sexta-feira, 12 de março de 2010

Empresas brasileiras suspeitas de não pagar R$ 20,3 bi em horas-extras

Empresas brasileiras suspeitas de não pagar R$ 20,3 bi em horas-extras

Os trabalhadores brasileiros, diante de uma economia que se expande, querem a parte que lhes cabe em mais salários e mais renda

Economia está crescendo ao ritmo de 4,5% ao ano, diz Coutinho

(Postado por Marcos Afonso de Oliveira, secretário de Comunicação da UGT) – Saudamos como positivo o anúncio de expansão da economia, confirmada pelo presidente Luciano Coutinho, do BNDES. A notícia significa também a manutenção e o aumento dos postos de trabalho, com a conseqüente possibilidade de ampliar a transferência de renda para os trabalhadores através da Participação nos Lucros e Resultados.

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Para presidente do BNDES, o que importa é o "resultado na margem", na comparação trimestral

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, ao comentar o resultado do PIB, preferiu concentrar sua análise na recuperação mostrada no quarto trimestre e não no fraco resultado do ano de 2009. Mesmo assim,foi bastante comedido na avaliação da retomada econômica. "Tudo indica que a economia brasileira não está ainda crescendo de maneira tão acelerada, como o mercado fica imaginando. Em 2010, teremos um crescimento bastante bom. Mas há uma certa precipitação em imaginar que a economia já estaria crescendo a taxa de 6%. Na verdade, a economia está crescendo a 4,5% ao ano, o que é um ritmo moderado e saudável, porque é puxado principalmente pelo investimento, pela FBCF", afirmou.

O economista, um dos idealizadores da política industrial do governo e principal artífice das medidas adotadas para conter os efeitos da crise mundial no País, reconheceu os fortes impactos do retrocesso global sobre a evolução econômica doméstica, mas disse que agora, o que importa, é o "resultado na margem", na comparação trimestral."O resultado do PIB de 2009, perto de zero, mostra queda relevante nas exportações,em função da crise mundial, queda importante nos investimentos, que já está sendo revertida, e mostra que foi o mercado interno, o consumo, que evitou uma recessão mais grave no Brasil", comentou.

"O resultado do último trimestre do ano revela que a economia está crescendo a uma taxa próxima a 4,5% ao ano. É um crescimento bastante saudável, liderado pelo investimento, que teve forte incremento no terceiro e no quarto trimestre. Acredito que neste primeiro trimestre de 2010 a taxa de crescimento do Brasil esteja ainda próxima a 4,5%", declarou.

O ritmo relativamente moderado, avalia o presidente do BNDES, permite certa segurança à sustentabilidade do crescimento, especialmente se o investimento continuar liderando essa evolução. "Isso permite controlar o chamado 'hiato do produto', ou seja, controlar a capacidade de ofertar."

Ele lembrou que forte recuperação do investimento no segundo semestre de 2009 respondeu, em grande medida, a estímulos da política econômica do governo, "principalmente o Programa de Sustentação do Investimento (PSI)", salientou. O programa, capitaneado pelo BNDES, reduziu praticamente à metade as taxas de juros cobradas para a comercialização de máquinas e equipamentos industriais. "Este efeito ajudou a mitigar a queda do PIB e a queda do investimento, e também contribuiu para uma recuperação mais forte e mais precoce do investimento produtivo, o que é muito saudável para a sustentação do crescimento a médio prazo."

Embora não tenha desconsiderado os riscos inflacionários, Coutinho argumentou que hoje, o crescimento não está mais tão ancorado no consumo das famílias, mas sim pelo investimento das empresas e do governo (FBCF). "É claro que existem pressões inflacionárias naturais, sazonais. Mas é possível crescer sem riscos inflacionários, principalmente porque existe ainda um certo grau de ociosidade de capacidade produtiva. Também é preciso considerar que, pelos dados do IBGE, o crescimento ainda está em ritmo moderado, de 4,5%, o que não inspira grande preocupação do ponto de vista estrutural". (Estado)

Sindicatos debatem redução da jornada amanhã na Fiesp

Sindicalistas representantes de várias categorias reúnem-se amanhã com dirigentes patronais na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para negociar a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem corte de salários. O encontro está previsto para as 10h30. Devem participar representantes de sindicatos dos metalúrgicos, químicos, da indústria de alimentos, construção civil e vestuário.
A redução da jornada de trabalho para 40 horas tramita há 15 anos no Congresso e, neste ano, as centrais e os sindicatos aumentaram a pressão pela votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 231/95, que trata do assunto. As centrais argumentam que com menos horas trabalhadas cerca de dois milhões de empregos serão criados. A proposta já foi aprovada por uma comissão especial da Câmara e precisa ser votada em dois turnos pelo plenário.
"Enquanto o Congresso Nacional não vota a redução da jornada, estamos mobilizando os trabalhadores em todo Estado de São Paulo e buscando a negociação direta com os sindicatos patronais e as fábricas", afirma Claudio Magrão, presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo.
A PEC que trata da redução enfrenta resistência no Legislativo e das empresas. O presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), defende uma proposta intermediária: redução para 43 horas em 2011 e para 42 horas em 2012.
Em declaração recente, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, argumentou que diversas experiências internacionais mostram que objetivo do projeto - aumento dos postos de trabalho - não será alcançado. Também disse que a redução do período semanal de trabalho de 48 para 44 horas, estabelecida pela Constituição de 1988, "não criou um emprego sequer". (Estado)

INDÚSTRIA:
NÍVEL DE EMPREGO AINDA NÃO SE RECUPEROU DA CRISE
O emprego na indústria paulista segue em recuperação, mas ainda não retomou o nível pré-crise. Segundo a Fiesp, o setor tem deficit de 180 mil vagas entre o último trimestre de 2008 e fevereiro. No mês passado, porém, a geração de vagas foi recorde, com criação de 23 mil postos de trabalho - o melhor fevereiro desde 2006. (Folha)

Evitar queda maior do PIB custou R$ 280 bilhões

A política anticíclica do governo para combater os efeitos da crise econômica mundial no país em 2009 somou quase R$ 280 bilhões. Esse montante incluiu, por exemplo, R$ 100 bilhões para capitalizar o BNDES, R$ 100 bilhões da liberação de compulsórios para que os bancos pudessem emprestar dinheiro no mercado e R$ 25 bilhões em desonerações tributárias, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos, eletrodomésticos da linha branca e materiais de construção.

Segundo técnicos do governo, essas ações permitiram que a atividade se recuperasse mais rapidamente - a economia voltou a crescer já no segundo trimestre do ano - e evitaram que a queda de 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB) fosse ainda maior.

Foram injetados também R$ 17 bilhões pelo reajuste do salário mínimo e R$ 29 bilhões relativos ao reajuste do funcionalismo público. De acordo com os técnicos da área econômica, esses recursos estimularam o consumo e ajudaram a reativar o mercado interno.

- O dinheiro que entrou em circulação no mercado ajudou a aumentar o consumo das pessoas, que puderam comprar bens como veículos e eletrodomésticos - disse um técnico do governo, lembrando que o consumo das famílias cresceu 7,7% no quarto trimestre do ano em relação ao ano anterior.

As ações anticíclicas também foram direcionadas a aumentar os investimentos públicos. A Petrobras, por exemplo, foi retirada do cálculo da meta de superávit primário (economia de recursos do governo para o pagamento de juros da dívida pública). Sem ter que guardar dinheiro para cumprir metas fiscais, a estatal teve liberados R$ 15 bilhões para investimentos.

Além disso, o governo reduziu a meta de primário do ano de 3,3% para 2,5% do PIB. O esforço fiscal de estados e municípios, além do governo federal, caiu R$ 24 bilhões. Este ano, no entanto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já afirmou que os estímulos da política anticíclica já podem ser reduzidos. Ele já anunciou que as reduções de impostos feitas e que acabam ao longo de 2010 não serão renovadas.

- A economia já está recuperada e com dinamismo forte - disse o ministro. (O Globo)

Investimento e poupança puxam retração da economia

Os investimentos em 2009, ou Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), tiveram o pior resultado desde 2003, com 16,7% do PIB e foram os principais responsáveis pela retração de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado, de acordo com a gerente da pesquisa de Contas Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis. Mesmo com a queda, a economia brasileira teve o sexto melhor desempenho entre os países que fazem parte do G-20.

O resultado dos investimentos no ano passado representa queda de 9,9% com relação ao ano anterior, segundo os dados do IBGE, divulgados ontem. Além desse fator, a poupança também registrou o pior índice desde 2001 (13,5%), com 14,6% do PIB. "A queda dos investimentos foi o principal fator responsável pela queda do PIB, além da variação dos estoques, que caíram porque a produção da indústria diminuiu", explicou Rebeca.

O professor da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite, explica que o resultado de investimentos é reflexo da crise financeira. "A crise foi muito forte, o que prejudicou a maioria dos indicadores econômicos no ano passado", diz. Ele afirma que em 2009, a FBCF foi reduzida pois a indústria teve que trabalhar somente com a capacidade instalada já que a demanda diminui.

Leite não acredita que neste ano os investimentos reduzirão, mas que o aumento da taxa básica de juros (Selic) pode limitar atração de capitais. "Mesmo assim, não acredito que a Selic deve subir muito e, assim, a FBCF pode alcançar níveis anteriores à crise, isto é, entre 18% e 19%", diz. "Mas o ideal para o Brasil continuar crescendo a 5% a 6% ao ano é investimentos a 25% do PIB."

Com relação ao recuo da taxa poupança de 2009, o professor da Trevisan comenta que foi a "lenha sobressalente necessária para alimentar os ganhos e o País não sair prejudicado pela crise".

Para o professor do Insper, Daniel Motta, como as taxas de poupança (privada, pública e externa) reduziram no ano passado por conta da crise financeira mundial e essas sendo financiadoras dos investimentos, a FBCF despencou. "No entanto, não vejo o valor como um risco ao Brasil, observado separadamente. O problema é que os percentuais de gastos públicos tendem a aumentar o que prejudica a obtenção de poupança", ressalta.

Motta acredita que o ideal para o crescimento do País, é este ter 60% de consumo, 20% de investimento, 10% de contas públicas e 10% de balança comercial. "É muito difícil de dizer quanto que devemos alcançar este ano de investimento assim como poupança, mas não deve chegar próximo aos 20% por causa do perfil atual de maior participação do estado na economia brasileira."

Segundo análise do Iedi, ao se considerar o quarto trimestre de 2009 com relação ao trimestre imediatamente anterior, a FBCF voltou a apresentar alta expressiva (6,6%). "Mantida essa taxa de investimento nos próximos trimestres, a economia brasileira será capaz de crescer sem ter 'gargalos' de oferta e, consequentemente, sem sofrer pressões inflacionárias."

PIB 2009 — A retração de 0,2% em 2009 foi o pior resultado da economia brasileira desde 1992. A demanda interna também contribuiu negativamente, com recuo de 0,3 ponto percentual. Porém, além de ter registrado expansão no ano passado, o consumo das famílias acelerou o ritmo de crescimento no trimestre de 2009. "O consumo das famílias voltou a crescer em patamares de antes da crise", observou Rebeca, exemplificando que a alta de 7,7% no consumo das famílias no quarto trimestre de 2009 ante o mesmo trimestre de 2008 é a maior desde o terceiro trimestre de 2008 (9,3%).

A gerente também explicou que a retração da atividade na indústria em 2009 (5,5%), foi à primeira desde 2001 (-0,6%).

Apesar do recuo do PIB em 2009, para Rebeca, o ritmo de crescimento da economia já retornou aos patamares anteriores a crise. Ela argumentou que a alta de 2% no quarto trimestre de 2009 ante o terceiro trimestre do mesmo ano já supera a expansão de 1,4% que tinha sido apurado no terceiro trimestre de 2008 ante o trimestre imediatamente anterior. Além da alta de 4,3% no PIB no quarto trimestre do ano passado ante igual período de 2008.

A LCA Consultores estima que, no primeiro trimestre de 2010, o PIB efetivo tenha se situado num nível 7% superior ao do mesmo período de 2009, o que corresponderia a uma expansão de 1,5% sobre o quarto trimestre do ano passado, com ajuste sazonal. (DCI)