quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Indústria confirma aumento de produtividade e reafirma a necessidade de repasse dos 5% do lucro para os trabalhadores e jornada de 40 horas semanais

Produtividade excessiva ameaça sobrevivência dos trabalhadores

Parece que os patrões brasileiros que aprenderam o capitalismo por apenas uma das pontas, a do capital. Se esquecem, talvez por não saberem ou por má fé mesmo, que o sistema capitalista se mantém graças ao equilíbrio entre capital e trabalho. Basta ver as crises mundiais que resultaram em rupturas do sistema capitalista para concluirmos que no exagero da parte do capital ou do trabalho podem resultar em regimes que nem sempre apontam para o bem-estar coletivo. O equilíbrio entre capital e trabalho implica, necessariamente, em respeito às partes. Quando os patrões impõem a produtividade como um redutor de empregos, ameaçam não apenas a sobrevivência dos trabalhadores, mas também o vigor e a dinâmica do mercado interno. É por isso que a União Geral dos Trabalhadores (UGT) insiste em politicas públicas que venham a garantir o equilíbrio, já que os próprios empresários não têm sensibilidade social. Para tanto, a UGT defende que o Brasil assine a Convenção 158 da OIT para gerenciar essa brutal rotatividade no País. E concordando com os patrões que a produtividade é alta, queremos também as 40 horas semanais, sem redução dos salários e o repasse de 5% dos lucros líquidos das empresas para as folhas salariais. Conseguiremos, assim, recuperar o equilíbrio entre capital e trabalho e harmonizar as relações sociais através de um mercado muito mais pujante e que interessa a todos nós brasileiros, aos patrões inclusive. (Ricardo Patah, presidente nacional da UGT)

Leia as notícias do dia:

Produtividade cresce e dificulta expansão do emprego na indústria

Segundo a Federação das Indústrias de São Paulo, vagas perdidas na crise só serão repostas em 2011

A recuperação da atividade industrial não está sendo acompanhada de criação de empregos na mesma proporção e velocidade. Ao contrário, a expansão da produção em boa parte é sustentada no aumento da produtividade dos trabalhadores no período de recuperação, somado ao esforço dos empregados que permaneceram no mercado.
Essa tendência aparece nas respostas de empresários entrevistados nos últimos dois meses em uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). De um total de 365 empresas consultadas, 76% disseram esperar aumento de produção no primeiro semestre deste ano e só 6% falam em queda. O otimismo não para aí: 81% pretendem realizar, este ano, investimentos capazes de aumentar em 15%, na média, a sua capacidade produtiva.
Em contrapartida, os empresários estão divididos em relação à contratação de novos empregados: 51% pretendem fazê-lo e 49% não têm planos de contratar. Em média, essas empresas têm expectativa de ampliar em 7,36% o seu quadro de pessoal no semestre.
"O esforço sempre é o aumento de produtividade", diz o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. "Ninguém se preocupa dentro do mundo moderno em aumentar volume de produção a qualquer custo, é uma relação entre custo e benefícios e isso significa aumento de produtividade".
Simulação feita pela Fiesp indica que, projetado para o conjunto total das indústrias paulistas, a taxa de crescimento de postos de trabalho no semestre seria de 3,95%. O número corresponde a cerca de 90 mil novas vagas. É pouco se comparado com o estrago causado no emprego pela crise financeira mundial.
O impacto da crise no mercado de trabalho foi mais forte em São Paulo do que no resto do País. Entre outubro de 2008 e dezembro do ano passado, a indústria brasileira eliminou 334.434 mil postos de trabalho formais, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. Quase dois terços das demissões ocorreram no Estado de São Paulo, onde a indústria fechou 212.839 vagas.
A velocidade de criação de postos de trabalho em São Paulo é mais lenta. Enquanto a indústria nacional recuperou 10.865 empregos em 2009, a indústria paulista fechou 50.646 vagas. "Até o início de 2011, vamos recuperar os empregos que existiam antes da crise", afirma Skaf. "Enquanto em 2008 não sabíamos o que ia acontecer, e o crescimento econômico acabou ficando próximo de zero, este ano temos perspectiva de crescimento de 6%."
O economista Jose Pastore, especialista em relações do trabalho, avalia que as contratações da indústria vão crescer em relação a 2008, "que é uma base de comparação ridícula". Além do processo de modernização e automação das fábricas, Pastore lembra que as exportações ainda estão longe de recuperar o terreno perdido com a retração global.
Estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, indica que a queda das exportações é responsável por 74,9% da retração da indústria nos seis meses seguintes à crise. Sem a queda na demanda externa, a produção industrial em outubro de 2009 teria praticamente retornado ao patamar pré-crise, afirma o banco.
"Por mais que o mercado interno esteja bom, a indústria depende muito da exportação", observa Pastore. "Nossas vendas externas caíram 40% no ano passado e não está havendo reação, exceto das commodities (matérias-primas), que emprega menos e paga salários mais baixos". O economista considera ilusório achar que a tecnologia causa desemprego: "O emprego direto perdido é mais do compensado com vagas indiretas, especialmente no setor de serviços". (Estadao)

Dívida média do brasileiro equivale a 5 meses de renda

Nunca o brasileiro deveu tanto. Entre cartões de crédito, cheque especial, financiamento bancário, crédito consignado, empréstimos para compra de veículos e imóveis - incluindo os recursos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) -, a dívida das famílias atingiu no fim do ano passado R$ 555 bilhões. O valor é quase 40% da renda anual da população, que engloba a massa nacional de rendimentos do trabalho e os benefícios pagos pela Previdência Social.
A LCA Consultores constatou que, se os bancos resolvessem cobrar toda a dívida, levando em conta o empréstimo principal e os juros, de uma só vez, cada brasileiro teria de entregar quase cinco meses de rendimentos. Em 2008, eram necessários 4,3 meses de salários, aposentadorias e pensões para quitar os empréstimos. Em dezembro do ano passado o índice era de 4,8 meses, a maior relação entre dívida e rendimentos da série histórica iniciada em 2001, quando dois meses de rendimentos serviam para pagar os empréstimos.
Apesar do endividamento recorde do consumidor, o estudo da LCA mostra que o comprometimento da renda mensal com financiamentos diminuiu nos últimos 12 meses, devido ao alongamento dos prazos de pagamento. De 2006 a 2009, os prazos médios quase que dobraram, passando de 17,3 meses para 31,1 meses.
Outros estudos confirmam que o endividamento do brasileiro é recorde. A Universidade de Brasília, com base no saldo de empréstimos com recursos livres e na massa de salários das seis regiões metropolitanas, sem contar SFH nem Previdência, conclui que o brasileiro em 2009 devia o equivalente a 10 meses e 20 dias de salário, a maior marca da série iniciada em 2004. Em 2008, a dívida, nessa fórmula de cálculo, era menor: 10 meses e 2 dias de salário. Já para a Kantar Worldpanel (ex-Latin Panel), 65% dos dois mil lares visitados na Grande São Paulo e na Grande Rio pela consultoria tinham algum tipo de financiamento em 2009. No ano anterior, esse índice estava em 60%. (Estadao)

Varejo comemora alta de vendas no carnaval

Confiante na melhoria da economia, e animado com o feriado de carnaval, o consumidor brasileiro resolveu gastar mais para fazer a festa neste ano, o que elevou em 60% o movimento nos supermercados e superou as expectativas das varejistas, que viram as vendas de itens como bebidas, carnes e carvão saltar 12% sobre as do mesmo período do ano passado, nos quatro dias de folia. Antes, a expectativa de vendas pra o feriado era de até 40%, segundo a assessoria das três principais redes do setor: Grupo Pão de Açúcar (GPA), Carrefour e Walmart Brasil.

O Grupo Pão de Açúcar declara que superou a meta de crescimento em vendas de produtos sazonais, que antes da folia era próximo a 15% na comparação entre o fim de semana de carnaval e o mesmo período do ano passado. De acordo com a empresa, considerando apenas as lojas do Extra, a alta foi superior a 60% nas operações da rede no período, o que representa 45% mais vendas do que o esperado.

Para o Pão de Açúcar, o crescimento inesperado das vendas aconteceu devido às promoções e ao mix variado de produtos que a empresa pôs à disposição dos clientes para a data. "Paacotes promocionais também ganharam as gôndolas de todas as bandeiras, contribuindo com os ganhos da empresa", disse a rede, em comunicado.

Entre os destaques da rede de Abílio Diniz no período de carnaval estão as cervejas, que seguem uma trajetória de alta nas vendas em todas as bandeiras de super- e hipermercados do Grupo Pão de Açúcar. "Novidades como a linha de Barril 5 litros da Itaipava, a Oaken Bohemia e a exclusiva Itaipava de 250 ml fizeram com que o Grupo registrasse alta: 40% acima do obtido no mesmo período de 2009."

No Carrefour, a expectativa pelas vendas nos quatro dias de folia fizeram a rede antecipar as negociações com a indústria a fim de conseguir melhores preços e itens exclusivos no segmento de bebidas e alimentos. Segundo a varejista, a projeção inicial era vender 25% mais produtos da categoria cervejas, com promoções no estilo "combinado de cerveja e carvão", ou "Leve 4 e Pague 3". "Vimos também um crescimento na procura por carnes durante a festa", informou o Carrefour já ainda na sexta-feira. A rede estima que neste feriado as vendas de itens para fazer a festa no feriado terá alta de 12% sobre 2009. Outra que teve como a grande vedete deste carnaval a venda de cervejas e carnes foi o Walmart Brasil, que estima ter alcançado 40% e 28% de crescimento respectivamente, na venda de produtos para churrasco no fim de semana.

Comércio popular — Na Rua Vinte e Cinco de Março, as lojas apostaram em promoções para ganhar os paulistanos que não foram viajar e também os turistas que estiveram na cidade e resolveram aproveitar o feriado para comprar utilidades domésticas e brinquedos com até 80% de desconto. Segundo a União dos Lojistas da Vinte e Cinco de Março (Univinco), na segunda-feira mais de 400 mil pessoas visitaram a região e aproveitaram para fazer compras. Na Semaan, a oferta de itens com até 80% de descontos na "liquidação anual" da loja fez o movimento subir 50% com na comparação com 2009, conta Marcelo Mouawad, proprietário da loja Semaan.

"Apostamos em que o cliente tem dinheiro e estava esperando uma oportunidade para gastar", relata Mouawad.

De acordo com o empresário, a liquidação deve continuar atraindo volumes expressivos de público até o próximo domingo (21), último dia de promoções na Semaan. "Estamos confiantes na venda desses itens até o final dos estoques. Fizemos um planejamento de acordo com as necessidades de troca de estoque da empresa", diz. "Temos muitos itens em brinquedos, mas os clientes vão encontrar produtos de outras categorias em promoção." Para o empresário, as vendas ficaram mais concentradas no período da manhã, por causa do sol forte. "O movimento foi bom até as 16h, mas o pico de vendas foi mesmo até as 11h."

Outra que vê na data uma oportunidade para aumentar as vendas é a Armarinhos Fernando, uma das âncoras da região, que abriu as portas todos os dias e fez escala de folga com os funcionários para não perder a oportunidade de vender material escolar no feriado, segundo Ondamar Antônio Ferreira, gerente da loja matriz. "Não fechamos nem um dia da semana para aproveitar as vendas da volta às aulas, que estão no melhor período para nós", conta. De acordo com o gerente, as vendas no fim de semana do carnaval tiveram aumento de 5% com as compras de última hora.

Shoppings — Os shopping centers também apostam no carnaval e em datas alternativas para manter o movimento de consumidores em períodos não tão forte em compras; muitos aproveitam o mês de fevereiro para promover ainda as liquidações de verão e eventos culturais. O Shopping Metrô Itaquera, localizado na zona leste da capital paulista e administrado pela Ancar Ivanhoe, acredita que vai conseguir elevar em 17% o fluxo de clientes no mês de fevereiro. Para isso, decidiu diferenciar-se e investir cerca de R$ 100 mil na data, com ações como uma exposição das fantasias da Escola de Samba Leandro de Itaquera, um show da bateria da escola para os clientes, uma ala exclusiva do shopping com 100 integrantes, além de 20 fantasias para sortear entre os consumidores.

Já no Shopping Interlagos e no Interlar, do Grupo Savoy, a aposta é que as liquidações mantenham as vendas. Durante todo o mês de fevereiro, no Interlar Intelagos, especializado em móveis, as lojas estão com até 60% de desconto, o que deve trazer um incremento de 12% nas vendas em relação a igual período do ano passado. Segundo a superintendente, Carla Bordon Gomes, a expectativa é de que haja também um aumento de público de 15%. (DCI)