segunda-feira, 14 de junho de 2010

UGT defende na OIT necessidade de preservar e ampliar conquistas trabalhistas no Brasil

UGT na OIT defende qualidade e proteção ao emprego

Estaremos, a partir de hoje, representando os trabalhadores brasileiros na Organização Internacional do Trabalho, na sua conferencia anual. A UGT chega preparada para a defesa da qualidade e proteção dos empregos no Brasil. Neste momento em que a economia brasileira se destaca mundialmente, as multinacionais focam nosso mercado interno e tentam, a todo custo, bombardear nossas leis trabalhistas. Não conseguem mais esconder o desconforto que as conquistas que realizamos em torno do décimo terceiro salário, da férias e da licença maternidade, agora expandidas para seis meses. As empresas acostumadas com os mercados asiários de baixo salário e alta pressão sobre os sindicatos e seus trabalhadores querem flexibilizar nossa legislação trabalhista. Daí a importância da nossa presença nesta Conferencia da OIT. Em nome dos sindicatos filiados à UGT e da classe trabalhadora brasileira. (Ricardo Patah, pesidente nacional da UGT)

Fiesp mapeia escassez de profissionais

Levantamento tenta prevenir "apagão" de mão de obra; maior empregador, setor de alimentos pode ter gargalo. Estudo servirá de base para programas em parceria com o Senai para treinamento dos profissionais em SP.

Para evitar o risco de "apagão" de mão de obra em 23 setores da economia, a Fiesp (federação das indústrias de São Paulo) iniciou um trabalho para identificar que profissionais serão necessários no Estado até 2012.
O mapeamento começou pelo setor de alimentos, maior empregador em São Paulo. São 365.381 mil trabalhadores em 6.777 empresas, segundo dados do Ministério do Trabalho até abril.
A partir da previsão de crescimento desse setor nos próximos dois anos (4,84% neste ano, 3,30% em 2011 e 3,87% em 2012), o estudo considera que serão criados 8.560 empregos no Estado.
Quase 70% deles estão concentrados em ocupações ligadas a quatro áreas: fabricação e refino de açúcar; produção e conservação de alimentos; panificação e confeitaria; e abate e preparo de carnes e aves para venda.
Se levada em conta a mão de obra necessária para repor as vagas já existentes (substituição de demitidos e aposentados, por exemplo), o número de empregos nesse ramo pode chegar a 50.386. A estimativa é até modesta considerando-se o ritmo de abertura de vagas nos últimos meses. De janeiro de 2009 a abril deste ano, foram criados 48.844 empregos no ramo alimentício no Estado.
"CAÇA" A FUNCIONÁRIOS — "Com o aumento do consumo e superada a crise, o setor ganhou fôlego. As empresas investiram, compraram equipamentos. E agora, para ficarem mais competitivas, precisam de funcionários mais qualificados", diz José Roberto Ramos Novaes, diretor do Depar (Departamento de Ação Regional) da Fiesp.
Com o estudo, a Fiesp também planeja desenvolver projetos em parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) para atender as empresas.
O Depar também pretende estimular indústrias de pequeno e médio portes a criarem políticas estratégicas de gestão de pessoas para tentar evitar a "caça" de profissionais entre elas.
Na região de Botucatu (SP), a "caça" era explícita.
Era comum encontrar kombis com alto-falantes, oferecendo vagas e vantagens salariais aos operários que trocassem de emprego, segundo técnicos da indústria.
Em Marília (SP), conhecida como a capital nacional do alimento, a disputa de profissionais também é intensa para os cargos nos altos escalões das empresas.
"Há carência de gerentes e profissionais de marketing e desenvolvimento de produtos. Eles acabam sendo "importados" de outras regiões e empresas de outros setores", afirma Alexandre Martins, presidente da Associação das Indústrias de Alimentos de Marília e região.
A Marilan pretende investir R$ 600 mil no ano em formação profissional. Eduardo Silva, diretor de recursos humanos da empresa, diz que encontra dificuldade para preencher vagas desde áreas técnicas até em funções como inteligência de mercado.
No ramo de chocolates, a expansão de vagas acontece na área industrial e comercial. "A distribuição de renda no país aumenta não só o número de consumidores mas a qualidade do consumo, que se sofistica", diz Getúlio Ursulino Netto, presidente da associação desse setor.
"E para atender as exigências são necessários profissionais mais preparados." (Folha)

Microcrédito bate recorde no Brasil

Expansão dos recursos é amparada no aumento do poder aquisitivo da baixa renda, público-alvo de quem toma esse tipo de empréstimo

Os bancos nunca ofereceram tanto dinheiro para os interessados no microcrédito, voltado à baixa renda, como agora. Em abril, segundo o dado mais recente do Banco Central, o volume de recursos ofertados chegou a R$ 1,6 bilhão.

Segundo regulamentação do BC, os bancos têm de destinar 2% dos depósitos à vista para o microcrédito ou mantê-los "congelados", sem uso. Em abril, desse montante, ou R$ 2,7 bilhões, as instituições financeiras emprestaram 62% – um recorde. Um ano antes, em abril de 2009, a oferta foi de 56%.

Por mês, são assinados cerca de 100 mil contratos de microcrédito no Brasil e o valor médio dos empréstimos é de R$ 1,3 mil.

O microcrédito não pode ser usado para tapar buracos nas finanças, mas no investimento em algum tipo de negócio. O brasileiro tem cada vez mais recorrido a esses recursos de olho na possibilidade de ser dono do próprio negócio e não depender do humor do mercado de trabalho. Uma das motivações é o crescimento do poder aquisitivo da baixa renda – público-alvo dos pequenos negócios que se proliferam pelas periferias das cidades.

Para a comerciante baiana Maria da Conceição Santos Silva, o principal problema está na inadimplência dos clientes. Também afetada pelo desemprego, Conceição começou a vender bijuterias e brinquedos num ponto improvisado ao lado da sua casa, no bairro do Lobato, em Salvador. Em conversa com vizinhos, soube que um banco emprestava dinheiro a juros baixos. Foi a uma das agências do Banco do Nordeste, se informou sobre os requisitos e assinou o primeiro contrato no valor de R$ 300.

Hoje, 9 anos depois, Conceição paga um empréstimo de R$ 10 mil e o negócio ganhou ares de loja. No armarinho Duas Irmãs, com balcões e prateleiras, ela vende de bijuterias a partir de R$ 2 a roupas de cama de R$ 150.

Conceição não quer saber de despesas para manter máquinas de cartão de crédito, por isso vende à vista, na base da caderneta e ainda com nota promissória. "Como tem gente caloteira", reclama, em tom de ironia. Quando não consegue receber, o caminho é o juizado de pequenas causas. "Descobri minha vocação. Fico doida para pagar logo o empréstimo e poder pegar mais para investir na minha loja", conta. (Estado)

Cresce pressão por sanção aos 7,7% a aposentados

Presidente Lula diz que só decidirá sobre reajuste na terça-feira, depois de nova reunião com vários segmentos do governo.
Às vésperas de vencer o prazo para decidir sobre o futuro do reajuste dos aposentados que ganham acima de um salário mínimo, aumentou a pressão política para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vete o texto aprovado pelo Congresso. Lula, no entanto, reiterou que só decidirá na terça-feira, depois de uma nova reunião com vários segmentos do governo. O problema é que o presidente e seus aliados estão encontrando dificuldades para explicar um eventual veto e evitar que os aposentados façam comparações entre o valor do salário mínimo, que foi beneficiado pela política de recuperação adotada pelo Planalto, e o que os inativos ganham em relação ao salário mínimo, que, comparativamente, está sendo reduzido.

Embora no final da semana passada o presidente Lula tenha sinalizado que vetaria o aumento aprovado pelo Congresso, porque gostaria de respeitar o acordo feito pelos líderes do governo, mantendo os 6,14% de reajuste proposto pela MP, que está em vigor desde janeiro, um auxiliar direto do presidente avisou que o presidente está "oscilando (entre vetar ou não os 7,72%) e a tendência é respeitar o acordo do Congresso, fazendo o veto". Mas avisou: "ele pode surpreender". Este mesmo auxiliar sinalizou ainda que, em caso de veto ao 7,72%, o presidente Lula assinará uma Medida Provisória que poderá chegar a 7%, valor que o governo chegou a aceitar.

Mas a equipe econômica resiste a conceder índices superiores aos 6,14% acertado com as centrais sindicais. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, fez questão de salientar que os 6,14% já estão assegurados no orçamento e advertiu que "não há nenhum compromisso" em dar 7% aos aposentados que ganham acima do mínimo, que o governo, anteriormente, quando as negociações estavam em curso no Congresso, havia concordado. "Houve uma negociação com as centrais sindicais de conceder inflação mais 2,06% de aumento real, chegando aos 6,14%. O resto foi leilão de índices, dentro de um campeonato de quem era mais bonzinho", desabafou Paulo Bernardo, insistindo que "ninguém pode falar que o governo está massacrando velhinho porque estamos cumprindo o acordo e fazendo concedendo reajuste acima da inflação".

O ministro do Planejamento reconhece que "é compreensível a comparação" que os aposentados fazem. Ele justificou que, com a política de recuperação adotada pelo governo, quem ganhava quatro mínimos, passa a ganhar 3,7 mínimos e se sente prejudicado, daí a reclamação. Ressalvou, no entanto, que todos estão tendo aumentos acima da inflação. Paulo Bernardo não entrou em detalhes, mas esta é uma das dificuldades que o governo está enfrentando para defender o veto aos 7,72%. Segundo Paulo Bernardo, caso o presidente vete os 7,72%, conforme ele prega, o governo não vai conceder abono, mas sim editar uma nova MP com o reajuste total. Ele acha, inclusive, que, não há problema algum que o valor seja os mesmos 6,14% que já estão no orçamento. "A MP é do ano passado. Não vejo motivos para não ser este mesmo reajuste", encerrou. (Estado)

Data Popular: 22 milhões de famílias vão reformar casa

Pesquisa do instituto Data Popular revela que, até dezembro, 22 milhões de famílias brasileiras pretendem reformar ou construir uma casa. O contingente equivale à soma da população de quatro países. É como se todos os argentinos, chilenos, paraguaios e uruguaios resolvessem reformar ou construir moradias até o fim deste ano, compara Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular.

A enquete, que ouviu 2 mil famílias em 11 regiões metropolitanas e no Distrito Federal em março, mostra que a maioria (90% das famílias) pertence às classes de menor renda (C, D e E), resultado que ganha relevância no Nordeste, beneficiado pelos programas sociais. "Com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para materiais de construção, a maior oferta de crédito e o aumento da renda, o consumo formiga de materiais de construção vai explodir", prevê Meirelles. O consumo formiga é como são chamadas as compras de pessoas físicas para construir ou reformar a própria casa.

Nos cálculos do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox, o consumo formiga hoje corresponde a 65% da receita de R$ 33,3 bilhões do setor de janeiro a abril, ou R$ 21,4 bilhões. Já a receita total da indústria cresceu 20,3% no período em relação a 2009 e 5% ante 2008. A receita deve fechar o ano com alta de 15%, a maior desde o início da série, em 2004. (Estado)

Petrobas comprou 75% de bens no país em 2009, US$ 18 bi a mais que em 2003

Oito milhões de parafusos, 824 mil válvulas e 85,4 mil toneladas de aço, passando por navios petroleiros, são apenas parte das necessidades da Petrobras para tocar seus projetos até 2014, que devem aumentar substancialmente com a inclusão dos investimentos nos campos do pré-sal na Bacia de Santos. E a participação da indústria nacional nessas compras só tem crescido nos últimos anos. Em 2009, do total de US$ 31,2 bilhões investidos pela Petrobras em projetos no país, US$ 23,5 bilhões foram encomendados à indústria local. Esse volume representou 75% do total de compras da estatal no Brasil, bem acima dos 57% de conteúdo nacional de 2003, e superando a meta do governo federal de 65% em média. Mas há quem veja risco de que esse alto índice de nacionalização gere reserva de mercado, como aconteceu com a informática nos anos 1980.

O coordenador do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) - programa de apoio à capacitação da indústria nacional, desenvolvimento tecnológico e de formação de pessoal - José Renato Ferreira de Almeida disse que o aumento do conteúdo nacional, de 57% em 2003 para 75% no ano passado, representou compras adicionais no país de US$ 18 bilhões ao longo desse período e a geração de 755 mil empregos:

- O esforço da indústria foi grande, considerando o salto dos investimentos da companhia de US$ 5,6 bilhões no país em 2003 para US$ 31,2 bilhões no ano passado.

Com o início dos projetos de produção no pré-sal, o volume de encomendas da Petrobras dará salto ainda maior nos próximos anos. Almeida acredita que o desafio da indústria nacional será manter o índice de encomendas nos atuais 75%.

Analista: risco de reserva de mercado

O Prominp fez um mapeamento de todas as demandas das operadoras de petróleo no país, que tem a Petrobras como a de maior peso, com base no Plano de Negócios da Petrobras de 2009-2013 (a estatal deve anunciar o novo plano de 2010-2014 até o fim deste mês). O levantamento, que é acompanhado trimestralmente, chega ao detalhe das matérias-primas e dos componentes, como os oito milhões de parafusos, as 824 mil válvulas, ou as 85,4 mil toneladas de aço.

Almeida explicou que a partir desse levantamento é possível identificar gargalos, necessidade de ampliações de capacidade instalada ou de capacitação tecnológica. O trabalho é feito pelo Prominp, com Petrobras e entidades como Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) e Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), além da participação de indústrias e fornecedores.

O coordenador do Prominp garante que esse elevado índice de nacionalização não representou um preço maior nas compras feitas no país:

- O desafio é justamente saber qual o nível que a indústria local consegue atender de forma competitiva.

O especialista Adriano Pires Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), disse que, apesar de ser favorável à política de incentivo à indústria local, acha que a nacionalização é muito exagerada e que deveria ter prazo determinado:

- Vejo um certo exagero. O governo deveria mostrar que é temporário. Essa política atual é excessivamente nacionalista, o que pode gerar uma reserva de mercado como foi na informática no passado.

O advogado especializado em petróleo e energia Heller Redo Barroso comparou a política do governo brasileiro à desenvolvida pela Noruega nos anos 1970:

- Permite a capacitação gradual da indústria. Tem sempre algum custo inicial da curva de aprendizado, mas o objetivo é buscar sempre a competitividade.

Barroso disse que tem sido muito procurado por empresas estrangeiras interessadas em se instalar no Brasil, sozinhas ou associadas a brasileiras.

A Rolls-Royce, uma das líderes mundiais no fornecimento de sistemas de energia e serviços para uso em terra, no mar e no ar, poderá ampliar sua atuação no Brasil com a fabricação de mais componentes das turbinas para geração de energia. Segundo dados do Prominp, a Petrobras vai precisar comprar 378 turbinas para as plataformas nos próximos anos.

Rolls-Royce pode fabricar mais aqui

O diretor de Vendas para a América do Sul da Rolls-Royce, Gilberto Bueno, explicou que o conjunto turbo gerador é fabricado separadamente em várias unidades. A turbina, por exemplo, tem um dos componentes produzidos no Canadá. O executivo afirmou que a empresa tem capacidade para atender plenamente à demanda futura da Petrobras, mas, se for necessário, poderá aumentar a fabricação de componentes das turbinas no Brasil que, hoje, tem índice de nacionalização entre 10% e 15% apenas.

- Temos uma unidade de assistência técnica em Macaé que poderá ser ampliada. A política de conteúdo nacional da Petrobras é boa, senão, não haveria expansão da indústria no país - afirmou o executivo da Rolls-Royce, lembrando que, há alguns anos, a companhia tinha no Brasil apenas três funcionários e, agora, são mais de cem.

O coordenador do Prominp informou que está sendo feito profundo levantamento do mercado. Segundo Almeida, o estudo está sendo dirigido pelo Prominp com Petrobras, BNDES e UFRJ.

Vinícius Samu de Figueiredo, gerente do Departamento de Gás e Petróleo do BNDES, explicou que o banco já conta com uma série de linhas de financiamento para todo o setor:

- Se o trabalho concluir que algum setor específico necessita de mais recursos, podemos criar um produto para o seu atendimento.

O BNDES já aprovou financiamentos de R$ 1,9 bilhão este ano para projetos no setor. Em avaliação, há mais R$ 9,9 bilhões, e outros R$ 5,4 bilhões em sondagens preliminares. (O Globo)