quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Banqueiros provocam bancários com proposta vergonhosa de reposição da inflação sem aumento real depois de acumularem lucros fabulosos

Choque de gestão social nos banqueiros brasileiros

(postado por Moacyr Pereira, secretário nacional de finanças da UGT) — Os trabalhadores brasileiros, logo após as eleições presidenciais, têm que assumir a campanha sobre o controle social dos bancos e dos banqueiros. Porque com a tentativa vergonhosa de repassar aos bancários apenas a reposição da inflação de 4,29%, sem aumento real de salários, os banqueiros brasileiros extrapolaram todos os limites da decência. Seja econômica seja social. Os banqueiros brasileiros estão entre os que mais lucraram no mundo mesmo sob o efeito da crise mundial. Se aproveitam da tecnologia digital e reduzem seus quadros a quase ninguém. Cobram as tarifas mais absurdas e sem controle. E lucram com tanta desenvoltura que nos obrigam a iniciar uma campanha permanente para controlar essa ganância desenfreada. E no momento de repassar parte dos ganhos para seus trabalhadores, nos aparecem com esta verdadeira provocação e se recusam a dar aumento real. É hora de agir de maneira organizada, de pressionar o Congresso Nacional, de exigir do novo presidente ou presidenta uma atitude radical contra os banqueiros. Ainda mais por que vivemos num Brasil em que grande parte da população está sem ter acesso aos bancos, como podemos ler no texto abaixo. Ou seja, existe espaço para o crescimento do setor, para gerar mais empregos e até mesmo ampliar a lucratividade, com legitimidade. Mas não sobra mais espaço social para este abuso que se faz hoje contra os bancários brasileiros e que se faz, permanentemente, contra nós, os correntistas.

Leia o clipping do dia:

Bancários fazem greve a partir de hoje

Categoria rejeita proposta de reajuste de 4,29%, sem aumento real de salário, e que somente repõe a inflação acumulada em 12 meses até agosto

Sem proposta de aumento real de salário, os bancários decidiram ontem entrar em greve por tempo indeterminado, a partir de hoje, em todo o Brasil. A decisão foi tomada em assembleias que rejeitaram a oferta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) de reajuste salarial de 4,29%, que somente repõe a inflação acumulada em 12 meses até agosto. A categoria foi orientada pelo Comando Nacional dos Bancários a rejeitar a proposta e decidir pela greve.

Até o fechamento desta edição, a greve já havia sido aprovada na maioria das capitais e principais cidades do País, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.

"As decisões das assembleias demonstram a indignação dos bancários com a postura intransigente dos bancos", afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro. "Com os lucros de R$ 21,3 bilhões obtidos somente por cinco bancos no primeiro semestre deste ano, é possível o atendimento das demandas da categoria."

Este é o sétimo ano consecutivo que os bancários fazem greve por aumento de salários. Em 2009, eles ficaram de braços cruzados durante 15 dias. São 460 mil bancários no Brasil, dos quais 130 mil na base de São Paulo, Osasco e Região.

Os trabalhadores querem 5% de aumento real, além da reposição da inflação de 4,29%, que compõem um índice de reajuste salarial de 11%. Pedem ainda prêmio de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) equivalente a três salários mais R$ 4 mil e o fim das metas abusivas e do assédio moral, entre outras reivindicações.

"Precipitação". Para o diretor de negociações trabalhistas da Fenaban, Magnus Apostólico, a decisão de ir à greve foi precipitada. Ele argumenta que a negociação está aberta, não foi fechada pelos bancos, nem se chegou a um impasse.

"Na última reunião, informamos que não apenas vamos repor a inflação como vamos fazer aumento real de salários. O que falta é descobrirmos juntos, na mesa de negociações, que número de aumento real é este que os bancos podem suportar e que satisfaça os trabalhadores", contou o negociador dos bancos.

Os sindicalistas acham inadmissível que os bancos sigam na contramão de uma conjuntura econômica favorável. "No ano em que a maioria das categorias tem conquistado aumento real de salário em níveis superiores aos do ano passado, a atividade econômica está em pleno crescimento e a perspectiva dos bancos é de ampliação dos negócios, não há desculpa para não atender às reivindicações dos bancários", disse a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira.

"Exagerado". A questão é que os bancos consideram exagerado o pedido da categoria. "Não existe razão para que se faça um acordo com 5% de aumento real numa inflação de 4,29%", afirmou. No ano passado, foi fechado acordo com 1,5% de aumento real e em 2008, com 0,93%. "Não vemos em 2010 nenhuma diferença tão importante que levasse a um acordo muito diferente", disse Apostólico.

"A Fenaban tem todas as condições para apresentar uma proposta que valorize os trabalhadores", rebate Juvandia. "Os resultados dos bancos, com lucros em média 28% maiores do que no ano passado, bem como as perspectivas de crescimento para o setor financeiro e para o PIB (Produto Interno Bruto), são mostras de que as reivindicações dos bancários podem se tornar realidade."

Magnus Apostólico informou que os bancos vão buscar todos os meios legais para manter as agência abertas e funcionando normalmente hoje e durante o período de greve dos bancários. (Estadao)

Classes C e D ainda preferem pagar com dinheiro em vez de cartão, aponta estudo

Comentários

Mais da metade dos consumidores das classes C e D, fatia social que já representa a maior parcela da população brasileira, ainda não possui conta em banco e muito menos cartões de débito ou crédito. Realizada pelo Instituto Ipsos e encomendada pela MasterCard, a pesquisa Perfil Financeiro - Classes C e D mostra que 54% das pessoas entrevistadas em sete cidades do país não são bancarizadas. O levantamento mostra ainda que 27% possuem somente cartão de débito 25%, enquanto outros 27% têm cartão de crédito.

De acordo com o estudo, 55% dos bancarizados e 98% dos não-bancarizados recebem seus rendimentos em dinheiro, o que mostra porque as pessoas desses dois extratos sociais ainda fazem seus pagamentos em espécie. Dados do Banco Central (BC) comprovam que o dinheiro em espécie é muito utilizado para pagar contas de baixo valor e, na sua maioria, relacionados a pequenas compras do cotidiano. Nessas situações, segundo o BC, 77% dos pagamentos são feitos por pessoas físicas. Pelos números da pesquisa da MasterCard, o valor médio pago com cartão de débito é de R$ 47 e de R$ 100 para o cartão de crédito.

- Ao analisar os resultados da pesquisa, apesar das classes C e D terem acesso a algum tipo de produto financeiro, a maioria não o utiliza - diz Maurício Alves, vice-presidente de produtos da MasterCard, lembrando que fatores culturais podem explicar essas barreiras para o crescimento da utilização do dinehrio de plástico no país. - Entre os fatores culturais, está o costume de andar com o dinheiro em papel moeda no bolso, a falta de conhecimento de taxas e tarifas e o receio de perder o controle dos gastos.

De olho nessa população que deve superar os 113 milhões de pessoas até 2014, conforme o relatório Economia Brasileira em Perspectiva, do Ministério da Fazenda, as empresas de cartões se preparam para investir pesado e crescer com essa expansão das classes C e D no Brasil. A MasterCard, por exemplo, quer intensificar seus esforço no mercado de cartões de débito e, por conta disso, está fazendo alterações em sua estratégia nas áreas de marca, frequência de uso e transações de menor valor.

- Com essa iniciativa queremos estimular a substituição do dinheiro em papel moeda pelos meios eletrônicos - afirmou Alves. (O GLOBO)

Governo eleva de 57,5% para 64% fatia de controle na Petrobrás

Estatal confirmou declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, informando que o governo ficou agora com 48% do capital total da companhia

O governo aumentou a sua fatia no capital ordinário da Petrobrás, que garante o controle da companhia, de 57,5% para 64% após a capitalização, com a ajuda do fundo soberano e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, informou a Petrobrás nesta terça-feira, 28, em um comunicado à Securities Exchange Comission (SEC), reguladora do mercado de capitais norte-americano.

Segundo informação da empresa, o governo comprou 1.810.505.485 ações ordinárias e 994.917.669 ações preferenciais na oferta pública de ações iniciada na sexta-feira e que será liquidada na quarta-feira.

A estatal confirmou declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, informando que o governo ficou agora com 48% do capital total da companhia, considerando ações ordinárias e preferenciais.

De acordo com a Petrobrás, descontando despesas e comissões da operação, a oferta até o momento totalizou US$ 67 bilhões, ou aproximadamente R$ 115 bilhões, que serão acrescidos de mais cerca de US$ 3 bilhões se o lote adicional correspondente a 5% da operação, o chamado greenshoe, for vendido. (Estado)

Governo vai mudar modelo de medidor residencial de energia

Resolução que prevê a troca do aparelho analógico pelo inteligente está em consulta pública. Para a Aneel, novo equipamento permitirá maior controle de gasto; mudança deverá ocorrer a partir de 2012.
O governo quer adotar em todos os imóveis residenciais do país o medidor eletrônico de energia, que permite controle mais eficiente de gastos e operações remotas.
Isso significa que verificações e desligamentos podem ser realizados sem a visita de um técnico.
A resolução que determina a troca do medidor analógico pelo inteligente está em consulta pública até dezembro.
Uma vez aprovada, as distribuidoras terão 18 meses para adotar o novo padrão em trocas de equipamentos quebrados e novas ligações.
Segundo Hugo Lamin, especialista em regulação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a resolução deve ser aprovada no primeiro trimestre de 2011. Os novos medidores deverão, portanto, ser instalados em 2012.
Há a intenção, num segundo momento, de substituir todos os 63 milhões de medidores do país, quebrados ou não. Não há data definida para essa etapa.
Atualmente, 7,4% dos medidores são eletrônicos, e dentro desse pequeno universo poucos têm todos os recursos exigidos pela agência.
"Esse é o primeiro passo para a rede elétrica inteligente no país", disse André Pepitone, diretor da Aneel.
O modelo de rede inteligente, ou "smart grid", no inglês, está disseminado nos EUA, no Canadá, na Austrália, na África do Sul, no México e em países da Europa.
Pela proposta em consulta pública, o novo medidor deverá atender requisitos mínimos, como a possibilidade de mostrar o nível de consumo em cada horário do dia.
HORÁRIO DE PICO — A troca de medidores prepara o sistema elétrico para mudanças profundas, como a adoção de quatro tarifas diferenciadas ao longo do dia.
A energia teria um preço mais elevado em horário de pico, que hoje vai das 19h às 22h, e custaria menos quando a demanda cai. A intenção do governo é diminuir perdas de energia e reduzir horários de pico, que exigem muito da estrutura de transmissão.
O esquema também pretende tornar mais eficientes as cobranças e dar mais opções ao consumidor, que poderá diagnosticar em que horas gasta mais e desligar temporariamente o fornecimento de energia em períodos de férias, por exemplo.
O prazo de 18 meses previsto pela Aneel será para adaptação das distribuidoras e das empresas fabricantes. Há nove delas no Brasil, segundo Hugo Lamin, técnico da Aneel, e nenhuma fabrica o modelo com as exigências definidas pela agência.
O filão que surge já chama a atenção de empresas que trabalham com redes inteligentes. Para Carlos Ramon, gerente geral de novos negócios da americana Silver Spring, em cinco anos o modelo elétrico brasileiro estará completamente mudado.
Os custos da mudança serão bancados pelas distribuidoras e repassados às tarifas. A Aneel diz que os ganhos com a modernização também serão repassados. (Folha)

Falta de mão de obra é risco de execução à construção

O aquecimento da economia doméstica, que fez a indústria imobiliária saltar e recuperar anos de atraso, fez o próprio setor de construção civil de vítima.

De um lado, o setor comemora números recordes de vendas e lançamentos, volumes robustos de crédito imobiliário sendo liberados e programas habitacionais para garantir à parcela menos favorecida da população a possibilidade de ter uma casa própria.

Em sentido oposto, a indústria da construção sofre as consequências do forte ritmo de produção resultando em escassez de terrenos e, consequentemente, pressão nos preços dos imóveis, além de receios de possível esgotamento dos recursos da poupança para financiar a habitação em cerca de dois ou três anos.

O ponto mais crítico, contudo, gira em torno da falta de mão de obra qualificada, apontada por representantes do ramo imobiliário como principal entrave ao desenvolvimento do setor.

As ousadas metas de lançamentos traçadas pelas principais construtoras do país, somadas a obras simultâneas do programa "Minha Casa, Minha Vida", do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, tornam o cenário ainda mais preocupante.

"A mão de obra será o gargalo da economia nacional em um futuro próximo, não só na construção, mas para a economia como um todo... E essa questão não se resolve no curto prazo", disse o presidente do Sindicato da Construção (SindusCon-SP), Sergio Watanabe.

Apesar de crítica, a situação do emprego na construção vem avançando e acompanha os baixos níveis apurados pelo IBGE para o mercado de trabalho nacional. Em agosto, a taxa de desocupados no país era de apenas 6,7 por cento.

No caso da construção civil foram criados 1,1 milhão de postos de trabalho nos últimos cinco anos, crescimento de 1 por cento ao mês, resultando em um estoque da ordem de 2,75 milhões de profissionais com carteira assinada, segundo dados do SindusCon e da Fundação Getulio Vargas (FGV).

"Ainda assim, a produtividade do setor diminuiu nos últimos cinco anos", afirmou Watanabe.

Embora o setor registre grande falta de engenheiros e profissionais de área técnica, a queda na produtividade é decorrente de problemas na base, nos canteiros de obras.

Entre os profissionais mais demandados estão pedreiros, carpinteiros, eletricistas e, mais recentemente, bloqueiros, fundamentais para construções de moradias populares.

Para o professor da FGV Fernando Garcia, o fato de a indústria e do comércio oferecerem possibilidade de carreira mais competitivas indica um cenário ainda mais preocupante no longo prazo, exigindo do setor de construção meios de torná-lo mais atrativo.

"Nos próximos 12 anos teremos uma situação preocupante. A tendência é que nesse ciclo de crescimento com os eventos da Copa do Mundo, Olimpíadas e pré-sal, a demanda por de mão de obra aumente ainda mais", comentou.

RISCO DE EXECUÇÃO — Sob a perspectiva traçada, as principais empresas do setor imobiliário podem encontrar pela frente um risco de execução para cumprir as metas de lançamentos previstas para os próximos anos, na visão de analistas que as acompanham.

Se consideradas as duas maiores construtoras e incorporadoras do país, PDG Realty e Cyrela Brazil Realty, a previsão de lançamentos de imóveis deve avançar de 15,2 bilhões de reais este ano para mais de 18 bilhões de reais em 2011.

"O risco de execução é a principal variável que tem de ser acompanhada no setor, para entregar obras no prazo e com qualidade. É uma restrição que o setor sempre vai ter", disse o analista David Lawant, do Itaú.

Com o objetivo de se munir contra esse risco, as principais construtoras e incorporadoras do país passaram a buscar mão de obra em diferentes Estados e vêm investindo em treinamento.

Mas, segundo agentes de mercado, a diversidade de atuação é que pode fazer a diferença. Nesse sentido, companhias expostas a plataformas mais diversificadas, tanto em termos de renda quanto de distribuição geográfica, ganham destaque.

"Quanto mais diversificada e integrada a empresa, melhor. Se atuar em todos segmentos e tiver menos banco de terrenos concentrado, é mais fácil passar por esse tipo de crise", ressaltou o analista Eduardo Silveira, da Fator, que destaca Gafisa e Rossi Residencial como as mais bem posicionadas em diversificação. (O Globo)