segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

UGT e demais centrais continuam firmes na luta para que o governo Dilma faça a correção da tabela do Imposto de Renda

Governo subtrai salários sem atualização automática da tabela do IR

Por Marcos Afonso de Oliveira, secretário nacional de comunicação da UGT

Nós, trabalhadores, temos o hábito de dar nomes aos bois. O que para o governo se traduz em manipulação da informação em torno da não correção da tabela do Imposto de Renda para nós é claro: estão enfiando a mão no bolso da classe trabalhadora brasileira. E olha que a reivindicação da UGT e demais centrais para a correção da tabela se refere ao ano base de 2010. Ainda nem começamos adiscutir a defasagem de mais de 70% dos dezesseis anos dos governos FHC e Lula. Mas não vamos aceitar tungarem nossos salários. Neste mês de Janeiro já temos companheiros que nunca pagaram imposto de renda que já receberam o desconto. Uma situação que nos constrange pois enquanto os vários ministros e a própria presidenta, eleita com os votos dos trabalhadores, mudam de assunto e tentam minimizar a situação, para nós trabalhadores e trabalhadoras é perda de renda, resultado de uma subtração direta dos nossos salários e jogando por terra todos os ganhos salariais que conquistamos em 2010 ainda sob o governo Lula.

Leia o clipping do dia, por favor:

Especialistas cobram do governo correção da tabela do Imposto de Renda

A discussão sobre o novo valor da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IR) ganhou força semana passada com a primeira reunião entre o governo e as centrais sindicais para negociar o reajuste do salário mínimo e uma correção na tabela do IR. Não houve acordo e uma nova reunião foi marcada para a próxima quarta-feira (2).
A proposta apresentada pelo secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, foi de R$ 545 para o mínimo e mais 80% do índice de reajuste do mínimo para o aumento dos aposentados. As centrais reivindicam um salário mínimo de R$ 580, além dos 10% de reajuste para os aposentados e mais a correção da inflação na tabela do IR.
No entanto, na última quarta-feira (26), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou qualquer tipo de estudo para corrigir a tabela do Imposto de Renda Pessoa Física.
O especialista em finanças públicas e professor da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Pscitelli, disse que o pedido de correção da tabela de IR pedida pelos sindicatos está correto. “Se você não tem aumento real de salário, perde para a inflação. O Fisco abarca uma parcela daquilo que você não pagava de imposto. É paradoxal e tão absurdo, não é possível que no Brasil a gente ainda não tenha institucionalizado a correção da tabela”.
Para o professor o congelamento da tabela do IR aumenta a tributação sobre os mais fracos. Ele disse que não basta apenas aumentar o salário mínimo, é preciso corrigir a tabela do IR para evitar que a tributação absorva o reajuste concedido.
Segundo o advogado tributário Paulo Siqueira, a correção da tabela de IR é uma obrigação do Estado e cabe ao Congresso Nacional e à sociedade civil organizada pressionar o governo. “É preciso corrigir os valores básicos. Se aquele valor fica sem a devida correção os salários aumentam, mas o poder aquisitivo continua o mesmo. É indispensável que isso ocorra”.
Siqueira defende a necessidade de criar uma regra para a correção da tabela de IR. “[O aumento da tributação e o congelamento da tabela] São caracterizados como ato de confisco, porque está se atingindo uma faixa de contribuintes que não podem pagar a quantidade de impostos cobrados”. (Agência Brasil)

Dilma diz que acordo é para mínimo de R$ 545
Petista endurece discurso com sindicalistas, que cobram piso salarial de R$ 580. Presidente diz que negociação do salário não acontecerá atrelada à correção da tabela do Imposto de Renda.
A presidente Dilma Rousseff endureceu ontem a posição do governo na negociação do novo valor do salário mínimo ao afirmar que a oferta mantida pelo Planalto é de R$ 545. As centrais sindicais cobram R$ 580.
A presidente falou ontem com a imprensa pela primeira vez sobre o tema.
Segundo ela, "não é correta" a tentativa de colocar na mesa de negociações um possível reajuste na tabela do Imposto de Renda na fonte.
"Não achamos correto a discussão simultânea da questão da tabela e do salário mínimo. Uma coisa não tem nada a ver com a outra", disse, em Porto Alegre, na linha do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral).
Ontem, após a fala de Dilma, as centrais sindicais reagiram. A Força, por exemplo, disse que atuará contra o "jogo duro" do Planalto.
Dilma optou por uma posição de endurecimento depois que integrantes do governo admitiram que o Planalto poderia ceder e chegar a oferecer R$ 550 para o mínimo, combinado a um reajuste na tabela do IR.
A estratégia do governo era deixar o início das negociações para o Congresso, iniciando as conversas com o valor de R$ 545, mas aceitando elevar para R$ 550 desde que o aumento real fosse descontado daquilo que será concedido em 2012.
O temor do governo é concordar oficialmente desde já com o valor do mínimo de R$ 550, reduzindo margem para fazer uma eventual concessão política mais à frente aos sindicalistas no Congresso, que precisa aprovar a medida provisória sobre o tema.
Agora, Dilma quer primeiro centrar as negociações na regra de aumento do mínimo, que prevê o reajuste pela variação do PIB de dois anos antes, mais a inflação.
Por essa regra, o mínimo em 2011 não teria reajuste real, sendo corrigido apenas pela inflação de 6,46% de 2010 -passaria de R$ 510 para R$ 543, mas Dilma já decidiu arredondar para R$ 545.
"O que queremos saber é se as centrais querem ou não a manutenção do acordo [feito durante o governo Lula] pelo período do nosso governo", disse a presidente.
"Se [as centrais] querem, o que nós propomos para esse ano é R$ 545", completou.
O governo já vem pagando R$ 540, valor reajustado no final do governo Lula, porque o valor foi reajustado inicialmente por uma previsão de inflação de 5,88%.
"Nós temos clareza da importância desse acordo [...] porque, no passado, não se dava sequer a inflação", declarou a presidente.
ESTRATÉGIAS — Segundo assessores, o governo quer que as centrais cedam nas negociações do mínimo para facilitar discussões com o governo em outras áreas de interesse.
Em relação à tabela do IR, Dilma afirmou que o governo não quer definir reajuste que represente uma indexação automática. E fez críticas à ideia de repor perdas da inflação por meio do índice.
"Jamais damos indexação inflacionária, por isso não concordamos com o que saiu nos jornais que o reajuste, se houvesse, da tabela do IR, fosse feita pela inflação passada", disse ela.
Dilma disse ainda que as negociações com as centrais estão "apenas começando" e que novos encontros entre governo e as centrais irão ocorrer. Ela quer deixar a definição do tema para depois do início do ano legislativo, em fevereiro. (Folha)

Sindicalistas reagem à declaração de Mantega que descartou corrigir tabela do IR

Os representantes das centrais sindicais reagiram à declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que descartou nesta quinta-feira qualquer tipo de estudo para corrigir a tabela do Imposto de Renda Pessoa Física. De acordo com o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, o ministro não está sincronizado com o governo.

“O Guido Mantega não participou da reunião e está fazendo comentários diferentes do resto do governo. Ele está colocando uma situação extemporânea e ultrapassada. Ontem, ficou claro que vamos conseguir a correção. O governo já sinalizou isso. O que vamos negociar agora é o salário mínimo. Vamos continuar insistindo, mas se não tiver sucesso vamos para o legislativo”, afirmou Patah à Agência Brasil.

Na última quarta, na primeira reunião entre o governo e as centrais sindicais para negociar o reajuste do salário mínimo e uma correção na tabela do Imposto de Renda. Não houve acordo e uma nova reunião foi marcada para a próxima quarta.

A proposta apresentada pelo secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, foi de R$ 545 para o mínimo e mais 80% do índice de reajuste do mínimo para o aumento dos aposentados. As centrais reivindicam um salário mínimo de R$ 580, além dos 10% de reajuste para os aposentados e mais a correção da inflação na tabela do Imposto de Renda.

O presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, disse, em nota, que a não correção da tabela do Imposto de Renda seria crime de apropriação indébita dos recursos dos trabalhadores (apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção). “Ainda que insuficiente para corrigir a imensa injustiça da estrutura tributária brasileira, pela qual quem ganha menos paga mais, a correção da tabela do imposto de renda é absolutamente indispensável”, diz a nota.

A declaração que será enviada este ano será a última com os benefícios fiscais da correção da tabela progressiva mensal estabelecida pela Medida Provisória (MP) 340. Editada em 2006, a MP corrigiu parte das perdas de renda dos trabalhadores com a inflação.

De 2008 (ano-calendário 2007) até agora, a tabela vinha sendo corrigida em 4,5%. Mas, para 2012 (ano-calendário 2011), não há previsão de mudanças, porque a Lei 11.945 estabeleceu a última tabela a ser usada nas declarações seguintes. Uma nova mudança a partir de agora, com novas correções, dependerá de nova lei.

O presidente da Força Sindical e deputado do PTB, Paulinho da Força, foi procurado para falar sobre o assunto, mas não retornou os telefonemas. (Agencia Brasil)

Projeto discute uso do FGTS em dívidas
Câmara analisa proposta para que trabalhador possa resgatar até 40% do saldo do fundo para pagar débitos. Antes de seguir para Senado, texto ainda precisa ser apreciado em três comissões da Câmara dos Deputados.
Com dívida de R$ 6.000, Henrique Amaral Silva, 29, operador de telemarketing, está com o nome no cadastro de inadimplentes da Serasa desde 2002.
Nessa época, o valor do débito -que inclui o financiamento do carro e boletos de crediário- era maior: cerca de R$ 9.000. De lá para cá, Silva reduziu o total devido em um terço. Mas, com o salário de R$ 700 por mês, não consegue avançar mais.
"Já tentei negociar parte das dívidas, mas o valor das parcelas fica muito alto", diz.
Silva acredita que a liberação do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para o pagamento de dívidas, se aprovada, vai ajudar a reverter a situação.
"Tenho cerca de R$ 15 mil no fundo. Seria ótimo poder usar esse dinheiro, que é meu, para pagar as dívidas. Com o nome sujo, não consigo fazer quase nada. Quero entrar em um financiamento para comprar minha casa e não posso", diz.
Está em análise, na Câmara dos Deputados, uma proposta que permite o uso do FGTS para quitação ou amortização de dívidas.
O projeto de lei, apresentado no final do ano passado pelo deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), propõe que os trabalhadores com pelo menos 30% da renda bruta comprometida com o pagamento de empréstimos possam resgatar até 40% do saldo FGTS.
Para isso, os devedores têm que estar com o nome em cadastro negativo de crédito há pelo menos seis meses.
E, para evitar desvios de finalidade, o projeto prevê que os recursos, depois de liberados, sejam transferidos diretamente aos credores.
LEI ATUAL — Pela legislação atual, o FGTS pode ser utilizado na compra da moradia, em caso de doença grave ou de desastres naturais.
Além disso, pode ser sacado se o contribuinte for demitido sem justa causa ou se aposentar.
Paulo Bornhausen argumenta que o fundo é "patrimônio do trabalhador".
"A remuneração do FGTS tem estado abaixo da inflação, configurando-se em fonte extremamente barata de recursos para que o governo execute seus programas, enquanto as dívidas de muitos dos titulares do fundo não raro ultrapassam a inflação em mais de 150% ao ano", diz.
SEGURANÇA — O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) é contra o projeto.
O argumento da instituição é que o FGTS é um "fundo de garantia do trabalhador" e que não deveria ser usado para o pagamento de dívidas "no valor imposto pelo banco, com altos juros".
Já a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) vê a proposta "com bons olhos", mas também destaca a necessidade de intervenção do governo para evitar "juros abusivos".
"É preciso haver uma regulamentação para exigir do credor que retire os juros para que o consumidor pague apenas o valor principal da dívida. Isso já seria positivo, pois faria com que o credor recebesse de volta um dinheiro parado e reabilitasse o cliente para novas compras", diz Roque Pellizzaro Junior, presidente da CNDL.
O texto do projeto ainda pode ser totalmente modificado, pois precisa passar pelas comissões de Trabalho, Finanças e de Constituição e Justiça, antes de seguir para o Senado.
O Ministério do Trabalho diz que não dá opinião sobre o mérito de projetos em andamento no Congresso. (Folha)

Militares egípcios mostram força e fecham cerco contra manifestantes

Caças da Força Aérea fazem voos rasantes sobre a Praça Tahrir, ampliando ainda mais a tensão no país, enquanto Mubarak dá sinais de que não pretende ceder às exigências de renúncia.

A queda de braço entre manifestantes que exigem a renúncia do presidente do Egito, Hosni Mubarak, e as Forças Armadas do país se tornou mais tensa no domingo, com a aparente disposição dos militares de apertar as medidas para contar os protestos. Jornais independentes já falam em 150 mortos, mais de 1,6 mil detidos, cerca de 100 desaparecidos e a formação de milícias por toda a cidade do Cairo, diante do caos generalizado.

No começo da madrugada desta segunda, as trocas de tiros se intensificaram pela cidade. Pouco após, a 0h30, fortes explosões eram ouvidas. Segundo as autoridades, houve um confronto na região leste do Cairo, entre detentos fugidos do sistema prisional e a polícia. O conflito durou pouco mais de uma hora.

Na Praça Tahrir, epicentro da crise, manifestantes desafiaram o toque de recolher neste domingo e permaneceram no local pelo sexto dia consecutivo. Durante o dia, caças da Força Aérea faziam voos rasantes, buscando um efeito psicológico nos ativistas.

O presidente não deu nenhum sinal de ceder ou de estar pensando em deixar o poder. "O que vemos nas ruas é o fim da legitimidade do governo Mubarak", afirmou ao Estado Mahmoud Abazzo, presidente do principal partido de oposição, El Wafd. Para ele, o perigo é de que, a partir de agora, a violência no Cairo saia do controle tanto dos manifestantes como do governo. "O futuro do Egito continua em suspense e nosso temor é de que haja um grande banho de sangue."

Para a população, a nomeação de um vice-presidente e de um primeiro-ministro, ambos das bases militares do governo, mostrou que Mubarak não pensa em sair do poder, mas apenas acomodar os militares dentro da estrutura do governo e garantir a aliança com os generais. Nas ruas de algumas cidades, porém, alguns militares já eram vistos ontem abandonando seus tanques dizendo que não cumpririam ordens de reprimir a população.

Entre os manifestantes, a ordem era resistir. "Não sairemos daqui", dizia Abdel Nabi, estudante de medicina. "Já disse aos meus pais que só volto à minha casa quando o Egito for um país livre," Tanto ele como outros ativistas afirmaram que, se no início dos protestos, o sentimento era de otimismo, neste domingo, ele havia se transformado em tensão e medo. "Só esperamos que a Praça Tahrir não se transforme em uma nova Praça da Paz Celestial", disse, em referência ao massacre de 1989 na China.

Do lado do governo, a ordem foi mostrar força total. Com os rasantes sobre o Cairo no início do toque de recolher, às 16 horas locais (meio-dia de Brasília), o regime enviava um sinal claro: o governo ainda tinha o poder nas mãos. Carros incendiados, lojas destruídas e dezenas de tanques transformaram a capital egípcia numa zona de guerra.

O caos no Cairo não é apenas político. Por mais um dia, a polícia desapareceu das ruas, o que obrigou bairros inteiros a formar milícias para defender-se de criminosos. Amigos, parentes e vizinhos passaram a noite em guarda, armados com facas de cozinha e barras de metal para evitar saques. Só neste domingo, 450 pessoas foram presas tentando roubar casas e comércios. Os partidos de oposição, porém, acusam o governo de estar por trás dos saques e do caos. "Mubarak está semeando a insegurança para mostrar que não sabemos viver sem ele", disse Abazzo. Ele também acusou o governo de ter aberto as portas de três prisões de segurança máxima do país, libertando 3 mil detentos e causando conflitos entre gangues.

A guerra de informação também se intensificou. Neste domingo, a emissora Al-Jazira foi tirada do ar pelo governo, depois de difundir imagens da repressão policial. Na TV estatal, as únicas imagens vistas pelos egípcios ontem eram de flagrantes de saques.

Nada disso parecia tirar a vontade dos manifestantes de continuar os protestos. Na noite deste domingo, Ahmed, de 31 anos, já havia montado u sua barraca na praça central. Ao lado, fez uma fogueira para enfrentar o frio da madrugada. A poucos metros dali, um grupo chegou a trazer instrumentos para não deixar ninguém dormir durante a noite.

A sobrevivência de Mubarak tem sido relacionada à continuidade do apoio americano. "Obama precisa entender que, se continuar com essa política perderá credibilidade diante da população de todo o Oriente Médio", afirmou Mohamed ElBaradei, um dos principais líderes da oposição no país, que ontem deixou sua casa e foi à Praça Tahrir para dirigir-se aos manifestantes.

Em Alexandria, bandeiras americanas foram queimadas e a população insistia que as bombas de gás lacrimogêneo eram fabricadas pelos EUA. "Essa guerra só terá uma solução quando a Casa Branca disser a quem apoia", afirmou Hussam el-Khouri, presidente do Partido Jovem do Egito.

AS CHAVES DA CRISE
Origem ­—
Questões econômicas estão na gênese dos protestos no Egito. A crise mundial reduziu a receita da indústria do turismo intensificando o processo de empobrecimento da população e a queda de popularidade do regime. Temas sociais e políticos, como a falta de liberdades individuais e a corrupção generalizada, somaram-se às demandas dos manifestantes após o relativo sucesso das manifestações na Tunísia - cujos resultados foram disseminados pelas redes sociais na internet.

Liderança — Quase todos os analistas descreveram as manifestações iniciais como espontâneas, convocadas por grupos de jovens estudantes por meio de sites como o Facebook e o Twitter. Pelo menos nos primeiros dias de protestos, os manifestantes resistiram a aceitar a liderança de partidos políticos organizados. Embora o opositor Mohamed ElBaradei tenha voltado ao país e despontado como nome natural para chefiar um governo de transição, ele não é visto como líder do movimento.

Militares — O Exército egípcio, laico e um dos dez maiores do mundo, é visto como garantia de contenção dos fundamentalistas islâmicos, congregados principalmente na Irmandade Muçulmana. Na atual crise, há dúvidas sobre até que ponto as Forças Armadas manterão a lealdade a Mubarak. Há relatos, em algumas cidades do Egito, da adesão de alguns soldados e policiais ao movimento antigoverno.

Reação — Mubarak decretou seguidos toques de recolher - desafiados pelos manifestantes -, ampliou a presença de militares nas ruas e interrompeu serviços de comunicação como os de telefonia celular e internet. No domingo, ordenou a retirada do ar da emissora de TV do Catar Al-Jazira. O ditador dissolveu na sexta-feira seu gabinete de ministros e prometeu a formação de um novo governo. No dia seguinte, nomeou vice-presidente o chefe do serviço militar de inteligência, o linha-dura Omar Suleiman.

Diplomacia — O Egito é uma das mais importantes peças do xadrez geopolítico do Oriente Médio. Signatário desde 1979 de um acordo de paz com Israel, patrocinou ensaios de aproximação entre Israel e Síria e participou ativamente de negociações entre israelenses e palestinos.

Relações com os EUA — Numa região dominada pelo sentimento anti-EUA, Mubarak tem sido útil na contenção dos radicais islâmicos - principais alvos da guerra contra o terror da Casa Branca. O Egito, de população árabe majoritariamente muçulmana sunita, é ainda um ator importante para limitar a influência do Irã, persa e xiita, na região do Golfo Pérsico. (Estado)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Apostar na Educação para aprimorar cidadania e ampliar exigências e eficiência na administração pública

Quanto o jeito errado de governar custa em luto, dor e prejuízo para uma Nação?

Por Ricardo Patah, presidente nacional da UGT

Um prefeito previdente. Um cidadão voluntarioso. Um carro velho com uma caixa acústica no teto. Foi o que bastou para salvar centenas de vidas na pequena cidade de Areal durante a tragédia que se abateu sobre a região serrana do Rio de Janeiro. No mesmo dia, satélites e radares, super, médios e microcomputadores, cobertura de rádio, TV e celular em 99,9% do território, não foram suficientes para os governos da União, do Estado e dos ricos municípios serranos evitassem pelo menos uma das centenas de mortes, dos milhares de desabrigados e dos bilhões em prejuízos que as as enchentes e deslizamentos provocaram.

Mesma chuva. Mesma topografia. Mesmos riscos. Em Areal, pobre e desaparelhada, ninguém morreu. Nas ricas e estruturadas Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, as mortes foram tantas que se fala na “maior tragédia climática da história do Brasil”. Onde reside a diferença? Arrisco supor que, além das causas naturais e técnicas exaustivamente expostas pelos especialistas e políticos nos noticiários da mídia, há algo mais profundo, mais entranhado nos vícios e vicissitudes da gestão da coisa pública no Brasil.

Investimentos em saneamento básico, com canos de esgoto enterrados, costumam ser relegados ao segundo plano por governantes que preferem fazer viadutos que “dão voto” por ficarem visíveis sobre a terra. O quê dizer então da prevenção dos impactos humanos e econômicos de catástrofes que podem acontecer com intervalos de 5, 10, 50 ou 100 anos? O que fará, por padrão, o governante brasileiro típico? Vai esperar a tragédia acontecer. Vai fazer de conta que age frente a grita geral imediata. Fará as promessas de ação e solução. Apresentará projetos milionários e mirabolantes. Virá o dia a dia. A memória da tragédia vai aos poucos se perdendo. Os investimentos ficarão pela metade. As poucas, e caras, estruturas que porventura forem criadas sucumbirão à falta de manutenção e de investimento contínuos. A tragédia seguinte inexoravelmente chegará e ceifará tantas ou mais vidas que a tragédia anterior. E o político governante de plantão culpará seus antecessores.

Assim é administrada, ou se faz de conta que se administra, a coisa pública no Brasil. Desde sempre. Indignar-se ante tal fato é o primeiro, e mais importante, passo para modificar essa realidade.

Consciência cidadã. Educação. Educação. E... Educação. Só ela dará ao povo brasileiro a capacidade de entender, compreender e se posicionar pela eliminação das mazelas que vez por outra uma chuva mais forte mostra o quanto o jeito errado de governar custa em luto, dor e prejuízo para uma Nação.

Rendimento médio do trabalhador é o maior desde 2003, indica IBGE

No ano, rendimento médio mensal habitual ficou em R$ 1.490,61. Resultado representa ganho de 3,8% sobre 2009 e de 19% sobre 2003.

Em 2010, o rendimento médio mensal habitual dos trabalhadores apresentou a maior média desde 2003, ficando em R$ 1.490,61, segundo apontou a Pesquisa Mensal de Emprego divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinrta-feira (27). O resultado do ano representa um ganho de 3,8% na comparação com 2009 e de 19% sobre 2003, conforme informou o levantamento.

Em dezembro do ano pasado, o salário médio ficou em R$ 1.515,10, registrando um recuo de 0,7% em relação a novembro e aumentou 5,9% sobre o mesmo período de 2009.

Em 2010, Porto Alegre registrou a menor taxa de desemprego entre as seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE. No ano, o índice ficou em 3%, a menor taxa da série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego, que teve início em 2002. No país, considerando as sete regiões, a desocupação encerrou 2010 em 5,3%.

Em seguida, aparece a região de Belo Horizonte, que registrou taxa de 4,3% em dezembro de 2010, também a mais baixa em oito anos, segundo levantamento do instituto. Ainda abaixo da média nacional está o Rio de Janeiro, cujo índice do ano anterior ficou em 4,9%, o mesmo registrado em novembro.

O desemprego em São Paulo registrou a mesma taxa que a brasileira, 5,3%. Acima da média ficaram Recife, cujo índice fechou em 6,9% e Salvador, com taxa de 8,4%. Embora mais altas, as taxas ainda são as mais baixas desde o início da série histórica.

No país — Com o resultado do último mês de 2010, a média da taxa de desemprego no ano ficou em 6,7%. De acordo com o IBGE, é a menor taxa média de 12 meses da série histórica e menor que a observada em 2009 (8,1%). Em 2003, a taxa média de desocupação era de 12,4%.

Em dezembro houve, segundo o IBGE, redução de 8% sobre novembro no contingente de desocupados (1,3 milhão) nessas regiões. Na comparação com um ano antes, a queda foi mais drástica, de 21,4%.

No ano de 2010, os desocupados somaram, em média, 1,6 milhão de pessoas, 15% a menos que em 2009 e 39% a menos que em 2003, de acordo com o Instituto.

A população ocupada em dezembro somou 22,5 milhões de pessoas, mesmo número de novembro, e cresceu 2,9% no confronto com dezembro de 2009.

Os dados da pesquisa apontam um total de 10,5 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado em dezembro, número estável em relação a novembro e 8,1% superior frente a dezembro de 2009. (G1)

Desemprego é o menor em 8 anos, mas inflação já corrói renda do trabalhador

Taxa anual de 2010 é de 6,7%, em dezembro foi de 5,3% ante 5,7% de novembro; renda média registrou queda de 0,7% em dezembro.

O ano de 2010 foi o melhor momento do mercado de trabalho brasileiro nos últimos oito anos, com o menor nível de desemprego desde 2003; e patamar recorde no número de empregados. Mas a alta da inflação no ano passado ajudou a corroer a renda do trabalhador, que mostrou queda em dezembro; e avanço tímido em 2010, contra ano anterior.

Segundo o IBGE, a taxa de desemprego recuou de 5,7% para 5,3% de novembro para dezembro, e terminou 2010 com média anual de 6,7%, bem abaixo da taxa de 8,1% apurada em 2009.

O número de pessoas ocupadas no mercado de trabalho foi de 22 milhões, o maior patamar da nova série da PME, iniciada em 2002 e cujos dados anuais começaram a ser apresentados em 2003. Além disso, o total de desempregados em 2010, de 1,6 milhão, foi o menor da série.

Mesmo com os dados positivos de dezembro e de 2010, o cenário brasileiro não aponta para um "pleno emprego" no mercado de trabalho, para o gerente da PME e economista do IBGE, Cimar Azeredo. Segundo ele, nem todas as taxas de desemprego entre as seis regiões metropolitanas estão mostrando o mesmo cenário.

No caso da região Metropolitana de Recife, por exemplo, a taxa de desemprego foi de 8,7% em 2010."É muito cedo para se falar em pleno emprego. Temos um País com diferenças regionais bastante precisas", afirmou o técnico .

Renda. Os dados positivos de emprego no mercado de trabalho não se refletiram, em igual magnitude, nos ganhos do trabalhador. Embora tenha subido 3,8% em 2010 contra 2009, a renda média caiu 0,7% em dezembro contra novembro. Isso porque a inflação deu um salto no ano passado, com alta de 5,91% no IPCA, ante 4,31% em 2009.

"A inflação, de certa forma, funciona como uma espécie de barreira ao crescimento do rendimento do trabalho", afirmou Azeredo.

O técnico do IBGE admitiu que, não fosse o cenário de inflação mais elevada em 2010, contra 2009, a renda do trabalhador poderia ter apresentado um avanço mais expressivo, no mesmo período de comparação. (Estado)

FMI vê deterioração ''brusca'' das contas fiscais do Brasil

Relatório do Fundo critica política fiscal muito relaxada, que obriga a elevar o juro para conter a inflação.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou ontem um relatório em que afirma que a deterioração nas contas fiscais do Brasil "é particularmente brusca" e vai impedir que se alcance a meta de superávit primário.

"Espera-se agora que o governo não alcance sua meta fiscal (superávit primário de 3% do Produto Interno Bruto) por ampla margem", diz a atualização do relatório Fiscal Monitor, que analisa dívidas e déficit global.

No documento, o governo brasileiro sofre críticas por manter uma política fiscal muito relaxada e, diante do excesso de gastos, ser obrigado a recorrer a uma política monetária mais rígida para manter a inflação sob controle, elevando a taxa básica de juros.

Na semana passada, diante da forte pressão inflacionária, o Banco Central elevou a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual, de 10,75% para 11,25%, interrompendo um período de seis meses de estabilidade.

Déficit. Apesar da maior arrecadação em muitos emergentes, o FMI afirma que receitas maiores foram, na maioria dos casos, usadas para financiar gastos maiores. "Em parte refletindo isso, os balanços fiscais em várias economias-chave (especialmente Brasil, China e Índia) foram mais fracos do que o projetado em novembro", diz o FMI.

Segundo o documento, a arrecadação superou as expectativas em muitos emergentes em 2010, refletindo principalmente um crescimento mais forte e preços mais altos das commodities e, em alguns casos, grandes ingressos extraordinários, como "a venda de concessões de petróleo no Brasil". Em 2010, R$ 32 bilhões associados à capitalização da Petrobrás foram contabilizados como receita da União.

No relatório, o Fundo também revisou para cima as projeções de déficit fiscal do País em relação ao relatório anterior, de novembro, com previsão de 3,1% do PIB neste ano e 3,2% em 2012.

A revisão das projeções para o déficit fiscal se deve principalmente a gastos comprometidos no segundo semestre do ano passado e ao fato de que certos ingressos de 2010 não se repetirão.

Fluxo de capitais. Uma das consequências de juros altos, como os adotados no Brasil, é a atração de fluxos de capital, que pode levar à valorização da moeda e, consequentemente, prejudicar a competitividade das exportações. "Nos mercados emergentes, a afluência de capitais e as condições expansivas de crédito correspondentes podem desencorajar a formação de reservas fiscais suficientes", diz o FMI.

O Fundo Monetário afirma que muitos mercados emergentes devem constituir reservas fiscais maiores, sobretudo diante das entradas de capital, do risco de superaquecimento da economia e da possibilidade de contágio dos países avançados. "Devem resistir às pressões de gastos e economizar os excedentes fiscais em sua totalidade", diz o relatório. (Estado)

Mantega nega que correção da tabela do IR esteja em pauta

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou ontem que esteja em estudo no governo a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). "Não está sendo estudado isso", disse Mantega, ao chegar ao ministério, depois de dez dias de férias.
A declaração de Mantega contraria afirmação do ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, dada na quarta-feira, de que a tabela do IRPF pode ser corrigida em 4,5%. A fala ocorreu após reunião com sindicalistas no Palácio do Planalto.
O governo se reuniu com lideranças das centrais sindicais para discutir tanto a questão da correção da tabela do IR do ano-calendário de 2011 quanto a salário mínimo. Carvalho, na ocasião, disse que a correção da tabela é o ponto mais passível de negociação.
Os sindicalistas pedem que a tabela seja corrigida em 6,46%, referente à inflação acumulada em 2010 medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Mas, segundo Carvalho, a tendência do governo é trabalhar com uma correção de 4,5%, referente ao centro da meta da inflação estipulada pelo governo. Sem a correção em 2011, a defasagem acumulada da tabela do IR pode chegar a 71,5%, segundo projeções. (DCI)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

UGT e demais centrais continuam na luta por mínimo de 580,00

Governo e centrais não chegam a acordo sobre salário mínimo

Planalto diz que não aceita conceder mais do que R$ 545, mas acena com correção do Imposto de Renda em 4,5%. Sindicalistas ainda defendem os R$ 580, mas admitem que o governo não deve aceitar mais de R$ 550.
O governo manteve posição fechada ontem, em reunião com as centrais sindicais, de um salário mínimo de R$ 545 em 2011, "sem espaço para demagogias", mas acenou com a tendência de corrigir a tabela do Imposto de Renda na Fonte em 4,5% -núcleo da meta de inflação.
A informação foi passada ontem à imprensa pelo ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), após o encontro de cerca de duas horas com os sindicalistas, no Palácio do Planalto, que terminou em impasse.
O índice do reajuste da tabela do Imposto de Renda é inferior à demanda das centrais -elas exigem 6,46%-, que representa a variação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) no ano passado.
Ao afirmar que "essa é a tendência" do governo sobre a correção da tabela, Carvalho ressaltou que o governo não vai vincular um eventual ajuste no imposto à negociação sobre o aumento do salário mínimo. "O governo nunca falou em trocar uma coisa pela outra", disse.
Neste ponto, o governo manteve a proposta de R$ 545, mas deixou indicado, segundo representantes das centrais, que o Congresso poderá ser o fórum para a discussão do valor final.
A proposta a ser enviada pelo governo ao Congresso será de R$ 545, de acordo com o ministro.
O governo está amparado no cumprimento de acordo firmado com as centrais em 2007, pelo qual o reajuste do salário mínimo seria calculado sempre pela variação do PIB de dois anos antes, mais a variação da inflação do ano anterior.
Com o impacto da crise econômica de 2008 no PIB de 2009, o aumento previsto para este ano ficou aquém do que desejavam as centrais.
"Esse é um governo que cumpre acordos", afirmou Carvalho, usando o argumento central do governo para não ceder na questão do salário mínimo.
O governo também se comprometeu a enviar para o Congresso uma medida provisória formalizando a regra atual de reajuste até 2015.
NOVA REUNIÃO — Ao final da reunião, da qual também participaram o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, e o ministro Carlos Lupi (Trabalho), os sindicalistas mantiveram a defesa dos R$ 580, mas reconheceram reservadamente que o governo dificilmente passará de R$ 550. E devem aceitar este número final.
As centrais estão dispostas, inclusive, a descontar o aumento adicional do reajuste previsto para 2012, que deve ficar entre 12% e 13%.
O terceiro de ponto de reivindicação dos sindicalistas -o aumento de 10% para os aposentados- acabou ficando em segundo plano na discussão de ontem.
Uma nova reunião foi marcada para a próxima quarta-feira, dia 2, já na esteira do resultado das eleições para as presidências da Câmara e do Senado.
No topo da pauta, segundo os representantes das centrais, estará justamente a discussão sobre a correção da tabela do IR, que os sindicalistas já encaram como o ponto mais viável de negociação com o governo. (Folha)

Medidas do BC derrubam crédito ao consumidor, e juros sobem
Em 2010, volume cresceu 21%, ante 15% em 2009 e 31% em 2008.
As medidas anunciadas pelo Banco Central em dezembro para frear a expansão do crédito já se refletiram em juros mais altos e queda nos empréstimos.
Financiamentos de veículos e operações de crédito pessoal estão 18% abaixo do verificado em novembro.
A taxa média do juro ao consumidor passou de 39% ao ano, naquele mês, para 45% no início de janeiro, acima dos níveis apurados na crise de 2008/2009.
Em dezembro, o BC começou a esfriar a economia para controlar a alta da inflação. Foram anunciadas restrições ao crédito para o consumo com prazos acima de 24 meses e a retirada de R$ 61 bilhões da economia.
Para a instituição, dezembro marca o fim do processo de recuperação do crédito.
"Os juros subiram bastante em dezembro, e dados parciais de janeiro mostram continuidade nessa elevação. A perspectiva é de encurtamento de prazos e de crédito crescendo a taxas mais acomodadas", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
A inadimplência, que chegou ao menor nível em quase nove anos em dezembro, deve parar de cair, segundo ele, embora não deva subir.
Em 2010, as operações de crédito para consumidores e empresas cresceram 20,5%, acima dos 15% verificados um ano antes, mas abaixo dos 31% em 2008.
O total de empréstimos chegou ao recorde de R$ 1,7 trilhão ao fim do governo Lula (46,6% do PIB). Há oito anos, estava em 26% do PIB. O destaque foram as operações com juro subsidiado (como as do BNDES).
O BC espera alta de 15% no crédito em 2011, mas pode rever o número para baixo devido ao aumento dos juros. (Folha)

Falta de mão de obra pressiona os preços de produtos e serviços
Com dificuldade de encontrar profissionais, empresas aumentam salários e repassam custo extra. A atual escassez de trabalhadores dificulta expansão e favorece migração de indústrias buscando funcionários.
A falta de mão de obra já faz muitos setores elevarem o preço de seus produtos e serviços em decorrência do aumento de custo provocado pela necessidade de pagar salários maiores para reter ou contratar profissionais.
São exemplos dessa tendência a construção civil, o comércio e até mesmo o emprego doméstico, cujo contingente de trabalhadores caiu 1,1% em 2010 nas principais regiões metropolitanas do país, segundo estudo da LCA Consultores, feito, a pedido da Folha, a partir de dados de preços e mercado de trabalho do IBGE.
Entre as altas de preço ao consumidor mais expressivas em 2010, estão empregado doméstico (11,81%), mão de obra para reformas e manutenção (10,56%), vestuário (7,48%) e alimentação fora de casa (9,81%).
Todos tiveram aumentos superiores à inflação média (5,91%, pelo IPCA). Os salários das categorias nas quais se inserem subiram também acima da renda média pesquisada pelo IBGE.
Num sinal de oferta restrita de trabalhadores, o rendimento na construção registrou aumento recorde de 11,1% de janeiro a novembro.
Hoje o IBGE divulga os dados de dezembro do mercado de trabalho e a expectativa é de que o avanço da renda e do emprego na construção se repitam.
"A falta de mão de obra, e não só de trabalhadores com alto grau de qualificação, atinge vários setores, mas a construção é o mais afetado pelo problema", diz Fábio Romão, economista da LCA.
Amos Genish, presidente da GVT, diz que a empresa esbarra na falta de mão de obra especializada em construção para expandir mais rapidamente sua rede de telefonia e dados.
"Esse aumento é uma tendência muito clara em alguns ramos de serviços, vestuário e construção, o que traz ainda mais preocupação ao cenário de inflação para 2011", avalia Laura Haralyi, analista do Itaú Unibanco.
Outros setores também sofrem com a escassez de mão de obra. No comércio, o total de trabalhadores avançou apenas 1,1% de janeiro a novembro de 2010 -taxa abaixo do crescimento vegetativo da população.
SALÁRIOS — Segundo Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Alimentação e Hospedagem, a dificuldade de encontrar profissionais levou o setor a reajustar salários em até 12% -quase seis pontos acima da inflação. A mão de obra é o principal custo do setor e responde por 30% das despesas.
A indústria do vestuário vive a mesma situação: o setor teve de aumentar salários em cerca de 8% em 2010. Muitas fábricas migraram de São Paulo principalmente para o Nordeste em busca de mão de obra (principal custo do setor, com peso de 30%) mais barata, segundo Fernando Pimentel, superintendente da Abit (associação da indústria têxtil).
Diante da perspectiva de economia ainda aquecida em 2011, Romão espera novos reajustes salariais acima da inflação -porém mais brandos, diz, em decorrência da expectativa de aumento menor do salário mínimo, que teve ganho real de 6% em 2010. (Folha)

Prêmio Nobel alerta que elevação da taxa básica para combater inflação pode elevar desemprego no Brasil

Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia, acha, como muitos presentes em Davos, que o Brasil vai bem. Mas, em entrevista ao GLOBO, ele faz um alerta: o combate à inflação - sobretudo a que está sendo "importada" pelo aumento mundial no preço dos alimentos - não deve ser feita apenas subindo a taxa básica de juros da economia. Isso porque essa elevação vai fazer com que pobres no Brasil, que já vêm sofrendo com a alta dos preços dos alimentos, ainda percam o emprego por causa dos juros. Stiglitz prevê o fim do dólar como moeda de reserva e se mostra mordaz na crítica ao seu país: segundo ele, os EUA têm um modelo falho e inspiram pouca confiança para liderar.

O GLOBO: Há certo otimismo este ano. Algumas pessoas até apostam que a economia mundial vai voltar ao que era antes da crise. O senhor concorda com este otimismo?

JOSEPH STIGLITZ:A maioria das previsões é de que o crescimento em 2011 vai ser mais fraco que em 2010.

Tem havido problemas com previsões?

STIGLITZ: Sempre houve. Parte do problema é que a maioria das pessoas aqui (em Davos) é desproporcionalmente (representantes) de multinacionais. Estamos vivendo num mundo muito dividido, onde uma parte está indo muito bem, e outra vai mal. As pequenas e médias empresas nos EstadosUnidos ainda têm problemas para obter capital e o desemprego pode chegar a 8%. De certa forma, as pessoas estão se sentindo bem porque estavam muito doentes antes.

A economia mundial não está melhor?

STIGLITZ: Está melhor, mas saiu da UTI e está agora na sala de recuperação.

Há uma mudança global, com países emergentes crescendo muito mais rápido do que os países ricos, enquanto a Europa não consegue se reerguer. Como o senhor vê a evolução disso?

STIGLITZ: Para mim, é o que há de mais excitante. Há um novo equilíbrio do poder geopolítico, mas que também é uma das fontes de incerteza e inquietação. O G-7 (grupo das sete mais ricas economias) inspirava certo conforto. A comunidade global se reunia (no G-7) e o sentimento de todos era o de que no caso de problema, ele poderia ser resolvido e os EUA exercitariam sua influência e liderança. Agora, há muito pouca confiança na liderança dos Estados Unidos.

E a China também não quer assumir esta liderança, não?

STIGLITZ: O modelo americano se mostrou falho. A influência das instituições financeiras ainda é muito grande politicamente e isso está fazendo diminuir a confiança na democracia. Mesmo o modelo político foi desafiado. (Nos EUA) milhões de cidadãos perderam suas casas e você não fez nada em relação a isso. E mesmo quando pessoas estão perdendo o emprego, debate-se se elas devem ter seguro desemprego. Acho que o respeito pelo modelo americano diminuiu.

O fato de Brasil, Índia e China estarem obtendo maior parte do bolo não é uma boa coisa?

STIGLITZ: É muito positivo.Vai se criar um mundo mais estável, mas o sujeito que era o líder ou o brutamonte - dependendo do prisma em que você vê - não está muito satisfeito (os EUA).

Quem está liderando, então?

STIGLITZ Ninguém. Talvez seja uma boa coisa não ter lider. Mas há uma ansiedade por conta disso.

Isso terá impacto na economia mundial?

STIGLITZ: Indiretamente. Vemos isso claramente na Europa, onde todo mundo reconhece que há muitos problemas financeiros. Há esperança que eles (os europeus) resolvam, mas não há 100% de confiança. Está claro que Estados Unidos e China estão numa batalha cambial. Não importa de que lado você esteja, este não é um conflito saudável.

Mas China e EUA também não têm interesse em atirar em cada um, porque um depende do outro. Não é um lado positivo?

STIGLITZ: É também um sinal de que não há cooperação. Suas visões do mundo são muito diferentes. Outro exemplo de reaçao é que o Brasil e outros países adotaram medidas para se protegerem (da guerra cambial) e estão criticando fortemente a conduta da política monetária americana. Isso não acontecia antes. Quando os EUA subiram taxas de juros em 1980, isso causou um efeito devastador emvocês, mas vocês eram vitimas silenciosas. Agora, vocês estão gritando e dizendo: vamos comandar nossas economias e não podemos mais contar com vocês (potências) se não levarem em consideração as necessidades do mundo.

No longo prazo, o que isso pode significar para o dólar ?

STIGLITZ: Isso vai dar ímpeto para o fim do sistema de reservas dependente do dólar.

O presidente francês Nicolas Sarkozy, que preside o G-20 (grupo das maiores economias do planeta) disse esta semana que o dólar vai continuar predominante...

STIGLITZ: Líderes políticos têm esta tarefa difícil: (de um lado) é preciso passar de um sistema de moeda única (dolar) para um novo sistema, mas ao mesmo tempo, não se quer instabilidade neste sistema. No futuro próximo, o dólar vai permanecer predominante, mas estamos caminhando para a transição para um novo sistema.

Um novo sistema em que o euro também não vai prevalecer, não?

" O pobre vai sofrer com o aumento dos preços (dos alimentos). Fazê-lo perder o emprego (como consequência do aumento de juros) não vai resolver o problema da sociedade "

STIGLITZ: Eu gostaria de ter uma moeda para reserva mundial: dividir (o bolo) entre euro e dólar pode ser até mais instável, porque quando alguém achar que o o euro está mal, vai correr para comprar dólar.Espero que Sarkozy não tenha abandonado a agenda de uma moeda global de reservas. Acho que ele só estava tentando reassegurar o mercado porque uma reforma desta magnitude não vai acontecer da noite para o dia.

A nova presidente do Brasil herdou uma economia superaquecida. Como o senhor vê o risco de inflação no país?

STIGLITZ: As pessoas têm que tomar cuidado para distinguir as fontes de inflação.Tem inflação importada, por exemplo, devido ao aumento dos preços dos alimentos ou energia. Isso tem que ser levado em consideração, mas não pense que se pode lidar com isso simplesmente através da elevação da taxa de juros. O pobre vai sofrer com o aumento dos preços (dos alimentos). Fazê-lo perder o emprego (como consequência do aumento de juros) não vai resolver o problema da sociedade.

O que fazer com a economia superaquecida?

STIGLITZ: Você precisa tratar nas áreas onde ela está aquecida.

O governo está taxando o fluxo de capital.

STIGLITZ: Isso faz sentido.

Como o senhor vê estes países emergentes no longo prazo? Na China, por exemplo, já se fala em bolha no mercado imobiliário.

STIGLITZ: Com todo este capital entrando, há o risco de uma bolha. E a grande lição desta crise é que os mercados não se autocorrigem nem são estáveis. Acho que os países emergentes conseguem passar bem por isso, e o Brasil já fez um bom trabalho na gestão (destes desequilibrios), com a estabilização da economia. Mas ainda há problemas de desemprego. A questão é: como se livrar das áreas superaquecidas, e ao mesmo tempo, expandir a economia nas áreas em que precisa. O que vocês devem fazer é pegar o dinheiro (que estão ganhando) com a alto preço das commodities e investir na parte da economia que não está superaquecida e onde há desemprego. Tem que usar isso para diversificar mais. (O Globo)

Bancos querem reduzir casos de assédio moral

Os principais bancos do país resolveram enfrentar o problema do crescente número de reclamações de casos de assédio moral - quando um empregado é constantemente humilhado por um superior -, que tem gerado inúmeros pedidos de indenização na Justiça. O Bradesco, Itaú, Santander, HSBC, Citibank, Votorantim, Safra, BIC Banco e Caixa Econômica Federal (CEF) firmaram ontem um acordo inédito com os bancários, que vale para todo o país. Agora, os trabalhadores terão, nas instituições financeiras e no sindicato, canais de comunicação para denunciar anonimamente os casos. Os bancos terão até 60 dias corridos para apurar as informações e tomar providências.

O acordo firmado entre bancos e trabalhadores é resultado de pelo menos três anos de negociações. Ele agora será adicionado à Convenção Coletiva 2010/2011. Com a assinatura, as instituições financeiras devem informar seus funcionários que não será admitida nenhuma prática de assédio moral.

Essas ocorrências - registradas não só em instituições financeiras - têm provocado uma enxurrada de ações na Justiça do Trabalho. Somente o Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgou 656 processos sobre o tema no ano passado, o que representa um aumento de 44% em relação a 2009, quando foram analisados 455 pedidos. Em 2008, os ministros da Corte decidiram em 294 casos.

O acordo de Prevenção de Conflitos no Ambiente de Trabalho pretende ser ainda mais amplo, segundo o diretor de Relações do Trabalho da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), Magnus Ribas Apostólico. Os canais de reclamações não devem tratar só de assédio moral, mas também de discriminação, assédio sexual e outros tipos de conflito. "Queremos, ao primeiro sinal, tomar as providências necessárias para resolver as desavenças e evitar o ajuizamento de ações", diz.

Para o diretor, o acordo demorou para ser firmado porque eles queriam fazer algo com efeito prático e não apenas uma carta de intenções. Com as informações coletadas por esses canais, segundo Apostólico, será feito um balanço semestral para avaliar onde os problemas foram verificados e tentar prevenir novos transtornos.

Já a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvândia Moreira, considera o acordo uma das principais conquistas da categoria. Ela afirma que, em pesquisa feita no ano passado pelo sindicato, oito em cada dez funcionários apontaram o assédio moral como um dos principais problemas. Entre as reclamações dos bancários está a cobrança pelo cumprimento de metas cada vez mais rigorosas. Para ela, a prática, além de comprometer a rotina e a saúde do trabalhador, leva muitas vezes à depressão ou até mesmo ao suicídio. "A assinatura desse acordo significa que os bancos reconhecem a existência do problema e se comprometem a combatê-lo", diz.

Na Justiça, os casos de assédio moral têm gerado pesadas indenizações. A maior condenação do país foi dada contra uma instituição financeira, em abril de 2009. O Bradesco foi condenado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) a indenizar em R$ 1,3 milhão o ex-gerente Antônio Ferreira dos Santos, que trabalhou por 20 anos na instituição, por preconceito sobre sua orientação sexual. Santos afirmou ter sofrido diversos episódios de preconceito por conta da atitude de um diretor regional do banco que, segundo ele, frequentemente o expunha a constrangimentos públicos - sugeriu, por exemplo, que ele utilizasse o banheiro feminino da agência e disse, em público, que o banco "não era lugar de veado". Procurado pelo Valor, o Bradesco não quis comentar o assunto.

Em uma outra recente decisão do TST, um ex-gerente do Santander também teve direito a indenização. O valor arbitrado foi de R$ 100 mil. O ex-gerente, que trabalhou no banco de 2004 a 2007, alegou que sofria perseguições no banco para que atingisse metas extremamente rigorosas, e que teria sido isolado dos colegas por determinação da empresa. A assessoria de imprensa do Santander informou que o banco não comenta assuntos sub judice.

O Unibanco também foi condenado pelo TST, em 2009, a indenizar uma trabalhadora em R$ 10 mil. A funcionária alegou que sua condição financeira foi exposta em reunião com os demais colegas de trabalho. Ela afirmou que seu superior teria mencionado o status da sua conta corrente, que se encontrava "estourada" e que ainda foi citada na frente de todos os colegas como exemplo que jamais deveria ser seguido, "sob pena de advertências e prejuízos da permanência como empregado na agência". (Fonte: Valor Econômico)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Governador Alckmin e prefeito Kassab inauguram monumento do Siemaco de São Paulo filiado à UGT

Kassab e Alckmin inauguram Monumento ao Trabalhador do Asseio e Conservação e Limpeza Urbana

Por Moacyr Pereira

A chuva que caiu na praça Marechal Deodoro no momento da inauguração do Monumento ao Trabalhador do Asseio e Conservação e Limpeza Urbana teve o simbolismo de lavar a alma dos cem mil trabalhadores terceirizados no município de São Paulo, representados pelo Siemaco.

No dia que São Paulo completava 457 anos, resgatávamos, ali, naquele instante, toda a nossa dignidade cidadã. Diante do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab e do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, os trabalhadores, a população de São Paulo, os moradores das proximidades da Praça Marechal Deodoro comemoraram um grande avanço para todos nós: trabalhadores, paulistanos e cidadãos de São Paulo.

A direção nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), na qual ocupamos a secretaria nacional de finanças estava em peso para prestigiar o evento. O presidente da UGT, Ricardo Patah, lembrou que os trabalhadores terceirizados ocupados na limpeza urbana e ambiental “deixam a cidade mais limpa, mais linda e mais humana”. E continuou: “cuidam de nossa vida e de nossa alma, com esse coral maravilhoso”. O coral de funcionárias da categoria se apresentou ao longo de todo o evento.

Canindé Pegado, secretário geral da UGT, foi aplaudido ao afirmar que os trabalhadores terceirizados, representados pelo Siemaco, trabalham de sol a sol e debaixo de chuva para manter São Paulo funcionando. Falaram ainda Salim, Lerte Teixeira da Silva e Alemão, vice-presidentes da UGT.

O companheiro Roberto Santiago, deputado federal (PV-SP) e vice-presidente do Siemaco e da UGT agradeceu a presença do governador e do prefeito e confirmou o que a praça inteira sentia. “Estamos orgulhosos de estar aqui, de inaugurar este monumento, de receber o prefeito e o governador”.

David Zaia, secretário do Trabalho e Emprego, falou que a inauguração do monumento resgatava o trabalhador anônimo para a dignidade cidadã. “Trabalhadores e trabalhadoras que ajudaram a construir São Paulo”, completou o secretário.

Ariovaldo Caldaglio, presidente do Selur, o sindicato patronal, elogiou a iniciativa e destacou que o monumento simboliza a cidadania e a valorização dos trabalhadores diante de uma São Paulo que reconhece a importância da categoria.

Ao final, eu, Moacyr Pereira, como presidente do Siemaco, fiz um balanço de todo o esforço da categoria e da diretoria da entidade que desde a comemoração do cinquentenário do Siemaco, negociava com a Prefeitura o espaço para a instalação do monumento. Agradeci o vereador Gilberto Natalini, que trabalhou com afinco para encaminhar as negociações com a prefeitura. Agradeci, honrado, a presença de Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, de Geraldo Alckmin, governador do Estado de São Paulo e das demais autoridades presentes. Agradeci, finalmente, os companheiros e companheiras das entidades sindicais que vieram do Brasil todo para nos prestigiar.

Após a inauguração do monumento é hora de mostrar para a população e os comerciantes do entorno da Praça Marechal Deodoro a necessidade de somar esforços para resgatar e manter o espaço para as crianças e os idosos, para as famílias e os jovens.

Leia o clipping do dia:

Dilma libera mínimo mais alto, mas com corte em 2012
Presidente afirma que reajuste maior provocará mais aperto no Orçamento. Planalto diz que aceita reajustar em 6,46% a tabela do IR desde que sindicalistas desistam do mínimo de R$ 580.
A presidente Dilma Rousseff quer adiar as negociações sobre o salário mínimo para o início dos trabalhos do Congresso, mas já orientou sua equipe a aceitar um valor de, no máximo, R$ 550.
Acima desse número, Dilma vai alertar a base aliada de que os cortes no Orçamento terão de ser elevados, afetando ainda mais os investimentos de interesse de seus ministros e de seus partidos.
Na reunião de hoje com as centrais sindicais, a presidente recomendou ao ministro Gilberto Carvalho que não avance em negociações sobre o valor até aqui definido pelo governo -R$ 545.
A estratégia é não ceder no primeiro momento, alertando os sindicalistas que qualquer reajuste acima dos R$ 545 terá de ser descontado do que será concedido em 2012.
Ou seja, Dilma até topa subir sua proposta para R$ 550, valor que só deve ser oficializado durante as negociações no Congresso, mas desde que seja incluída na votação uma regra fixando a antecipação de parte do reajuste de 2012.
Além do salário mínimo, a presidente vai acenar aos sindicalistas que aceita reajustar em 6,46% a tabela do Imposto de Renda, desde que desistam da proposta de reajustar o mínimo para R$ 580.
Quanto ao reajuste de 10% para os aposentados que ganham acima do mínimo, Dilma já decidiu que não fará concessões e vai reajustar esses benefícios com base na inflação de 2010 (6,46%).
Dilma vai insistir com as centrais sindicais que deseja manter a regra atual de reajuste do mínimo, que prevê a correção com base no crescimento da economia de dois anos antes mais a variação da inflação. Assim, o valor de 2011 não teria reajuste real, já que a economia não cresceu em 2009, ano da crise global.
Ela, porém, quer fixar na regra o mecanismo que permitiria antecipar reajustes de anos seguintes. Em 2012, a previsão é de um aumento na casa de 13% -com uma inflação esperada em 2011 acima de 5% e um crescimento do PIB em 2010 superior a 7%.
Com isso, espera atender o pedido dos sindicalistas por um aumento real do mínimo e diluir o impacto do reajuste mais elevado previsto para o segundo ano de seu governo.
Dilma encomendou à sua equipe estudos sobre o impacto do reajuste do mínimo e do IR nas contas públicas, que podem ser apresentados hoje aos sindicalistas durante a reunião no Planalto.
Estimativas apontam que um mínimo de R$ 545 custaria à União cerca de R$ 8 bilhões a mais de gastos, valor que já está quase totalmente previsto no Orçamento.
Subindo para R$ 550, o gasto adicional no Orçamento ficaria na casa de R$ 1,4 bilhão. Se subir para R$ 580, como defendem os sindicalistas, a despesa a mais seria de R$ 10 bilhões, considerada inviável pela presidente diante da necessidade de fazer um ajuste fiscal agora. (Folha)

Padilha quer melhorar gestão do Ministério da Saúde

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, transferiu para parlamentares, governadores e prefeitos a tarefa de discutir novas formas de financiamento para o setor. Para ele, a sua função é buscar caminhos para melhorar a gestão do ministério. "O que buscamos são maneiras para que a União, os Estados e os municípios possam fazer uma administração compartilhada dos recursos que dispomos", afirmou.

Durante café da manhã com jornalistas, ontem, Padilha defendeu a regulamentação da Emenda 29 - que define qual deve ser o percentual de gastos com saúde para os governos federal, estadual e municípios. Mas não quis comentar a possibilidade de ressuscitar a CPMF ou criar a Contribuição Social sobre a Saúde (CSS), imposto apresentado como emenda no projeto que define os parâmetros de gastos para a área.

O ministro também assegurou não ter recebido nenhum tipo de manifestação do setor público de saúde para um reajuste da tabela do SUS. "Reajuste da tabela não implica, necessariamente, a ampliação dos acessos da população, que é o nosso grande objetivo", ponderou.

Padilha afirmou que sua pasta busca ampliar as parcerias para melhorar a eficiência. Citou, por exemplo, as negociações com governos estaduais e municipais para prevenir uma epidemia de dengue - relatórios do ministério apontaram 16 Estados com alto grau de risco de epidemia da doença. Na semana passada, o ministério também convocou empresários para que coloquem em seus produtos alertas públicos para evitar a proliferação da doença.

Padilha evitou criar atritos com o PMDB, partido com o qual entrou em divergência na ocupação dos cargos da Funasa. Além de anunciar a troca de comandos na fundação, o ministro iniciou uma parceria, na semana passada, com o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, para melhorar a eficiência da Funasa, que tem um orçamento anual de aproximadamente R$ 1 bilhão e atua nos pequenos municípios brasileiros. "O meu objetivo é que a Funasa cumpra o seu papel, independentemente dos nomes indicados para compor os seus quadros", afirmou.

As divergências entre PT e PMDB na busca por espaços no segundo escalão do governo paralisaram as nomeações políticas na saúde e no setor elétrico. Interlocutores do PMDB acreditam que as negociações são mais difíceis na primeira área, "por haver menos espaço para recompor os aliados". O PMDB já perdeu a Secretaria de Atenção à Saúde e vê sua hegemonia na Funasa ameaçada pelo PT.

O líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves (RN) e o ministro Padilha trocaram palavras ríspidas há três semanas, mas a intervenção do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci e do vice-presidente, Michel Temer, serviu para acalmar os ânimos.

O ministro também minimizou o parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) que estabeleceu os novos parâmetro de atuação da Anvisa e do Instituto Nacional de Pesquisa Intelectual (INPI) na concessão das patentes dos medicamentos. De acordo com a AGU, a decisão final sobre a concessão cabe ao instituto, restando à Anvisa analisar a segurança e a eficácia do produto. (Valor)

Empresas do país aplicam US$ 11,5 bi líquidos no exterior

As empresas brasileiras superaram os percalços da crise global e voltaram a aportar recursos nas suas filiais no mercado externo. O volume de investimento brasileiro direto no exterior (IBDE) atingiu o patamar líquido de US$ 11,5 bilhões no ano passado. Foram registradas despesas (saídas) de US$ 34,879 bilhões, contra US$ 23,379 bilhões em receitas (retornos).

Do total investido, a maior parcela, 57,1%, foi para o setor de serviços, especialmente financeiros. Outros 34,7%, foram direcionada à indústria, com destaque para o setor de produtos alimentícios, que ficou com 13,6% do total. A agricultura respondeu por 8,2%.

Para este ano, o Banco Central acredita em nova elevação, de quase 40%. Os investimentos brasileiros no exterior devem chegar a US$ 16 bilhões. A parcial de janeiro, até o dia 25, indica que foram aplicados mais US$ 889 milhões no exterior, segundo estimativa do chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

Ele disse que essa performance marca uma reversão "expressiva" em relação ao ano anterior. Em 2009, sem liquidez devido à crise e também pela retração dos bancos brasileiros, as companhias repatriaram US$ 10,084 bilhões. Os investimentos de empresas brasileiras no exterior decorrem de maior internacionalização das companhias. Empresas como Vale, Petrobras e JBS, entre outras, ampliaram seus braços para outros países, realizando importantes aportes de recursos em outros continentes.

Esse processo tem atraído também os bancos brasileiros, como o Banco do Brasil, o Itaú e o Bradesco, que começaram a adquirir instituições nos países com presença de empresas brasileiras justamente para dar apoio a essa expansão.

Os retornos desses investimentos ainda são pequenos se comparados ao que as multinacionais enviam às suas matrizes a título de lucros e dividendos. Em 2010 as empresas estrangeiras remeteram US$ 26,5 bilhões, considerando somente os investimentos diretos (IED), para seus países de origem. Já as empresas brasileiras mandaram de volta pouco mais de US$ 1,081 bilhão. Lopes pondera que o aumento do passivo brasileiro no exterior é diferente do passado. Antes, esse passivo era ampliado apenas por dívida, enquanto hoje cresce por investimento, que traz retorno ao país. A dívida externa brasileira fechou o ano em US$ 255,664 bilhões, inferior às reservas internacionais de US$ 288 bilhões. (Valor)

As batalhas diárias do BC no mercado de câmbio

O governo Dilma não está conseguindo conter a apreciação do real como não o conseguiu o de Lula. Sob o comando de Alexandre Tombini, o Banco Central (BC) do novo governo tentou colocar em segundo plano a estratégia praticada ativamente nos últimos meses do governo Lula de comprar dólares no mercado à vista para tentar sustentar a moeda americana e lançou mão de novos instrumentos, o desestímulo às apostas na valorização do real e a venda dos swaps cambiais reversos. Nos últimos dias, teve que jogar a toalha e voltou a comprar dólares agressivamente. Mas o esforço está dando poucos resultados, como foi no governo anterior.

No ano passado, o BC chegou a comprar US$ 41 bilhões, absorvendo todo o superávit de US$ 24 bilhões registrado no fluxo cambial e muito mais. Ainda assim, o dólar caiu 4,4% e a inflação ficou em 5,91%, bem acima do centro da meta de 4,5%.

Ao invés de elevar o dólar, as compras, na verdade, estimulam os bancos a fazer "carry trade", operação em que captam dólares a juros baratos no mercado externo para vendê-los ao BC, aplicando os reais obtidos no mercado brasileiro, a taxas bem maiores. Por isso, os bancos aumentaram as posições vendidas em dólar, apostando na queda da moeda.

Só quase no fim do governo Lula, em outubro, é que o governo aumentou o IOF nos investimentos estrangeiros em renda fixa para 6%. Mas o IOF não desestimulou o "carry trade". Um dos motivos é que o dinheiro continua farto e barato no mercado externo. Outro é que o retorno é compensador, e aumentou depois da elevação da taxa básica (Selic). Não é por outro motivo que empresas brasileiras já captaram US$ 10,3 bilhões neste início de ano no mercado internacional.

Diante da ineficiência das compras de dólares para segurar as cotações, o Banco Central de Dilma colocou essa estratégia em segundo plano e, já na primeira semana do ano, instituiu um compulsório de 60% sobre as apostas dos bancos na queda do dólar. A nova regra deve reduzir as posições vendidas em cerca de US$ 7 bilhões, de US$ 16,8 bilhões do fim de 2010 para US$ 10 bilhões. Mas enquadramento é gradual e o prazo vai até 4 de abril, o que atenua o impacto da medida.

Ao desfazer a posição vendida à vista, os bancos também têm que desmontar o hedge de contratos comprados no mercado futuro. Para evitar que isso pressionasse o mercado, o BC passou a vender swaps cambiais reversos, contratos em que troca a remuneração da Selic pela correção cambial. Em pouco mais de uma semana, US$ 3 bilhões foram vendidos em swaps cambiais reversos.

No entanto, imaginação é o que não falta no mercado financeiro, que já vislumbrou oportunidades de ganho duplo na operação, com o juro e a variação cambial, desde que o real se aprecie. Por isso, as vendas de swap têm causado apenas uma elevação passageira do dólar, para balizar o preço dos negócios, assim que a operação é anunciada. A cotação não se sustenta e cai logo depois.

O novo governo teve então que voltar atrás e retomar as compras agressivas de dólar. Enquanto na primeira quinzena do mês comprou US$ 2,291 bilhões, menos da metade dos dólares que entraram no país no período, nos dois últimos dias tentou raspar o mercado e ainda vendeu swaps cambiais reversos. O esforço foi vão. O dólar pouco se mexeu e está apenas 0,4% acima do patamar do fim de 2010. Desde que o IOF foi elevado, em outubro, o real subiu 1,8% frente ao dólar.

As compras de dólares engordaram as reservas internacionais e ajudaram o país a enfrentar a crise internacional. As reservas já rondam os US$ 300 bilhões, bem mais do que os US$ 200 bilhões de quando a crise aportou na costa brasileira. Mas têm um custo fiscal elevado, representado pela diferença entre o retorno obtido com a aplicação das reservas no exterior e o juro pago nos títulos públicos vendidos para enxugar a expansão causada pela compra da moeda americana. O governo Dilma tentou reduzir esse custo fiscal ao diminuir as intervenções no mercado de câmbio à vista. No entanto, o swap cambial reverso também tem um custo fiscal elevado, como detalhou o colunista Márcio Garcia (Valor 14, 15 e 16/1).

Tudo indica que o capital externo continuará investindo no Brasil, o que trará maior apreciação cambial e debilitará os instrumentos de intervenção. O risco é o governo se apegar aos entulhos regulatórios. Se existe uma saída para atenuá-la, ela passa pela redução dos juros e o ajuste fiscal. (Valor)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Nos manter atentos e mobilizados para evitar que inflação e recessão afetem nossos empregos

Inflação pelo IPC-S acelera em 6 de 7 capitais

Segundo a FGV, na passagem da 2ª para a 3ª prévia de janeiro, destaque novamente ficou com São Paulo, cuja inflação saltou de 0,92% para 1,10% no período.

A inflação do varejo acelerou em seis das sete capitais pesquisadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para cálculo do Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) de até 22 de janeiro. Segundo informou nesta terça-feira, 25, a instituição, na passagem da segunda para a terceira prévia de janeiro, o destaque novamente ficou com São Paulo, cuja inflação saltou de 0,92% para 1,10% no período. A cidade de São Paulo é a de maior peso no cálculo do IPC-S entre as sete pesquisadas, representando quase 50% do total do indicador.

As outras cidades que mostraram taxa de inflação mais forte no mesmo período foram Recife (de 0,87% para 0,99%), Rio de Janeiro (de 1,36% para 1,43%), Brasília (de 0,82% para 0,96%), Salvador (de 1,18% para 1,34%) e Belo Horizonte (de 0,91% para 1,03%). A única cidade entre as analisadas a apresentar desaceleração da alta de preços foi Porto Alegre (de 1,10% para 0,93%). (Estado)

Empréstimo cai após medidas de restrição

Os dados de crédito do Banco Central (BC) a serem divulgados amanhã vão trazer os primeiros impactos das medidas de restrição à oferta de empréstimos feitas pelo governo no início de dezembro. O aumento do compulsório sobre depósitos à vista e a prazo, bem como o maior requerimento de capital para financiamentos às pessoa física já devem pesar nas estatísticas. Segundo a sondagem realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) com as instituições financeiras, no último mês de 2010, as novas concessões acumuladas devem ter apresentado uma retração mensal de 4% nas carteiras de pessoas físicas, que foram foco das ações de aperto promovidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Com o maior requerimento de capital para operações acima de 24 meses, o financiamento de veículos é que deve sofrer um dos maiores baques, com queda de 7% em dezembro. O mesmo recuo é esperado para o rotativo do cartão de crédito. Em novembro, o governo estabeleceu um prazo para que os bancos emissores elevassem o pagamento mínimo das faturas de cartões. Em abril, passa de 10% para 15% e em dezembro sobe a 20%. Como no último bimestre do ano há o pagamento do décimo terceiro salário, o uso do rotativo tenderia a ser, em tese, menor. Mas nessa base também entram as compras parceladas sem juros.

Na média diária das concessões, dezembro, com três dias úteis a mais que novembro, deve registrar retração significativa tanto nos portfólios de pessoa física quanto jurídica, segundo o levantamento da Febraban. Já considerando os efeitos sazonais do período, nas carteiras de consumo a expectativa é de uma queda de 16%. Nos desembolsos destinados às empresas, o recuo deve ser de 10% na passagem mensal.

Com essa dinâmica, os saldos dos empréstimos com recursos livres, após períodos seguidos de expansão mensal - de 1,8% na média entre agosto e novembro - devem ter crescido de forma mais comedida em dezembro. A sondagem preliminar da Febraban aponta para um incremento de 1,1%, encerrando o ano com 16,5%. Em pessoa física, o acréscimo é calculado em 1,2%, ante 2,1% de novembro. O desempenho deve fazer os empréstimos para pessoa física encerrarem 2010 com aumento de 18,1%. Na pessoa jurídica, a alta esperada é de 1% no saldo em dezembro, em comparação a 1,8% em novembro, fechando o ano com variação de 15,1%.

Mantido o recente comportamento do crédito direcionado, a relação crédito/Produto Interno Bruto (PIB) deve encerrar o ano em 46,5%, ante 46,3% em novembro. Se os números se confirmarem terá sido um acréscimo de pouco mais de dois pontos percentuais em relação a 2009, quando a proporção era de 44,4%.

A primeira nota de crédito do BC em 2011 também deve confirmar o aumento das taxas das operações de crédito e do "spread" (a diferença entre o custo de captação e o cobrado do tomador) bancário, especialmente no segmento pessoa física, conforme os dados preliminares da própria autoridade monetária. (Valor Econômico)

BNDES reduz repasse para grandes empresas

O orçamento só será fechado em fevereiro, mas no BNDES a expectativa para este ano é de redução do volume de desembolsos para R$ 140 bilhões, menos do que o valor recorde de R$ 168,4 bilhões de 2010. Apenas na operação de capitalização da Petrobras, o banco participou com R$ 24,7 bilhões. Descontado esse valor, as liberações fecharam o ano em R$ 143,7 bilhões, com alta de 5% ante os R$ 137, 4 bilhões liberados em 2009. Em 2010, a parcela dos desembolsos destinados às grandes empresas diminuiu quase 10 pontos percentuais em relação a 2009, quando essas companhias absorveram 82,5% do total liberado pela instituição. Na outra ponta, o peso das micro e pequenas empresas passou de 8,5% para 14% do total.

A maior parcela dos recursos para os próximos 12 meses deverá vir do retorno de empréstimos, que podem alcançar valores expressivos, na faixa de R$ 90 bilhões a R$ 100 bilhões devido ao pagamento dos financiamentos de capital de giro feito pelo banco para empresas durante a crise econômica iniciada no fim de 2008.

Não está descartada a entrada de recursos do Tesouro no caixa da instituição de fomento este ano, mas ainda não há uma definição. Se ocorrer essa transferência, ela será bem menor que no ano passado. Em 2011, por exemplo, não há perspectiva de operação tão expressivas e concentradas na Petrobras - como os R$ 25 bilhões liberados tanto em 2009 como em 2010. O BNDES não vai deixar de apoiar a Petrobras, mas não devem se repetir operações da magnitude das passadas.

Outra medida anticíclica adotada durante a crise, o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), com taxas fixas de financiamento para bens de capital (5,5%), abaixo da TJLP de 6% ao ano e bem inferior as taxas do mercado, criado para financiar bens de capital, está programado para terminar em março. Mas poderá ser prorrogado, caso o governo assim o decidir, porém, com custo fiscal residual para o Tesouro. A carteira de pedidos de empréstimos do PSI fechou 2010 em R$ 120 bilhões e as liberações no período chegaram a R$ 87 bilhões.

Os números do desempenho do banco divulgados ontem informam que o total de projetos de investimentos aprovados fechou 2010 em R$ 200,7 bilhões, sinalizando que a demanda por recursos da instituição continua superaquecida. As consultas alcançaram R$ 255,9 bilhões, com alta de 14% ante 2009. Esses indicadores são determinantes do comportamento futuro dos desembolsos do banco.

A ideia para reforçar o caixa do BNDES em 2011 e garantir uma oferta de crédito firme não vai se limitar ao retorno dos empréstimos. A instituição de fomento tem planos de fazer lançamentos mais fortes de debêntures de sua titularidade no mercado doméstico para prover mais recursos, principalmente à BNDESPar, para operar no mercado de capitais, adquirindo participações acionárias em empresas e em operações de abertura de capital (IPOs).

No mercado internacional, a intenção do BNDES é fazer inicialmente uma captação via lançamento de bônus, na faixa tradicional de US$ 1 bilhão, para avaliar a precificação de seus papéis lá fora. A área internacional do banco, que tem um escritório em Londres, está se preparando para crescer, mas ainda costura um projeto estratégico de maior alcance.

A infraestrutura vai continuar sendo prioridade do BNDES, incluindo obras do PAC e da Copa de 2014. O desenvolvimento regional e a inovação também serão focos de 2011. No âmbito das micro e pequenas empresas, a meta é continuar ampliando o alcance do Cartão BNDES. No momento, atuam nas operações indiretas do cartão os bancos Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e alguns bancos menores. O Itaú está em fase de teste para operar o cartão, cujas operações já estão alcançando cerca de R$ 500 milhões mensais. No ano passado, o Cartão BNDES foi um dos maiores destaques na área de operações indiretas, com 320 mil operações, 84% a mais que em 2009, tendo desembolsado R$ 4,3 bilhões, ou 74% acima do liberado em 2009, segundo os dados do banco.

Apesar dos grandes grupos permanecerem à frente no desembolso por apresentarem os maiores projetos, as liberações para pequenas e médias empresas via operações com agentes financeiros vem avançando. Em 2010, os empréstimos para micro, pequenas e médias somaram US$ 45,7 bilhões, quase dobraram de tamanho ante o ano anterior, em boa parte devido ao PSI. O BNDES vai estimular mais a participação dos bancos privados nessas operações de crédito, na quais eles respondem pelo risco do negócio. Os agentes financeiros repassam hoje cerca de 70% dos empréstimos de médio e longo prazo da instituição. (Valor Econômico)

Produção total da Petrobras atinge 2,583 milhões de barris/dia em 2010

A Petrobras confirmou nesta segunda-feira que encerrou 2010 com uma produção média de óleo e LGN no Brasil de 2,003 milhões de barris por dia (bpd).

Em dezembro, a produção média foi de 2,121 milhões de bpd, 4,5% superior aos 2,030 milhões de bpd registrados em novembro. Os números já haviam sido adiantados pela estatal em 30 de dezembro.

Já a produção total, no Brasil e no exterior, alcançou 2,583 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) de óleo, liquefeito (LGN) e gás natural em 2010. Apenas em dezembro, a média foi de 2,731 milhões de boed, acima dos 2,620 milhões de boed de novembro.

Segundo a empresa, o crescimento do volume se deve a entrada de poços produtores nas plataformas FPSO-CAPX (Cachalote/Baleia Franca) , P-48 (Caratinga), P-57 (Jubarte) e FPWSO-DYPR (TLD de Guará)

A produção média de gás natural no Brasil, excluindo o volume liquefeito, foi de 58,746 milhões de metros cúbicos por dia em dezembro, 3,5 milhões acima do volume realizado em novembro (55,288 milhões). No ano, a média ficou em 53,070 milhões de metros cúbicos de gás por dia. (O Globo)

Após moderação, indústria retoma fôlego em novembro

O ritmo de atividade industrial se intensificou em novembro, após alguns meses de crescimento moderado.

A informação foi divulgada nesta quinta-feira (20/1) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os segmentos de produtos de metal, máquinas e equipamentos, materiais elétricos e veículos automotores foram o destaque no período.

Sempre após ajuste sazonal, todas as variáveis analisadas do setor industrial cresceram na comparação com o mês anterior.

Depois da queda de 0,7% em outubro, o faturamento real avançou 1,9%. As horas trabalhadas, por sua vez, cresceram 1,6%.

Já a utilização da capacidade instalada aumentou 0,2 ponto percentual, chegando a 82,6%. "Mesmo com esse resultado a UCI ainda está 0,7 ponto percentual abaixo do registrado antes da crise (setembro de 2008)", relata o informativo da CNI.

Como prova da continuidade do aquecimento do mercado de trabalho, o indicador de emprego da indústria voltou a crescer frente ao mês anterior, registrando alta de 0,4%.

Esse dado já superou o nível pré-crise em 2,3%. E, pelo terceiro mês seguido, a massa salarial expandiu em novembro (3,9%) ante o mês anterior.

A renda real do trabalhador da indústria cresceu 4,1% em novembro, sendo a principal responsável pelo avanço na massa salarial no período. (Brasil Econômico)