terça-feira, 23 de março de 2010

Trabalhadores, confiantes na expansão econômica, perdem medo do desemprego e se preparam para melhorar ganhos salariais

Medo do desemprego registra menor índice da série histórica, diz CNI

Os brasileiros estão mais otimistas com relação às perspectivas para o mercado de trabalho. De acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o medo de perder o emprego no primeiro trimestre teve uma queda de 4,1% na comparação com o último trimestre de 2009.

O indicador registrou 82 pontos. Com isso, atingiu o menor valor desde o início da série histórica, em 2003. O economista da CNI Marcelo Azevedo observou que o índice acumula uma queda de 15,7% desde o pico apurado, em março de 2009. Ou seja, durante a crise financeira mundial.

"Há uma percepção generalizada de que a crise global já terminou. Não há mais preocupações com demissões. Pelo contrário. As pessoas estão conscientes de que as empresas estão contratando novamente", explicou Azevedo. Segundo ele, a expectativa para os próximos meses indica, pelo menos, a manutenção do indicador em um nível baixo.

O economista avaliou que um movimento de alta na taxa básica de juros, a Selic, pelo Banco Central, poderá arrefecer um pouco o ânimo dos trabalhadores, mas não será capaz de inverter a curva de retração do indicador verificada ao longo dos últimos meses. "Não vejo nenhuma fonte de problemas no futuro. Podem ocorrer pequenos ajustes", destacou.

Segundo a pesquisa, 53% dos entrevistados afirmaram não temer o desemprego. Em dezembro do ano passado, o índice era de 50%. Já o percentual daqueles que declararam que estão com muito medo de perder o emprego caiu de 19% no último mês de 2009 para 15% em março.

"É bem possível que os trabalhadores tenham a percepção de que o mercado passa por um momento favorável e de que podem trocar de emprego com mais facilidade caso estejam infelizes", disse Azevedo.

O levantamento foi feito entre os dias 6 e 10 de março, a partir de 2.002 entrevistas. (O Globo)

Serasa: 58% do varejo espera aumento no faturamento da Páscoa

Empresários esperam, em média, aumento de 4,5% nas vendas

A maior parte dos empresários do varejo, 58%, espera aumento de faturamento na Páscoa em relação à mesma data de 2009, de acordo com levantamento da Serasa Experian realizado com 1.010 executivos do varejo e divulgado hoje. O porcentual é o maior desde que a pesquisa teve início, em 2006. Do total, 32% acreditam que o faturamento será igual e 10% acham que cairá. Os empresários esperam, em média, aumento de 4,5% nas vendas do período.

As grandes empresas do varejo são as mais otimistas com a data: 88% acreditam que as vendas crescerão em relação à Páscoa do ano passado. O otimismo é um pouco menor entre as médias e as pequenas empresas, entre as quais o porcentual cai para 68% e 55%, respectivamente. Entre as pequenas e médias, 34% acreditam que o faturamento estará no mesmo nível do registrado na Páscoa 2009, e 11% apostam em recuo.

Na Páscoa de 2009, durante o período mais crítico da crise no Brasil, apenas 28% dos empresários tinham expectativa de aumentar o faturamento, enquanto 36% esperavam repetir o faturamento da mesma data de 2008 e os outros 36% previam queda.

O crescimento médio esperado para o faturamento é de 9,3% e, na visão dos que esperam queda, o decréscimo médio será de 8,7%. Levando-se em consideração as parcelas do empresariado que acreditam em elevação (58%), estabilidade (32%) e queda (10%) no faturamento da Páscoa de 2010, isso significa que os empresários esperam um crescimento de 4,5% no faturamento da Páscoa deste ano em relação à de 2009, na média ponderada.

Na análise regional, os empresários do Sul (63%) são os mais otimistas no que diz respeito à elevação do faturamento na Páscoa. Na sequência estão as regiões Norte e Nordeste, com 61% cada, e, também empatados, o Centro-Oeste e o Sudeste, com 55%. (Estadao)

Indústria prevê ampliar em 15% a capacidade instalada

Projeção é a maior desde 2002 e reflete a expectativa de recuperação, diz FGV. No segmento de bens de consumo, a expectativa de expansão da capacidade passou de 13% no ano passado para 16% neste ano.

A indústria de transformação prevê para 2010 uma expansão média de 14,6% na capacidade instalada. A projeção é a maior da série histórica iniciada em 2002 pela FGV (Fundação Getulio Vargas).
Para o triênio 2010-2012, o crescimento esperado é de 23,8%. No total, a pesquisa ouviu 723 empresas entre janeiro e fevereiro.
Segundo o economista Aloísio Campelo, da FGV, a perspectiva de ampliação da capacidade produtiva demonstra confiança na recuperação da economia após a crise internacional que fez com que a produção caísse 5,5% em 2009.
Pode, também, diminuir as chances de o país vir a enfrentar pressões inflacionárias devido a um descompasso entre oferta e demanda.
Em fevereiro, o nível médio de uso da capacidade instalada nas fábricas bateu 84%, apenas dois pontos percentuais abaixo do patamar verificado em 2008. No auge da crise, havia despencado para 77%.
É essa recuperação, aliada ao otimismo em relação ao futuro, que justifica os investimentos. Campelo lembra que o índice de confiança da indústria, também medido pela FGV, atingiu em fevereiro o maior nível desde dezembro de 2007.
Entre os diferentes segmentos, o que apresenta maior apetite por investimentos é o produtor de bens de consumo. Sua expectativa de expansão da capacidade instalada passou de 13% em 2009 para 16% em 2010, atingindo o maior patamar dos últimos cinco anos.
O maior avanço em relação a 2009, porém, ocorreu na indústria de bens de capital, em que a previsão de expansão saltou de 9,9% para 15,4%. No segmento de bens intermediários, a projeção passou de 10% em 2009 para 13,8% em 2010.
Campelo destaca que esses resultados estão ligados principalmente à força do mercado doméstico. "A demanda interna surpreendeu no ano passado, e a expectativa dos empresários é que continue forte."
De acordo com a pesquisa, 80% das empresas entrevistadas veem a demanda interna como um dos fatores que devem influenciar positivamente a decisão de investimentos.
Já a demanda externa, que sofreu mais os efeitos da crise, é apontada como fator de estímulo à ampliação da capacidade por 40% dos entrevistados, enquanto 9% a consideram fator de desestímulo.
Os números representam uma recuperação em relação a 2009 - segundo a FGV, no ano passado apenas 26% dos entrevistados viram influência positiva do mercado externo, ante 20% que apontaram influência negativa. (Folha)

GM vai investir R$ 1,4 bi para modernizar 2 fábricas paulistas

A operação brasileira da General Motors (GM) anunciou hoje investimentos de R$ 1,4 bilhão na modernização e ampliação das fábricas da montadora em São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes (SP). O plano, anunciado hoje em solenidade no Palácio dos Bandeirantes, está inserido no programa de renovação da atual linha de veículos Chevrolet até 2012 - contemplando o lançamento de dois novos veículos, destinados tanto ao mercado brasileiro quanto a exportações.

Segundo a empresa, R$ 1,35 bilhão irão para modernização da fábrica de São Caetano do Sul, que será adequada para a produção de novos modelos. Já na fábrica de componentes de Mogi das Cruzes serão investidos R$ 50 milhões, sendo que R$ 30 milhões já estão sendo aplicados.

" A definição deste novo plano insere-se na nossa estratégia de longo prazo de investimentos totais de R$ 5 bilhões no período de 2008 a 2012 " , afirma Jaime Ardila, presidente da GM do Brasil e Mercosul, em comunicado. (Globo)

Representantes apostam na eleição da militância para ampliar a conexão entre o parlamento e os assalariados

Atentas à tramitação no Congresso Nacional de projetos de interesse da classe trabalhadora, centrais sindicais estão cada vez mais empenhadas em lançar candidatos ao Legislativo. Temas como a redução da jornada de trabalho e a recomposição das perdas do poder aquisitivo de aposentadorias, de interesse dos trabalhadores, estão nas mãos de senadores e deputados federais.

“Não dá para tratar a relação capital-trabalho só na porta da fábrica. A gente busca melhorias, mas não encontra ressonância (no Congresso)”, afirma o deputado federal Roberto Santiago (PV-SP), vice-presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT). O parlamentar ressalta que a entidade não incentiva a filiação dos dirigentes a determinado partido — embora as centrais continuem próximas aos partidos de esquerda. “Não existe um incentivo partidário, a central é pluralista. No momento, é para incentivar candidaturas”, resume.

Criada há pouco menos de três anos, a UGT fará o primeiro teste nas eleições de outubro. O presidente da entidade, Ricardo Patah, aponta cerca de 15 pré-candidatos a deputado federal e estadual entre os dirigentes da central. “Uma democracia só se efetiva se há forças equilibradas que vão ao encontro dos interesses. Por isso, vamos lutar para que nossos candidatos sejam eleitos”, argumenta.

Uma das principais críticas de dirigentes sindicais é o desequilíbrio de forças no Congresso entre representantes dos trabalhadores e das demais categorias. De acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), 60 parlamentares ligados a causas trabalhistas foram eleitos nesta legislatura — número um pouco abaixo da legislatura anterior (70). O instituto, cujo objetivo é manter as entidades sindicais informadas sobre propostas em tramitação de interesse da categoria, afirma que o tamanho da classe empresarial, por sua vez, é quatro vezes maior.

“Esse é um movimento dos trabalhadores, e não apenas de uma ou outra central. É claro que há limites partidários (entre as centrais), mas todas estão unidas na defesa da categoria(1)”, afirma Vicente Selistre, presidente do Sindicato de Sapateiros de Campo Bom (RS) e vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Selistre é um dos nomes que a central pretende lançar à Câmara neste ano. O sindicalista concorreu nas últimas eleições pelo PSB, mas não teve votos suficientes para garantir uma vaga na Casa. Ex-vereador de Campo Bom, é o primeiro suplente do deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS).

Capilaridade — Segunda maior central sindical no país, a Força Sindical também está empenhada em lançar candidatos. O presidente da entidade, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), calcula, inicialmente, 10 pré-candidatos à Câmara — o próprio Paulinho da Força tentará a reeleição. Presente em todas as regiões do país, a estrutura da entidade em estados como São Paulo é capaz de eleger, sozinha, um nome para o Legislativo. “Com a descentralização da indústria, a força dos sindicalistas cresceu muito”, afirma o parlamentar.

Até mesmo a menor entre as seis centrais sindicais tem planos para as eleições em outubro. A Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) quer lançar o nome de dirigentes para as assembleias legislativas em ao menos 12 estados. Além disso, o tesoureiro da entidade e um dos vice-presidentes são cotados para disputar vaga de deputado federal. O secretário-geral da CGTB, Carlos Alberto Pereira, afirma que, apesar da baixa representação no Congresso, o movimento sindical ganhou mais espaço no governo do presidente Lula. “Houve um avanço muito grande em relação ao governo anterior e nós achamos que devemos trabalhar para não haver retrocessos”, afirma Pereira.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), maior central sindical do país, preferiu não seguir o caminho das demais entidades. Em julho do ano passado, a direção nacional da CUT determinou que os dirigentes que assumirem algum cargo ou mandato eletivo, nas três esferas de poder, devem ser afastados da função de dirigente sindical. O documento defende “a total independência frente ao Estado e autonomia em relação aos partidos políticos.”

1 - Brecha para doação

A lei eleitoral não impede a participação de sindicalistas na disputa política, mas proíbe o financiamento de campanha por “entidade de classe ou sindical”. A nova lei eleitoral, no entanto, abriu brecha para a doação dos sindicatos. Um dos artigos do texto que entrou em vigor no fim do ano passado permite a doação de cooperativas, desde que não recebam recursos públicos. Vários sindicatos têm em sua estrutura cooperativas que atendem a demandas de crédito ou habitação, por exemplo.

Tendência a se enraizar — Embora afirme que a representação do trabalhador no Legislativo seja importante, o professor de sociologia do trabalho da Unicamp Ricardo Antunes pondera que, no Brasil, alguns sindicalistas aproveitam a oportunidade e se transformam em políticos profissionais. “Há um modus operandi no parlamento que, se o representante não tiver uma coerência e clara consciência dos interesses que representa, abandona esses valores e facilmente passa a conviver com aquele modo de operação do parlamento, que é o da barganha, o da negociação, o da troca de favores”, afirma. Antunes ressalta que esse é um traço da representação parlamentar e influencia não apenas a classe trabalhadora.

Autor de obras sobre o sindicalismo, o professor afirma que alguns dirigentes veem na política uma oportunidade de ascensão social — e dificilmente pensam em retornar aos quadros da entidade. “O parlamento tem uma tendência à luta pela perpetuação. O líder sindical não entra pensando ‘vou representar os trabalhadores por quatro anos’. É raro isso acontecer. Em geral, ele entra no parlamento e não quer mais sair”, avalia.

As centrais sindicais também pretendem influenciar o programa de governo dos candidatos ao Palácio do Planalto. As entidades se reunirão em junho para elaborar uma plataforma dos trabalhadores para entregar aos presidenciáveis. “Aquele que assumir o programa vai ter mais apoio do movimento sindical”, avalia Paulo Pereira (PT-PDT), presidente da Força Sindical. Algumas centrais, mais próximas do PT, no entanto, querem dar prioridade à campanha da ministra Dilma Rousseff.

O presidente da UGT, terceira maior central sindical do país, afirmou, entretanto, que a entidade não vai comparecer ao evento. “O que nos interessa não são pessoas ou partidos específicos, são projetos”, afirmou Ricardo Patah. Um grupo da UGT, filiado ao PPS, é aliado do governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato do PSDB às eleições presidenciais. Assim, a entidade pretende elaborar uma proposta própria e encaminhá-la a todos os candidatos. (Correio Braziliense)