sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Em plenas campanhas salariais somos informados que a inflação ameaça nossos ganhos futuros

Banco Central admite inflação maior

Instituição aumenta projeção deste ano para 6,4%, mas prevê que a crise global ajudará a conter os preços em 2012. Relatório indica que Copom voltará a reduzir a taxa de juros nas próximas reuniões, mas em ritmo 'moderado'.
O Banco Central indicou ontem que voltará a reduzir a taxa básica de juros para evitar que a economia brasileira esfrie demais, apesar dos riscos que isso pode criar para o controle da inflação.
Em relatório apresentado ontem, o BC prevê que o agravamento da crise na Europa e nos Estados Unidos fará a economia mundial perder fôlego e isso ajudará a conter as pressões sobre os preços no Brasil mesmo se os juros forem reduzidos.
O Banco Central aumentou sua projeção para a inflação deste ano de 5,8% para 6,4%. Analistas do mercado financeiro prevêem que ela ultrapassará o teto da meta fixada pelo governo para este ano, 6,5%.
O relatório também reviu a previsão do BC para o crescimento da economia brasileira neste ano, de 4% para 3,5%, como o presidente da instituição, Alexandre Tombini, já havia indicado que seria feito.
De acordo com o documento, o BC acredita ter margem de manobra para promover cortes "moderados" nos juros nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária).
O Copom baixou a taxa básica de juros para 12% em agosto e voltará a se reunir em outubro. Analistas do mercado financeiro especularam nos últimos dias sobre a possibilidade de uma redução da taxa para 11% na próxima reunião.
O relatório do BC prevê que a inflação será reduzida para 4,7% no ano que vem, ficando próxima do centro da meta estabelecida pelo governo, 4,5%.
"A expectativa é que haja queda da inflação no mundo em 2012, não só no Brasil. Certamente, isso não vai vir da política monetária [aumento dos juros]", disse o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton.
Hamilton afirmou que a crise nos países desenvolvidos "piorou demais", o que contribuirá para reduzir a inflação mundial, mesmo que não haja calote de países ou quebra de grandes bancos.
Sobre o crescimento menor previsto para o Brasil, o diretor afirmou que principalmente a indústria, mas também o setor de serviços, vão crescer menos. O BC detectou ainda reajustes salariais menores. O consumo das famílias e do governo será maior que o esperado anteriormente, ao contrário do investimento, que vai crescer menos.
Por isso, segundo Hamilton, não há espaço para o país crescer mais sem gerar pressões inflacionárias. "Estamos crescendo de acordo com a nossa capacidade de investir", afirmou o diretor.
Em outro evento, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que o Brasil estava crescendo "acima de seu potencial" no primeiro semestre.
De acordo com Tombini, que fez palestra para executivos em Curitiba, foi determinada uma "moderação do crescimento" a partir do segundo semestre, em função dos elevados índices de inflação.
"Tivemos de fazer com que crescesse mais em linha com a capacidade de crescimento e conter a propagação de alguns preços", afirmou.
Por isso, avalia o presidente do BC, deve haver queda da inflação nos próximos meses. "Agora a inflação está chegando a seu pico. Depois, entra numa trajetória de queda em direção ao centro da meta." (Folha)


Paulo Bernardo acha que greve dos Correios termina hoje

Ministro disse que a proposta do governo sobre salários foi aceita por funcionários paralisados; o desconto dos dias não trabalhados, no entanto, ainda está sendo negociado.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo disse nesta quinta-feira, 29, estar confiante de que a greve dos Correios - que já dura duas semanas - acabe ainda hoje. Neste momento, lideranças do movimento grevista estão reunidas na sede da estatal para tentar chegar a um acordo. O ministro afirmou que a proposta do governo de aumento real dos salários em R$ 80 a partir de janeiro e o pagamento imediato de um abono de R$ 500 já foi aceita pelos funcionários paralisados, mas o desconto dos dias não trabalhados ainda está sob negociação.

Após intermediação por parte do Ministério Público do Trabalho, o governo ofereceu o parcelamento dos dias a serem descontados, mas os grevistas não aceitam ainda o corte do ponto. "A proposta diz respeito ao desconto dos dias que já temos lançados, que são os seis primeiros. Os demais dias poderiam ser compensados neste e no próximo fim de semana, por meio de mutirões para colocar o trabalho em dia", disse Bernardo.

Segundo o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, a estatal contabiliza 3,4 dias de atraso na entrega de encomendas, cujo fluxo poderia ser restabelecido com as horas extras desses dois fins de semana. "Estamos negociando agora e a expectativa é de que a greve se encerre o quanto antes", completou. Tanto o ministro quanto Pinheiro afirmaram que ainda não há decisão sobre o formato da empresa de logística dos Correios. Segundo eles, as alternativas em estudo ainda serão apresentadas à presidente Dilma Rousseff. (Estado)

IPI deve cair para quem instalar montadora
Dilma não vai revogar aumento de imposto, mas deve autorizar benefício para quem instalar fábrica no Brasil. Por imposto menor, cronograma escalonado visa atingir 65% de componentes nacionais a médio prazo.
A presidente Dilma Rousseff não vai revogar o aumento de IPI sobre carros importados, mas já mandou sua equipe negociar um regime diferenciado para as montadoras estrangeiras que instalarem fábricas no país.
Segundo a Folha apurou, Dilma deu sinal verde para aliviar montadoras do imposto mais alto desde que instalem unidades no Brasil e se comprometam com um cronograma escalonado para atingir no médio prazo 65% de componentes locais.
Assessores presidenciais disseram à Folha que já há negociações com a coreana Hyundai e a alemã BMW. Elas vão apresentar proposta fixando o prazo em que atingiriam o percentual de conteúdo local para escaparem do aumento de 30 pontos no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Representantes da chinesa JAC Motors também estão interessados em participar das negociações e discutem uma proposta com a matriz. Segundo um assessor, a ideia é que existam dois regimes: um para montadora sem fábrica no país, com IPI mais alto; outro para empresas já presentes no Brasil ou em processo de instalação.
Nesse segundo caso, quem já cumprir a exigência de produzir carros com 65% de componentes nacionais ficará isento do aumento de IPI. Quem estiver instalando fábrica deve ter um modelo escalonado ainda em discussão na Receita Federal.
A presidente encarregou o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) de comandar as negociações com as montadoras estrangeiras.
PIRATARIA -- Ontem, durante entrevista ao programa "Hoje em Dia", da TV Record, Dilma voltou a defender o aumento do IPI como medida para proteger o emprego no país, afirmando ainda que seu governo não irá permitir "pirataria" de outros países.
"Nós estamos protegendo emprego brasileiro. Eu não tenho nenhum compromisso de gerar emprego lá fora", afirmou, ao comentar que não irá recuar da medida.
Ao rebater as críticas, Dilma disse que "estavam simplesmente montando e usando mecanismos para importar e usar o nosso mercado interno", acrescentando que, "enquanto depender deste governo, [o mercado brasileiro] não será objeto de pirataria por país nenhum". "As empresas que querem seriamente se estabelecer no Brasil para produzir carros com conteúdo nacional, com inovação tecnológica e que fizerem propostas, vamos examinar", disse Pimentel.
A elevação do tributo foi anunciada no dia 15.
A alta foi de 30 pontos percentuais nas alíquotas de carros e caminhões que tenham menos de 65% de componentes nacionais. Antes, o IPI sobre os importados variava de 7% a 25% e, com a medida, passou para 37% a 55%. (Folha)


Número de atendimentos para seguro-desemprego cai em SP
Com nova regra, espera chega a 8 horas; antes, eram apenas 2.
A nova regra do seguro-desemprego reduziu o número de atendimentos feitos por dia para pedidos do benefício. Além disso, os trabalhadores estão tendo de esperar mais tempo para serem atendidos.
Agora, o Ministério do Trabalho pode suspender o seguro-desemprego caso o trabalhador recuse, sem justificativa, um emprego oferecido pelo governo.
No Poupatempo da Sé (região central da capital paulista), os trabalhadores aguardam mais de oito horas para serem atendidos desde segunda-feira, quando a nova regra foi implantada no posto. Anteontem, a reportagem pegou uma senha de atendimento às 10h, que foi marcado somente para as 18h do mesmo dia (antes, a espera era de duas horas).
Segundo atendentes, o número de atendimentos por dia foi reduzido de 600 para 230 devido à mudança na regra do benefício. Os trabalhadores também reclamaram do novo sistema. O motorista de carreto Claudemir Inácio, 41, mora em Pirituba (zona oeste) e foi encaminhado para uma vaga na Água Rasa (zona leste).
Tentou recusar o emprego por ser distante de sua casa. Ele levaria pelo menos uma hora para chegar ao trabalho, de ônibus. O ministério, porém, não aceitou sua justificativa. "Isso é um absurdo, me obrigam a ir para uma entrevista incompatível com meu endereço."
OUTRO LADO -- Procurado pela reportagem para comentar sobre as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores, Rodolfo Peres Torelly, diretor do Departamento de Emprego e Salário, órgão que pertence ao Ministério do Trabalho e Emprego, justifica a redução dos atendimentos pelo fato de ser um sistema novo que unifica as vagas em todo o país.
Por problemas técnicos, o sistema às vezes sai do ar, afirma Torelly. Segundo o ministério, a nova regra deverá afetar quem recebe, por mês, até R$ 1.500, porque são esses os trabalhadores que mais usam o seguro-desemprego. (Folha/Agora)


Carro no Brasil seria mais caro mesmo sem imposto

Ainda que IPI, ICMS e PIS/Cofins não existissem, alguns veículos nacionais custariam mais do que os estrangeiros.

O preço de alguns carros no Brasil seria mais alto do que na matriz das montadoras mesmo se os impostos que afetam diretamente o valor final fossem zerados, como indicam dados das empresas e da Anfavea, a associação dos fabricantes instalados no País.

O Chevrolet Malibu, por exemplo, custa a partir de R$ 89.900 no Brasil. Tirando IPI, ICMS e PIS/Cofins, o valor poderia cair para R$ 57.176. Mesmo assim, estaria mais caro do que nos Estados Unidos, onde carro sai por R$ 42.300 com impostos para o consumidor de Nova York.

O Ford Focus Sedan está em situação semelhante. Sem impostos, o preço poderia cair de R$ 56.830 para R$ 39.554 no Brasil. Porém, em nova York esse veículo custa R$ 30.743 com tributação.

Entre as montadoras com sede na Europa, o carro sem impostos aqui seria mais barato do que o com impostos lá. Mas, ao retirar a tributação no Brasil e na matriz, o preço por aqui ainda é mais alto.

O Fiat Punto 1.4 2012 sai por R$ 40.308 no Brasil. Sem IPI, ICMS e PIS/Cofins, poderia custar bem menos: R$ 28.104. Na Europa, o preço é de R$ 30 mil com impostos e R$ 25 mil sem.

No caso do Volkswagen Golf, sem esses três tributos o preço seria de R$ 37.806 no Brasil. Na Alemanha, o Golf Trendline mais barato custaria a partir de R$ 33.600 sem impostos.

Além de IPI, ICMS e PIS/Cofins, as empresas pagam também Imposto de Renda e Contribuição Social, mas não é possível calcular quanto o carro custaria sem essa tributação porque as companhias não abrem seus números.

Margem de lucro -- Os impostos no Brasil são mais altos do que nos países onde estão instaladas as matrizes das montadoras, como mostra um levantamento da Anfavea (veja gráfico). No entanto, a diferença de preços é maior do que a da tributação.

Especialistas dividem-se sobre qual seria o outro fator, além dos impostos, que explica o alto preço do carro no Brasil. Uns culpam o chamado "custo Brasil"; outros, o "lucro Brasil". Essa dúvida existe porque as montadoras não divulgam detalhes sobre lucros e custos.

"Citar a influência dos impostos para falar que o preço do carro é alto não é verdadeiro. O preço de carro é alto porque, no Brasil, o volume de importados era muito baixo", afirma o consultor especializado Luiz Carlos Augusto.

Para ele, as empresas terão que "rever a margem de lucro" por causa do aumento das importações e também da concorrência interna. No início dos anos 1990, lembra Augusto, havia cerca de 150 versões de carros no Brasil; hoje, em torno de 900.

Custo Brasil -- Para o economista Julio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o preço alto do carro brasileiro é explicado pelo custo Brasil e pela baixa produtividade no País. Ele diz que para comparar com outros países, seria necessário considerar também os impostos que incidem sobre as matérias-primas dos carros.

A Volkswagen afirma que matérias-primas como aço e plástico custam de 30% a 40% mais no Brasil que em "outros países". A empresa diz, também que o custo da mão de obra no País está "entre os mais elevados do mundo". Questionada, no entanto, sobre o custo da mão de obra na Alemanha, a companhia não respondeu. A montadora aponta, ainda, "questões de infraestrutura" e "regime tributário" como motivos para cobrar mais pelo carro brasileiro do que pelo alemão.

A Anfavea, que representa as montadoras nacionais, divulgou em junho alguns números de uma pesquisa mostrando que produzir aqui é mais caro que em outros países emergentes, mas não trouxe detalhes sobre o custo em países desenvolvidos. Não disse, por exemplo, se produzir no Brasil é mais caro ou mais barato do que na matriz das montadoras. Questionada pela reportagem, a entidade afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "o estudo não está mais disponível".

Para Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, "a postura das montadoras, de evitar a divulgação do seu custo de produção, corrobora a suspeita" de que a margem de lucro no Brasil possa ser "muito superior" à de países desenvolvidos. Ele afirma, ainda, que a mão de obra no Brasil é mais barata do que na Europa e nos EUA. (Estado)

Contatada pela reportagem, a Ford disse que não comentaria. A General Motors e a Fiat não responder a solicitação de entrevista. (Estado)


Mercado de trabalho está mais qualificado, diz relatório do BC

Além de aquecido, o mercado de trabalho brasileiro teve avanços qualitativos nos últimos anos, como aumento da formalização e do nível de instrução dos trabalhadores e queda do trabalho infantil e das horas trabalhadas semanalmente. A análise está no Relatório de Inflação, divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Central (BC).

Mais da metade dos trabalhadores do setor privado possuíam carteira assinada em 2010, contra 44,3% do total de empregados sete anos antes. Aumentou também, de 61,2% para 68,4%, o número dos contribuintes da Previdência Social, que garante benefícios em caso de problemas de saúde e perda de emprego.

Pessoas com pelo menos 11 anos de estudos representavam 45,8% do total da população economicamente ativa em 2003. No ano passado, elas já eram maioria (59,1%). Mas diminuiu mais de 10 pontos percentuais a participação dos trabalhadores com menos de oito anos de estudo.

O maior tempo nas escolas também se refletiu na redução da quantidade de crianças e jovens no mercado de trabalho. Entre 2003 e 2010, o número de crianças de 10 a 14 anos trabalhando ou buscando emprego foi de 3,5% para 1,3%. Na faixa etária entre 15 e 17, a queda foi de sete pontos percentuais (26% contra 18,9%).

Em geral, os empregados também estão trabalhando menos por semana, pois a média de horas habitualmente trabalhadas caiu de 42,5 (2003) para 41,8 (2010). Em 2003, 35,4% das pessoas precisavam cumprir carga horária superior a 44 horas. No ano passado, esse índice caiu para 29,1%. O número dos que tinham que cumprir 49 horas ou mais caiu de 17,2% para 12.1%.

Entre 2003 e 2010, a taxa de desemprego, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), despencou de 12,4% para 6,7%. Nesse período, a ocupação cresceu, em média, 2,5% por ano e a população economicamente ativa, 1,6%. O rendimento médio real teve expansão anual média de 2,5%. (Valor)

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Serviços bancários brasileiros deixam muito a desejar e enquanto isso os banqueiros continuam indiferentes às reivindicações dos bancários

Consumidor bancário avalia mal serviços no Brasil

Uma pesquisa recente feita pela consultaria Bain & Company confirma aquilo que muitos brasileiros já desconfiavam - e órgãos de defesa do consumidor sempre alertaram: a qualidade do serviço prestado pelos bancos deixa (e muito) a desejar.

O levantamento, apresentado com exclusividade ao Valor, teve por objetivo medir o grau de lealdade dos clientes em relação às instituições financeiras. Cerca de mil pessoas responderam, ao longo do primeiro semestre, o quanto estariam dispostas a recomendar determinada empresa a amigos e parentes, numa escala de zero a dez. Reunidas, essas notas deram origem, posteriormente, ao índice NPS (nota de promotores líquidos, em livre tradução).

O resultado apresentado pelos bancos no Brasil pode ser considerado decepcionante. Se, nos Estados Unidos, bancos líderes de mercado exibem NPS de 70 a 80 pontos, aqui a média é negativa em 8 pontos. Na categoria bancos de varejo, Itaú Unibanco ocupa o primeiro lugar no ranking de lealdade do cliente, com um NPS de 9 pontos. A Caixa Econômica Federal (CEF) aparece na segunda colocação, com um NPS negativo de 9 pontos.

"A fotografia deixa claro que há muito espaço para melhora", afirma Rodolfo Spielmann, sócio da Bain & Company, para quem um NPS de 50 pontos seria aceitável. Embora o levantamento tenha abrangido as principais instituições financeiras do mercado, somente os dois primeiros lugares tiveram seus nomes revelados pela consultoria.

O índice de lealdade é calculado com base nas notas de recomendação atribuídas pelos clientes. Dependendo da nota, esse consumidor pode ser classificado como promotor (9 e 10), passivo (7 e 8) ou detrator (0 a 6). O NPS é resultado da subtração do número de promotores pelo de detratores. Os passivos não entram no cálculo. Se o índice é negativo, significa, portanto, que a instituição tem mais detratores do que promotores.

Em uma indústria cada vez mais automatizada, curiosamente, é o contato interpessoal o grande responsável pela lealdade dos clientes. De acordo com as respostas dos entrevistados, mais do que tarifa ou produto, é a qualidade do atendimento que responde como principal fator de promoção - ou detração - de um banco.

Os clientes de alta renda parecem mais satisfeitos. A pesquisa da Bain & Company mediu também a lealdade na categoria "bancos premium" e o resultado do índice de lealdade se mostra bem superior. O HSBC Premier é líder, com NPS médio de 44 pontos, seguido do Itaú Personnalité, com índice de 38 pontos. "Quanto mais pesquisas são feitas, mais se chega a conclusões básicas: todos estão em busca de um bom serviço, seja num banco ou em qualquer outro segmento, especialmente se o público for de alta renda", afirma Paulo Silva, diretor do segmento Premier do HSBC.

O banco inglês tem se esforçado para "mimar" seus clientes. Dobrou o quadro de gerentes de relacionamento para clientes "Premier" de 320 para 650 do ano passado para cá e, nesse mesmo período, passou a adotar a metodologia do NPS criada pela Baind & Company. "Levamos tão a sério a pesquisa que mensalmente dez clientes de cada um dos nossos gerentes são escolhidos para avaliar o serviço do banco", conta Silva.

Mas, apesar de as notas serem bem superiores àquelas obtidas pelos bancos de varejo, a avaliação média do segmento bancário premium piorou desde o último levantamento feito pela consultoria sobre lealdade do cliente, em 2007. O NPS médio dos bancos "premium" recuou de 21 pontos para 17 pontos.

As mudanças ocorridas no setor bancário de lá para cá, notadamente os movimentos de fusão e aquisição, comprometeram a qualidade do atendimento, observa Spielmann. Nos bancos de varejo, o índice que era negativo em 14 pontos quatro anos atrás apresentou uma ligeira melhora e passou, em 2011, para -8 pontos.

A correlação que o índice NPS guarda com o comportamento dos consumidores, no dia a dia dos negócios, pode ser traduzido em maior ou menor lucratividade, segundo Spielmann. Além de propenso a recomendar outros clientes, o "promotor" compra mais produtos. A receita trazida por um cliente avaliado como promotor é, de acordo com a pesquisa, aproximadamente 80% superior à renda produzida por um detrator em um banco de varejo.

Por qual motivo, então, os bancos não se esforçariam para servir bem a esse cliente tão rentável? O argentino Spielmann responde a questão com outra pergunta: "Você já viu o quanto é difícil encerrar uma conta corrente no Brasil"?

Os obstáculos para se fechar uma conta explicam também o fato de o serviço prestado pelos bancos exercer pouca (ou nenhuma) influência sobre o tempo de relacionamento que o cliente mantém com as instituições. Em segmentos nos quais a substituição de produtos é mais simples, como cartão de crédito e seguro de automóvel, os clientes avaliados como "promotores" tendem a permanecer fiéis por mais tempo - e vice-versa. (Valor)


Desemprego fica estável em agosto, mostra Dieese

A taxa de desemprego no conjunto das sete regiões pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela Fundação Seade ficou relativamente estável em agosto, ao passar de 11% em julho para 10,9% neste mês.

O número de ocupados não registrou variação entre um mês e outro, ficando em 19,79 milhões de pessoas.

A População Economicamente Ativa (PEA) caiu 0,1% em agosto na comparação com julho, para 22,2 milhões de pessoas, com redução de 27 mil pessoas no contingente total de desempregados entre os dois meses.

O desemprego ficou estável na maior parte das regiões analisadas: Distrito Federal, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. Os destaques ficaram por conta de Belo Horizonte, cuja taxa de desemprego recuou 0,9 ponto percentual, para 6,7%, e Fortaleza, que registrou queda de 0,7 ponto percentual, para 9% entre a leitura anterior e atual do indicador.

No recorte por setores, entre julho e agosto o comércio fechou 19 mil postos de trabalho, a indústria 18 mil vagas, o agregado outros setores (que inclui serviços domésticos) cortou de 11 mil postos de trabalho e a construção civil fechou 3 mil postos. Apenas em serviços houve geração de postos, com 47 mil empregos criados.

Renda -- Em julho, no conjunto das regiões pesquisadas, o rendimento médio real dos ocupados assim como dos assalariados não teve variação significativa em relação a junho, situando-se em R$ 1.360 e R$ 1.411, respectivamente.

Os dados referentes à renda apresentam um mês de defasagem em relação aos de emprego.(O Globo)


Justiça Federal manda paralisar parte das obras de Belo Monte

A Justiça Federal do Pará concedeu nesta terça-feira liminar determinando a imediata paralisação de parte das obras de construção da Hidrelétrica de Belo Monte. As obras ficam suspensas somente no Rio Xingu, local onde são desenvolvidas atividades de pesca de peixes ornamentais pelos associados da Associação dos Criadores e Exportadores de Peixes Ornamentais de Altamira (Acepoat).

Na decisão, o juiz federal Carlos Eduardo Castro Martins proíbe o consórcio Norte Energia S.A. (Nesa), responsável pelas obras de construção da usina, de fazer qualquer alteração no leito do Rio Xingu, como "implantação de porto, explosões, implantação de barragens, escavação de canais, enfim, qualquer obra que venha a interferir no curso natural do Rio Xingu com conseqüentealteração na fauna ictiológica."

No entanto, as obras de implantação de canteiros e de residências continuam em andamento, já que não interferem na navegação e atividade pesqueira, segundo a Justiça. A multa diária fixada pela 9ª Vara Ambiental, caso a liminar seja descumprida, é de R$ 200 mil. Ainda cabe recurso ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede em Brasília (DF).

Na decisão liminar, o juiz federal Carlos Eduardo Martins considera que, em príncípio, as licenças de operação concedidas aos associados da Acepoat e a licença de instalação da Hidrelétrica de Belo Monte não são incompatíveis, "por serem as atividades distintas e, mesmo quando as atividades são iguais, como no caso das empresas exportadoras de peixes ornamentais, é possível serem expedidas várias licenças com o mesmo objeto".

O magistrado admite, no entanto, que a escavação de canais e a construção de barragens "poderão trazer prejuízos a toda comunidade ribeirinha que vive da pesca artesanal dos peixes ornamentais)".

"Ora, não é razoável permitir que as inúmeras famílias, cujo sustento depende exclusivamente da pesca de peixes ornamentais realizada no Rio Xingu, sejam afetadas diretamente pelas obras da hidrelétrica, ficando desde já impedidas de praticar sua atividade de subsistência, sem a imediata compensação dos danos. O projeto de aquicultura que será implantado no inaceitável prazo de 10 anos, ao menos em uma análise superficial, não garantirá aos pescadores a manutenção das suas atividades durante tal período, mormente porque a licença de implantação das etapas que darão início à construção da usina já foi expedida pelo Ibama em junho de 2011", afirma o juiz federal.(O Globo)


INSS busca motorista infrator em Detran
Instituto faz convênio com polícias e órgãos de trânsito para identificar causador de acidente que gerou benefício. Previdência cobrará gastos com pensão; custo chega a R$ 8 bi por ano com benefícios gerados por acidentes.
O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) está fazendo um "pente-fino" em busca de motoristas causadores de acidentes que provocaram a concessão de benefícios.
Por meio da AGU (Advocacia-Geral da União), o instituto cobrará do motorista infrator, na Justiça, valores gastos com esses pagamentos.
"O INSS está fazendo convênios com ministérios públicos, Polícia Rodoviária Federal, polícias rodoviárias estaduais, Detrans. Constatadas as infrações graves, vamos entrar com ações para que [os infratores] devolvam os valores", disse o presidente do INSS, Mauro Luciano Hauschild, em entrevista ao programa "Brasil em Pauta", da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
O objetivo é fazer uma triagem e abrir os processos contra quem causou acidentes em situações graves, como dirigindo em embriaguez, alta velocidade ou na contramão.
Conforme a Folha mostrou ontem, a AGU está escolhendo casos em que o motorista infrator foi condenado por homicídio doloso -quando assume o risco de matar-, para entrar com os primeiros processos cobrando a pensão paga à família da vítima.
Segundo o procurador Fernando Maciel, a AGU vai esperar as primeiras decisões da Justiça para entrar com novas ações. "Pretendemos ter jurisprudência favorável."
GASTOS -- De acordo com Hauschild, pesquisas preliminares mostram que o INSS gasta R$ 8 bilhões por ano com o pagamento de benefícios gerados por acidentes de trânsito.
Ele disse que as primeiras ações devem sair em outubro.
O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, defendeu a medida. Para ele, o Estado não pode ser o "segurador universal" -por isso a cobrança que o INSS quer fazer é justa.
"É importante que, quando haja dano, exista a indenização. Não queremos extinguir o seguro, só tratar dos gastos que decorrem de ação particular", afirmou Adams. (Folha)


Itaú fecha hoje compra da unidade chilena do HSBC

O Itaú Unibanco está fechando a compra da unidade chilena de varejo do HSBC, banco que está revendo seu portfólio no mundo inteiro. Ambas as instituições devem comunicar a transação ao mercado hoje de manhã, segundo o Valor apurou.

Ontem, procurados pela reportagem, os bancos informaram que não comentariam o assunto.

Apesar de ser um negócio pequeno, já que o braço varejista do HSBC no Chile soma apenas US$ 20 milhões em ativos e quatro agências bancárias, a operação mostra o apetite dos bancos brasileiros em expandir suas atividades no exterior, principalmente na América Latina.

Em diversas partes do mundo, o HSBC está se desfazendo das operações de varejo, como já ocorreu na Rússia, na Polônia e em alguns pontos dos Estados Unidos. O objetivo é se concentrar principalmente nas atividades voltadas para o atendimento a empresas das mais variadas.

Na semana passada, em entrevista ao Valor, Stuart Gulliver, presidente mundial do HSBC, afirmou que também poderá rever alguns ativos no Brasil, entre eles a Losango.

O objetivo do banco é se concentrar nas atividades mais rentáveis e nas quais já tenha atingido escala. Por isso o varejo no Chile, cujas atividades começaram em abril do ano passado, deixou de ser uma prioridade. Em apresentação recente a investidores, o HSBC destacou que, na América Latina, seus maiores interesses estão no Brasil, no México e na Argentina.

Enquanto os bancos europeus e americanos estão revendo sua atuação mundo afora para resolver problemas domésticos, os brasileiros estão aproveitando algumas oportunidades que surgem para se internacionalizar e crescer.

O Itaú já está no Chile desde 2006, quando comprou as operações do BankBoston, mas vem intensificando recentemente sua presença no país. No mês passado, a instituição anunciou a criação de uma nova empresa no Chile com a Munita, Cruzat & Claro (MCC), líder em gestão de fortunas no país, com US$ 2 bilhões de ativos.

Na época, em entrevista ao Valor, João Medeiros, diretor de private banking do Itaú, afirmou que a instituição estava interessada em oferecer produtos brasileiros para os chilenos. Agora, com a aquisição da divisão de clientes de alta renda do HSBC no Chile, o Itaú reforça sua carteiras de clientes endinheirados.

O Chile também atraiu recentemente o interesse do BTG Pactual, que assinou um memorando de entendimentos para comprar a corretora Celfin por cerca de US$ 600 milhões, valor que será em sua maior parte pago com ações do banco brasileiro.

Com a Celfin, o banco controlado por André Esteves já ganharia uma posição de liderança em corretagem, fusões e aquisições e gestão de recursos e fortunas no Chile e no Peru, além de uma porta de entrada para a Colômbia, onde a empresa inicia operações.

Jornais colombianos também têm noticiado o interesse de bancos brasileiros em instituições no país. O BTG teria como alvo a Correval, segunda maior corretora da Colômbia, e o Itaú estaria negociando com o banco Colpatria. Ambas as instituições brasileiras, porém, negam rumores.

Também de olho no crescente fluxo de negócios entre a América Latina e a China, o BTG está investindo cerca de US$ 100 milhões na Citic Securities, maior corretora chinesa por valor de mercado.

É uma transação que deve evoluir para uma participação acionária cruzada entre as duas instituições para selar o interesse de ambas de fazer negócios juntas entre companhias latino-americanas e chinesas.

O BTG e o Citic avaliam que hoje os negócios entre Brasil e China está ficando concentrado nas mãos de instituições americanas e europeias, abrindo espaço para a aliança entre os bancos de países emergentes. (Valor)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Banqueiros usam reajuste de 8% como desrespeito aos bancários e correntistas numa tentativa de ampliar, ainda mais, seus lucros astronômicos

Negociação no Banco de Brasília (BRB) prova que existe espaço para ir muito além dos 12,8%

Lourenço Prado, presidente da Contec (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito) e vice-presidente da UGT

A negociação vitoriosa dos companheiros e companheiras do Banco de Brasília (BRB) que conseguiram fechar um acordo com reajuste de 17,45% prova, sem sombra de dúvida, que existe espaço para que os grandes bancos ofereçam reajustes muito além dos 12,8%. E prova também que a oferta de 8% é uma provocação dos banqueiros que insistem num jogo de forças para tentar vencer a determinação dos bancários brasileiros. Por isso, a Contec continua a mobilizar os companheiros dos bancos em que a provocação dos 8% acontece para manter a greve até a vitória. E, ao mesmo tempo, estamos divulgando nosso acordo com o Banco de Brasília para sensibilizar a opinião pública e os correntistas que é justa a mobilização nacional dos bancários num cenário em que os grandes bancos acumularam lucros de mais de 30 bilhões de reais apenas no primeiro semestre deste ano. Lucro composto por arrocho salarial, spreads altíssimos e tarifas bancárias vergonhosas. Vamos, juntos, opinião pública, correntistas e bancários buscar a parte que nos cabe no ganho dos bancos. Porque, insistimos, a decisão do BRB de negociar um reajuste de 17,45% prova que podemos e conquistar muito mais do que os 12,8%.


Leia, por favor, o clipping do dia:


Greve dos bancos fecha mais de 4.000 agências
Paralisação entra no segundo dia, sem perspectiva de acordo salarial. Em São Paulo, 15% dos bancários cruzaram os braços e 687 agências foram fechadas, segundo o sindicato.

A greve dos bancários segue hoje sem perspectiva à vista de acordo entre patrões e empregados.
Apesar de as duas partes afirmarem estar dispostas a negociar, não há qualquer reunião agendada para tentar acertar a correção salarial dos trabalhadores.
No primeiro dia da greve, 4.191 agências ficaram fechadas em 25 Estados e o Distrito Federal, segundo o Comando Nacional dos Bancários.
Somente os bancários do Estado de Roraima não aderiram à paralisação no primeiro momento.
O sindicato dos bancários de São Paulo, Osasco e região, informou que 21,1 mil trabalhadores pararam ontem, o equivalente a 15% de um total de 135 mil. Do total de 2.400 agências da Grande São Paulo, 687 fecharam as portas, ainda de acordo com o movimento dos bancários.
Os grevistas pleiteiam 12,8% de aumento sobre pisos e salários, além de ampliação dos ganhos nas participações nos lucros. Os banqueiros ofereceram 8%. A proposta foi recusada.
O piso salarial dos bancários é de R$ 1.250, de acordo com o sindicato.
ESTRATÉGIA -- Segundo a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), a greve é "infundada", e foi definida em meio às negociações, sem que houvesse uma situação de impasse.
"Não interrompemos as negociações, e as conversas precisam continuar", afirma o diretor de relações do trabalho da Fenaban, Magnus Apostólico.
Em São Paulo, as ações dos grevistas se concentraram na região central. Na avenida Paulista, a maior parte das agências não funcionou ou operou com um número reduzido de funcionários.
Muitos bancários acamparam em frente a agências da zona norte.
No bairro de Santana, a reportagem constatou diversas unidades fechadas.
Numa delas, no banco Bradesco, estava a aposentada Rosalva Morais, 66, que tinha dificuldades para se locomover. Ela foi até à agência da avenida Braz Leme para obter um novo cartão para sacar dinheiro, mas voltou para casa de mãos vazias.
"Perdi meu cartão e preciso tirar dinheiro. Como é que a gente faz?", questionou.
Se tivesse o cartão, poderia sacar em qualquer dos caixas eletrônicos, que funcionaram normalmente.
Movimentações financeiras e pagamentos podem ser feitos via telefone ou pela internet. Há ainda a opção de correspondentes bancários, como casas lotéricas. (Fonte: Folha)


Caixa suspende contratos habitacionais com recursos do FGTS para projetos sem tratamento de esgoto

A Caixa Econômica Federal suspendeu todos os contratos de unidades habitacionais com recursos do FGTS que não tenham estação de tratamento de esgoto própria. Num comunicado às construtoras que têm projetos sob análise, o banco informou, na sexta-feira, que está cumprindo decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª região (São Paulo). A decisão judicial atende pedido do Ministério Publico Federal em Bauru, apresentado em 2000, alegando preocupações com o meio ambiente.

A Caixa já havia recorrido da decisão de primeira instância, mas perdeu a causa. Deverá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas até que haja um desfecho está cumprindo a decisão judicial, afirmou a assessoria de imprensa da Caixa.

A assessoria informou que a Caixa ainda não tem informações sobre os impactos da medida, mas segundo a consultora da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Maria Henriqueta, a maior parte das contratações está suspensa, incluindo novos empreendimentos do Minha Casa Minha Vida. Ela destacou que, entre janeiro e agosto, foram contratados com recursos do FGTS R$ 10 bilhões, e outros R$ 8 bilhões estão programados.

Além disso, destacou, na maioria dos empreendimentos, a solução para o tratamento de esgoto vem da rede de prefeitura e isso é previamente acertado, antes da assinatura do contrato. A licença ambiental também é uma exigência prévia que a construtora precisa obter.

- Essa decisão traz aumento de custo, principalmente para a baixa renda e do ponto de vista ambiental não se justifica, pois os maiores poluidores são as ocupações irregulares, às margens de rios, o crescimento desordenado das cidades - disse ela.

Outro inconveniente, disse Henriqueta, é que a exigência independe do tamanho do conjunto habitacional (número de unidades), o que pode resultar em várias unidades de tratamento de esgoto, cuja manutenção é de alto custo. Além disso, as cidades já têm plano diretor e locais adequados para a construção dessas estações.(O Globo)


BC admite expansão do crédito maior que a esperada no ano
Estimativa passou de 15% para 17%, mas presidente da instituição diz que inflação ficará dentro do limite previsto. Em agosto, calote de consumidores e empresas subiu de 5,2% para 5,3%, maior nível desde fevereiro de 2010.
O Banco Central já estima uma expansão maior no volume de financiamentos este ano. O chefe do Departamento Econômico da autoridade monetária, Tulio Maciel, disse que as concessões de crédito deverão crescer 17%.
Até abril, o ritmo de empréstimos subia em torno de 21%, e o BC avaliava que o crescimento ideal era de 15%. Desde então, o governo tomou uma série de medidas para esfriar a economia, com objetivo de conter a inflação.
Apesar de ter desacelerado, o volume ainda é alto, especialmente na área de financiamentos habitacionais. "Estamos vendo o crédito crescendo um pouco acima do estimado. Mas é uma evolução sustentável, principalmente quando comparamos com 2007 e 2008, quando crescia a 30%", disse Maciel.
Os bancos públicos vão novamente liderar o crescimento das concessões neste ano, impulsionados pelo crédito habitacional da Caixa Econômica Federal.
Ao mesmo tempo em que os empréstimos aumentam, os calotes sobem.
Em agosto, a inadimplência de consumidores e empresas passou de 5,2% para 5,3%. Foi o maior nível desde fevereiro do ano passado. Para pessoas físicas, a taxa subiu para 6,7% -abaixo da média verificada desde 2000. Na crise de 2009, a inadimplência bateu 8,5%.
INFLAÇÃO -- Ainda assim, o presidente do BC, Alexandre Tombini, espera que a inflação recue ao menos um ponto percentual entre outubro e dezembro. Se a previsão se confirmar, o indicador fechará o ano em 6,3%.
O índice está dentro do limite fixado pelo BC, de 6,5%, mas longe das estimativas de analistas, de 6,52%. Em audiência pública ontem no Senado, Tombini rebateu os ataques do mercado à atuação do BC.
No último dia 31, a instituição reduziu a taxa básica de juros de 12,5% para 12%, o que suscitou uma enxurrada de críticas, já que a inflação ainda é considerada alta.
Segundo Tombini, a piora do cenário internacional nas últimas semanas pesou na decisão. "Tudo isso já estava na conta", afirmou. "Não temos bola de cristal para prever quebra de um país ou instituição, mas temos capacidade de avaliar o quadro". Ele também garantiu que o BC continuará atuando para corrigir eventuais distorções nos negócios com dólar. (Folha)


Crédito cresce 1,7% em agosto e inadimplência é a maior em 19 meses

Segundo dados do BC, volume de empréstimos encerrou o período em R$ 1,888 tri, o que representa 47,3% do PIB; em 12 meses, estoque cresceu 19,4%

O estoque de crédito no País subiu 1,7% em agosto ante julho e chegou a R$ 1,888 trilhão, de acordo com o Banco Central. O saldo equivale a 47,8% do PIB, ante 47,3% no mês anterior. No ano, a expansão do estoque de crédito chega a 10,7% e, em 12 meses até agosto, alcança 19,4%.

A média diária de concessões de novos empréstimos apresentou expansão de 0,8% em agosto ante julho. Com isso, o sistema financeiro emprestou média de R$ 8,549 bilhões em cada dia do mês de agosto, 8,8% mais do que em agosto de 2010.

A expansão de novos empréstimos foi liderada por operações para empresas, que cresceram 2,2% em agosto. Com esta evolução, bancos realizaram média de R$ 5,092 bilhões em financiamento às empresas a cada dia de agosto, cifra 9,4% maior que a verificada um ano antes.

Já no segmento de pessoa física, agosto teve contração de 1,1% na média diária de empréstimo ante julho e terminou com R$ 3,457 bilhões. Apesar da queda mensal, a média em agosto de 2011 foi 7,9% que a verificada em agosto do ano passado.

O saldo de concessões de crédito livre no País cresceu 1,6% nos 7 primeiros dias úteis de setembro, na comparação com igual período de agosto. Até o dia 12 deste mês, o estoque de crédito para pessoas físicas aumentou 1,8% e para pessoas jurídicas cresceu 1,3%. A média diária de concessões no período apresentou crescimento de 3,9%. Segundo Maciel, porém, os dados preliminares alcançam apenas uma pequena parte do mês que não deve refletir o resultado de setembro.

Inadimplência -- A inadimplência no crédito livre ficou em 5,3% em agosto e chegou ao maior patamar desde janeiro do ano passado, quando registrou 5,5%. Os atrasos superiores a 90 dias aumentaram 0,1 ponto porcentual em relação a julho, quando ficaram em 5,2%.

"O aumento da inadimplência nos últimos meses é reflexo da restrição monetária causada pelas medidas tomadas no começo do ano", afirmou Maciel. Segundo ele, porém, a manutenção dos crescimentos - ainda que mais moderados - no emprego e na concessão de crédito devem estabilizar a variável nos próximos meses. "A massa salarial continua crescendo e isso é uma variável importante quando olhamos para a inadimplência. É um indicador da capacidade de pagamento", acrescentou.

Para a pessoa física, a inadimplência ficou em 6,7% no mês, ante 6,6% em julho. Entre as empresas, a inadimplência aumentou 0,1 pp nesta comparação para 3,9%.

Juros -- Ainda segundo o BC, o juro médio cobrado nas operações de crédito livre no País ficou estável em 39,7% em agosto. A taxa média para pessoa física, porém, aumentou de 45,7% em julho para 46,2% em agosto. Já o juro médio para pessoa jurídica recuou de 31,4% para 30,9% nesta mesma comparação.

O spread médio do crédito livre chegou a 27,8 pontos porcentuais em agosto, acima dos 27,4 pontos porcentuais registrados em julho. Para pessoa física, o spread médio cresceu de 33,1 pontos porcentuais para 34,4 pontos porcentuais. Já para as empresas, o spread médio caiu de 19,3 pontos porcentuais para 19 pontos porcentuais.

Imobiliário -- O crédito habitacional registrou expansão de 3,7% em agosto, ante julho, de acordo com dados divulgados há pouco pelo Banco Central. Com isso, o estoque de crédito nesta modalidade chegou a R$ 180,242 bilhões.

No ano, o crescimento do financiamento para habitação chega a 29,9%. No acumulado de 12 meses até agosto, o crescimento é de 49,3%. (Estado)


TSE autoriza criação do PSD de Kassab

Por maioria dos votos, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) oficializou o Partido Social Democrático (PSD). No início da noite, seis dos sete ministros votantes do TSE votaram a favor da criação do partido de Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo. Com essa decisão, o partido pode apresentar candidatos para disputar o pleito municipal de 2012.

No julgamento para a criação do partido, que teve início na terça-feira, 22, a vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, pediu que o TSE recuse o registro do PSD. Em parecer encaminhado ao tribunal, ela citou as suspeitas de fraudes no processo de coleta de assinaturas para formação da legenda e afirmou que, do jeito que estava, a sigla não poderia ter registro na Justiça Eleitoral. “A situação é absolutamente irregular”, afirmou a vice-procuradora. O julgamento foi retomado nesta terça a partir do voto do ministro Marcelo Ribeiro que havia pedido vista semana passada.

Com cerca de 50 deputados federais, O PSD é o 28º partido brasileiro e nasce como um nanico. Nas eleições de 2012 poderá ficar com um espaço restrito no horário eleitoral gratuito porque a divisão do tempo é feita com base na eleição. Antevendo o risco, a legenda já discute internamente a possibilidade de ir à Justiça para garantir mais tempo na propaganda e recursos do fundo partidário. (Estado)


Déficit previdenciário pode ser o menor desde 2002, diz Garibaldi

O déficit previdenciário do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deve fechar 2011 entre R$ 34 bilhões e R$ 39 bilhões, prevê o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho. Se ocorrer, será o menor valor desde o resultado de 2002, que ficou negativo em R$ 29,9 bilhões (corrigidos pelo INPC).

Em 2010, o INSS foi deficitário em R$ 42,7 bilhões (nominais) ou cerca de R$ 45 bilhões (corrigidos pelo INPC).

Na visão otimista de Garibaldi, a Previdência pode ficar com resultado negativo em torno de R$ 34 bilhões, se a arrecadação continuar com crescimento médio real mensal de 9,5%, como registrado no ano até agosto. E as despesas continuarem com alta real em torno de 3,1%.

O secretário de Políticas e Previdência Social, Leonardo Rolim, aponta que se houver "problemas", numa visão pessimista o déficit ficará ao redor de R$ 39 bilhões. Mesmo assim, em torno de 1% do PIB, abaixo do resultado de 2010, que correspondeu a 1,2% do PIB. "Seria repetir os quatro últimos meses de 2010, quando a arrecadação caiu", disse Rolim.

No acumulado de janeiro a agosto, o INSS teve déficit de R$ 25,882 bilhões, resultado 21,7% menor, em termos reais, sobre igual período de 2010, quando somou R$ 33,055 bilhões (corrigidos).

A receita acumulada no período foi de R$ 152,189 bilhões, com alta real de 9,4% sobre o mesmo período de 2010. Enquanto a despesa com benefícios atingiu R$ 178,071 bilhões, aumento real de 3,4% na mesma comparação. (Valor)


Redução em tributo de gasolina não é repassado
Governo reduz cobrança da Cide, mas preço não será afetado. Contribuição cai de R$ 0,23 para 0,19/litro; mudança compensa redução do álcool anidro na gasolina.
Preocupado com o aumento da inflação, o governo decidiu baixar tributos sobre a gasolina para manter o preço do combustível nas bombas nos patamares atuais.
A medida, porém, não aliviará o caixa da Petrobras, pressionado pela alta do dólar, que encarece a importação crescente de gasolina.
Decreto publicado ontem reduz a cobrança da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre a importação e comercialização do combustível dos atuais R$ 0,23 por litro para R$ 0,19 por litro.
De acordo com o governo, a conta foi feita de forma a compensar a redução do álcool anidro na gasolina, que entra em vigor a partir do próximo sábado.
Como a gasolina é mais cara, a mudança de 25% para 20% de álcool na mistura resultaria em um aumento médio de R$ 0,04 no valor cobrado do consumidor por litro, o que será neutralizado com a redução do tributo.
A diminuição na quantidade de álcool foi adotada justamente porque o preço do etanol vinha subindo e havia risco de desabastecimento.
"Estamos preocupados única e exclusivamente em manter neutralizado o preço da gasolina", disse ontem o secretário de Acompanhamento Econômico, Antônio Henrique Silveira.
DÓLAR -- Silveira nega que a medida tenha como objetivo dar uma margem maior à Petrobras em um momento de alta do dólar.
Anteontem, o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, disse que o câmbio pode afetar o balanço da empresa já no terceiro trimestre.
Neste ano, a Petrobras já importou cerca de 2,5 milhões de barris. Em todo o ano passado, foram 3 milhões.
"Não foi considerado o problema de margem da Petrobras ou de importação nesse decreto", disse.
CAIXA COMPLICADO -- O especialista em energia Adriano Pires critica a medida e diz que o governo vem mantendo os preços da gasolina nos atuais patamares de maneira artificial.
Nos últimos três anos, o governo mudou o valor cobrado na Cide para segurar o preço do combustível nas bombas dos postos.
"O caixa da Petrobras está em uma situação muito complicada. O governo está preocupado com a inflação e vai manter o preço artificialmente baixo com o dinheiro do acionistas e do contribuinte", afirma.
Com a redução da contribuição Cide, o governo deixará de arrecadar R$ 50 milhões até o fim do ano.
Procurada, a assessoria de comunicação da Petrobras diz que a medida é uma decisão de governo e não quis comentar o assunto. (Folha)


Negócio bancário se desloca para emergentes

Não é apenas a produção mundial que está se deslocando para os países emergentes - a indústria bancária também. Os bancos nos principais países em desenvolvimento detêm um terço das receitas globais e até 2020 obterão quase a metade delas, prevê um estudo da consultoria McKinsey, com base no desempenho dos 300 maiores bancos do mundo, alocados em 79 países. Mais: são os bancos nos países emergentes que garantirão 60% do crescimento esperado para o setor nessa década.

As fronteiras bancárias estão se movendo principalmente em direção à Ásia e Pacífico, que contribuirão com 39% da expansão esperada entre 2010 e 2020. A América Latina será responsável por 11% do crescimento, com o restante a cargo dos Estados Unidos (23%) e Europa (15%). Os bancos chineses terão 16% das receitas de US$ 6,8 trilhões estimadas para 2020, enquanto que seus congêneres emergentes obterão outros 31%.

Os países emergentes puxarão a demanda de crédito, que, pelo estudo, deverá saltar de US$ 116 trilhões agora para US$ 213 trilhões em 2020, enquanto que a taxa de investimentos também apontará para cima. Alguns números dão ideia do potencial de crescimento nas nações em desenvolvimento. Há 2,5 bilhões de adultos sem conta em banco e 250 a 300 milhões de microempresas (60% do total global) sem acesso a empréstimos bancários. Nos emergentes, há 1 bilhão de pessoas que possuem celulares, mas não cheques ou qualquer serviço bancário.

As instituições bancárias localizadas fora da América do Norte e Europa Ocidental ganham peso quantitativo e qualitativo rapidamente. A comparação com os bancos americanos e europeus, depauperados pela crise nos últimos anos, tenderia naturalmente a ser favorável aos emergentes. Mas os indicadores da performance dos tradicionais bancos dos países desenvolvidos mostram, de acordo com o estudo, que eles já claudicavam antes mesmo da debacle de 2008.

Os bancos europeus e americanos melhoraram seus resultados em 2010 e primeiro trimestre deste ano, mas ainda assim estão abaixo de 2007, antes que a crise estourasse. As receitas totais, na comparação entre 2010 e 2007 foram 3,5% menores para os bancos americanos e 4,5% menores para os japoneses. Bancos franceses e alemães não chegaram sequer à media mundial de 2,5%, embora tenham tido receitas maiores. Quem fez a diferença foram bancos nos Bric. As instituições russas mostraram expansão nesse item de 21,2%, as indianas, de 19,8%, as do Brasil, 17,6% e as da China, de 13,7%. Nos demais emergentes, as receitas cresceram 10,5%. Dos países ricos, só os bancos canadenses chegaram perto, com avanço de 9,1%.

Em 2010, os resultados dos bancos emergentes batiam os dos países ricos em várias frentes. Tinham, por exemplo, custos menores (relação entre despesas operacionais e receitas totais sem provisões) e maiores retornos sobre patrimônio (19,6% ante 7,9%).

Mas enquanto os mercados emergentes estão em franco crescimento, as economias maduras estão estagnadas e seus bancos enfrentarão obstáculos muito grandes para crescer e competir. A crise está levando os consumidores endividados a se tornarem poupadores - a tendência é de menor demanda por crédito e maior poupança. "Na média, a indústria bancária será menos lucrativa", aponta o estudo. Embora a tendência seja geral, encontra as instituições dos países ricos debilitadas por fatores estruturais e conjunturais. Elas terão, por exemplo, de enfrentar um aumento da regulação que lhes trará necessidade extra de capital de US$ 1,5 trilhão para acompanharem as exigências de Basileia 3.

E, para poderem se aproveitar da maior demanda por crédito e investimentos globais, precisarão de mais capital ainda. O problema é que o retorno que estão obtendo, de 9,2% para as instituições americanas e 9,3% para as europeias em 2010, está abaixo do custo do capital, estimado em 12%. Para fechar este "hiato de retorno", os bancos americanos terão de elevar seus lucros líquidos de US$ 121 bilhões em 2010 para US$ 312 bilhões em 2015, o que se traduz numa taxa de crescimento dos ganhos de quase 20%. Os bancos europeus teriam de dobrar os lucros de US$ 166 bilhões para US$ 328 bilhões no período.

No ranking por capitalização da McKinsey, o Itaú Unibanco é o décimo colocado entre os 100 maiores, com um retorno sobre patrimônio acumulado entre 2000 e 2010 de 22,6%, superior ao das nove instituições à sua frente e um dos melhores do mundo. O Bradesco, o 16º colocado, não fica muito atrás e teve rentabilidade de 20,8% no período. Ambos perdem, nesse ponto, para o Banco do Brasil, 26º no ranking, com 27,2% de retorno - o mais rentável dos 100 maiores. (Valor)


Frigorífico JBS é investigado por demissão de 1.300 funcionários em SP

O Ministério Público do Trabalho está investigando o frigorífico JBS pela demissão dos 1.300 funcionários de sua unidade em Presidente Epitácio, no interior de São Paulo. A direção da empresa anunciou o fechamento da unidade, atribuindo a decisão à "ineficiência fiscal do estado", como classifica a alta taxa tributária de São Paulo. Pelo mesmo motivo, a JBS fechou um curtume no Mato Grosso do Sul, enquanto abriu novas unidades no Ceará, em Minas Gerais e em Goiás.

Para o MPT, a quantidade de demitidos em um município do porte de Presidente Epitácio representa "um golpe insuportável para os trabalhadores" locais, pois a economia da sociedade não será suficiente para absorver a quantidade de desempregados. Os procuradores alegam que a empresa não tentou uma negociação coletiva com o sindicato nem se preocupou com o destino dos trabalhadores. (O Globo)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

CAMPANHA SALARIAL DOS BANCÁRIOS 2011

Banco de Brasília oferece 17,45% de reajuste

Por Lourenço Prado, presidente da Contec e vice-presidente da UGT

Os funcionários do Banco de Brasília (BRB) fecharam ontem (26/09) acordo que lhes garante o reajuste salarial de 17,45%. Este resultado, fruto de muita negociação, será avaliado em assembleia e provavelmente levará os bancários do BRB a interromper o estado de greve.

O BRB é um banco que lucrou pouco mais de R$ 196 milhões em 2010 e mesmo assim oferece aos seus funcionários reajuste de 17,45%. O contraditório, é vermos que outras instituições financeiras, como BB, CAIXA, Itaú, Unibanco, Bradesco, Santander e HSBC, que acumularam no mesmo período lucros na casa dos bilhões de reais, insistem na proposta de reajuste de 8%. Ou seja, apenas 0,56% de aumento real. É diante dessa insensibilidade dos banqueiros, que só querem acumular e não pensam nos bancários que os ajudam na conquista desses volumosos lucros, que a categoria se mobiliza em GREVE GERAL POR TEMPO INDETERMINADO a partir desta terça-feira (27/09/2011).


Leia o clipping de hoje, por favor:


Crise e juro baixo complicam fundo de pensão
Nenhum fundo conseguirá cumprir a rentabilidade mínima para 2011, afirma entidade.
A crise das Bolsas de Valores e a redução da taxa básica de juros estão complicando os fundos de pensão do país. As entidades de previdência possuem em média 32% dos seus ativos em renda variável (ações) e 60% atrelados à Selic (taxa de juros oficial), ambos em queda.
Segundo o presidente da Abrapp (Associação das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), José de Souza Mendonça, nenhum fundo conseguirá cumprir sua meta atuarial em 2011.
A meta atuarial é a rentabilidade mínima que os fundos devem alcançar para garantir que seus beneficiários recebam suas aposentadorias, corrigidas pela inflação, sem comprometer o equilíbrio da carteira.
Hoje a meta é de 6% mais o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), o que dá um compromisso de rendimento mínimo de 12,26% neste ano.
Segundo Mendonça, se a Bolsa de Valores permanecer no atual patamar de 55 mil pontos, e a taxa básica de juros (Selic) se mantiver próxima dos 12% ao ano em dezembro, a rentabilidade média dos fundos será de apenas 2,57% em 2011
"Este ano será muito parecido com 2008, quando os fundos apresentaram uma rentabilidade negativa de 1,62%, em meio aos efeitos da crise global. Mas em 2009 e em 2010 houve uma rentabilidade média muito superior à meta e as entidades de previdência recuperaram as perdas", disse o executivo.
PREVI -- A Previ, maior fundo de pensão do país, com R$ 154 bilhões em ativos, é a que mais possui investimentos em renda variável: cerca de 60% de seu patrimônio.
O diretor de Participações do fundo, Marco Geovanne Tobias da Silva, diz que "vai ser muito difícil bater a meta atuarial no atual cenário".
Mas ele explica que a Previ tem peculiaridades.
"Boa parte dos nossos investimentos em renda variável não são contabilizados apenas pelo preço dos papéis em Bolsa, mas pelo valor econômico das empresas", diz.
"Isso não reflete pura e simplesmente a desvalorização na Bolsa, mas é um cálculo mais complexo", completa Silva.
LONGO PRAZO -- Segundo ele, a administração de um fundo de previdência não pode olhar no curto prazo, tem sempre que lembrar que possui benefícios para pagar nos próximos 40, 50 anos.
"Não somos um fundo de investimento que precisa se desfazer de ativos não rentáveis no dia seguinte. Nós sempre olhamos no longo prazo. E, se a Bolsa não vai bem agora, no futuro ela irá. Nós fazemos parte do controle de empresas sólidas", disse o diretor da Previ.
Para ele, o fundo deve perseguir a estratégia de investir em setores como o de infraestrutura, em especial o de energia, que possui estabilidade de longo prazo.
"Empresas elétricas possuem concessões de 30 anos, com remuneração atrelada à inflação, e grande fluxo de caixa. São ideais para fundos de pensão como a Previ."
Imóveis comerciais de alto padrão em grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília também estão nos planos da entidade. O objetivo não é o ganho com a valorização e futura revenda dos prédios, mas com o aluguel dos imóveis. (Folha)


G-20 pode perder 20 milhões de empregos até o fim de 2012

Segundo estudo da OIT, com a crise de 2008, países já haviam perdido 20 milhões de postos de trabalho; se expansão do emprego não aumentar, número subirá para um total de 40 milhões

Os riscos de um desemprego prolongado estão crescendo nos países do G-20, grupo dos 20 países mais desenvolvidos e em desenvolvimento, ao mesmo tempo em que a atividade econômica desacelera, mostrou um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentado nesta segunda-feira em Paris. O estudo indica que os países do G-20 perderam 20 milhões de empregos com a crise financeira de 2008 e se arriscam a perder mais 20 milhões até o fim de 2012.
"Estamos muito preocupados com o que estamos vendo nos números", disse Stefano Scarpetta, chefe de análise de empregos na OCDE, logo antes de uma reunião de dois dias que ocorrerá na capital francesa com os ministros do Trabalho dos 20 países. "O emprego e as políticas sociais deveriam estar no centro de uma política de combate à situação atual".
A recente expansão do emprego no G-20 é insuficiente para compensar os 20 milhões de empregos perdidos na crise econômica de 2008, disse Scarpetta. O emprego cresceu 1%, mas é necessária uma expansão anual de pelo menos 1,3% para suprir a falta de 20 milhões de empregos nos países do G-20 até 2015. Scarpetta disse que a situação tende a piorar com a atual desaceleração da economia.
"Ser a taxa de emprego crescer 0,8% até o final de 2012, agora uma possibilidade bem presente, então a falta de empregos crescerá em mais 20 milhões de postos de trabalho para um total de 40 milhões nos países do G-20", disse o relatório da OIT e da OCDE.
"Isso não é apenas sobre negócios. Nós temos uma situação pela frente onde as tensões sociais vão aumentar. Isso é uma questão para o G-20 porque quando as tensões sociais crescem em um país elas têm implicações em outro", disse Scarpetta.
O estudo indica que 200 milhões de pessoas estão desempregadas atualmente no mundo, o que quase alcança a pior marca, atingida durante a Grande Depressão que começou a partir de 1929.
Na página da OIT, o relatório indica que a situação melhorou em alguns países do G-20, como o Brasil e a Alemanha, mas o desemprego permanece muito alto em outros, como a Espanha, onde supera 20% da força de trabalho.
"A performance dos mercados de trabalho foi muito diferente de país a país. Enquanto alguns países, como Brasil, Alemanha e Indonésia, tiveram um forte crescimento no emprego e significativas quedas na taxa de desemprego, outros como Argentina, Austrália e a Federação Russa mostraram pouco ou nenhum crescimento no emprego, e outro grupo de países e regiões ainda têm uma persistente taxa alta de desemprego, como a Espanha, Estados Unidos, Reino Unido, África do Sul e União Europeia. (Estado)


Após os Correios, bancários também entram em greve
Trabalhadores prometem parar a partir de hoje, por tempo indeterminado; bancos admitem transtornos. Funcionários pedem 12,8% de aumento e maior participação nos lucros; bancos oferecem índice de 8%.
Bancários de todo o país prometem cruzar os braços a partir de hoje, em paralisação por tempo indeterminado, diante do impasse nas negociações de correção salarial da categoria.
Dessa forma, se unem a trabalhadores dos Correios e metalúrgicos do ABC paulista, que entraram em greve nas últimas semanas.
Os bancários pedem reajuste de 12,8% e maior participação nos lucros das empresas. Isso significa aumento real de 5%, se descontada a inflação.
Os bancos ofereceram 8% de aumento sobre salários e participação nos lucros, incremento real de 0,56%.
No ano passado, os trabalhadores obtiveram aumento real de 3,08%, após 15 dias de greve.
"Foram cinco rodadas de negociações frustradas. A greve é o nosso último instrumento; ela é de responsabilidade dos bancos", afirmou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf, entidade que coordena o Comando Nacional dos Bancários.
"A negociação estava em andamento, fizemos duas propostas, e eles disseram que vão para a greve. É um espanto", afirmou Magnus Apostólico, diretor de relações trabalhistas da Fenaban(Federação Nacional dos Bancos).
O representante das instituições financeiras disse acreditar que a maioria das agências vai abrir, a exemplo da greve do ano passado.
ALTERNATIVAS -- Afirmou que possíveis transtornos podem ser minimizados com a utilização de outros canais com serviços bancários, como os caixas de autoatendimento e a internet.
Nos Correios, a empresa disse que, apesar da greve, cerca de 9,4 milhões de correspondências foram entregues no fim de semana passado, por meio de mutirão.
A paralisação dos funcionários completa 14 dias hoje.
Segundo os Correios 18% de funcionários aderiram à greve e 35% das entregas estão atrasadas.
O presidente da empresa, Wagner Pinheiro de Oliveira, estima que a paralisação esteja provocando um prejuízo diário de R$ 20 milhões.
O comando nacional da greve emitiu nota aos sindicatos regionais recomendando a manutenção da greve. (Folha)


Planalto teme o 'pior dos mundos para o governo' com possibilidade de Senado aprovar 10% para Saúde, sem fonte

A presidente Dilma Rousseff manifestou nesta segunda-feira grande preocupação com a disposição do Senado de retomar o texto original da regulamentação da Emenda 29, aprovado na Casa, que estabelece o gasto mínimo de 10% das receitas da União com a Saúde, mas sem a criação de um novo imposto. O Palácio do Planalto orientou os líderes aliados no Senado a monitorar de perto a base governista e evitar que o texto aprovado na Câmara seja alterado. A proposta de fixar um percentual mínimo para a União é de autoria do ex-senador Tião Viana (PT), atual governador do Acre.

- É o pior dos mundos para o governo - reconheceu nesta segunda-feira um auxiliar da presidente Dilma, ao falar da possibilidade de aumento de despesas sem a criação de uma nova fonte de receitas.

Planalto estuda mobilização para barrar mudanças -- O alerta de Dilma foi feito para ministros em reunião na manhã desta segunda-feira no Planalto. Integrantes da coordenação política já defendem uma nova mobilização com os governadores para barrar mudanças no texto no Senado.

Embora o Planalto reconheça que os governadores temem o desgaste de defender a recriação da CPMF, a presidente entende que eles têm que participar do debate. Para Dilma, também é responsabilidade dos governadores evitar que o Senado aumente as despesas do governo sem apontar a nova fonte de financiamento.

O problema é que os governadores estão insatisfeitos com a postura do Planalto sobre o assunto. Primeiro, foram incentivados pela própria presidente a defender o novo imposto. Depois, ela mesma voltou atrás, dizendo que não iria propor sua aprovação.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o governo federal não pretende criar novo imposto, mas reforçou que a ordem do Palácio do Planalto é que a base aliada mantenha sem alteração o texto da Câmara.

- O Congresso e o governo vão fazer um grande esforço para conscientizar sua base de que não é possível retomar o texto original da Emenda 29, pois, quando ele foi votado há três anos, a conjuntura econômica do país era outra e se imaginou que seria criado um novo imposto - adiantou o senador Romero Jucá.

Governo sob risco de derrota no plenário -- O cuidado do Planalto e seus líderes no Congresso não é por acaso. O Planalto foi alertado que, se a votação fosse hoje, correria forte risco de ser derrotado no Senado. Ao contrário do texto aprovado na última quarta-feira pelos deputados, que não onera o Executivo federal, a proposta original da Emenda 29 aumentaria as despesas do governo no setor em mais de R$ 30 bilhões.

- Essa proposta de fixar em 10% das receitas o investimento da União na Saúde pública é inexequível - reiterou Jucá, acrescentando que está descartada a possibilidade de o Congresso aprovar qualquer proposta de criação de um novo tributo para a Saúde, seja este ano ou no próximo - Não é o momento de criarmos novos impostos. Muito difícil de prosperar qualquer iniciativa dessa ainda este ano. No próximo, também será muito complicado. A curto prazo, não teremos uma solução.

Nada será fácil, mas, certamente, essa proposta vai ter o apoio de muita gente que não é da oposição -- A oposição, no entanto, conta com o apoio de parte da base governista para tentar restabelecer o texto original da Emenda 29. De acordo com o líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), o texto aprovado pela Câmara não acrescenta um centavo a mais para a Saúde.

- Nada será fácil, mas, certamente, essa proposta vai ter o apoio de muita gente que não é da oposição - previu Dias.

Jucá anunciou nesta segunda-feira que, no Senado, a Emenda 29 passará por três comissões permanentes, antes de ser novamente apreciada pelo plenário da Casa. Antes, o texto será submetido a debate nas comissões de Constituição e Justiça (CCJ), de Assuntos Sociais (CAS) e de Assuntos Econômicos (CAE).

Apesar desse longo périplo que a Emenda 29 fará pelo Senado, Jucá garantiu que o governo quer votar a matéria com rapidez. Quanto menos tempo o assunto ficar em evidência, menor a pressão pelo aumento de recursos da União.

Mercadante diz que Saúde é subfinanciada -- O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, disse nesta segunda-feira que a Saúde Pública no Brasil é subfinanciada. Segundo ele, os gastos per capita com Saúde seriam 47% menores que os da Argentina. As afirmações foram feitas após a participação do ministro na abertura do seminário "Inovação -- o Brasil na rota do desenvolvimento científico e tecnológico", promovido pela revista "Brasileiros", em São Paulo.

- O que posso dizer é que a Saúde Pública no Brasil é subfinanciada, o setor privado gasta 2,5 vezes mais com Saúde o que o setor público consegue gastar. Temos um déficit comercial de quase US$ 12 bilhões do complexo da Saúde neste ano e estamos fazendo um grande esforço para fazer fármacos e diminuir esse déficit. Mas a Saúde vai ter de melhorar suas condições de financiamento - disse.

Perguntado sobre a possibilidade de se recriar um imposto para gerar recursos para o setor, ele preferiu evitar a polêmica:

Não sou mais senador. Já tem gente competente tratando disso - disse apenas.(O Globo)


BC deve baixar mais os juros, apesar da previsão do mercado sobre estouro da meta da inflação

Diante de um cenário internacional de crise, que tende a piorar, a equipe econômica não descarta uma redução mais ousada da taxa de juros (Selic) já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 18 e 19 de outubro, como arma contra os efeitos da turbulência lá fora. A avaliação do Palácio do Planalto é que o Brasil já vive um cenário de queda da inflação, assim como o resto do mundo, o que permitiria uma decisão mais arrojada no que se refere às taxas de juros, hoje em 12% ao ano. Essa percepção, porém, vai no sentido inverso à dos economistas ouvidos pelo Banco Central (BC) em sua pesquisa semanal do Boletim Focus, que, pela primeira vez, preveem um estouro do teto da meta de inflação este ano, fixado em 6,5%, justamente pelo afrouxamento da política monetária. Segundo o boletim, o IPCA, índice usado pelo governo, encerrará o ano em 6,52%. Foi a sexta previsão seguida de alta da inflação.

De volta de uma rodada de conversas com autoridades monetárias e o setor financeiro da Europa e dos EUA, o presidente do BC, Alexandre Tombini, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estão ainda mais preocupados com a situação internacional. Segundo interlocutores, preveem uma deterioração grave no cenário europeu já nos próximos dias.

Dilma não quer abrir mão de crescimento -- A percepção é que o cenário descrito na ata da última reunião do Copom, divulgada há duas semanas, e descrito como "catastrófico" por alguns economistas, vem se confirmando. O governo, por determinação da presidente da República, Dilma Rousseff, não considera a possibilidade de abrir mão do crescimento econômico este ano. Daí o cuidado de agir depressa, antecipando-se ao agravamento da crise, para não repetir 2008, quando o BC errou na mão ao esperar tempo demais para começar a cortar os juros após o estouro das hipotecas americanas.

Em Nova York, na semana passada, a presidente afirmou que não se sai de uma crise profunda por meio de políticas recessivas:

- É importante procurar respostas novas a problemas novos. Não acredito que se saia da crise produzindo recessão. Temos a experiência de duas décadas perdidas.

Ontem, após uma semana no exterior, a presidente recebeu Mantega logo pela manhã, e a pauta incluiu a situação econômica nacional, tendo por base todos os cenários discutidos lá fora. O presidente do BC também voltou ontem ao país. A avaliação da autoridade monetária é que o dia nos mercados foi mais calmo. Nenhuma nova medida para dar liquidez está descartada, sobretudo no mercado futuro, foco das turbulências da semana passada.

A decisão de mudar o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), segundo uma fonte da equipe econômica, ainda não foi tomada. Para os especialistas, a alta do tributo travou o mercado porque pegou todo mundo no contrapé com apostas na queda do dólar e na alta da Selic, o que não aconteceu. A preocupação é evitar que a turbulência internacional, o sobe e desce do dólar, as previsões maiores de inflação contaminem as expectativas da população.(O Globo)