quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Campanhas salariais estimulam mobilização e negociação pela reposição da inflação com recuperação das perdas salariais

O tempo da colheita salarial

(postado por Laerte Teixeira da Costa) — Todos os indicadores econômicos, em todos os setores da economia, estão positivos. É hora, portanto, da colheita salarial, com a negociação que busque junto aos setores patronais a inflação e mais significativas reposições salariais, que na verdade é a recuperação das perdas salariais que a classe trabalhadora brasileira sofreu ao longo dos últimos 20 anos, tanto pela estagnação de alguns setores da economia, por algum tempo, como pela rotatividade que achata a massa salarial. É o momento do bom senso. Ganham todos, patrões e trabalhadores que souberem negociar a favor da transferência de renda neste momento da expansão. E a greve, que volta a ser usada, deve ser sempre mantida como último recurso, como é sempre a estratégia adotada pelas principais lideranças dos trabalhadores. Aos patrões, neste momento de expansão da economia, não interessa a greve. Aos trabalhadores, nesta época histórica de expansão econômica não interessa a intransigência nas negociações. Que o bom senso predomine porque a classe trabalhadora brasileira sempre soube aproveitar os bons momentos de expansão da economia para expandir seus ganhos e recuperar as perdas salariais.

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Lupi prevê mais 3 milhões de empregos formais em 2011

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, prevê que o país criará mais de 3 milhões de empregos formais no próximo ano e atingirá a marca de 10 milhões de novas vagas ao longo do próximo governo, superando o desempenho recorde dos últimos anos.

A poucos dias do primeiro turno da eleição presidencial, com chances de vitória da candidata governista, Dilma Rousseff (PT), Lupi alerta, contudo, que o grande desafio do Brasil será suprir a escassez de trabalhadores. Os gargalos, afirma, não se restringem mais apenas à mão-de-obra qualificada, já atingindo, por exemplo, funções mais simples da construção civil.

"Eu acho que ano que vem tende a ser melhor do que este ano. Este ano eu prevejo bater com 2,5 milhões (de vagas formais, estou prevendo 2011 com mais de 3 milhões", afirmou à Reuters.

Segundo Lupi, o país já enfrenta falta de trabalhadores não só no topo da pirâmide de trabalhadores, mas também na base, principalmente nos setores de serviços e construção civil.

Para lidar com o problema, segundo ele, é necessário a criação de uma "cultura da qualificação", principalmente para vagas menos especializadas, esforço que deve ser liderado pelo setor privado.

"A empresa é a grande beneficiária disso; por que só o governo tem de qualificar?", questiona.

O Brasil gerou 8,6 milhões de empregos formais desde 2007, marca recorde alavancada por um ciclo de forte crescimento econômico. A taxa de desemprego está atualmente em mínimas históricas, tendo fechado julho em 7,1 por cento.

A continuidade da expansão econômica, aliada a estímulos como obras de infraestrutura e investimentos relacionados à Copa do Mundo e às Olimpíadas devem contribuir para levar essa taxa a 5,5 por cento até 2014, previu Lupi.

"Toda a cronologia, toda a organização da própria sociedade está começando a colher os frutos daquilo que plantou."

Nesse contexto, Lupi descarta a necessidade de se promover uma desoneração da folha de pagamentos, medida que foi cogitada pela equipe do ministro Guido Mantega (Fazenda), mas não chegou a avançar.

"Não é a solução", diz Lupi, acrescentando que desonerações necessariamente implicariam em corte de benefícios para os trabalhadores, como auxílio desemprego. (Estado)

Greve na Mercedes-Benz em Campinas vai continuar

Trabalhadores da Mercedes-Benz em Campinas (SP) optaram hoje por manter a greve iniciada na quinta-feira passada por reajuste salarial. Segundo informou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, Jair dos Santos, a empresa ofereceu reajuste de 9% e abono de R$ 2.200,00. Os metalúrgicos, que pediam aumento de 13,8%, disseram que aceitariam novo acordo, para receber 10,5% agora e mais 1,3% em novembro, sem o abono, ou então 10,5% e mais o abono de R$ 2.200,00 - proposta idêntica à que foi aceita pelos funcionários da Toyota, em Indaiatuba (SP).

"Na reunião com a direção da Mercedes na tarde de hoje não evoluímos, portanto, a greve continua e não há nova reunião marcada. Esperemos o dia de amanhã", afirmou Santos. (Estado)

Acordos salariais injetam R$ 193 mi na economia do PR

Os acordos salariais obtidos pelos metalúrgicos do Paraná com as montadoras Renault, Volkswagen e Volvo devem injetar cerca de R$ 193 milhões na economia do Estado nos próximos 12 meses. O cálculo é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), após acordo com a Volkswagen, a última empresa em que os trabalhadores mantinham paralisação. Eles conseguiram os mesmos 10,08% de reajuste salarial e abono de R$ 4,2 mil já acertados com as outras duas montadoras.

"Os trabalhadores fizeram bons acordos, mas quem ganha é a sociedade como um todo, pois novos recursos entram no mercado, o consumidor gasta mais e empregos são gerados", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka. Ele acentuou que este ano os avanços foram maiores que os conseguidos no ano passado. "E tivemos menos conflitos", completou. "A situação econômica e a maior demanda por veículos facilitaram." O sindicato passa agora a negociar os reajustes para os cerca de 20 mil trabalhadores em empresas de autopeças.

De acordo com o Dieese, ao se analisar um salário médio de R$ 2 mil, a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) representa impacto de 33% a mais de recursos no mercado, com R$ 95,4 milhões. Os abonos salariais colocarão mais R$ 44,5 milhões, com impacto de 15%. E o acordo salarial, com aumento real de 5,55%, colocará R$ 53,3 milhões no mercado. "Representa um incremento de 55% a mais que a inflação no bolso do trabalhador", afirmou o economista do Dieese, Cid Cordeiro.

Ele avaliou que o aumento não provocará mais inflação. "A produtividade, escala de produção e nível de eficiência das empresas têm aumentado e o reajuste é só uma transferência disso ao trabalhador", afirmou. "O reajuste está, na verdade, sustentando o crescimento do Brasil." Segundo o Dieese, o salário representa 8,5% no custo de produção das montadoras e apenas 4,5% no custo total.

De acordo com o sindicato, os pisos salariais no Estado foram fixados em R$ 1.520,92 na Renault e na Volvo, e em R$ 1.497,09 na Volkswagen. Mas, segundo Butka, mesmo tendo um dos maiores pisos salariais do setor no País, o metalúrgico paranaense ainda ganha cerca de 40% a menos que a média de um trabalhador do ABC paulista. Dados do sindicato apontam que a média salarial do metalúrgico paulista estaria em R$ 3,2 mil, enquanto o do paranaense seria de R$ 2,2 mil.

Os 10,6 mil metalúrgicos paranaenses representam 10% dos trabalhadores do setor automotivo do País. Eles deverão produzir este ano mais de 400 mil veículos, ultrapassando os 350.678 produzidos no ano passado. Com isso, a expectativa é que a participação paranaense no mercado nacional passe de 11% para 12,5%. (Estado)

3 milhões vivem precariamente em SP

Cidade precisa de 700 mil novas moradias e da adequação de 670 mil cortiços até 2024, diz plano de habitação. Metas propostas por conselho de habitação foram apresentadas ao prefeito; deficit atual é de 130 mil unidades.

Com 3 milhões de paulistanos vivendo em assentamentos precários, São Paulo vai precisar de mais de 700 mil moradias e da adequação de 670 mil cortiços até 2024.
Essas são algumas das metas do plano municipal de habitação, apresentado ontem ao prefeito Gilberto Kassab (DEM). O projeto foi elaborado nos últimos cinco anos pelo Conselho Municipal de Habitação, a partir de levantamento da demanda.
O estudo constatou que o deficit hoje é de 130 mil unidades. Até 2024, esse número deve chegar a 610 mil.
Para reverter essa situação, seriam prioridades a urbanização de assentamentos precários, a criação de sistema de subsídio para aluguéis e a construção de moradias.
Segundo o conselho, serão necessários R$ 3,4 bilhões ao ano -o orçamento hoje é de R$ 1,2 bilhão. Para o secretário da Habitação Ricardo Pereira Leite, são essenciais aportes federal e estadual, e eventualmente, privados.
Após a entrega ao prefeito, o plano passará por uma série de audiências públicas.
Integrante do conselho municipal, o urbanista Kazuo Nakano, criticou a ausência de uma política fundiária articulada ao plano.
"É necessário regular o preço da terra e destinar áreas para habitações de interesse social", afirma.
Líderes de movimentos sociais veem o projeto com ceticismo. "Com o ritmo dos investimentos que existem hoje, o discurso é desmentido pela realidade", diz Benedito Barbosa, da União dos Movimentos de Moradia, também conselheiro da habitação. (Folha)

Fenaban oferece reajuste de apenas 4,29% e bancários, que pedem 11%, podem entrar em greve a partir do dia 29

A Federação Nacional de Bancos, a Fenaban, propôs nesta quarta-feira um reajuste de 4,2% para os bancários, que negociam aumento salarial há um mês. Os trabalhadores da categoria querem um aumento de 11%.

Os bancos defendem na negociação salarial a reposição da inflação dos últimos 12 meses, que é de 4,29%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, o INPC, medido pelo IBGE.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, ligada à Central Única dos Trabalhadores, divulgou nota informando que orientou os sindicatos dos bancários a reforçarem a convocação das assembleias do dia 28 de setembro, para decidir sobre uma greve nacional por tempo indeterminado a partir do dia 29.

Nesta quarta-feira, bancários do Rio de Janeiro voltaram a paralisar parcialmente as atividades em 45 agências da Avenida Rio Branco, repetindo o que fizeram na terça-feira. De acordo com o sindicato, as agências abriram somente ao meio dia, com duas horas de atraso. Em Mato Grosso do Sul, o sindicato realizou manifestação em frente a uma agência do Itaú Unibanco da avenida Couto Magalhães, em Várzea Grande. As atividades foram paralisadas das 11h às 12h.

Metalúrgicos também negociam — Nas montadoras, a greve continua na fábrica de componentes de ônibus e caminhões da Mercedes-Benz, em Campinas, no interior de São Paulo. Já em São José dos Pinhais, no Paraná, os 3.100 metalúrgicos aceitaram a proposta da Volkswagen e encerraram nesta quarta-feira a greve, iniciada no último sábado. Os metalúrgicos conquistaram 10,08% de aumento salarial (5,55% de aumento real, mais 4,29% do INPC), R$ 4.200 de abono e 10% de reajuste no piso salarial. (O Globo)