segunda-feira, 23 de maio de 2011

Inclusão social e racial fazem parte das principais bandeiras da UGT

Mobilização e expansão da economia incluem negros no mercado de trabalho

Por Ricardo Patah, presidente nacional da UGT

Finalmente começamos a recolher os frutos das políticas afirmativas e da mobilização das entidades civis, entre elas os sindicatos, como o Sindicato dos Comerciários e a Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo. Desde a criação da UGT, há quase quatro anos, nossa principal bandeira tem sido a inclusão social. Os negros e os mais pobres são sumariamente excluídos das oportunidades educacionais, primeiro. E como consequência e muito preconceito depois são também mantidos fora do mercado de trabalho. Essa situação está mudando com as recentes políticas de inclusão social e de investimento em Educação e Qualificação do governo do ex-presidente Lula e que a UGT insiste que devam ser ampliadas no governo atual. Os números recentes apurados pelo Instituto Ethos mostram que o preconceito além de desumano é também contraproducente para nossa economia. As empresas começam a dar oportunidade aos negros e devemos insistir para que se acelerem estas contratações. Afinal, o Brasil tem uma dívida enorme com esta população que é parte integrante de nossa nacionalidade e de nossa cultura. Comemoramos com euforia pois o Sindicato dos Comerciários de São Paulo foi uma das primeiras entidades a incluir na sua convenção coletiva a obrigatoriedade de se contratar no mínimo 20% de trabalhadores afro-descendentes. E enquanto a gente não perceber trabalhadores negros nos shoppings, nos restaurantes e nas principais atividades econômicas e de serviços significa que ainda teremos muito a fazer pela inclusão social e racial em nosso País.

Empresas ampliam a contratação de trabalhador negro
Participação sobe de 23,4% em 2003 para 31,1% em 2010, mostra pesquisa do Instituto Ethos com 500 companhias. Mas, quanto maior o nível hierárquico, menor é a presença de negros; em cargos de diretoria, são só 5,3%.
"Costura, faxina..." Vanessa Santos Antônio, 20, sabe bem qual seria seu futuro se não tivesse decidido cursar faculdade.
"Nasci em uma família pobre, em Brasilândia [zona norte de São Paulo], mas meu pai sempre me ensinou que o único jeito de mudar de verdade e ter um padrão de vida diferente é estudando."
Aluna do último ano de administração da Faculdade Zumbi dos Palmares, ela fez dois anos de estágio no Bradesco e foi efetivada com escriturária no departamento de recursos humanos.
Depois de se formar, pretende fazer pós-graduação e intercâmbio nos Estados Unidos para estudar inglês.
Durante a era Lula, a participação de negros como Vanessa nas empresas passou de 23,4% (2003) para 31,1% (2010), segundo pesquisa do Instituto Ethos com as 500 maiores empresas do país.
"A mão de obra negra está mais inserida no mercado de trabalho, mas ainda está bem abaixo do que deveria, considerando que eles representam 46% da PEA (população economicamente ativa)", diz Paulo Itacarambi, vice-presidente do Ethos.
Alguns fatores, diz ele, explicam esse aumento. Um é a melhoria da autoestima, que tem contribuído para aumentar o número de pessoas que se declaram negras (pretos e pardos).
Há ainda a política de cotas nas universidade, melhorando a qualificação. Por fim, vem a percepção, por parte das empresas, de que a diversidade é positiva para a organização.
Mas, apesar dos avanços, a análise da presença do negro em diferentes níveis hierárquicos evidencia uma enorme desigualdade.
Quanto maior o nível hierárquico, menos negros. Eles ocupam 25,6% dos cargos de supervisão. Estão em 13,2% dos cargos de gerência e em 5,3% dos cargos de diretoria.
"É preciso criar oportunidades para essas pessoas subirem na empresa e isso requer esforço e investimento", diz Itacarambi.
O Ethos defende que as empresas tenham metas -mas não cotas- para reduzir as desigualdades. "Empresas não funcionam com cotas. Mas, se fizerem esse investimento, rapidamente a gente equilibra isso."
ESTÁGIOS — Para chegar aonde chegou, Vanessa Antônio participou de um dos únicos programas privados dedicados à promoção do negro no mercado de trabalho no país.
Sua faculdade tem parcerias com dez empresas para a realização de estágios: Bradesco, Citibank, Itaú, Santander, Banco do Brasil, Mercedes-Benz, Ford, Dow Química, Cargill e Nestlé.
Cada uma recruta entre 20 e 40 alunos por ano. Em média, 90% são efetivados após o fim do estágio. Desde que o programa foi criado, 483 alunos fizeram ou estão fazendo estágio.
"O estágio é diferenciado. Além do trabalho, eles fazem cursos de extensão por meio de convênios com FGV, USP e Unicamp", diz Francisca Rodrigues, diretora da Zumbi dos Palmares.
A educação qualifica o negro, mas ainda é preciso vencer preconceitos. "Ainda tem muita gente de recursos humanos que contrata pela boa aparência, o que, para eles, quer dizer "branco de cabelo liso'", diz Rodrigues.
"A gente vê isso aqui. Fechamos essas parcerias com os presidentes. Mas, quando vem alguém de RH fazer a seleção, às vezes a pessoa faz perguntas estranhas. Você vê que ela não sabe nem como abordar os alunos negros." (Folha)

Micro e pequenas geram 67% dos empregos em abril

Levantamento feito pelo Sebrae com base no Caged mostra que as empresas com até quatro trabalhadores são as que mais empregam no Brasil

As micro e pequenas empresas foram responsáveis por 67% dos 272.225 empregos formais gerados no Brasil em abril deste ano, o que corresponde a 182.390 vagas. É o que mostra levantamento feito pelo Sebrae com base nos dados do último Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, divulgado essa semana, em Brasília. Os números apontam uma recuperação do ritmo observado em março deste ano, quando os pequenos negócios responderam por 41,4% dos empregos com carteira assinada.

"Considerando os últimos 12 meses, as micro e pequenas empresas geraram quase 80% dos empregos formais no país. Portanto, não há como falar em desenvolvimento do Brasil sem envolver esse segmento", afirma o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.

De acordo com o levantamento, as empresas que empregam até quatro trabalhadores contribuíram significativamente para o resultado geral, respondendo por 46,2% de todas as vagas com carteiras formais criadas no mês, enquanto os empreendimentos que empregam de 20 a 99 foram responsáveis por 13,7% das contratações. Já as que empregam entre cinco e 19 funcionários responderam por 7,1% do saldo total dos empregos do mês.

Considerando os setores, o de serviços foi o que mais se destacou, representando 28,7% do total de empregos gerados pelas micro e pequenas empresas. O comércio também teve destaque na criação de postos de trabalho, representando 13,5%, seguido pela indústria de transformação, com 10,7% do total de empregos.

Dinâmica nacional — O desempenho de abril foi superior à média verificada nos últimos quatro anos, sendo o quarto melhor resultado em toda a série histórica para o mês. No acumulado dos últimos 12 meses, foram gerados 2,295 milhões de postos de trabalho, considerando a série ajustada, que incorpora as informações declaradas fora do prazo, equivalente à expansão de 6,65%. Dos 26 estados e do Distrito Federal, 23 expandiram o nível de emprego, com recorde apenas no Rio de Janeiro e no Amazonas. Em termos absolutos, o estado de São Paulo liderou a geração de empregos, seguido por Minas Gerais e Rio de Janeiro. (Agencia SEBRAE)

Internet já é o 2º maior canal bancário

Com quase um quarto do número de transações efetuadas no Brasil, web só fica atrás de caixas eletrônicos. Especialistas dizem que sites ainda precisam se adaptar ao cliente e dão dicas de como usar o sistema com segurança.
O internet banking brasileiro já é o segundo canal de serviços mais utilizado pelos clientes, atrás apenas dos caixas automáticos (31%), respondendo por 23% das operações bancárias efetuadas no Brasil, segundo dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Mas essa escalada de importância na vida dos clientes precisa ser acompanhada por uma reformulação tanto na forma de manuseio dos serviços quanto na linguagem empregada nos sites, afirma Fabiana Yazbek, especialista em usabilidade e arquitetura da informação da Lumens Consultoria.
"Em vez de ter uma infinidade de serviços que ninguém sabe como usar, o site de banco ideal deveria oferecer satisfatoriamente o básico, que é uma visão global da conta corrente e dos investimentos, como saldo, últimas operações e agendamento de pagamentos", diz Yazbek.
Outra problema, na avaliação de Yazbek, é a comunicação. "Os menus dos sites bancários estão presos à linguagem mercadológica, o que dificulta a navegação", afirma. "Parece uma sopa de letrinhas."
Para ela, o internet banking tem de incorporar a seus serviços o agendamento de compromissos futuros que o cliente tenha com a instituição, como a renovação do seguro do automóvel ou da casa. "Atualmente, nenhum banco está fazendo isso direito, seja pela falta de dados de todos os serviços que o cliente utiliza na instituição, seja pela falta de sinergia entre as áreas", diz.
Do ponto de vista do design, o internet banking brasileiro vai contra a intuitividade dos usuários, priorizando a lógica dos projetistas de informática, diz Luís Cláudio Portugal, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
"As categorias de serviços não seguem uma hierarquia de informações e ainda existe o problema de você realizar uma longa operação e apenas ao término dela descobrir que não pode ser concluída naquele horário", afirma Portugal.
SEGURANÇA — Segundo Wanderson Castilho, especialista em crimes eletrônicos da consultoria E-Net Security, a maioria das vítimas de fraudes virtuais no internet banking são usuários novos de informática, que acabam cedendo espontaneamente suas informações bancárias.
"Os bancos precisam criar um canal direto para esclarecer os clientes sobre os perigos de preencher formulários maliciosos e atualizar esse banco de dados com os novos tipos de golpe", afirma.
"Todo dia os bandidos inventam novas formas de roubar e os bancos têm de enfrentá-los informando seus clientes sobre como se prevenir", completa Castilho.
Marcelo Laus, especialista em segurança da Data Security, recomenda que se evite o uso de computadores compartilhados, como os de hotéis ou de salas de aula. "O usuário também deve manter seu PC protegido, com o sistema operacional e antivírus atualizados", diz. (Folha)

Estudo coloca trabalhadores brasileiros em vantagem sobre norte-americanos

Levantamento aponta que assalariados têm mais proteção social no Brasil e que empregos gerados no País têm sido de melhor qualidade do que nos EUA.

Um estudo realizado em parceria entre a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal da Bahia (Ufba) abrangendo 70% dos trabalhadores formais urbanos (não-agrícolas) do Brasil (55 milhões de pessoas) e dos Estados Unidos (116 milhões) causou surpresa, entre os próprios pesquisadores, ao atestar que, no Brasil, os assalariados têm mais proteção social e os empregos gerados têm sido de melhor qualidade do que nos Estados Unidos - mesmo antes da eclosão da crise econômica mundial, em 2008.

No ensaio "Os sentidos das precariedades em dois mercados nacionais de trabalho: Brasil e Estados Unidos", os pesquisadores Claudio Salvadori Dedecca e Wilson Menezes, professores, respectivamente, da Unicamp e da Ufba, levam em consideração dados oficiais dos países e fatores como remuneração, desigualdade da massa salarial e perfil do contrato de trabalho, de acordo com a segurança oferecida ao trabalhador.

De acordo com os pesquisadores, os resultados contestam teses que relacionam melhorias na remuneração média e na proteção social dos assalariados com menos regulação nos contratos de trabalho.

Segundo o estudo, enquanto houve, na última década, no Brasil, expansão na absorção de trabalhadores pelo mercado formal - com mais proteção social -, com aumento real na média de salários (13% entre 2001 e 2009), nos Estados Unidos ocorreu fenômeno inverso: a ampliação de vagas ocorre principalmente em áreas de remuneração mais baixa, como em grandes redes varejistas, e é seguida por constante diminuição na proteção social. Além disso, não resulta em aumento salarial médio real (3% entre 2001 e 2009).

Hoje, mostra a pesquisa, o trabalhador norte-americano não conta com diversos direitos legais com os quais os empregadores brasileiros têm de arcar, como férias e feriados remunerados, pagamento de horas extras e licença-maternidade.

"Os resultados apontam para uma redução das precariedades dos contratos de trabalho no mercado brasileiro, (...) situação que não encontra sinalização para o mercado de trabalho americano", conclui o estudo. "A constatação não confirma a tese que associa um menor desemprego e maior proteção a uma menor regulação dos contratos de trabalho, independentemente da efetividade das matrizes institucionais."

O levantamento integra um projeto maior, que inclui pesquisadores e universidades da Europa e dos Estados Unidos. A próxima etapa será comparar as realidades dos mercados de trabalho brasileiro e norte-americano com o mexicano. (Estado)

Divisão de lucros deflagra onda de greves

Metalúrgicos de montadoras do Brasil inteiro aproveitam o bom momento do setor - com produção e vendas bombando - para cobrar a sua parte na divisão do lucro das empresas. As negociações entre sindicalistas e empresários, em sua grande maioria, têm chegado ao impasse, o que abriu caminho para uma enxurrada de greves no setor.

Os metalúrgicos da General Motors (GM) de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, fizeram ontem uma greve de advertência de 24 horas e ameaçam cruzar os braços por tempo indeterminado na segunda-feira. Na fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista, a paralisação foi de quatro horas - duas no turno da manhã e outras duas no da tarde. Os trabalhadores querem que a GM pague R$ 12 mil em Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) este ano. A oferta da empresa é de R$ 9 mil.

O movimento dos metalúrgicos de São José e de São Caetano faz parte de uma tendência nacional. A conquista de parcelas cada vez maiores nos lucros ou resultados das empresas é hoje um dos principais itens da pauta de negociações entre empresas e sindicatos, ao lado do aumento real de salários. Entre os operários das montadoras, essa tendência é ainda mais forte.

Este ano, a venda de veículos estabeleceu um novo recorde para um primeiro quadrimestre. Elas cresceram 4,5% em relação a igual período de 2010. Para este mês, a expectativa do setor é de novo recorde. As vendas devem ficar ao redor de 300 mil unidades, atingindo o melhor resultado para um mês de maio no País. O emprego, em geral, também está em alta no País. (Estado)

Investimento cresce mais e dá qualidade ao PIB do 1º tri

O investimento voltou a puxar a atividade econômica no primeiro trimestre, revertendo a composição menos saudável registrada no trimestre anterior, quando o consumo das famílias tinha avançado a um ritmo bem superior ao da formação bruta de capital fixo (FBCF). De nove analistas consultados pelo Valor, seis apostam numa expansão mais forte do investimento, amparado no crescimento expressivo do consumo doméstico de máquinas e equipamentos e em uma alta um pouco mais moderada da construção civil.

As projeções mais positivas apontam para um crescimento de 3,5% a 4% no primeiro trimestre para o investimento em relação ao trimestre anterior, feito o ajuste sazonal, ritmo bem mais forte que o 0,7% do quarto trimestre de 2010 em relação ao terceiro, na mesma série. Há, porém, estimativas mais cautelosas, indicando um aumento da formação bruta inferior a 1%. Redução do crédito para empresas e retração no investimento público são os argumentos dos economistas que não esperam alta expressiva no primeiro trimestre.

Para o consumo das famílias, as projeções oscilam entre 0,4% e 2%. Nas contas do resultado do conjunto do PIB no primeiro trimestre, contudo, há menos divergência, e a expectativa generalizada é de uma aceleração em relação ao 0,7% do quarto trimestre sobre o terceiro (com ajuste), com as previsões variando entre 1% e 1,5%. Os números oficiais serão divulgados pelo IBGE em 3 de junho.

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, é um dos que estimam uma alta muito expressiva do investimento no primeiro trimestre, apostando em expansão de 3,5% em relação ao trimestre anterior, feito o ajuste sazonal. O número forte se deve principalmente ao crescimento de 7,2% do consumo aparente de máquinas e equipamentos (a soma da produção e importação, excluindo a exportação desses produtos), diz ele, que projeta alta de 2,1% para a construção. A oportunidade de comprar uma máquina mais barata no exterior, dada pela valorização do real, também é ressaltada na análise do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas, que espera um investimento 2,7% mais forte no primeiro trimestre em relação ao fim de 2010, na série com ajuste.

"Com o real apreciado e algum receio de que poderia haver mudanças na taxa de câmbio, as empresas aproveitaram para aumentar a importação de máquinas e equipamentos e insumos nesse período", diz Vale, da MB, para quem Petrobras e Vale têm uma "boa responsabilidade por essa expansão". Além da importação, também cresceu com força no primeiro trimestre a produção local de bens de capital, que subiu 5,1% sobre o trimestre anterior, na série livre de influências sazonais.

Embora espere uma alta forte do investimento, o coordenador do Boletim Macro do Ibre, Regis Bonelli, destaca o caráter volátil da formação bruta de capital fixo, que oscila bastante. "É uma das variáveis mais difíceis de se prever o comportamento", diz ele. Nas contas do Ibre, no primeiro trimestre, o consumo das famílias vai crescer 1,4% (quase 50% abaixo do investimento), uma perda de fôlego influenciada pela base de comparação mais forte do quarto trimestre e pela redução do ritmo de vendas de veículos, diz Bonelli. Um investimento que avança mais que o consumo confere mais qualidade ao crescimento, uma vez que aponta para o aumento da capacidade de produção da economia. A questão, diz Bonelli, é que, antes de ampliar a oferta, o investimento alimenta a demanda, que já se encontra aquecida, num cenário de inflação pressionada.

A perda de fôlego na venda de veículos e a forte base de comparação também são os argumentos de Vale para projetar uma alta de apenas 0,4% em relação ao quarto trimestre (série com ajuste). "Mas isso não significa que o consumo esteja mal, a expansão do fim de 2010 é que foi atípica", diz ele, que não vê um efeito tão expressivo das medidas de restrição ao crédito.

O Bradesco também espera expansão de 3,5% para o investimento no primeiro trimestre, atribuindo a força da formação bruta de capital fixo a uma possível antecipação de projetos. Em relatório, a economista Ana Paula de Almeida Alves aponta a "moderação anunciada na concessão de alguns incentivos parafiscais" - leia-se, a perspectiva de aumento dos juros do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES.

O economista-chefe do HSBC, André Loes, calcula que o avanço dos investimentos no primeiro trimestre, na comparação com igual período de 2010, foi de vigorosos 15,7%. O resultado é ainda mais expressivo, avalia Loes, "se levarmos em conta que o primeiro trimestre do ano passado foi muito forte em investimentos, devido à redução de impostos para a indústria e o clima de entusiasmo no país". Na mesma comparação, o HSBC estima em 5,8% o avanço do consumo das famílias. É de Loes uma das estimativas mais otimistas sobre o avanço do PIB no primeiro trimestre deste ano, de 1,5% em relação ao quarto, com o ajuste sazonal.

"A economia está desacelerando", diz Loes, "mas a um ritmo muito lento. O país está muito aquecido ainda". No ano, o HSBC projeta a alta do PIB em 4,7%, com consumo das famílias crescendo um ponto percentual além do PIB, e os investimentos 11%. "O melhor seria caminharmos para um cenário em que o consumo das famílias cresce menos que o PIB", afirma.

No grupo dos pessimistas com o investimento, Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, projeta alta de 0,8% no primeiro trimestre, abaixo do 1% esperado para o consumo das famílias. Nas contas da consultoria, a construção civil cresceu 1,4%, o consumo de bens de capital, 4,5%, mas o estoque de crédito para empresas, que ela inclui no modelo, recuou 0,3%, sempre na série com ajuste sazonal.

Além dos citados nesta página, o Valor consultou o Santander - que estima em 0,4% a alta dos investimentos e em 1,2% a do consumo das famílias - e a LCA Consultores. (Valor)

Gasto de Estados com juros sobe 30% no 1º bimestre

Com o endividamento com o governo federal corrigido pelo Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getulio Vargas (FGV), os Estados brasileiros começaram o ano pagando mais juros do que no início do ano passado. Segundo relatórios de execução orçamentária que os governos estaduais e o Distrito Federal enviam ao Tesouro, as despesas dos Estados com juros da dívida subiram, em média, 30,7% nos dois primeiros meses de 2011 na comparação com o mesmo período de 2010, para R$ 2,901 bilhões.

Os mesmos relatórios também mostram que a pressão sobre os juros da dívida não é compensada pelo aumento real da arrecadação. As receitas tributárias totais dos Estados e do Distrito Federal cresceram 13% no primeiro bimestre.

As unidades federativas mais afetadas pelo aumento dos juros da dívida são Tocantins, cuja despesa subiu 150% em janeiro e fevereiro, Minas (alta de 124%) e Rio de Janeiro (63%). O efeito dos juros sobre o endividamento poderia ser pior não fosse o calendário de pagamento dessas taxas. O Rio Grande do Sul pagou 31% a menos de juros em janeiro e fevereiro, mas ainda não é possível verificar se a tendência persistiu nos meses seguintes.

O levantamento sobre o endividamento abrangeu 20 Estados e o Distrito Federal. Alagoas, Amapá, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Rondônia e Roraima não foram incluídos porque não haviam enviado o relatório de execução orçamentária ao Tesouro.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) estabelece que a dívida dos Estados só pode atingir até 200% da receita corrente líquida. A alta do indexador que corrige as dívidas torna mais difícil o cumprimento desse limite. Os dados sobre a LRF constam de outro documento, que só será enviado pelos governos estaduais ao Tesouro nos próximos meses. No último relatório, do fim do ano passado, apenas o Rio Grande do Sul excedia o limite de endividamento entre os Estados.

Depois da renegociação das dívidas no fim da década de 1990, os Estados passaram a ter a dívida corrigida pelo IGP-DI mais 6%, 7,5% ou 9% ao ano, dependendo de cada caso. Com a alta da inflação, o IGP-DI está em 10,84% no acumulado nos últimos 12 meses, o que pode fazer a dívida disparar até 20% no ano e criar dificuldades para as contas dos governos estaduais. Nos últimos 15 dias, governadores que se reuniram com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para discutir reforma tributária pediram a mudança na forma de correção das dívidas. (Valor)