terça-feira, 6 de abril de 2010

Aumento das exportações significará mais empregos para os brasileiros

Lula cobra de ministros incentivo à exportação

Governo está preocupado com avanço chinês em mercados brasileiros e quer que o Bndes financie países compradores

Presidente determinou que a operação seja deflagrada rapidamente em relação à América do Sul. Foto: Ricardo Stuckert/PR/JC

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem uma dura cobrança à equipe econômica sobre a necessidade de o Brasil financiar a exportação de seus produtos para evitar a perda de mercado que vem permitindo, por exemplo, o avanço dos chineses na Argentina. Na reunião ministerial realizada na Granja do Torto, umas das residências oficiais da Presidência, Lula disse já ter determinado "mais de uma vez" que a área econômica resolvesse este problema, mas até agora não viu resultado. Segundo o presidente, a China "está fazendo isso nas nossas barbas".

Lula quer que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) financie a compra de produtos brasileiros por outros países. Quer, principalmente, que esta ofensiva seja deflagrada o mais rápido possível em relação aos países da América do Sul. E desabafou, em tom duro de cobrança: "Tem de resolver isso logo. Eu já falei isso mais de uma vez e não aconteceu nada. Tem de acelerar isso". A área econômica vem estudando várias medidas para estimular as exportações, entre elas a criação de uma instituição subsidiária do Bndes destinada a financiar a venda de produtos brasileiros ao exterior. Mas, até agora, devido a divergências entre os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, ainda não está definido o perfil desse novo organismo, que seria semelhante aos Eximbanks existentes em vários países. Lula disse que, se não for possível fazer financiamento das exportações, que se concedam empréstimos aos países compradores para assegurar mercado ao produto brasileiro.

Ele lembrou que, quando vendem produtos no Brasil e pelo mundo afora, os estrangeiros levam seus financiamentos a tiracolo. O presidente fez a cobrança depois de ouvir relatos dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Banco Central, Henrique Meirelles, sobre o aumento do déficit em conta-corrente. Segundo o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o presidente reforçou a determinação para que a área econômica acompanhe o assunto com atenção, mas com tranquilidade, porque, com reservas internacionais elevadas, a economia está robusta o bastante para enfrentar qualquer vulnerabilidade externa.

Para Lula, o crescimento do saldo negativo na conta-corrente é fruto muito mais do aquecimento da economia brasileira, que demanda mais importações, do que de uma debilidade econômica como a que aconteceu "na década passada, quando o déficit era muito maior do que o atual".

Meirelles chegou a citar que o déficit em conta-corrente é hoje da ordem de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), muito inferior aos 6% registrados no governo passado. E previu que ele deve se reduzir por causa, entre outros fatores, do aumento dos preços internacionais de commodities como o minério de ferro, que fará crescer o valor das exportações.

Durante a reunião, a equipe econômica, segundo Padilha, rebateu análises feitas no mercado de que o governo não vai conseguir cumprir as metas de inflação. "Vamos continuar cumprindo as metas inflacionárias. Sempre há previsões de que não vamos conseguir cumprir, mas não é bem assim", afirmou Padilha. No encontro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresentou uma pesquisa mostrando que o Brasil está em primeiro lugar no mundo em relação à expectativa de geração de emprego deste ano. (Jornal do Comércio/RS)

Brasil importa latas para suprir demanda interna

Fabricantes de bebidas defendem redução do Imposto de Importação

O forte aumento no consumo de cervejas e refrigerantes neste início de ano está provocando falta de latas de alumínio no País. A incapacidade da indústria de latas nacional de responder rapidamente ao crescimento do setor de bebidas está obrigando as fabricantes a importar latinhas para atender à demanda doméstica. Para não pressionar demais os custos de produção, representantes da indústria de bebidas solicitaram ao Ministério da Fazenda redução para zero da alíquota de importação das latinhas e esperam ser atendidos ainda este mês. Os próprios fabricantes de latas não se opõem à medida e dizem não temer a concorrência, enquanto investem em aumento de capacidade.

Desde o fim do ano passado, começaram a ocorrer faltas pontuais de latas de alumínio. No primeiro trimestre, as elevadas temperaturas, aliadas à continuidade do processo de aumento da renda e do otimismo do consumidor, tornaram a situação ainda mais crítica para as fabricantes de bebidas, que tiveram de recorrer às importações desse tipo de embalagem, apesar do aumento de custos que essa prática representa. Atualmente, as compras de latas no exterior estão sujeitas a uma alíquota de 16% de Imposto de Importação.

"O principal mal seria não abastecer o mercado interno. Procuramos evitar isso", afirmou o gerente de comunicação externa da Ambev, Alexandre Loures, que não revela em quanto a substituição das latinhas nacionais pelas importadas eleva o custo de produção. O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), Ênio Rodrigues, também diz não saber em quanto as importações encarecem a produção da bebida, mas acredita que, com a redução do imposto, não haverá pressão significativa sobre os custos.

Em março, o Sindicerv e demais associações ligadas ao mercado de bebidas pediram à Fazenda para reavaliar o Imposto de Importação e, segundo Rodrigues, o ministério estuda um sistema de cotas para a redução das barreiras. "A medida ainda não foi liberada, mas aguardamos a publicação de uma instrução normativa ainda este mês", diz o presidente.

A Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas) não se opõe à importação de latas de alumínio e não está preocupada com o risco de perder mercado para os produtos importados, segundo o diretor-executivo da entidade, Renault Castro. "As importações vão chegar sempre mais caras, devido aos custos com frete", diz o representante da Abralatas. Pela proposta inicial, as alíquotas seriam reduzidas temporariamente, até 31 de dezembro.

"No momento, os fabricantes não vão conseguir atender a toda a demanda da indústria de bebidas", diz Castro, ressaltando que a redução da tarifa permitirá que o mercado seja adequadamente suprido a um preço menor do que o das importações com alíquota de 16%. "Até que os fabricantes de latas aumentem a capacidade de forma significativa, eles não terão condições de responder à indústria de bebidas nacional", afirma o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abrir), Hoche Pulcherio.

A Abralatas estima que o consumo de latas de alumínio para bebidas crescerá 10% neste ano - as vendas de cervejas e refrigerantes devem crescer aproximadamente 10% em volume em 2010. Nos cálculos da entidade, deve haver déficit dessas embalagens da ordem de 1,5 bilhão de latas de alumínio, considerando as necessidades da indústria de bebidas e a capacidade dos fabricantes de latas.

Além da manutenção dos fatores macroeconômicos e da ocorrência da Copa do Mundo, uma recente mudança nos hábitos do consumidor, que está migrando de bares e restaurantes para os supermercados, também aumenta a demanda pelas latinhas, que é a embalagem que prevalece no autosserviço. (Jornal do Comercio RS)

Com retomada de frigoríficos, em 6 meses faltará boi no País

Com a retomada das atividades dos frigoríficos em recuperação judicial, em seis meses, pode faltar boi no mercado. De acordo com Paulo Molinari, economista e consultor da Safras & Mercado, a concorrência entre os grandes JBS-Friboi e Marfrig, com os de médio porte, como o Minerva, Independência, Quatro Marcos e Arantes, deve voltar com intensidade. "Se eles [Independência, Quatro Marcos e Arantes] saírem do processo de falência, a competição tende a ficar mais forte e os preços podem continuar subindo", observa.

O Independência confirmou que está negociando suas dívidas para reassumir o mercado. De acordo com a assessoria de comunicação do frigorífico, o processo de retomada ocorrerá de forma gradual e um cronograma do processo já estaria em estudo.

O Quatro Marcos teve o plano de quitação com os credores pecuaristas aprovado. Segundo Luciano Vacari, superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o pagamento dos R$ 35,7 milhões aos pecuaristas deve ser efetuado em 12 parcelas a partir de 30 dias após a homologação do plano definido em Assembleias Gerais de Credores (AGC). Apenas o Estado de Mato Grosso computa 273 pecuaristas que devem receber mais de R$ 26 milhões. "A homologação deve estar para sair nos próximos dias", comenta Vacari.

O Arantes, de acordo com o superintendente, fechou com os credores um plano de pagamento para daqui um ano, condicionado à venda de algum ativo. "A dívida ultrapassa R$ 20 milhões."

De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), em 2008 e 2009 o abate de bovinos caiu bruscamente devido à crise financeira. Em 2007, o estado abateu 5,3 milhões de cabeças, ante os 4,1 milhões de cabeças abatidas igualmente nos dois anos seguintes. A crise econômica teria sido o vilão a levar os frigoríficos à falência.

Dados apresentados pelo Imea mostram que o abate de bovinos no primeiro bimestre deste ano avançou 4,5%. Na média mensal o abate aumentou de 348,5 mil cabeças em 2009 para 359,5 mil cabeças em 2010.

A estimativa do Instituto é de que o País feche o ano com 4,4 milhões de cabeças abatidas.

Em Mato Grosso, o boi gordo foi comercializado em média na semana passada a R$ 70,97, superior 1,20%, se comparado a semana anterior. O valor médio da vaca gorda à vista fechou na semana passada a R$ 66,33, R$ 0,91 a mais que na última semana de março.

Para a segurança na comercialização de bovino, Vacari defende a volta da campanha do gado à vista, uma medida de combate à inadimplência. "Temos de aprender com a crise. Vamos levar essa história de pesar o gado vivo na fazenda e receber na hora de carregar adiante", diz.

Sebrae divulga pesquisa que mede empreendedorismo

O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e o IBQP (Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade) realizam coletiva de imprensa hoje (6/4), às 10 horas, no Hotel Blue Tree, em São Paulo, para divulgar a 10ª edição da pesquisa GEM – Global Entreperneuship Monitor, que mede o nível de empreendedorismo em diversos países.

Coordenada internacionalmente por institutos como o London Business School e o Babson College, a edição deste ano foi desenvolvida em 54 países. Essa é a décima participação consecutiva do Brasil na pesquisa.

O estudo revela, entre vários aspectos, a taxa de empreendedorismo do Brasil, o desempenho das mulheres empreendedoras, a participação dos jovens no universo empresarial e a motivação para empreender.

Concederão a coletiva o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, diretor-presidente do IBQP, José Fernando Mattos, e a coordenadora da Pesquisa GEM Brasil, Simara Greco. (DCI)