quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Brasil tem juros mais altos do mundo mas patrimônio do FGTS continua a ser dilapidado com rendimento de apenas 3,62%

FGTS tem pior rendimento pelo segundo ano seguido

Somente neste ano, contas dos trabalhadores estão perdendo R$ 15,36 bi. Rendimento será de 3,62%, ante IPCA de 5,63%; nos oito anos do governo Lula, perda total supera R$ 71 bi.
Pelo segundo ano consecutivo, os trabalhadores com registro em carteira terão pesadas perdas em suas contas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Neste ano, o rendimento das contas será de apenas 3,62% -o menor rendimento desde que o fundo foi criado, em 1966-, ante inflação de 5,63% pelo IPCA (índice usado na meta de inflação).
No ano passado, as contas do FGTS renderam 3,90%, ante inflação de 4,22% pelo mesmo índice. Para os dois cálculos, consideram-se os créditos feitos nas contas nos dias 10 de janeiro a 10 de dezembro de cada ano -nesse caso, o comparativo é com a inflação de dezembro de um ano a novembro do seguinte.
Assim, amanhã as contas do FGTS receberão crédito de apenas 0,2803% (referente aos juros de 0,246627% mais a TR de 0,0336%), ante o IPCA de 0,83% de novembro.
Segundo cálculos da ONG Instituto FGTS Fácil, somente amanhã os trabalhadores perderão R$ 2,4 bilhões. Esse dinheiro deixará de ser creditado nas contas pela diferença entre a inflação de 0,83% e a TR de 0,0336%.
Neste ano, as perdas serão de R$ 15,36 bilhões -diferença entre a inflação de 5,63% e a TR de 0,6009%. Nos oito anos do governo Lula, as perdas somam R$ 71,1 bilhões.
O governo usa como argumento que está seguindo a lei e que as contas rendem mais de 3% pois considera, nesse cálculo, o juro anual. Mas os juros de 3% não deveriam ser levados em consideração no comparativo com a inflação porque se trata de uma remuneração, como se o fundo fosse um investimento.
A forma atual de remuneração do FGTS é tão ruim para o trabalhador que a poupança -a mais popular das aplicações no país- rende 6,17% ao ano (o juro de 0,5% ao mês é cumulativo).
Segundo Mario Avelino, presidente do Instituto FGTS Fácil, uma forma de minimizar esse problema seria a aprovação do projeto de lei do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) que tramita no Senado desde 2008. Ele prevê a troca da TR pelo IPCA.
O relator, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), propõe a troca da TR pelo INPC e a volta dos juros progressivos de 3% a 6%. "Entre março e junho deste ano, o projeto foi pautado nove vezes -e em todas não foi votado por falta de quorum", diz Avelino. (Folha)

Copom mantém taxa Selic em 10,75% ao ano

Comunicado manteve aberta possibilidade de alta dos juros logo no início de 2011.

Na última reunião do governo Lula e de Henrique Meirelles na presidência do Banco Central, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve hoje o juro básico da economia em 10,75% ao ano. Mesmo com a crescente pressão inflacionária, a taxa Selic terminará o ano no mesmo patamar visto desde junho. Por enquanto, o BC entende que é preciso esperar o efeito das recentes medidas de aperto do crédito para avaliar eventual mudança na política de juros. Comunicado divulgado após a reunião mantém aberta a possibilidade de que o governo de Dilma Rousseff pode começar a subir o juro logo no início de 2011.

"Prevaleceu o entendimento entre os membros do Comitê de que será necessário tempo adicional para melhor aferir os efeitos dessas iniciativas sobre as condições monetárias", cita o texto divulgado após o encontro, ao se referir às medidas anunciadas sexta-feira. "Nesse sentido, o Comitê entendeu não ser oportuno reavaliar a estratégia de política monetária nesta reunião", explica o BC.

Existiam motivos para a alta do juro, mas o BC optou por esperar mais algumas semanas para iniciar o processo de aperto monetário em 2011, no início do governo Dilma Rousseff. Um dos principais argumentos para manter a Selic é que os alimentos, que têm exercido papel importante nos aumentos, sobem por fatores sazonais como safra e clima. Essa alta, argumenta o BC, não pode ser combatida com juros.

Apesar desse discurso tranquilizador, há movimentos mais preocupantes que têm entrado no radar do Copom, como a elevação do chamado núcleo da inflação - preços que têm maior peso no cálculo dos índices - e os reajustes nos serviços. Isso, inclusive, foi um dos motivos para as medidas prudenciais no crédito na semana passada. Nos últimos 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 5,63%. O patamar está perigosamente caminhando para próximo do limite máximo do regime de metas, que é 6,5%.

"Havia fortes argumentos para subir o juro, mas o BC ganhou tempo com a decisão anunciada na semana passada que restringe a oferta de crédito e aumenta o recolhimento compulsório dos bancos, o que vai no mesmo sentido de um aumento de juro", diz o economista-sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano.

O economista aposta em aumento da Selic já na primeira reunião de Alexandre Tombini na direção do BC, em janeiro. "Vai ser positivo para o novo presidente Tombini que vai reforçar sua credibilidade ao fazer, logo no início de sua gestão, o que precisa ser feito para segurar a inflação". Serrano concorda com a aposta predominante do mercado, que prevê aumento da Selic de 1,50 ponto porcentual no primeiro ano do governo Dilma. Assim, a taxa subiria para 12,25%. Seriam três altas de 0,50 ponto nas reuniões de janeiro, março e abril.

A reunião encerrada hoje foi presidida por Henrique Meirelles, mas Tombini participou ainda como diretor de Normas. A partir de janeiro, com a saída do atual presidente do cargo, o economista gaúcho passará a comandar as reuniões do Copom. (Estado)

O PACOTE DE MEDIDAS PREPARADO EM CANCÚN
AÇÕES FUTURAS (VISÃO COMPARTILHADA)

- Os países reconhecem que o aquecimento global é inequívoco

- As nações devem cooperar para estabilizar as concentrações de CO2 na atmosfera "bem abaixo" das 350 partes por milhão
ADAPTAÇÃO
- Países desenvolvidos deverão financiar as ações de adaptação em países em desenvolvimento
- Os países podem estabelecer um Comitê de Adaptação para implementar ações nesse sentido, ou podem simplesmente continuar pensando no assunto
MITIGAÇÃO
- O ano-base para as reduções de emissão pelos países ricos será 1990, e não 2005, como queriam os EUA
- Não há consenso sobre a produção de um acordo legalmente vinculante que inclua os EUA e os países em desenvolvimento
- Não há o reconhecimento formal do "buraco" de 5 bilhões de toneladas de CO2 nas ações hoje propostas (Estado)

Governo incluirá meta de emprego na política industrial
Projeto para a gestão Dilma deverá exigir contrapartidas de cada setor beneficiado.
Depois do fracasso da primeira política industrial, lançada em 2008 pouco antes de estourar a crise financeira, o governo Dilma Rousseff deverá ter uma nova PDP (Política de Desenvolvimento Produtivo).
A informação partiu ontem do ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, que está se despedindo do cargo. Segundo ele, o ministério está discutindo o projeto a ser entregue ao seu sucessor.
O ministro fez um mea culpa de um dos erros na elaboração da primeira política industrial: a falta de contrapartidas dos setores que receberam desonerações tributárias.
"Houve um erro do governo nisso. Tem que ter contrapartidas para desonerações tributárias", afirmou,.
Segundo ele, as exigências de metas de empregos, preços e investimentos em inovação serão incluídas no novo programa.
"As principais medidas de desoneração tributária adotadas pelo governo foram medidas anticrise, mas nenhuma contrapartida foi exigida das empresas beneficiadas", afirmou.
De acordo com Jorge, os principais setores beneficiados serão os que geram mais empregos, o de infraestrutura e máquinas e equipamentos. Esse último para estimular investimentos.
O ministro admitiu que a nova política industrial será analisada e discutida pelo próximo a assumir a pasta -o mais cotado para o cargo é Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte e amigo pessoal de Dilma.
Jorge lembrou que a presidente eleita era uma entusiasta do assunto quando ocupava a Casa Civil.
DESINDUSTRIALIZAÇÃO — Jorge disse discordar de um documento interno do ministério que alerta para os riscos de desindustrialização. Ele disse que alguns setores estão sofrendo com a crise e o real valorizado, mas não é uma situação generalizada.
"É possível que alguns setores desapareçam. Isso é natural em um processo de abertura comercial", disse, acrescentando que o câmbio gera distorções no comércio mundial. (Folha)

Aviação — Aeroviários fazem manifestação em aeroportos do Rio de Janeiro por reajuste salarial

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Aeroviários fizeram uma manifestação nesta quarta-feira na Avenida Vinte de Janeiro, no acesso ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, como parte da campanha pelo reajuste salarial da categoria. O protesto, que começou no início da manhã, se estendeu por algumas horas. Segundo o Sindicato Nacional dos Aeroviários, que organiza a manifestação, o tempo seria suficiente para provocar atrasos nos voos das principais companhias aéreas, mas o movimento de pousos e decolagens seguia normalmente nesta quarta-feira nos principais aeroportos do país, segundo o site da Infraero.

Pela manhã, na Avenida Vinte de Janeiro, houve tumulto entre os manifestantes e policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar. Ao tentar parar um ônibus, um manifestante se jogou na frente do coletivo no asfalto e foi arrastado pelos policiais. Houve confusão e os agentes do Batalhão de Choque usaram gás de pimenta para dispersar o grupo. Após o tumulto, as duas pistas da Estrada do Galeão foram liberadas, mas cerca de 300 manifestantes permaneceram concentrados no local e ameaçavam fechar a via. Mais tarde, os aeroviários em greve seguiram em passeata em direção ao Aeroporto Internacional Tom Jobim. O grupo ocupou a faixa esquerda da pista, no sentido aeroporto, provocando retenções no trecho.

À tarde, os profissionais da categoria se reúnem para saber se as reivindicações serão atendidas. Os aeroviários pedem aumento de 15% sobre o salário base e 30% sobre os pisos salariais de agentes de check-in e operadores de equipamentos. Caso não haja acordo, os aeroviários planejam fazer uma paralisação nacional no Natal.

Na semana passada, aeronautas e aeroviários fizeram uma operação de "não colaboração" nos aeroportos, para pressionar as companhias aéreas por reajuste salarial. A operação padrão, segundo os sindicatos das categorias, consistia em seguir à risca às regras aeroportuárias, sem tomar medidas para agilizar as operações. (O Globo)