento deste ano já chega a R$ 31 bilhões.
Mantega confirmou ontem que, no caso de veto ao aumento de 7,7%, o governo precisará editar uma medida provisória concedendo abono para os aposentados.
Ele explicou que, se for derrubado o reajuste aprovado no Congresso, as aposentadorias automaticamente seriam corrigidas em apenas 3,5%, o que corresponde à reposição da inflação.
O ganho real, que equivale a 50% da variação do PIB (Produto Interno Bruto) de 2008, seria eliminado.
ABONO — "Se o reajuste for vetado, voltamos à correção de 3,5%. É inevitável criar um abono para manter o que já está sendo pago desde janeiro [6,14%]. Mas isso está indefinido", afirmou o ministro.
Pela Constituição, é assegurado aos aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) o reajuste anual dos benefícios de forma a manter o seu poder de compra. Ou seja, correção por um índice de inflação.
Nos últimos anos, o governo vem concedendo aumentos reais para o salário mínimo, e, assim, beneficiando as aposentadorias equivalentes ao piso salarial.
No ano passado, no entanto, as centrais sindicais pressionaram o Executivo a dar aumento real também para os benefícios acima de um salário mínimo.

Ipea: investimento em 2009 foi o maior desde 1995

Os investimentos do setor público nacional estão avançando de forma constante e chegaram, em 2009, a 4,38% do Produto Interno Bruto (PIB). Esta é a maior marca desde 1995, aponta estudo divulgado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com o documento, a média anual de expansão foi de 3,62% entre 1995 e 1998, primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso. No segundo mandato, entre 1999 e 2002, a média caiu para 2,73% do PIB. A taxa média de 2,73% se repetiu nos primeiros quatro anos da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e subiu para 3,68% de 2007 até o ano passado. Os valores constam da publicação Conjuntura em Foco.

O setor público realizou R$ 137,4 bilhões em investimentos no ano passado. A marca representa um avanço de 177% em relação ao nível registrado em 2002 (R$ 49,5 bilhões). Um dado em especial chamou a atenção: dos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) realizados pela União em 2009, as estatais federais responderam por R$ 59,8 bilhões, o equivalente a 43%. Ou seja: da marca de 4,38% do PIB atingido no ano passado, 1,9 ponto porcentual foi desembolsado pelas empresas controladas pelo governo federal. Em 2003, o montante liberado pelas companhias atingiu R$ 18,6 bilhões.

A partir do governo do presidente Lula, os investimentos dos Estados e municípios também avançaram de forma expressiva: em 2003, eram de R$ 22,9 bilhões e, no ano passado, atingiram R$ 57,7 bilhões. Do total, fazem parte transferências federais, que respondem por cerca de 20% dos recursos aplicados por governadores e prefeitos.

PAC — O Ipea destacou ainda os investimentos realizados pelo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). De acordo com o Conjuntura em Foco, a aplicação de recursos públicos pelo PAC atingiu R$ 403,8 bilhões de 2007 até dezembro de 2009, o equivalente a 63,3% do total previsto pelo governo. O montante colaborou para que a Formação Bruta de Capital Fixo do País subisse de 16,4% em 2007 para 18,7% do PIB em 2008.

As liberações de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para projetos de longo prazo que constam do PAC, incluindo os da Petrobras, avançaram 468% nos últimos três anos. De acordo com o estudo, o PAC contribuiu também para o aumento da criação de empregos no País, com a geração de 5,67 milhões de vagas entre janeiro de 2007 e fevereiro de 2010. (Estado)

Crédito cresce em ritmo mais forte que a economia
O volume de recursos de crédito avançou 17,6% nos últimos 12 meses encerrados em abril, para R$ 1,468 trilhão. Os dados são do relatório de Operações de Crédito no Sistema Financeiro divulgado pelo Banco Central (BC) ontem, em Brasília. E mesmo com a aceleração da economia no primeiro trimestre, a relação entre crédito e PIB voltou a subir, e passou de 45%, relação que se mantinha desde o final de 2009, para 45,2% em abril.
"Esse aumento é positivo, esperamos um crescimento entre 20% e 25% em 2010 com o bom ritmo da economia", estimou o vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira. "Os bancos se sentem motivados a emprestar e as empresas continuam a buscar dinheiro para aproveitar o cenário positivo do mercado interno", avaliou.
A concessão de crédito a pessoas jurídicas avançou menos que o segmento para pessoa física. "Isso já era previsto, o crescimento da massa salarial em pleno emprego colabora para que pessoas físicas tenham mais acesso a crédito", explicou Oliveira, da Anefac.
O estudo apontou de que o financiamento para pessoas jurídicas vindo de recursos livres (de bancos e instituições financeiras) atingiu R$ 488,6 bilhões, com alta mensal de 0,6%, e de 5,8% anualizada. Desse montante, 89,54% (R$ 437,5 bilhões) vieram de recursos domésticos, e cerca de 10,46% (R$ 51 bilhões), de recursos externos.
Questionado sobre a renovação das linhas externas no segundo semestre do ano, o vice-presidente da Anefac foi cauteloso. "Há movimentos do Banco Central Europeu de resolver os problemas de confiança do sistema bancário (...) Há uma desconfiança em relação aos bancos europeus, pois há riscos, mas os riscos já são menores", ponderou.
"As autoridades europeias já estão tomando decisões positivas, e os Estados Unidos e a China já estão atentos para a crise não se espalhe para os demais continentes", avaliou Oliveira.
O economista Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, tem opinião semelhante: "A crise europeia não deve afetar a liquidez no mercado brasileiro".
"O volume de crédito deve continuar avançando, impulsionado pelo aumento do consumo e pela queda da inadimplência", avaliou Alcides Leite.
Entre as modalidades destinadas a pessoas jurídicas, os empréstimos de capital de giro, saldo de R$ 226,3 bilhões, registraram crescimento mensal de 1,1%, acumulando expansão de 24,9% em 12 meses. Em sentido inverso, os adiantamentos sobre contratos de câmbio (ACC), cujo saldo situou-se em R$ 29 bilhões, registraram quedas de 1,5% no mês e de 34,7% em 12 meses.
O saldo de crédito direcionado para empresas fechou abril em R$ 307 bilhões, de um total geral de R$ 795,7 bilhões, o que representa 54,2% de todo o volume concedido a empresas .
De acordo com o relatório do BC, a concessão de crédito por bancos públicos cresceu 29,5% nesse período, acima dos 14,9% dos bancos privados nacionais. "Vai-se observar uma ação mais forte dos bancos privados nacionais e estrangeiros, o que deve dinamizar o crédito livre", previu o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, ao comentar um possível reação dos bancos privados nacionais na concessão de empréstimos.
Segundo o estudo, os empréstimos direcionados somaram R$ 487 bilhões, registrando um avanço de 31,6% em doze meses, e de 1,6% em abril.
Entre os empréstimos direcionados, as operações efetuadas pelo BNDES somaram R$ 295,6 bilhões, com alta de 1,3% em relação a março, e a carteira de crédito habitacional cresceu 3,3% em abril para R$ 104,1 bilhões. A maior parte desta carteira é composta por crédito concedido pela Caixa Econômica Federal com recursos da poupança e do FGTS. (DCI)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A regulamentação dos comerciários acabará com a precariedade, com a informalidade e com o abuso de excesso de horas trabalhadas

Regulamentação dos comerciários colocará um fim à barbárie contra a categoria

Estivemos nesta semana em Brasília para o 3º Congresso dos Comerciários e aproveitamos para estabelecer intensas negociações com os senadores e deputados federais para acelerar a regulamentação dos comerciários. Conversamos com o senador Aldemir Santana, que representa o setor patronal na Comissão de Trabalho do Senado, e com o apoio do senador Paim conseguimos avançar para que se estabeleça, ainda este ano, a regulamentação dos comerciários. Será um avanço enorme para uma das categorias mais antigas e mais numerosas do Brasil. A regulamentação acabará com a precariedade, com a informalidade, com o abuso de excesso de horas trabalhadas. E, principalmente, reduzirá, drasticamente, a rotatividade de mão de obra que é uma das maiores em relação às demais categorias. Os comerciários brasileiros merecem esse tratamento pois ao longo dos séculos e, especialmente, na última crise mundial se tornaram os verdadeiros servidores brasileiros. Enfrentaram a crise com altivez, muitas vezes vítimas de patrões que preferiam a demissão arbitrária a resistir às adversidades. Trabalhadores e trabalhadoras que são a frente de tudo o que se produz no Brasil e que depende deles e delas se manter a fé e a esperança em nossa economia. Agora, avançamos plara a regulamentação da categoria que queremos ver aprovada ainda neste ano eleitoral. (Ricardo Patah, presidente nacional da UGT)

Em dez anos, todas as escolas do país precisarão ter biblioteca

Medida, prevista em lei, vale para colégios públicos e privados

Todas as escolas do Brasil deverão ter bibliotecas daqui a dez anos. A medida está prevista em lei sancionada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vale para todos os estabelecimentos, públicos e privados.
O acervo de livros deverá ter pelo menos um título para cada aluno matriculado.
Segundo o censo escolar, em 2008 apenas 37% das escolas de educação básica do país tinham biblioteca.
A pior situação é na região Norte, onde só 20% dos colégios oferecem esse tipo de estrutura. No Sul, que tem o melhor cenário, 58,6% das escolas possuem biblioteca.
Estudo recente do Ministério da Cultura mostra ainda que 21% das cidades não têm bibliotecas municipais.
O autor da lei sancionada ontem, deputado federal Lobbe Neto (PSDB-SP), admitiu que o prazo de dez anos para a instalação das bibliotecas é longo. De acordo com ele, o prazo original previsto no projeto era de cinco anos, mas acabou sendo alterado na tramitação do texto.
Marcelo Soares, diretor de políticas de formação e materiais didáticos da educação básica do Ministério da Educação, diz que a pasta colabora enviando acervo e recursos às administrações que pedem verba para biblioteca.
Ele afirma que a responsabilidade principal pelo cumprimento da lei é dos Estados e dos municípios, que têm a jurisdição sobre a maior parte das escolas do país.
Para ele, a biblioteca é indispensável mesmo com o avanço da internet, porque o acesso à rede é restrito no Brasil e o ideal é a convivência dos livros com a tecnologia digital. A taxa de escolas com biblioteca no país é quase a mesma da de escolas com acesso à internet (35%). (Folha)

Governo estuda pagar abono a aposentados

O governo estuda a possibilidade de pagar um abono aos aposentados que recebem mais do que um salário mínimo, como forma de preservar o aumento de 6,14% que vem sendo pago desde janeiro.

Essa solução poderá ser adotada caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decida vetar o reajuste de 7,7% aprovado pelo Congresso Nacional. "Isso resolve o problema para este ano", disse o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. "Para os próximos, é algo que o novo presidente vai resolver."

O abono é, na avaliação de Bernardo, a melhor alternativa para o governo sair do imbróglio jurídico que se criou em torno do reajuste das aposentadorias. Os 6,14% vêm sendo pagos com base numa Medida Provisória (MP) que, ao passar pelo Congresso, teve o porcentual modificado para 7,7%.

Se Lula vetar os 7,7%, a MP automaticamente perderá a validade e os 6,14% também deixariam de ter base legal. Nesse caso, restaria aos aposentados apenas a correção do benefício pela inflação, que seria de 3,53%. Não é essa, porém, a intenção do governo. (Estado)

Para FMI, crescimento de 7% do Brasil em 2010 é uma realidade

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Khan, afirmou nesta terça-feira que "certamente é uma realidade" crescimento de 7% da economia brasileira neste ano.

- Com um risco de que (o crescimento) pode chegar a 7% neste ano, é claro que há risco de superaquecimento, e eu acho que o governo está perfeitamente consciente disso e tomando medidas - disse a jornalistas em São Paulo.

- Nossa previsão para 2011 é que a economia voltará para algo entre 4,5% ou 5% (de crescimento)."

As previsões do FMI estão em linha com o mercado financeiro nacional. Na última segunda-feira, foi divulgado pelo Banco Central (BC) o Boletim Focus mais recente mostrou uma projeção de que o Produto Interno Bruto (PIB) deve avançar 6,46% em 2010. O governo, por sua vez, aumentou projeção de crescimento de 2010 para 5,5% este ano.

Mais cedo, Strauss-Kahn disse que a economia mundial se recupera mais rapidamente do que o previsto pelo Fundo, mas ainda há riscos no cenário global. Segundo ele, apesar de o mercado de ações estar piorando e haver a sensação de que a economia global também piora, "a situação não é bem essa".

- Temos muitos países que saíram da crise como os da Ásia e da América Latina e isto nos traz confiança e vemos que a recuperação vai prosseguir - comentou.

Strauss-Kahn enfatizou, no entanto, que esta recuperação ainda está envolta de riscos. Um deles, como citou, é a crise da dívida, que ocorre, essencialmente, nos países desenvolvidos.

- O nível de endividamento de alguns países como os europeus ainda é muito alto e isso levanta pontos de interrogação (sobre a recuperação) - sustentou.

Outro risco é a questão do fluxo de capitais. Segundo ele, alguns países emergentes estão recebendo capital de modo excessivo, o que gera problemas no câmbio e desafios para a política monetária local.

Em contrapartida, em outros países, como alguns desenvolvidos, a entrada de capitais secou, o que também gera problemas de liquidez.

O caso da regulação é outro fator que pode limitar a retomada econômica mundial.

- É otimista demais que tudo vai ser regulado de modo rápido. O tempo técnico para estabelecer novas normas é grande.

Ele afirmou que as medidas que a União Europeia (UE) e Estados Unidos estão tomando no sentido de regular melhor seus mercados financeiros são positivas, mas ainda precisam mostrar mais consistência.

Por último, os desequilíbrios globais também devem ser resolvidos para que a recuperação das economias seja efetiva, na opinião de Strauss-Kahn. Ele citou o superávit comercial na China, déficit comercial nos EUA e a situação do câmbio.

CCJ aprova projeto que reajusta salários de servidores federais

Projeto de lei do Executivo que cria gratificações e reajusta salários de servidores de diversos órgãos federais foi aprovado hoje (25) em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ).
O projeto abrange 32.763 servidores: 12.032 da ativa, 9.318 aposentados e 11.413 pensionistas. Como tramita em caráter terminativo, a proposta seguirá diretamente para votação no Senado, a não ser que seja apresentado recurso para sua votação na Câmara.
A proposta prevê, entre outras medidas, a criação de adicional até R$ 1.042,00 para servidores do Ministério das Relações Exteriores por participação em missão internacionais; reajuste de gratificação de desempenho para agentes penitenciários federais; aumento de salário e de gratificação para servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e de cargos de tecnologia militar do Ministério da Defesa.
De acordo com o texto aprovado, na maioria das carreiras o reajuste será escalonado até abril de 2011. O custo total da proposta deverá ser de R$ 401,9 milhões em 2010, R$ 773,7 milhões em 2011 e R$ 791,8 milhões em 2012.

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Brasileiro produz tanto lixo quanto europeu

Estudo em 364 cidades mostra que o País já se aproxima dos Estados Unidos, o campeão

O brasileiro já produz a mesma quantidade de lixo que um europeu. A melhoria do poder de compra dos brasileiros está fazendo com que a população do País gere cada vez mais lixo inorgânico, como embalagens, ao mesmo tempo em que a implantação de programas de coleta seletiva e os níveis de reciclagem não crescem na mesma medida.

A média de geração de lixo no Brasil hoje é de 1,152 kg por habitante por dia, padrão próximo aos dos países da União Europeia, cuja média é de 1,2 kg por dia por habitante. Nas grandes capitais, esse volume cresce ainda mais: Brasília é a campeã, com 1,698 kg de resíduos coletados por dia, seguida do Rio, com 1,617 kg/dia, e São Paulo, com 1,259 kg/dia.

Além disso, o volume de lixo cresceu 7,7% em 2009 - foram 182 mil toneladas/dia geradas em 2009, ante 169 mil toneladas/dia no ano anterior. Os dados fazem parte do estudo "Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2009", que será divulgado hoje, no Rio.

O estudo, anual, abrange 364 municípios e foi realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), entidade que reúne as empresas de coleta e destinação de resíduos.

"Alcançamos um padrão europeu de geração de resíduos e estamos nos aproximando dos americanos. Infelizmente, isso está acontecendo sem alcançarmos o mesmo grau de desenvolvimento desses países", afirma Carlos Roberto da Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe.

Segundo ele, a produção de lixo em capitais como Brasília caminha para se tornar próxima aos 2,8 kg por habitante/dia, que é a média de um cidadão americano. "Isso revela muito sobre hábitos de consumo e descarte dos moradores dessas cidades. Quanto mais alta a renda, maior o consumo de comida pronta, por exemplo, que implica em excesso de embalagens", afirma.

De acordo com o levantamento, 56,8% desse lixo vai para aterros sanitários, 23,9% vai para aterros controlados (que não possuem tratamento de chorume) e 19,3% termina em lixões. Os aterros das grandes cidades, no entanto, caminham para a saturação. "Os resíduos gerados na cidade de São Paulo hoje são enviados para aterros a 30 km de distância", diz Silva.

Entulho. E não são apenas os resíduos que caracterizam o lixo doméstico (resto de alimentos, embalagens) que estão em expansão. O País também está produzindo mais entulho de construção: hoje, na média, cada brasileiro produz 0,576 kg de resíduos de construção civil. Em 2009, foram 91,4 mil toneladas/dia do entulho - um crescimento de quase 14% em relação a 2008, quando foram geradas 80,3 mil toneladas por dias de entulho.

Segundo Silva, isso é reflexo do bom momento da economia e do setor de construção em especial. "Há mais pessoas construindo e nenhuma lei que regulamente o descarte desses materiais."

Lei nacional. Uma das saídas para o problema do aumento do lixo é a lei nacional de resíduos sólidos. O projeto foi aprovado na Câmara em março, após 19 anos de idas e vindas, e agora aguarda votação do Senado.

Várias entidades, incluindo representantes da indústria e de ONGs, fazem pressão para que a lei saia até 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. "A expectativa é de que a lei já seja sancionada pelo presidente Lula na data", diz Fernando Von Zuben, diretor de meio ambiente da indústria de embalagens Tetra Pak e um dos articuladores do grupo de trabalho sobre o tema.

Faça sua parte
Evite o desperdício — Planeje a compra de alimentos para não haver desperdício. Dimensione a compra de produtos perecíveis com as necessidades da família.

Busque a durabilidade — Procure comprar produtos mais duráveis. Evite descartáveis.

Reduza embalagens — Evite comprar frutas, verduras e legumes embalados. Dê preferência para produtos vendidos a granel: leve a embalagem de casa. Escolha produtos com menor número de embalagens. Opte por produtos com refil e reduza o uso de sacolas plásticas. (Estado)

terça-feira, 25 de maio de 2010

O Senado homenageou, na manhã de segunda-feira (24) com uma sessão especial o "Dia do Comerciário", celebrado no dia 30 de outubro de cada ano

Ricardo Patah, defendeu a regulamentação da profissão durante sessão solene no Senado

O Senado homenageou, na manhã de segunda-feira (24) com uma sessão especial o "Dia do Comerciário", celebrado no dia 30 de outubro de cada ano. A sessão foi convocada pelo Senador Paulo Paim (PT), autor também do projeto 115, em tramitação no Congresso e que regulamenta a profissão do comerciário, uma das mais antigas do País mas que ainda não é regulamentada.

Coube ao sindicalista Ricardo Patah, presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, falar em nome dos comerciários do Brasil. Durante 15 minutos Patah lembrou que o comerciário é a única categoria profissional no Brasil a estar presente em todas as cidades brasileiras, sendo a mais antiga do País, no entanto não é devidamente regulamentada, tendo, inclusive uma das maiores jornadas de trabalho entre todos os trabalhadores, pois dados do Dieese apontam que a grande maioria dos trabalhadores do comercio tem jornada de 52 horas por semana.

O sindicalista lembrou que dia 30 de outubro é o Dia dos Comerciários pois foi nessa data que o Diário Oficial da União publicou o Decreto Lei 4.042/32 (no governo Vargas) que regulamentou a jornada de trabalho da categoria, reduzindo a carga horária de 12 horas diárias para 8 horas, benefício estendido, posteriormente, aos demais trabalhadores. O presidente do Sindicatos dos Comerciários e da UGT lembrou que a atividade dos setores de comércio e serviços representa um termômetro sensível e confiável do nível de crescimento e da elevação da renda da população em geral, além de estar entre os setores de maior demanda de mão de obra na economia, com larga diversidade de qualificações.

Patah disse confiar na sensibilidade dos senadores e deputados e por isso, ter certeza de que o projeto de lei do senador Paim será aprovado.

Ao usar a palavra o senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou ter sido o fortalecimento do mercado interno brasileiro, o fator que salvou o país da crise imobiliária dos Estados Unidos. Ele ressaltou que empresário inteligente é aquele que paga bem seus empregados, porque terá consumidores para seus próprios produtos.

Previdência Social — Paim fez questão de dizer que há dinheiro sim, no governo, para pagar os aposentados e arcar com o fim do fator previdenciário, assim como havia para elevar o salário mínimo de R$ 50, para R$ 100, para os quase R$ 300 mensais de hoje, que ajudaram a salvar o país da crise internacional. “Tudo que eu proponho, dizem que vai quebrar o país. Eu acredito nesse governo e poderemos dizer, aos nossos netos e bisnetos, que o mês de maio de 2010 representou uma data histórica, com o reajuste dos aposentados e o fim do fator que penaliza os homens, mas sobretudo as mulheres, no cálculo de suas aposentadorias. Também será, em maio ou junho de 2010, que aprovaremos o PLS 115 regulamentando a profissão de Comerciário”, prometeu.

Paulo Paim voltou a dizer que a Previdência Social não está quebrada, sendo "seu déficit apenas uma questão de encontro de contas, porque usaram o dinheiro dela para outros fins", e a contribuição do Estado nunca foi efetivada, embora o sistema tenha sido criado para ser tripartite. Enfim, tudo isso fica mais claro, a cada dia, garantiu. (Agencia Senado)

Comissão da Câmara aprova projeto sobre estabilidade

A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara aprovou projeto que prevê a concessão de estabilidade no emprego por três meses (90 dias) aos trabalhadores após o retorno de férias, licença-maternidade ou afastamento involuntário não inferior a 30 dias. De acordo com a proposta, aprovada na última quarta-feira, a medida é valida para os funcionários regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O projeto será analisado ainda pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) antes de seguir para o plenário. O texto também precisa ser aprovado pelo Senado para ser levado à sanção presidencial.

Na avaliação do deputado Sandes Júnior (PP-GO), autor do projeto, ao tirar férias, o trabalhador resguarda a saúde física e mental. "É comum, no entanto, que os trabalhadores, ao retornarem ao trabalho após o período de férias ou de afastamento por motivos alheios à sua vontade, sejam surpreendidos pela demissão", anotou. "A rescisão do contrato de trabalho neste contexto revela-se injusta, porque apanha o trabalhador de surpresa e num momento de extrema fragilidade", defendeu Sandes Júnior.

Relator do projeto na comissão, o deputado Paulo Rocha (PT-PA) afirmou, durante a votação do texto, ser fundamental garantir ao trabalhador que usufrui de suas férias, ou que é afastado do trabalho por motivo involuntário, "a tranquilidade de saber que não será demitido tão logo retorne à empresa". O projeto prevê ainda que, caso o funcionário fracione o período de férias, a estabilidade prevista será aplicada apenas ao final do primeiro período de recesso. "De tal forma, será evitado que o trabalhador goze de dois ou três períodos de estabilidade durante um mesmo ano", explicou o petista.

A proposta determina também que a estabilidade de três meses, prevista no projeto, não pode revogar outra estabilidade mais favorável ao trabalhador, como por exemplo, a permanência de 12 meses garantida por lei para funcionários vítimas de acidentes de trabalho. O texto original, do deputado Sandes Júnior, previa que o empregador que descumprisse a nova regra seria obrigado a pagar a multa rescisória em dobro, mas o relator suprimiu este artigo do projeto. Na avaliação de Rocha, ao permitir que o empregador demita o funcionário com a condição de que pague a multa dobrada, o propósito de garantir a estabilidade do trabalhador perde o sentido. (Estado)

Crise na economia reduz desmate, aponta estudo

Punição a desmatadores ou desaquecimento da economia? Um estudo publicado hoje conclui que metade do mérito pela queda do desmatamento na Amazônia em meados desta década não é do aumento da fiscalização, mas sim da baixa no mercado de commodities.
Com uma série de comparações estatísticas, cientistas do Brasil e dos Estados Unidos calcularam que 44% da redução do desmate observada de 2004 a 2006 foi reflexo da economia fraca.
O resto, dizem, pode ser considerado mérito de políticas governamentais.
A criação de novas áreas protegidas fez 37% do serviço, e os 18% finais foram atingidos por meio de fiscalização e policiamento para coibir desmatamento ilegal -as chamadas políticas de "comando e controle".
O novo estudo, liderado por Britaldo Soares-Filho, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), traz outra boa notícia: os produtores que deixaram de desmatar em um determinada área em razão dessa pressão não migraram até outras regiões.
O fenômeno, chamado de "vazamento", comprometeria uma série de esforços que vêm sendo negociados para ajudar a combater a emissão de gases do efeito estufa.
Mas não é o que está acontecendo, segundo o trabalho de Soares-Filho e colegas, divulgado pelo periódico "PNAS", da Academia Nacional de Ciências dos EUA. (Folha)

Entidades sindicais farão ato conjunto para divulgar reivindicações e devem declarar apoio a Dilma

As cinco centrais sindicais cujos dirigentes planejam declarar apoio conjunto à pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff , preparam uma plataforma eleitoral polêmica para ser aprovada em 1º de junho, durante a primeira conferência nacional da classe trabalhadora, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. O esboço do documento contém mais de 270 diretrizes. Entre elas, o direito irrestrito de greve, inclusive para servidores públicos, a descriminalização do aborto e de atos dos movimentos sociais e de luta pela terra, e a ampliação da tributação direta sobre propriedade, lucros e ganhos de capital.

Dilma, que ganharia um palanque no evento ao lado do presidente Lula, não deve mais ser convidada. E os sindicalistas já não aguardam a presença de Lula. O último evento conjunto das centrais, um debate no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, resultou na quarta multa a Lula por campanha antecipada. Pela aclamação a Dilma nas festas dos sindicatos no 1º de Maio , o presidente Lula responde a mais processos na Justiça Eleitoral.

Além da cautela, as cinco centrais - CUT, Força Sindical, Nova Força, CTB e CGTB - discordaram sobre a presença de Dilma. Setores da Força Sindical, principalmente, não apoiam a petista. Não haveria garantia da ausência de vaias e de manifestações contrárias, vindas de alas minoritárias favoráveis à pré-candidatura de José Serra (PSDB). A CUT, principal defensora da presença petista, foi voto vencido. A União Geral dos Trabalhadores (UGT), que participou do planejamento inicial da conferência, ficou de fora.

" É um documento forte, de posicionamento político. Mas sem declaração ou manifestação de apoio a qualquer candidato "

A expectativa é de que a "Agenda da classe trabalhadora" seja aprovada por dezenas de milhares de sindicalistas e ativistas por aclamação, e que cada central apresente seu posicionamento para as eleições deste ano - o "manifesto político" das centrais está guardado a sete chaves, ainda sob discussão. De acordo com o secretário-geral da Força Sindical, José Carlos Gonçalves, o Juruna, o documento não vai manifestar apoio aberto a Dilma.

- É um documento forte, de posicionamento político. Mas sem declaração ou manifestação de apoio a qualquer candidato. As diretrizes serão discutidas, mas devem ser aprovadas por aclamação. As propostas vêm da base, será uma votação simbólica.

Convite para evento tem tom plebiscitário — Mesmo sem apoio declarado, o convite da conferência dá o tom plebiscitário do encontro, ao lembrar o crescimento econômico e o fortalecimento dos movimentos sindicais na gestão Lula: "A campanha eleitoral será marcada pela acirrada disputa entre distintos e divergentes projetos políticos".

Dividido em seis eixos estratégicos, o documento prevê a participação dos sindicatos em quase todas as esferas de governo, como nas agências reguladoras, nas empresas estatais, no Conselho Monetário Nacional (CMN) e no Comitê de Política Monetária (Copom, responsável pela definição da taxas de juros básica).

O texto do documento incorpora metas ambiciosas como "promover uma nova ordem econômica, monetária e política mundial" até pontos mais pacíficos como a erradicação do trabalho escravo, ou mais populares como os preparativos para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Entre os pontos mais polêmicos, estão a descriminalização do aborto e revogação de atos que criminalizam "movimentos sociais e de luta pela terra" - uma referência ao MST. Além disso, pedem o limite máximo de propriedade de terra em 35 módulos fiscais. A área do módulo fiscal varia de acordo com o município. Na região da Amazônia, por exemplo, 15 módulos fiscais são cerca de 1.140 hectares.

- Esse é um dos principais pontos, que une a agenda com a plataforma da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), que faz sua própria assembleia dia 31, reunindo CUT, UNE e MST e outros movimentos sociais - disse Antonio Carlos Spis, líder da CUT.

Esse grupo defende a inclusão de mais propostas como o fim das patentes de remédios e a democratização dos meios de comunicação, para desmontar a "ação manipuladora dos monopólios da mídia".

Os sindicalistas pedem ainda a redução da jornada de trabalho para 40 horas e o direito irrestrito de greve, inclusive no serviço público - hoje, cada categoria deve manter um percentual de servidores trabalhando durante a paralisação.

Nos capítulos sobre reformas, as reivindicações são a implantação do imposto sobre grandes fortunas, a desoneração da cesta básica, aumento dos impostos sobre propriedade e lucros, especialmente no mercado financeiro, e a revisão das alíquotas do Imposto de Renda. (O Globo)

Hora extra: Jornada de trabalho tem maior ampliação desde o pré-crise e chega a até 60 horas semanais

Comentários

O forte ritmo de expansão da economia está forçando um grande número de empresas a estender as jornadas nas fábricas para reforçar a produção e dar conta das encomendas. Indústrias de diferentes setores estão pagando horas extras aos seus trabalhadores para atender à demanda. Na siderurgia, há fábricas em que os metalúrgicos têm feito jornada de 60 horas semanais, contra as 44 horas habituais, como mostra reportagem de Lino Rodrigues e Ronaldo D'Ercole, publicada no GLOBo desta terça-feira.

" A aceleração no ritmo da atividade está batendo positivamente no mercado de trabalho "

Outras empresas recorrem às horas extras dos antigos funcionários enquanto fazem o treinamento de novos contratados. Para o trabalhador, a vantagem é um rendimento a mais no fim do mês. Os números do IBGE mostram que, em março, o número de horas pagas na indústria cresceu 3,7% frente ao mesmo mês do ano passado, na maior taxa de expansão desde fevereiro de 2008 - ou seja, antes do agravamento da crise financeira internacional.

- A aceleração no ritmo da atividade está batendo positivamente no mercado de trabalho. O movimento de alta nas horas pagas na produção mostra que as empresas estão se utilizando de horas extras antes de contratar - diz André Macedo, economista e gerente da pesquisa do IBGE.

No chão de fábrica, o ritmo de produção é frenético em muitos setores. Na unidade da Gerdau de São José dos Campos, que produz colunas, treliças, barras e arames para soldas destinados à construção civil, a jornada da maioria dos 650 empregados, que é de 44 horas semanais, está na casa das 60 horas, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José.

- Na Gerdau, o trabalhador não é convidado, mas intimado a fazer hora extra. O pessoal da unidade está trabalhando de domingo a domingo - diz Ademir Tavares da Paixão, diretor do sindicato. (O Globo)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O grande gargalo que afetará diretamente nosso crescimento econômico acontecerá na Educação e Qualificação

Apagão na Educação e na Qualificação ameaçam crescimento brasileiro

O grande gargalo que afetará diretamente nosso crescimento econômico, se nada for feito com urgência, é o descaso com que vem ao longo de décadas sendo tratada a Educação e a Qualificação no Brasil. Precisamos da formação acadêmica e da qualificação do pessoal operacional. Sem técnicos e pessoal especializado na média gerência, as companhias não têm como crescer. Ao mesmo tempo, sem apoiar a requalificação da mão-de-obra do conjunto das empresas, desde o chão de fábrica, ao vendedor e ao prestador de serviços não conseguiremos dinamizar a produção e, muito menos, melhorar os níveis de atendimento necessários e inadiáveis nos setores de serviços e de comércio. Mas para conseguir fazer frente às pressões do desenvolvimento tecnológico e de expansão econômica temos que investir, com urgência, na Educação e na Qualificação. A UGT já faz esta campanha desde a sua criação há quase três anos. E vai exigir dos futuros candidatos à presidência e aos governos dos Estados um compromisso formal de se investir a curto prazo de maneira significativa na formação e qualificação dos nossos jovens, no incentivo à formação acadêmica e na oferta de muito mais cursos técnicos para a população. (Ricardo Patah, presidente nacional da UGT)

Sobram vagas em 67% das empresas

Pesquisa com maiores companhias do País mostra falta de mão de obra qualificada em setores como o automobilístico, siderurgia e outros

A escassez de mão de obra especializada virou um tormento no dia a dia das grandes empresas. Depois de atingir a construção civil e a indústria naval, agora a falta de profissionais se espalha por setores como o automobilístico, ferroviário, moveleiro, siderurgia e metalurgia, transportes e serviços, aponta levantamento feito pela Fundação Dom Cabral com as 76 maiores companhias do País.

O trabalho mostra que 67% das empresas pesquisadas têm enfrentado dificuldade na contratação de funcionários, apesar dos 8 milhões de desempregados no Brasil. "Somos o país das disparidades: há dinheiro para investir, mas a mão de obra especializada está cada vez mais escassa", observa o professor Paulo Resende, responsável pelo levantamento.

Na avaliação dele, essa questão pode se transformar num gargalo perigoso - a exemplo das carências da infraestrutura - para o crescimento sustentável do País, acima de 5% ao ano na próxima década. Ele conta que encontrou casos de companhias que estão importando mão de obra de outras nações da América Latina. "No setor de petróleo, trazem profissionais da Venezuela; no Agronegócio, de Argentina, Uruguai e Paraguai."

A alternativa também tem sido estudada pela indústria de móveis, afirma o presidente do Sindicato da Indústria do Mobiliário e Marcenaria do Estado do Paraná (Simov), Aurélio Sant’Anna. Há dez anos, qualquer pessoa poderia trabalhar em uma das nossas empresas. Hoje ele precisa saber ler manuais sofisticados e lidar mais com a eletrônica."

O empresário afirma que, em sua empresa, não consegue cumprir a meta de contratar apenas funcionários com ensino médio. Ele conta que tem demorado quase dois meses para preencher uma vaga e, mesmo assim, com profissional aquém do perfil desejado. "Hoje o jovem não está interessado em ser moveleiro. Temos uma boa encrenca para resolver pela frente. Por isso, há uma possibilidade de contratar pessoas da Argentina e do Uruguai."

Qualificação. A reclamação de Sant’Anna é compartilhada por empresas de outros setores. Segundo o levantamento da Dom Cabral, hoje a principal carência das grandes companhias é encontrar pessoas qualificadas para os cargos de operação. Os setores mais afetados são o automobilístico, de papel e celulose e serviços.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), Gerson Schmitt, destaca que um dos principais efeitos da falta de mão de obra no setor tem sido a elevação dos salários a ponto de empurrar serviços para fora do País. "A situação está tão delicada que empresas indianas pegam trabalho no Brasil para ser desenvolvido no exterior."

Outro problema, diz o executivo, é a alta rotatividade do mercado. Além de garantir um salário elevado para os profissionais, as empresas têm de oferecer benefícios atrativos para garantir a retenção, afirma Schmitt, que representa 780 empresas no País. (Estado)

Câmbio provoca desindustrialização do País, diz estudo

Levantamento da FGV aponta que o Brasil enfrenta problema conhecido em economia como 'Doença Holandesa'

Grupo de economistas desenvolvimentistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) fez uma radiografia completa da influência do câmbio na economia brasileira e chegou a uma conclusão polêmica: a "doença holandesa" está provocando a desindustrialização do País.

A "doença holandesa" ganhou esse nome porque uma alta dos preços do gás na década de 60 aumentou as exportações da Holanda e valorizou o florim (moeda da época). E é isso que o conceito significa: ao exportar muita commodity, o país atrai dólares, o que valoriza a moeda e prejudica outros setores.

Outro resultado surpreendente do estudo aponta que os efeitos do real forte são marginais nas exportações, mas intensos nas importações.

O levantamento dos pesquisadores é composto por sete estudos, somando mais de 263 páginas. Os estudos analisam os impactos da taxa de câmbio na estrutura da indústria, no comércio exterior, no crescimento econômico e nas finanças públicas. Avaliam ainda as relações da moeda brasileira com os preços internacionais das commodities e a eficiência dos mercados futuros de câmbio no País.

A polêmica sobre a desindustrialização voltou ao debate econômico e político por causa do robusto déficit da indústria da transformação este ano, que chegou a US$ 7,1 bilhões no primeiro trimestre. (Estado)

Bancos ampliam presença em favelas

Com renda em alta e desemprego em queda, estratégia é se aproximar de pessoas com menor poder aquisitivo. Santander planeja abrir unidade no Complexo do Alemão (RJ), e o Bradesco, dois pontos em Paraisópolis (SP).

A necessidade de chegar perto do consumidor de menor renda levou os bancos, a exemplo do que já fizeram redes varejistas, a abrir pontos de atendimento nas maiores favelas de São Paulo, Rio de Janeiro e periferia de Brasília.
A estratégia deu certo e ao menos duas instituições já estudam ampliar o atendimento a esses clientes em comunidades de grande densidade populacional.
O Bradesco, que no ano passado abriu agência na favela de Heliópolis (zona sul de SP), onde moram 120 mil pessoas, planeja agora construir dois pontos de atendimento na favela de Paraisópolis (zona sul). A primeira comunidade atendida foi a da Rocinha (zona sul do Rio).
O Santander estuda construir uma agência no Complexo do Alemão (zona norte do Rio). A abertura está prevista para este ano.
"Com o aumento da renda e a queda do desemprego, a mobilidade social fica cada vez visível no país. A Classe D deve gastar neste ano mais do que as C e D juntas", diz Odair Afonso Rebelato, diretor-executivo do Bradesco.
"O aumento real do salário mínimo tem impacto na renda dessas pessoas, que têm anseios e precisam ser atendidas", acrescenta.
Pesquisa feita há dez anos pelo Bradesco com 3.300 pessoas (com renda individual inferior a R$ 800) mostrou que 73% consideravam essencial ter conta-corrente, e 11%, cartão de crédito.
Atualizada a pesquisa, hoje, para 73%, é essencial ter cartão de crédito e 90% querem consumir mais.
No Santander, os serviços mais usados pela baixa renda ainda são cartão de crédito, cheque especial e crédito pessoal. Mas seguros de imóveis e pessoais e produtos que garantam a educação dos filhos (como Prev Educar) já começam a atrair o cliente de baixa renda.
"É um consumidor exigente, que sabe escolher. Como o dinheiro que dispõe é limitado, não pode errar", diz Walter Rinaldo, do segmento de pessoa física do Santander.
Os bancos públicos já preparam serviços personalizados para esses clientes, como gerentes de contas específicos. Um dos projetos é criar uma central de atendimento telefônico (telemarketing) para que um gerente atenda vários clientes.
BARCO — A baixa renda das demais regiões do país também está na mira dos bancos. Em dezembro, o Bradesco criou agência no barco Voyager III, que já funcionava como mercado para 210 mil ribeirinhos que moram entre Manaus e Tabatinga (AM).
O barco mudou a cara de Belém de Solimões. "Montei uma venda em casa e reformei o local com empréstimo de R$ 6.000. A casa virou correspondente bancário. Hoje, muitos aposentados não precisam ir oito horas de barco para buscar o benefício do INSS", diz Lucila Tananta. (Folha)

Para sociólogo, Brasil ainda vive um abismo social

Jessé Souza afirma que Bolsa Família não consegue incluir mais pobres e resolver questão da desigualdade. Especialista é autor de "A Ralé Brasileira", em que estuda parcela da população que vive como "subgente".

Na contramão dos estudos que apontam melhora da distribuição de renda no Brasil, o sociólogo Jessé Souza afirma que o país ainda vive uma "desigualdade abissal" em sua sociedade.
Coordenador do Centro de Pesquisa sobre Desigualdade Social da Universidade Federal de Juiz de Fora, Souza lançou recentemente o livro "A Ralé Brasileira", em que estuda as características dessa "parcela da população que vive como subgente".
A seguir, trechos da entrevista concedida por Souza.

Folha - A proporção de brasileiros vivendo abaixo da linha da miséria caiu nos últimos anos. Em seu último livro, o sr. diz ser falsa a tese de que a desigualdade brasileira está desaparecendo. Por quê?
Jessé Souza -
Esses índices mostram apenas que a pobreza absoluta diminuiu. Mas a desigualdade é um conceito relacional.
O Brasil é uma das sociedades complexas mais desiguais do planeta. Entre 30% e 40% de sua população tem inserção precária no mercado e na esfera pública.
Somos uma sociedade altamente conservadora, que aceita conviver com parcela significativa da população vivendo como "subgente".
Essa classe social, que chamamos provocativamente de "ralé", é a mão de obra barata para as classes média e alta que podem -contando com o exército de empregadas, motoboys, porteiros, carregadores, babás e prostitutas- se dedicar às ocupações rentáveis e com alto retorno em prestígio.
É isso que chamo de "desigualdade abissal" como nosso problema central.
Qual sua avaliação sobre o Bolsa Família?
O programa Bolsa Família tem extraordinário impacto social, econômico e político, com investimento público relativamente muito baixo. É incrível que não se tenha pensado nisso antes. Mais incrível ainda que exista gente contra.
Por outro lado, o Bolsa Família não tem condições, sozinho, de reverter o quadro de desigualdade e "incluir" e "redimir" a "ralé".
Esse é um desafio de toda a sociedade, e não apenas do Estado. É claro que houve avanços nas duas últimas décadas, mas mudança social é muito mais do que condições econômicas favoráveis.
O senhor tem argumentado que não é possível limitar a discussão de classe à questão da renda e que é necessária uma nova compreensão das classes sociais.
A redução das classes sociais ao seu substrato econômico implica perceber apenas os aspectos materiais, como dinheiro, e "esquecer" a transmissão de valores imateriais, como as formas de agir no mundo.
E são esses valores imateriais que constituem os indivíduos como indivíduos de classe, com comportamentos típicos incutidos desde a mais tenra infância.
Como regra, as virtudes são todas do "espírito", como a inteligência. Os vícios são ligados ao "corpo". As classes superiores "incorporam" as virtudes espirituais, e as inferiores, as virtudes ambíguas do corpo.
As virtudes do espírito recebem bons salários, prestígio e reconhecimento social. As classes do "corpo" tendem a ser animalizadas, podendo ser usadas e até mortas por policiais sem que ninguém se comova com isso.
E o senhor afirma que mesmo a educação é insuficiente?
É claro que a educação é um fator fundamental. O problema é que a competição social não começa na escola.
Sem considerar que crianças de classes diversas já chegam à escola como vencedoras ou perdedoras, o que teremos é uma escola que só vai oficializar o engodo do mérito caído do céu de uns e legitimar, com a autoridade do Estado e a anuência da sociedade, o estigma de outros. (Folha)

Pesquisa mostra que, para 72% dos brasileiros, trabalho dá prazer

"Tenho a eternidade toda para descansar". Essa frase da professora Angela Lacerda, de 63 anos, sintetiza bem a importância que o trabalho assume na vida dos brasileiros. Pesquisa realizada pela Agência NovaS/B com mais de duas mil pessoas em todo o país traz essa característica de forma bem marcante nas escolhas das opções oferecidas pelos pesquisadores.

Angela dá aula em dois colégios públicos e nas horas vagas, que são poucas, costura bolsas que vende na Feira de Ipanema aos domingos:

- Trabalho de domingo a domingo. Mesmo que ganhasse na Mega-Sena não diminuiria o ritmo. Só iria trabalhar com menos ansiedade.

Pela pesquisa, 72% dos entrevistados concordaram com a afirmação "trabalho sempre me deu prazer". Para Angela, isso é patente. Aos 18 anos, começou a trabalhar. Quarenta e cinco anos depois, acorda às 5h30m e só para perto da meia-noite. Além do trabalho, ajuda a filha mais nova, de uma prole de cinco, a cuidar da neta. E visita diariamente a mãe acamada. E os filhos? Como professora, levava os filhos para escola. Enquanto trabalhava, ficava perto deles:

- Trabalho para mim é muito importante. É a maneira de proporcionar coisas para os filhos.

A socióloga do Núcleo de Estudos Populacionais da Unicamp Elisabete Doria Bilac vê duas explicações para essa valorização do trabalho, que não diferencia classe de renda ou sexo. A primeira está na boa conjuntura econômica. Mais emprego com carteira assinada e salários mais altos criam uma boa relação com o trabalho:

- Tem um otimista nessa resposta. Além disso, o trabalho identifica o ser humano. Ele é mais respeitado quando trabalha. Essa sensação de prazer até surpreende um pouco, diante do grau de informalidade (mais de 40% são trabalhadores sem carteira assinada) e desproteção no mercado de trabalho.

A estabilidade é outro valor fortalecido na vida dos brasileiros. Pela pesquisa, as perguntas que tratam de emprego público, com carteira assinada e o sonho da casa própria identificaram 39% dos entrevistados. A tradutora Daniela Madruga tem um sonho: conseguir um emprego público. A estabilidade financeira, principalmente depois da aposentadoria no setor público, é mais atraente:

- Meu trabalho é incerto. Posso ficar dois a três meses sem trabalhar. Isso causa ansiedade. Conheço pessoas que chegaram à terceira idade e se aposentaram no serviço público e estão tranquilas hoje. Outros, do setor privado, estão passando dificuldades. (O Globo)