quinta-feira, 7 de abril de 2011

UGT se mantém determinada e mobilizada pela revolução inadiável na Educação

CNI: educação básica fraca compromete competitividade
Os resultados da Sondagem Especial - Trabalhador Qualificado, divulgada hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), reforçam a urgência do aumento de investimentos para elevar a qualidade da educação básica no Brasil. Conforme a pesquisa, 69% das companhias enfrentam dificuldades com a falta de trabalhador qualificado e, por isso, 78% desse grupo investe em capacitação de funcionários. Porém, cerca de metade (52%) aponta dificuldades na qualificação por conta de uma educação básica ruim dos trabalhadores.
"Temos de agir agora porque esse é um problema que leva gerações para resolver", disse o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca. "Quanto mais tarde o Brasil enfrentar o problema, mais vai demorar para termos um desenvolvimento social forte no País".
De acordo com Fonseca, o trabalhador com uma base educacional fraca apresenta maior dificuldade para aprender processos e operar máquinas. "Quanto maior o obstáculo para o profissional aprender, mais demorada e cara se torna a qualificação". A consequência, afirma o gerente-executivo, é a perda de competitividade da indústria brasileira. "Quando não consegue ser competitiva, a empresa começa a perder mercado para as importações", afirma.
Segundo a sondagem, a dificuldade em qualificar o profissional não esbarra somente na educação básica. O receio das companhias em treinar o funcionário e depois perdê-lo para a concorrência foi apontado por 38% das 1.616 empresas consultadas pela CNI. Se consideradas apenas as grandes companhias, esse porcentual chega a 46%. Por isso, 40% das empresas em geral informaram que investem em políticas de retenção de talentos, segunda ação mais apontada para enfrentar a falta de mão de obra qualificada, atrás apenas de ações para capacitação de funcionário.
Outro fator mencionado que dificulta a capacitação do trabalhador é a falta de cursos adequados às necessidades da empresa. Esse item foi citado por 33% delas. O problema pode estar tanto na falta de aproximação entre o mercado e os centros de formação quanto na necessidade de o trabalhador aprender processos ou operar máquinas específicas para determinada empresa. Neste último caso, apenas a capacitação da própria empresa pode solucionar a questão.
Mercado — No entanto, para o analista de Políticas e Indústria da CNI, Marcelo Azevedo, em alguns casos há um distanciamento entre a formação de profissionais e o que deseja o mercado. "É necessário que a academia, ao formar o engenheiro, por exemplo, atenda também a demanda da economia. Esse distanciamento é o que torna necessário, hoje, uma pós-graduação do profissional", disse.
Os setores nos quais o problema da falta de mão de obra qualificada é mais comum, conforme a Sondagem Especial, são vestuário (a dificuldade foi apontada por 84% das empresas do setor); outros equipamentos de transporte - segmento que vai de bicicletas a aviões, com exceção de automóveis -, com 83%; limpeza e perfumaria, com 82%; e móveis, com 80%. Em 25 dos 26 setores analisados ao menos metade das companhias informou sofrer com a falta de trabalhador qualificado. Refino de petróleo foi o único a ficar abaixo dessa proporção: 48% das empresas citaram ter o problema.
A falta de qualificação da mão de obra afeta, primeiramente, a busca por redução de desperdícios na cadeia de produção e, em segundo lugar, a qualidade dos produtos. A área da produção é afetada principalmente pela falta de engenheiros (61% delas apontaram dificuldade em encontrar esse profissional), técnicos (82%) e operadores (94%). "Temos engenheiros e técnicos no Brasil, mas não para aquela atividade específica que a empresa precisa. A dificuldade agora é casar esse conhecimento com a demanda do mercado", afirma Renato da Fonseca. (Estado)

Médicos de planos de saúde fazem paralisação em todo o país
Reajuste dos valores pagos pelos honorários e fim da interferência na relação médico/paciente. Essas são as principais reivindicações dos médicos de planos de saúde que realizam nesta quinta-feira, Dia Mundial da Saúde, paralisação com suspensão de consultas e procedimentos eletivos e manifestações em diversas capitais. Os atendimentos emergenciais serão feitos. A coordenação do movimento - Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam) - espera uma adesão significativa dos 160 mil profissionais que atendem aos 45 milhões de usuários no país.
- É grande o descontentamento dos médicos, por isso, esperamos uma grande adesão ao movimento. As operadoras pagam, em média, de R$ 35 a R$ 40 por uma consulta. Toda a lógica é em cima do custo, monitoração de exames, internações... A lógica não é a da saúde. Lidamos com uma questão ética - diz Aloísio Tibiriçá, presidente em exercício do CFM e um dos coordenadores do movimento.
A paralisação dos médicos tem o apoio do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e da Proteste - Associação de Consumidores. As entidades destacam , no entanto, que os atendimentos de urgência precisam ser garantidos, assim como reagendamento das consultas e procedimentos.
Luiz Augusto Carneiro, superintendente do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), afirma que a demanda dos médicos não se reflete na percepção dos beneficiários sobre os serviços dos planos de saúde. Em pesquisa encomendada pelo instituto ao Datafolha, 86% elogiam o atendimento médico e 85% o dos exames:
Carneiro se baseia nos dados divulgados pela Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que congrega 15 grupos de operadoras, de que o reajuste médio das consultas, entre 2002 e 2010, variou de 83,33% a 116,30%. A federação diz que está em estudo um novo modelo de remuneração. (O Globo)

Governo amplia cobrança de IOF para empréstimos externos
Taxação de 6% será cobrada sobre captações com prazos de até 720 dias; objetivo é conter ingresso de dólares.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta quarta-feira, 6, a ampliação da cobrança de 6% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre os empréstimos de bancos e empresas brasileiras no exterior com prazos inferiores a 720 dias. Na semana passada, o governo havia tornado a cobrança obrigatória para as operações inferiores a 360 dias.
"O objetivo é reduzir o ingresso de dólares no País e evitar uma valorização excessiva do real", afirmou Mantega. Segundo ele, a medida vale para os empréstimos tomados a partir de amanhã.
Mantega ressaltou que as empresas e bancos que tomarem crédito a prazos mais longos, por exemplo, de dois anos e meio ou três anos, não pagarão IOF. "Essa medida é para desencorajar a tomada de crédito no exterior a prazos mais curtos. Hoje as empresas que tomam para investimentos tomam a prazos mais longos e queremos atingir principalmente as empresas que fazem arbitragem", completou.
Fluxo cambial e crédito — Mantega ainda afirmou que a alteração no prazo para cobrança de IOF em empréstimos externos visa reduzir o fluxo de capital para o Brasil e a oferta de crédito no mercado doméstico com recursos captados no exterior. Segundo Mantega, "esta porta de entrada acaba neutralizando as medidas", que vêm sendo adotadas pelo Banco Central para conter o crédito no Brasil.
Para Mantega, o problema é a oferta excessiva de crédito no mercado mundial por causa da política expansionista dos Estados Unidos e da União Europeia. "Tem excesso de liquidez no mercado mundial. Isso ajuda a valorização excessiva do real", afirmou.
O ministro disse ainda que a valorização do real, em parte, é inevitável porque a economia brasileira está mais saudável que outras economias. "É um atrativo e uma segurança", disse, se referindo à posição do Brasil. Ele lembrou que o País recebeu uma melhora na classificação de rating pela agência Fitch. "Tivermos melhoria no nosso rating e isso reforça o interesse pelo Brasil", disse.
Destino — O ministro afirmou ser muito difícil para o governo saber o destino do dinheiro captado em forma de empréstimo no exterior. "A gente vai fazendo por aproximação", explicou. "A gente toma a medida e vê o efeito dela e pode estendê-la na medida da necessidade. Achávamos que um ano era suficiente e agora estamos passando para dois", completou, justificando a ampliação da cobrança do IOF.
Mantega destacou que as medidas do governo, adotadas até agora, fizeram efeito. "Não é que não deu resultado. Todas as medidas deram resultado. Se não tivéssemos tomado estas medidas, o real estaria mais valorizado do que está", disse.(Estado)

Ministro do Trabalho será chamado para discutir segurança de trabalhadores nas obras do PAC
O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, será convidado a participar de uma audiência pública conjunta nas comissões de Assuntos Sociais e de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado para discutir as condições de segurança dos trabalhadores nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ainda não há data prevista para a audiência.
O convite acontece depois que representantes dos trabalhadores e dos empresários não chegaram a um consenso sobre o tamanho do problemas nos canteiros das obras. Eles, porém, concordaram em continuar negociando com o governo.
O debate foi proposto pelos senadores Ana Amélia Lemos (PP-RS) e Cyro Miranda (PSDB-GO). Ao justificar a necessidade do debate, Ana Amélia informou que a taxa de mortalidade nas obras do programa é de 19,79 para cada 100 mil empregados.
- Essa taxa é considerada muito alta, pois são obras tocadas por grandes construtoras, com tecnologia suficiente para proteger os operários - ressaltou.
Além do ministro, serão convidados Paulo Safady Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção; Ítalo Fortes Avena, chefe do Departamento de Engenharia e Construção do Exército Brasileiro; Arthur da Silva Santos, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT); Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical; e Luiz Fernando Santos Reis, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada. (O Globo)

Brasil mais "velho" exigirá mudanças na aposentadoria
A rápida mudança do perfil demográfico brasileiro, aumentando progressivamente o número de idosos em detrimento do número de jovens, vai exigir correções de rumo nas transferências públicas, especialmente na Previdência Social, com mudanças nos critérios da aposentadoria. Mas poderá permitir ganhos de até 2,48% ao ano no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita das próximas décadas se forem tomadas medidas para adequar as políticas públicas ao perfil etário da população. A base para os ganhos virá do fato de que nesta e na próxima década o país deverá ter a maior população em idade ativa (PIA) em relação ao total de crianças, jovens e idosos (dependentes).
As conclusões acima formam a espinha dorsal do estudo "Envelhecendo em um Brasil mais Velho" divulgado ontem pelo Banco Mundial (Bird) em seminário realizado na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social (BNDES). Segundo o estudo, as políticas deverão estimular os trabalhadores "a poupar e acumular fundos de pensão", impulsionando a aumento do capital por trabalhador, da produtividade e da renda per capita.
"Um sistema previdenciário amplo e generoso pode desestimular a propensão a poupar", afirma o trabalho. Segundo o demógrafo Cássio Turra, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFGM), responsável por um dos trabalhos apresentados no seminário, há dois tipos de dividendos econômicos, traduzidos em crescimento do PIB. O primeiro tem origem no crescimento progressivo da população em idade ativa no período de alta fecundidade, quando os jovens começam a entrar no mercado de trabalho.
Com a queda da taxa de fecundidade (seis filhos por mulher no começo da década de 60 para 1,9 hoje), o Brasil já perdeu esse bônus e Turra calcula que de 2010 a 2050 esse dividendo será 0,21% negativo. Já o segundo dividendo, que é colhido na fase atual, quando a fecundidade diminuiu, mas a população em idade ativa está no seu pico, poderá compensar com sobras a perda do primeiro, se forem feitos os ajustes corretos.
De acordo com trabalho do economista Paulo Tafner, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a PIA brasileira chegou a 124,5 milhões no ano passado, devendo saltar para 139,2 milhões em 2030 e começar a cair. Paralelamente, cai sistematicamente a população de jovens de até 14 anos e cresce a de idosos com 60 anos ou mais, chegando a 2050 com 28,3 milhões de crianças e jovens, 122,9 milhões da PIA e 64,1 milhões de idosos. Ficou evidente no seminário que a reversão de país predominantemente jovem para país de população madura ocorreu no Brasil com maior velocidade do que no resto do mundo.
Esse fenômeno é a base do discurso favorável a que se apresse a tomada de medidas para modificar as regras da Previdência, evitando o risco de uma explosão insustentável dos gastos previdenciários. "O nível de distribuição de renda para aposentados precisa ser discutido à luz das necessidades de todos os setores vulneráveis da sociedade", disse o diretor do Bird para o Brasil, Makhtar Diop. Ele frisou que se não for reduzida também "a vulnerabilidade dos jovens, haverá impacto forte no futuro das transferências de renda e da economia do país".
Ao abrir o seminário, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que a rápida mudança da forma geométrica do que foi no passado uma pirâmide etária no Brasil (a base formada por crianças e jovens e o topo por idosos), terá forte impacto tanto na Previdência como na educação e na saúde - nessa, pelo maior custo dos tratamentos do crescente número de idosos. Ele defendeu a necessidade de debater a idade mínima para a aposentadoria.
Contraponto, o secretário-executivo do Ministério da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, disse que o governo já está trabalhando no aperfeiçoamento da Previdência, mas rechaçou o que chamou de "criminalização" dos gastos sociais, ressaltando que a aposentadoria média no país não passa da casa dos R$ 700 por mês e que se teve um déficit de R$ 45 bilhões em 2010, a Previdência tem R$ 420 bilhões a receber de inadimplentes. (Valor)