quarta-feira, 4 de maio de 2011

Luta contra miséria absoluta passa por melhores empregos com salários decentes

Brasil unido para combater a miséria absoluta

Por Marcos Afonso de Oliveira, secretário de comunicação nacional da UGT

A UGT está absolutamente empenhada, desde a sua fundação, para a inclusão social dos brasileiros e brasileiras, meninos e meninas, jovens e idosos, que infelizmente ainda vivem com renda abaixo de 70 reais mensais. É um constrangimento social imenso para todos nós e a alternativa oficial que o governo da presidente Dilma Rousseff apresenta ao Brasil, cumprindo compromisso de campanha, nos anima a acelerar a erradicação da miséria absoluta. Como sindicalistas temos consciência que o complemento natural para erradicar de vez a miséria absoluta é criar condições económicas, com um controle mais rígido da inflação, com a geração de empregos e com uma politica de investimentos produtivos, para através de salários decentes conquistarmos um novo patamar na distribuição de renda no Brasil. Algo que nossos governos estão avançando, ainda que lentamente, desde a década de 90, com o Plano Real e em seguida com a atuação vigorosa do governo do presidente Lula. Mas ainda há muito a ser feito e consolidado em termos sociais, educacionais e de decência humana.

Plano de combate à miséria terá como alvo 16 milhões
Governo estabelece renda mensal de R$ 70 como limite para definir pobreza extrema e orientar ações sociais. Na campanha eleitoral, Dilma endossou estudo que propunha limite maior de renda para apontar beneficiários.
O governo federal elegeu como alvo de seu plano de combate à miséria os 16,2 milhões de brasileiros que vivem com renda mensal de até R$ 70, um universo menor do que a presidente Dilma Rousseff indicou na campanha eleitoral do ano passado que poderia ajudar.
Dilma vai anunciar em breve ações para cumprir a promessa de erradicar a miséria até o fim de seu mandato, em 2014. Ao estabelecer os R$ 70 como a linha de extrema pobreza do país, ela definiu o alvo prioritário das medidas do governo.
Quando falou em combater a miséria durante a campanha, Dilma mencionou um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que sugeria a possibilidade de acabar com a pobreza extrema até 2016.
O estudo considerava miseráveis pessoas com renda mensal de até um quarto do salário mínimo, o que hoje equivaleria a R$ 136, e projetava uma fatia maior do que os 16,2 milhões de brasileiros nessa faixa de renda.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, que coordena o plano a ser anunciado pela presidente, o limite de R$ 70 poderá ser revisto até 2014 e foi definido com base em três parâmetros.
Primeiro, esse valor de R$ 70 já é usado para definir miséria no Bolsa Família. Segundo, ele é próximo da linha de pobreza extrema proposta pelo Banco Mundial de US$ 1,25 por dia.
O governo também levou em consideração o custo da alimentação em diferentes regiões do Brasil.
A pesquisadora Lena Lavinas, do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio) e estudiosa do assunto, afirmou que a linha de pobreza anunciada ontem é, de certa forma, menor do que a do Bolsa Família, porque não leva em conta a inflação acumulada desde quando o governo decidiu usar o valor de R$ 70 no atual programa de transferência de renda.
"O valor nominal é o mesmo, mas o real é menor", disse a pesquisadora. "Se fosse só para reajustar, seria de no mínimo R$ 75."
"DEFENSÁVEL" — Sergei Soares, do próprio Ipea, disse ontem que a linha do governo é defensável, dentre outros motivos, por criar um critério oficial para a definição de miséria.
"Graças a Deus que o governo estabeleceu uma [linha]. Antes, era a lei da selva. Só no Ipea eram cinco ou seis [valores]", afirmou.
O ministério disse que os cerca de 16,2 milhões de pessoas concentram-se no Nordeste e Norte. A informação foi obtida após cruzamento de dados do Censo de 2010. A pasta afirmou que críticas são normais e defendeu os critérios usados. (Folha)

Em 2010, crescimento da renda reduz pobreza em 16%

A pobreza no Brasil caiu com maior intensidade durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva do que no de Fernando Henrique Cardoso. Desde o começo do Plano Real, a pobreza caiu 31,9% durante a Era FHC. Já no período em que o ex-presidente Lula esteve à frente do país - oito anos encerrados em dezembro de 2010 -, houve queda de 50,64%. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas (FGV), a partir de resultados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre dezembro de 2009 e dezembro de 2010, o avanço na redução da pobreza no país foi de 16,3%, duas vezes o registrado no período entre 2002 e 2008, quando a queda foi de 8,2%. Ou seja, no acumulado desde o lançamento do Plano Real, que trouxe estabilidade econômica ao país, até o fim do ano passado, houve queda de 67,3% da pobreza. "Certamente não é uma década espetacular em termos de crescimento da renda do brasileiro, mas, ainda assim, houve redução da desigualdade", afirmou.

No ano de 2010, a renda média do brasileiro cresceu 2 pontos percentuais acima do PIB, ao avançar 9,6%, enquanto a alta do PIB foi de 7,5% no período. "Em termos de renda do brasileiro, foi um ano excepcional, de crescimento chinês", disse Neri. "Acho ousada a meta de erradicação de pobreza em cinco anos, mas já se cumpriu uma parte importante do caminho de reduzir em 50% a pobreza entre 1990 e 2015", acrescentou.

Como resultado da queda da pobreza, a desigualdade de renda atingiu no ano passado o menor nível histórico desde que começaram a ser realizados levantamentos de renda no Brasil, na década de 1960. De acordo com a compilação de dados de Neri, somente agora o país volta ao mesmo patamar registrado há 50 anos. A medição é realizada pelo índice de Gini, que varia de zero a um, em que a desigualdade é maior quando se chega mais perto de um. Em 2010, o índice ficou em 0,5304. Esse resultado foi considerado conservador pelo próprio autor da pesquisa, já que utiliza dados apenas de regiões metropolitanas, em um período em que as áreas rurais têm registrado avanço significativo.

A taxa acumulada de crescimento da renda na década passada foi de 10,03% para os 10% mais ricos, e de 67,93% para os 50% mais pobres. A taxa de crescimento dos 50% mais pobres foi 577% mais alta do que a dos 10% mais ricos.

A renda dos mais pobres cresceu mais do que a dos mais ricos devido a um efeito educação, explicou o pesquisador da FGV. Entre os 20% mais pobres, os anos de estudos cresceram 55,59%, com um avanço da renda de 49,52%. Já entre os 20% mais ricos, a escolaridade cresceu 8,12%, com aumento de 8,88% da renda. (Valor)

Senadores aprovam lei que aumenta a jornada escolar
Carga passa de 800 para 960 horas ao ano no ensino fundamental e no médio. Outro projeto amplia a frequência exigida para aprovação; ambos têm de passar agora pela Câmara e Presidência.
Foram dados ontem dois passos para ampliar a jornada escolar no Brasil.
O Senado aprovou um projeto de lei que eleva de 800 para 960 horas a carga horária mínima anual do ensino fundamental e médio e outro que aumenta a frequência exigida dos alunos para aprovação no ensino básico dos atuais 75% para 80%.
Considerando-se 200 dias letivos, os alunos passam a ter quatro horas e 48 minutos de aula por dia, em vez de quatro horas. Com a redução do limite de faltas, o número de horas mínimo por ano passa de 600 para 768.
Para que a mudança passe a valer, no entanto, os projetos ainda têm de ser aprovados pela Câmara e sancionados pela presidente.
Se isso ocorrer, o Brasil irá superar a carga horária escolar mínima exigida em grande parte dos países desenvolvidos. Na OCDE, organização que reúne alguns deles, a média é de 837 horas por ano.
A carga horária proposta é similar à já cumprida por escolas particulares no fundamental -que costuma ser de cinco horas diárias. No médio, porém, ainda fica atrás da aplicada em boas escolas particulares de São Paulo.
No Bandeirantes (zona sul de SP), a partir do 1º ano, há pelo menos mais três aulas de 50 minutos por semana à tarde, e, no 3º ano, mais 12 aulas de 50 minutos. No Móbile (zona sul), são, em média, seis horas de aula por dia no mínimo, a partir do 1º ano.
Para Maria de Salete, coordenadora de Educação no Brasil do Unicef (braço da ONU para a infância), os projetos são positivos, mas não garantem por si só uma melhoria na aprendizagem.
Ela ressalta que é preciso que o tempo adicional seja usado com qualidade.
Pesquisas demonstram que, quanto mais tempo o aluno passa na escola, mais chance terá de notas melhores nos exames que medem a qualidade da educação.
Por outro lado, há também alertas sobre um mau uso do tempo em aula. Pesquisa da OCDE mostrou que o Brasil é o país em que os professores gastam mais tempo com atividades não diretamente relacionadas ao ensino, como manter a disciplina em sala.
Do ponto de vista prático, a ampliação da jornada escolar deve envolver algum custo, seja para aumentar o salário do professor que ganha por hora, seja para contratar mais profissionais.
Ainda assim, a mudança é considerada positiva pela Undime, que reúne os secretários municipais de educação. Para Cleuza Repulho, diretora da entidade, é importante que a ampliação da carga permita agregar atividades como música e esporte.
O Ministério da Educação informou que não comenta projetos em tramitação. (Folha)


Fipe: cesta básica de SP sobe 1,65% em abril

O preço médio da cesta básica na cidade de São Paulo aumentou 1,65% em abril em relação a março, conforme pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) divulgada hoje. No mês passado, o valor médio da cesta foi de R$ 282,27, ante R$ 277,69 em março.

De janeiro a abril, a cesta básica paulistana acumula alta de 1,92%, abaixo da inflação de 2,82% registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do mesmo período. Nos últimos 12 meses encerrados em abril, a cesta básica subiu 6,60%, ante inflação de 6,39% medida pelo IPC.

O levantamento da cesta básica da Fipe verifica os preços de 51 itens, número bem mais reduzido que o de 465 itens do IPC, que, em abril, apresentou taxa de inflação de 0,70% ante taxa de 0,35% de março. O conjunto observado na cesta é formado por 41 preços do grupo Alimentação, sete de Higiene Pessoal e três de Limpeza. A instituição divide a cidade em seis regiões, conforme o poder aquisitivo e localização. (Estado)

Inflação volta à agenda das empresas

A inflação voltou à agenda dos executivos, que intensificaram as negociações com os fornecedores de insumos, matérias-primas e serviços em uma tentativa de minimizar o repasse do aumento de custos para o preço final, segundo relato, ao Valor, dos dirigentes de grandes empresas brasileiras presentes à cerimônia de entrega do prêmio Executivo de Valor, ontem em São Paulo. Os repasses, contudo, estão sendo feitos.

As pressões de custos aumentaram, segundo os empresários, justamente no momento em que alguns setores começam a sentir os primeiros sinais de desaceleração do nível de atividade. Eles ainda são tímidos, mas já apareceram tanto no setor financeiro, como para os fabricantes de bens de consumo duráveis, embora ainda estejam fora do cenário da indústria de alimentos ou de bens semiduráveis. Enquanto voltam a lidar com a inflação, a falta de mão de obra qualificada é outro item de preocupação, até porque a necessidade de manter os atuais funcionários tem exigido a concessão de maiores aumentos salariais.

Para conter a pressão inflacionária e não aumentar os preços dos ingressos, a rede Cinemark intensificou as negociações com seus fornecedores, diz seu presidente, Marcelo Bertini. "Por enquanto estamos sendo bem-sucedidos nessa estratégia. Mas não sei mais quanto tempo conseguimos segurar." As negociações salariais em alguns Estados, diz, causaram aumentos mais altos que os previstos inicialmente, o que resultou no aumento dos ingressos. "O problema é que eles estão superando o aumento da produtividade", diz.

Problema para alguns setores, a queda do dólar tem sido um alento para a Positivo Informática. Como a maioria dos componentes usados pela companhia para montar seus computadores é cotado em dólar, o real valorizado acaba compensando a pressão inflacionária que surge com o aumento nos preços das commodities, explica Hélio Rotenberg, presidente da empresa. Com relação ao custo da mão-de-obra, ele diz que a empresa vem tomando medidas para aumentar a produtividade de seus funcionários e também tem se movimentado para garantir que não faltem profissionais preparados.

Na Ambev, as pressões inflacionárias das commodities estão tendo um impacto significativo nos negócios porque os custos estão sendo afetados por insumos como malte, açúcar, alumínio e importação de latas, diz o presidente João Castro Neves. "Isso já nos levou a reajustar nossos preços, percentual que repassamos sempre em linha com a inflação. Mesmo assim, temos conseguido bons resultados por nos mantermos focados em produtividade e inovação, além de um controle rigoroso de gastos", afirma Castro Neves.

O segmento de bebidas já sentiu a retração na demanda. "Desde o fim do ano passado o nosso setor vem apresentando sinais de desaquecimento causados por uma desaceleração no aumento de renda disponível, aumento de preços, além da influência do clima", diz.

André Esteves, presidente do banco BTG Pactual, também já sentiu alguma desaceleração no ritmo das atividades no primeiro trimestre deste ano. "Já deu para perceber que o PIB [Produto Interno Bruto] deste ano não repetirá os 7,5% de 2010. Ficará dentro dos 4%", diz.

Nas operações da varejista Lojas Renner, o impacto veio principalmente do preço do algodão. Segundo o presidente da companhia, José Galló, a alta chega a 160% desde o início do ano passado e trouxe um aumento de custos para a rede de 10% a 12%. "Mas temos conseguido repassar esses reajustes para os preços dos produtos", afirma Galló. Para reduzir custos, a empresa também usou mais materiais sintéticos. Na Hering, o aumento do preço do algodão e da pressão inflacionária levou a empresa a reajustar os preços em média 10% no primeiro trimestre. Fábio Hering, presidente da empresa, acredita que a estratégia do governo de usar a importação como plataforma de controle da inflação pode desestimular o avanço da indústria nacional.

A Renner, informa Galló, ainda não registrou queda de demanda, mesmo com o aumento da taxa básica de juros, ao contrário do que a Whirlpool já percebe. José Drummond Júnior, presidente da empresa, explica que ela já vive um momento de desaceleração. "Continuamos em um ritmo positivo: estamos crescendo menos, mas sobre uma base alta."

Na empresa, a solução encontrada para o aumento dos preços de matérias-primas foi a negociação com os fornecedores e o repasse de preços ao consumidor, realizado este mês. "Essas medidas recompuseram os preços, fazendo frente aos impactos que já aconteceram", informou Drummond. Ele ressaltou ainda que a alta dos salários já vem sendo sentida pela Whirlpool nos últimos três anos.

A inflação ainda não afetou os negócios das operadoras de serviços CPFL e Nextel. O presidente da CPFL, Wilson Ferreira Jr., diz que o custo que mais preocupa o setor hoje é o da mão de obra mais qualificada. Ele afirma, no entanto, que a empresa está conseguindo treinar os profissionais que necessita. "Não colocamos um eletricista na rua sem dar dois a três meses de capacitação." Sérgio Chaia, presidente da Nextel, concorda. Para ele, o maior desafio hoje é trazer mais pessoas qualificadas para a empresa. A Nextel contratou no ano passado cerca de mil funcionários e planeja contratar o mesmo este ano. "Enfrentamos o apagão da mão de obra, e nossa preocupação é remunerar bem nossos funcionário. Não é o custo que nos preocupa e sim a oferta de profissionais", diz ele.

A alternativa apresentada pelo presidente da Azul, Pedro Janot, para conter os efeitos da escalada do petróleo e da inflação das commodities no setor aéreo é investir em produtividade, tecnologia e revisão de processos. "Temos de continuar a ganhar dinheiro", diz.

Desaceleração não é a palavra do cotidiano das empresas ligadas ao agronegócio. No setor sucroalcooleiro, que ainda vive um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de seus dois principais derivados - etanol e açúcar - os preços têm subido devido ao fato de a demanda crescer em um ritmo mais acelerado que a oferta, diz José Carlos Grubisich, presidente da ETH. Já a gigante JBS encara a valorização de sua matéria-prima (boi gordo) como um fator que reflete diretamente no maior faturamento da empresa. "Nosso custo fixo diminui uma vez que o preço médio do produto que vendemos aumenta. No mercado de commodities não é possível não repassar os preços", diz Joesley Batista, presidente do conselho da JBS.

Para driblar as pressões inflacionárias e reduzir os custos na compra de matérias-primas a Natura adotou um programa de atualização da plataforma de fornecedores, em que está renegociando os contratos e ampliando a base de oferta. "Estamos buscando novos fornecedores, que serão selecionados a partir de indicadores socioambientais", diz Alessandro Carlucci, presidente da empresa.

Como toda a indústria, as pressões inflacionárias provenientes das matérias-primas e do aumento dos salários têm influenciado os negócios da Suzano e da WEG. Para a Suzano, os custos que mais pesam são os do petróleo (atrapalham a logística) e dos insumos químicos, como a soda cáustica.

Harry Schmelzer Jr., presidente da WEG, por sua vez, tenta diversificar seus investimentos, para se ajustar ao aumento nos custos das matérias-primas e da contratação de pessoal. "Estamos investindo no Brasil, mas também estamos colocando mais velocidade para aumentar nossos investimentos produtivos no México, Índia e China. Nós precisamos ter um hedge natural das nossas operações internacionais", explica. (Valor)