segunda-feira, 19 de abril de 2010

No Dia Indio, a UGT foca suas atenções para as políticas socioambientais que protejam e garantam qualidade de vida na floresta, no campo ou na cidade

Dia do Índio: Lula participa de festa indígena na Raposa Serra do Sol

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa hoje (19), Dia do Índio, de uma comemoração que deve reunir 18 mil pessoas na comunidade do Maturuca, no coração da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

Um ano após a confirmação da homologação da terra indígena pelo Supremo Tribunal Federal (STF), as etnias Macuxi, Wapixana, Taurepang, Ingaricó e Patamona vão comemorar a retirada dos não índios que viviam na reserva, de 1,7 milhão de hectares.

Lula vai se reunir com lideranças da região, que deverão pedir recursos para a implantação de projetos de agricultura e pecuária que garantam a sustentabilidade dos índios que moram na reserva, além de mais investimentos em saúde e educação nas aldeias.

O presidente deve realizar uma série de gestos simbólicos: estão previstos o plantio de um árvore e o lançamento de uma flecha. As comunidades estão preparando apresentações típicas das tribos e o Hino Nacional será cantado na língua Macuxi. Lula vai almoçar com líderes indígenas em uma das malocas construídas para a festa.

A Festa da Homologação começou na última quinta-feira (15). Localizada na região de montanhas da terra indígena, a comunidade do Maturuca está a mais de 300 quilômetros de Boa Vista. O acesso difícil inclui pelo menos quatro horas de estrada de chão. Lula irá desembarcar em Pacaraima, no norte de Roraima, e seguirá de helicóptero para a festa.

Demarcada em 1998 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e homologada em 2005 por Lula, a reserva foi alvo de uma briga judicial com o governo de Roraima, que questionou no STF a demarcação em área contínua. Os opositores defendiam a demarcação em ilhas, para que seis grandes produtores de arroz e outros produtores rurais não índios pudessem permanecer na área.

O STF confirmou a homologação em área contínua, mas a saída dos não índios não conseguiu resolver as disputas internas entre as comunidades, ligadas ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) ou à Sociedade de Defesa dos Povos Indígenas de Roraima (Sodiu-RR), que ainda divergem e brigam por espaço na ocupação e organização dentro da terra indígena. (Portal Exame)

Classe C puxa novo padrão de consumo

Classe média baixa inclui nas compras mais itens supérfluos, além de uma variedade maior e mais sofisticada de bens duráveis. Dados da Kantar Worldpanel indicam que a classe C aumentou em 17% o valor consumido de bens não duráveis em 2009.
Primeiro, Dalva trocou o sabão em pedra pelo detergente em pó. Depois, começou a perfumar suas roupas com amaciante. Passou a ir à feira toda semana para comprar frutas e verduras e a comprar galões de água mineral direto da distribuidora. A doméstica, conhecida como Dalva e batizada de Maria Mendes da Silva Dias, acaba de quitar o financiamento de 36 meses do seu carro, um modelo sedã ano 2004, e começou a pagar parcelas de uma TV de LCD, presente para a filha.
Como mensalista registrada em São Paulo, Dalva, que tem 50 anos, recebe salário de R$ 550. "Sem carteira assinada você não faz crediário em lugar nenhum." E, com as faxinas extras que faz nos dias de folga, consegue mais R$ 480 mensais. "Hoje já consigo assumir uma prestação de R$ 500 por mês."
O dinheiro dela ajuda a aumentar o conforto da família. O do marido, que tem um bar em comunidade do Jardim Itapura, zona sul da capital, garante o arroz, o feijão, a carne e o aluguel do ponto comercial. "Em vista do que era, estou rica."
Segundo pesquisas de consultorias de varejo, o consumo da classe C tem sido alavancado pela expansão do mercado de trabalho, pelo avanço do crédito e pelo maior poder de compra dos salários, decorrente da inflação controlada já há 15 anos, da política de valorização do salário mínimo e da queda recente no preço de alimentos.
Mas agora não só o iogurte e o frango são símbolos do acesso aos bens de consumo, como ocorria no início do Plano Real, quando o quilo da ave passou a custar R$ 1 e a representar os benefícios da estabilidade econômica para a vida cotidiana -eram os "heróis do real", posto que mais tarde foi ocupado também pela dentadura.
Sofisticação — O fenômeno mais recente no varejo é a diversificação das compras da classe média baixa, que tem incluído no carrinho mais produtos supérfluos, além de uma variedade maior e mais sofisticada de bens duráveis.
Segundo pesquisa da consultoria Nielsen, sopas instantâneas, fraldas descartáveis, água mineral e chás estão entre os itens cujo aumento no número de lares consumidores mais se beneficiou pelo consumo da nova classe emergente.
Especialistas dizem que esses produtos, que permitem ao consumidor economizar tempo de trabalho em casa, ou itens que transmitem a ideia de vida saudável têm ganhado apelo entre as famílias da classe C.
Marcos Senine, executivo de atendimento da Nielsen Brasil, afirma que essa sobra no orçamento do estrato de renda intermediário da população começou a aparecer em 2009.
"Apesar de os indicadores estarem bem em 2007, a cesta de compra de bens duráveis crescia, com aumento da venda de celulares e da linha branca, mas o consumidor acabava endividado e não conseguia elevar o consumo na cesta de alimentos, de produtos de higiene e de limpeza."
A Abima, associação que representa a indústria de massas alimentícias, de pães e de bolos industrializados, relata a mesma tendência. "Tem mais gente provando ravióli e capelete", brinca Claudio Zanão, que preside a entidade.
Cestas semelhantes — Pesquisa recente da consultoria Kantar Worldpanel mostra que a variedade de produtos consumidos pelos mais pobres e pelos mais ricos começou a se aproximar em 2009 -embora a quantidade e a marca dos produtos sejam bem diferentes.
O estudo, feito em 8.200 lares no país, mostra que famílias com renda média de R$ 846 compraram, ao mês, 37 tipos de produtos de alimentação, higiene e limpeza ou bebidas. As que recebem em média R$ 1.500 consumiram 38, e as que ganham média de R$ 3.000, 42.
O perfil das compras é diferente, afirma Christine Pereira, diretora comercial da Kantar Worldpanel no Brasil: os mais pobres compram menos unidades que os mais ricos, optam por marcas mais baratas e por embalagens menores.
Os dados da Kantar Worldpanel indicam que a classe C aumentou em 17% o valor consumido de bens não duráveis no ano passado. Em unidades, o consumo cresceu 13%.
A diretora da consultoria afirma que, no segundo semestre, a tendência de elevar o consumo dos itens não básicos cresceu com mais força. (Folha)

Distribuição de renda deve marcar eleição

Melhora do poder aquisitivo retoma ritmo pré-crise; ganhos com o trabalho superam de longe os com benefícios sociais. País tem hoje 30 milhões de miseráveis; eles seriam mais de 50 milhões se a queda na pobreza não tivesse se acelerado a partir de 2003.

Neste ano eleitoral de 2010, o aumento da renda dos brasileiros retomou os níveis pré-crise de 2009 e o poder de compra das famílias atingiu o maior patamar em uma década e meia.
A eleição também se dará em um contexto onde a distribuição da renda é a melhor desde a redemocratização. A proporção de brasileiros vivendo abaixo da linha da miséria caiu expressivos 43% desde 2003.
O Brasil tem hoje 30 milhões de miseráveis sobrevivendo com R$ 137 ao mês. Mas eles seriam mais de 50 milhões se a velocidade da diminuição da pobreza não tivesse se acelerado nos últimos anos.
"Foi uma "pequena grande década'", diz Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV-Rio. "E a melhora na renda hoje é muito mais sustentável, pois está apoiada mais na renda do trabalho."
Na média da década, a renda do trabalho explicaria 67% da redução da desigualdade. O Bolsa Família, cerca de 17%; os gastos previdenciários, 15,7%. Desde 2003 foram criados 12,2 milhões de empregos formais.
Neri estima em 5,3% ao ano o aumento médio da renda per capita no país. No Nordeste, o ritmo é chinês, de 7,3%.
Não por acaso, é no Nordeste que Lula tem a melhor avaliação: 83% de ótimo/bom, contra 70% no Sul e 67% no Sudeste.
Em cenário sem Ciro Gomes (PSB) na eleição, a petista Dilma Rousseff também aparece à frente de José Serra no Nordeste, única região em que o tucano perderia a disputa hoje.
"Trunfo" petista — Para o cientista político Leôncio Martins Rodrigues, "não há dúvida" de que a renda em alta é "trunfo" para Dilma.
"Para enfrentá-la, a oposição teria de convencer o eleitor que a melhoria se deve, em larga medida, a ações que vieram do governo de FHC e que, num governo Serra, a orientação para o social deve não apenas continuar, mas ser aprofundada."
O economista Ricardo Paes de Barros, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), diz ser "absolutamente fantástica" a melhora da distribuição de renda e a queda na pobreza.
"Não acho que Lula tenha feito mágica. Apenas demonstrou que com trabalho e continuidade de boas políticas é possível progredir rapidamente."
Paes de Barros diz, porém, que o atual ritmo de crescimento da renda é mais "pró-pobre". E tende a gerar mais empregos entre os menos escolarizados.
"Os que estão do meio para cima na distribuição ficarão um pouco prejudicados", afirma.
Enquanto a renda familiar per capita como um todo cresce em ritmo maior que 5% ao ano, entre os 10% mais pobres ela cresceu três vezes mais rápido (15,4%). Entre os 10% mais ricos, mais lentamente (3,7%).
Essa é a realidade, tanto do posto de vista do emprego quanto da renda, por exemplo, na construção civil, que emprega grandes contingentes, mas com pouca qualificação.
Em fevereiro, o setor tinha 2,5 milhões de vagas formais, o mais alto patamar da série, com o Nordeste liderando, proporcionalmente, as admissões.
A política de aumentos acima da inflação (50% a mais) para o salário mínimo também deu impulso à renda. Em 2003, um salário mínimo comprava pouco mais de uma cesta básica. Hoje, paga 2,2 cestas
O lado negativo da massificação de programas sociais e financiados pelo INSS (que foram o "estopim" para o início da melhora na renda) foi o engessamento do gasto federal.
Cálculos do especialista em contas públicas Raul Velloso indicam que de cada R$ 1 para despesas não financeiras da União, R$ 0,62 vão para pagamento de benefícios assistenciais e previdenciários e a inativos e pensionistas.
Somados a salários do funcionalismo e a outras despesas (como saúde), esses gastos limitam a União a investir em infraestrutura só R$ 0,06 para cada real desembolsado. (Folha)

Classe D, os mais pobres, puxa consumo e deve gastar R$ 381 bilhões neste ano

Os 70 milhões de brasileiros com renda de até R$ 1.530 devem movimentar vendas de TVs, carros e viagens.
A estabilidade e a trajetória de crescimento da economia finalmente estão levando milhões de brasileiros às compras. A expectativa é que o consumo popular ultrapasse o das classes altas. É o que mostra o estudo “Tendências da Maioria”, realizado pelo Data Popular, com 2.093 entrevistados no Brasil. Os gastos dos emergentes deve se direcionar para os bens duráveis, como TVs de plasma, computadores, geladeiras e automóveis.

O grande destaque deste ano é o consumo da classe D, formada por 70 milhões de trabalhadores com renda de um a três mínimos (R$ 510 a R$ 1.530).

Com R$ 381 bilhões para gastar em 2010, a expectativa é que a classe D ultrapasse a B em consumo ainda neste ano. Os cerca de 20 milhões de brasileiros com renda de 10 a 20 mínimos, que compõem a classe B, devem gastar R$ 329,5 bilhões neste ano. “A população da classe D representa a transição da baixa renda para uma vida melhor, pois absorve um grande número de brasileiros de saída da linha da pobreza”, comenta Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular.

É o caso de Antonio dos Santos Baracho, de 45 anos, que aproveitou a construção da casa no Rio Grande do Norte (RN) para comprar móveis novos. “Já que a casa é nova, os móveis serão também”, diz. Mesmo com renda de R$ 900, ele não poupou na hora de gastar R$ 3.300, em 10 vezes, na compra de uma geladeira de R$ 2.400 e um fogão de R$ 900.

Varejo cresce com nova classe

Outra pesquisa recente que mostra a força do consumo popular foi feita pela Nielsen Brasil. O consultor da empresa, Marcos Senine, afirma que os consumidores de nível médio foram responsáveis por 60% das compras no varejo em 2009.

“O nível alto representou 19%. Além disso, a chamada classe média, que representa 44% da população, foi a campeã em frequência e em gasto total no ponto de venda”, diz.

A Nielsen apurou o consumo de 56 categorias de produtos em 8.700 domicílios brasileiros. O grande salto veio nos chamados produtos práticos, como sopa pronta, fralda descartável, molho de tomate pronto, macarrão instantâneo, petit suisse, café com leite e iogurtes.

Foi uma combinação de aumento da renda da chamada nova classe média, ou classe C, com o lançamento de produtos mais acessíveis.
Para o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon-SP), Pedro Afonso Gomes, a estabilização de preços, sem dúvida, foi um fator importante para aumentar o arco dos consumidores.

A entrada das classes C, D e E no mercado consumidor fez com que a maior escala produtiva permitisse menores preços para todos. “Nesse sentido, a elevação do padrão de vida dos mais pobres ajudou também a reduzir o custo de vida do menos pobres”, opina.

Escolha de produto é pelo custo-benefício — O operador de empilhadeira Hamilton Ramos da Cruz, 53 anos, é solteiro e mora sozinho. Como em tantas outras vezes, nesta semana foi a um supermercado para comprar seu almoço. Pela praticidade, ele optou por uma lasanha pronta de R$ 6,90. “Na correria e porque moro sozinho costumo fazer isso. Mas levo uma marca mais saborosa, não pesa tanto no bolso”, conta.

Esse é o padrão de consumo que a pesquisa Data Popular aponta. A classe D tem aspirações de consumo realistas.

São famílias emergentes que fazem o orçamento render, buscam crédito e conseguem planejar a compra de bens duráveis, como eletrodomésticos, eletroeletrônicos, carros e móveis, por exemplo.

Essa mesma preocupação com o custo-benefício vale para os demais produtos, de alimentos a roupas, já que esse consumidor não quer errar na hora da compra.

Renato Meirelles afirma que, por isso, o fator preço tem um peso importante, mas cada vez mais relativo. “Ele já entende que as marcas podem garantir a qualidade do produto, mas continua orgulhoso de buscar promoções e ofertas”, diz.

A aposentada Maria Izabel Mafra, 65, é outro exemplo. Morando com dois filhos e um neto, ela prefere fazer suas refeições, mas não abre mão das marcas. “Para mim sai mais barato cozinhar e procuro avaliar as marcas. Tem muito barato que sai caro, a comida não rende ou é péssima”, fala.

Para o Data Popular, alguns segmentos da indústria, do comércio e dos serviços já perceberam a importância do consumidor emergente, por exemplo, com o lançamento de produtos e alimentos em embalagens familiares mais econômicas.

Nesse caminho também, a rede Walmart anunciou neste ano o investimento de R$ 2,2 bilhões no Brasil para abrir 110 lojas, a maioria voltada para a classe popular, como a bandeira TodoDia. (Diário de S. Paulo)

Renúncia previdenciária de R$ 18,6 bi em 2011

Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias aumenta a isenção de contribuição ao INSS, mas governo se recusa a dar aumento de 7,71% a aposentados, que significa R$ 1,7 bi em impacto.

O projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2011 que o governo federal enviou ao Congresso Nacional na quinta-feira prevê R$ 18,6 bilhões em renúncia previdenciária para o ano que vem — ante R$ 16 bilhões deste ano. São exceções que a União faz, deixando de receber contribuições ao INSS a setores específicos, como adeptos do Simples Nacional e empresas filantrópicas. Comparando, o valor que o governo não quer pagar a mais aos segurados que ganham mais de R$ 510 no reajuste de 2010 — que está parado na Câmara — é de R$ 600 milhões.
Em janeiro, esses segurados receberam 6,14% de reajuste, já com o aumento real. Agora, discute-se passar esse ganho a 7%, com elevação de despesa para R$ 1,1 bilhão. Há proposta também de 7,71%, com gasto adicional de R$ 1,7 bilhão. O governo diz que é impraticável e fala em veto ao índice maior — que prevê aumento real de 80% do PIB (Produto Interno Bruto) para quem recebe acima do piso. Para dar tempo de negociação, a MP 475/09, que tramita na Câmara, só será votada na pauta de 27 de abril.
O deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) afirma que mais gritante que a renúncia previdenciária em 2011 é o gasto com publicidade deste ano: R$ 700 milhões, capaz de cobrir o percentual de 7%. “É absurdo haver retrocesso. Precisamos encontrar em definitivo solução orçamentária para que não haja distinção entre aumentos do mínimo e aposentados em geral”, defende ele, que crê que a MP 475/09 passará. “Não sei se o presidente vetaria”, aposta.
Centrais vão brigar por mínimo maior — O salário mínimo no ano que vem também não deve ter lá grandes acréscimos. Pelo texto da LDO enviado na quinta-feira, quem ganha R$ 510 terá reajuste só pela inflação do INPC: 5,08%. Como o PIB de 2009 foi negativo, a fórmula que adota o crescimento para corrigir o piso fica sem aumento real. Por enquanto, o valor subiria em janeiro de R$ 510 para R$ 535,91.
As centrais sindicais se preparam para brigar por aumento real, com extensão aos aposentados. “Vamos pressionar para que o governo encontre uma forma de garantir aumento real em 2011 excepcionalmente”, explica o presidente da CUT, Artur Henrique. (O Dia)