terça-feira, 28 de junho de 2011

Trabalhadores e opinião pública conseguem reverter sigilo nas obras da Copa e da Olimplíada

Governo abre orçamentos da Copa para fiscalização

Planalto revê novo modelo de licitações para garantir mais transparência. Tribunais de contas terão acesso desde o início dos projetos a planilhas que governo queria manter em sigilo.
O governo decidiu ontem que vai alterar a medida provisória que muda as regras de licitações da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016.
Serão feitos ao menos dois ajustes de redação, a fim de deixar "mais nítidas" duas garantias: o acesso permanente dos tribunais de contas às planilhas e a imediata divulgação dos orçamentos tão logo feitos os lances.
Na semana retrasada, pouco antes de votar a MP na Câmara, o governo alterou o seu texto, dificultando a fiscalização dos orçamentos, como revelou a Folha.
Pela redação aprovada pelos deputados, a lei retirava dos órgãos de fiscalização o direito de consultar os dados a qualquer momento.
As informações sobre licitações seriam repassadas em "caráter sigiloso" e "estritamente" a esses órgãos depois de conhecidos lances da licitação -mas em data que caberia ao governo determinar.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB), disse que alterações poderão ser feitas por "emenda de redação" na Câmara, hoje, ou no Senado, semana que vem.
O Planalto defende um novo regime de concorrências para a Copa e a Olimpíada, que mantenha sigiloso o orçamento das obras até que as empresas façam os lances.
O objetivo é evitar que, cientes do valor que o governo se dispõe a pagar, os interessados combinem um preço entre si, próximo do teto.
"Ao se colocar o termo sigiloso, que foi um cuidado para transformar em crime se houvesse o vazamento do preço licitatório, ficou a impressão que ninguém saberia esses preços. Mas haverá o acompanhamento permanente da obra pelos órgãos de controle", afirmou Jucá.
MAL-ENTENDIDO -- Ministros reconhecem que o governo foi ineficaz ao informar a decisão de mudar a lei -um "tremendo mal-entendido", disse Jucá: "Você não dá esse preço [de referência aos concorrentes]. Mas o preço existe para o órgão licitador e de controle. Acabou a licitação, o preço é público".
O senador sugeriu ao líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que os deputados incluam no texto as "emendas de redação", o que reduziria o desgaste sobre o Senado.
A MP foi ontem o principal tema da reunião da coordenação política. A presidente Dilma Rousseff pediu pressa à base no Congresso.
A Câmara vota hoje os cinco destaques apresentados por deputados ao texto-base da MP -a orientação do Planalto é derrubar os cinco.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que havia se manifestado contra o regime especial, deu-se por satisfeito com as explicações e prometeu apoio à MP.
O ministro Orlando Silva (Esporte) disse que o governo está "tranquilo" sobre a aprovação. "Nosso compromisso é garantir transparência, estimular concorrência e reduzir o preço das obras." (Folha)

Governo lança decreto para frear corrupção

A presidente Dilma Rousseff assinou decreto para tentar frear a avalanche de fraudes nos bilionários recursos federais destinados à Saúde e à Educação em estados e municípios. Dentro de 60 dias, os saques na boca do caixa estarão restringidos e os pagamentos terão que ocorrer por operações eletrônicas, saindo da conta oficial para cair diretamente na conta de fornecedores e prestadores de serviço. Só em 2010, o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Ministério da Educação (MEC) distribuíram mais de R$ 50 bilhões por meio das transferências automáticas, que têm como parâmetro a população ou o número de estudantes. O decreto deve ser publicado nesta terça-feira no Diário Oficial da União.

A decisão de reforçar o controle foi anunciada após O GLOBO publicar, em março, série de reportagens apontando os desvios provocados na Saúde pelo esfacelado controle do dinheiro que sai de Brasília. A mesma fragilidade atinge a parcela federal do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

Os saques na boca do caixa - mecanismo corriqueiro para desviar dinheiro da Saúde e da Educação, segundo o Ministério Público Federal (MPF) - só serão permitidos quando o prestador de serviço não tiver conta bancária ou para despesas de "pequeno vulto", com valor limitado a R$ 800. Nenhuma prefeitura poderá pagar em dinheiro vivo mais de R$ 8 mil por ano a um único prestador de serviço. O fracionamento de despesas, prática usual para burlar a Lei de Licitações, está proibido, e o destinatário final do saque em dinheiro deve ser identificado.

Com o decreto, além de rastreáveis pela conta bancária, "as informações relativas ao uso dos recursos serão objeto de ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público", segundo o documento.

- Vamos ter mais recursos para identificar se houve uma irregularidade ou não. Os conselhos de saúde, os tribunais de contas e Denasus, que faz amostras de auditorias, vão poder identificar (a movimentação) - afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Segundo as novas regras, prefeituras e governos estaduais só poderão movimentar o dinheiro da Saúde e da Educação através de conta específica em bancos públicos federais. Nos próximos dias, segundo o controlador geral da República, Jorge Hage, uma norma adicional deve ser editada para que os órgãos federais recebam dos bancos extratos atualizados das movimentações financeiras nas contas da Saúde e da Educação.

- Essas medidas servem para evitar o desvio para corrupção e também para outras finalidades - salientou Hage.

Em 2010, os repasses fundo a fundo do Ministério da Saúde totalizaram R$ 41 bilhões. Na Educação, os repasses somados alcançaram R$ 12 bi. Além do SUS, as medidas alcançam o Fundeb e os programas de merenda e transporte escolar.

O procurador regional da República Oswaldo José Barbosa Silva explica que os saques na boca do caixa e o uso de contas de intermediários são usuais para furtar dinheiro público porque criam "um ponto final" para o controle. E pondera que tais medidas são "elogiáveis e ajudam muito" os investigadores, mas não acabam com o risco de desvio de dinheiro público. (O Globo)

MPT resgata 34 trabalhadores terceirizados da Celpa em situação degradante no Pará

Após denúncias, 34 trabalhadores foram resgatados na cidade de Redenção, no Pará, prestando serviços para a Rede Celpa - Centrais Elétricas, a concessionária de energia elétrica do estado. Encontrados em situação análoga ao trabalho escravo, estes trabalhadores foram encaminhados para outra frente de trabalho, a 800 quilômetros de distância de Redenção.

A Celpa confirmou que, no último dia 9, recebeu notificação do Ministério Público do Trabalho, convocando-a a comparecer à cidade de Marabá, também no Pará, para prestar esclarecimentos sobre a acusação. Só que, segundo divulgou a assessoria de impresa da Celpa, a audiência teria sido adiada e, desde então, não foi convocada para uma nova audiência.

A operação de resgate foi promovida pelo MPT, no início do mês. A empresa foi multada em R$ 500 mil. Não é a primeira vez que trabalhadores em situação degradante são resgatados no Pará. Tanto assim que a Celpa assinou, em 2008, o Termo de Ajustamento de Conduto (TAC).

Coordenada pela procuradora do Trabalho, Virgínia Ferreira, do MPT em Alagoas, estes trabalhadores teriam sido contratados por meio do chamado "gato" para prestar serviço a uma das terceirizadas da Celpa: a empresa Eletro Júnior. A Celpa, por sua fez, esclarece que vai analisar as denúncias contra a Eletro Júnior e que, se confirmadas as denúncias, acarretarão a interrupção dos serviços por ela prestados.

- Os trabalhadores foram contratados por um subempreiteiro sem idoneidade financeira e largados sem condições dignas ao ser humano: sem água potável, fazendo refeição em qualquer lugar do mato, sob sol forte, sem equipamentos de proteção. O alojamento era muito precário, sem banheiro nem chuveiro, sem ventilação, sem luz elétrica e os trabalhadores dormiam em redes amontoadas. Uma situação deplorável - comentou Virgínia, ao informar que os trabalhadores resgatados foram encontrados roçando mato embaixo de rede de alta tensão, sem equipamento de proteção individual (EPI) e com jornada exaustiva de mais de 11 horas diárias.

Em nota divulgada sobre o ocorrido, a Celpa reafirma que "tem compromisso com o cumprimento da legislação trabalhista e não admite qualquer prática que possa atentar contra a dignidade do ser humano e do trabalhador, ainda que de empresas de terceiros sobre as quais não tem gestão. A Celpa analisará as denúncias contra a empresa Eletro Júnior que, se confirmadas, acarretarão a interrupção dos serviços por ela prestados".

Ainda segundo a procuradora, em apenas 23 dias de serviço, quatro pessoas já tinham sofrido acidente de trabalho, três por choque elétrico e um por picada de inseto. Os trabalhadores relataram para a procuradora que não haviam recebido nenhum treinamento para realizar o serviço, mesmo se tratando de atividade perigosa.

O valor da rescisão chegou a R$ 60 mil, sendo que três empregados foram encaminhados ao INSS, por terem sofrido acidentes de trabalho. A procuradora disse, ainda, que devido à grave situação encontrada, foram lavrados 22 autos de infração contra a empresa.

De acordo com Virgínia, a Celpa será chamada à responsabilidade, por não estar acompanhando a forma de contratação dos empregados da terceirizada:

- A Celpa havia firmado TAC com o MPT no Pará, no qual assumiu o compromisso de exigir das prestadoras o cumprimento das obrigações trabalhistas, em especial no que tange à capacitação dos trabalhadores, devido ao risco inerente da atividade. (O Globo)

Crescimento da classe C segue firme, aponta FGV

O crescimento da classe C observado nos últimos anos no Brasil se mantém firme nos primeiros meses de 2011.
Estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas) mostra que 3,7 milhões de pessoas entraram nesse grupo -cuja renda domiciliar vai de R$ 1.200 a R$ 5.174- entre maio de 2010 e maio deste ano.
Esse crescimento ocorreu devido à saída de 1,8 milhão de brasileiros das classes D e E (renda de até R$ 1.200) e à queda de 3,4 milhões de pessoas das classes A e B (renda acima de R$ 5.174).
O economista Marcelo Neri, autor do estudo, diz que a população da faixa de maior renda varia mais e havia crescido muito no ano anterior, o que poderia explicar a redução nos últimos 12 meses.
Ele não considera que a contração recente das classes A e B indique um reversão da melhora de renda no país.
Neri observa que nem mesmo o aumento da inflação está afetando a redução da pobreza e prevê que o processo continuará firme ao longo do ano devido ao mercado de trabalho aquecido.
"Como é uma inflação de salário, o salário está indo na frente e o trabalhador não sentiu ainda", disse.
A pesquisa aponta ainda que o crescimento econômico tem beneficiado mais a população no Brasil do que em outros países.
Enquanto a desigualdade caiu aqui, ela tem crescido nos demais Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul). (Folha)

Categorias fortes têm aviso proporcional
Sindicatos dos metalúrgicos de Osasco e da saúde da Grande SP conseguiram incluir benefício em convenções. Trabalhadores do setor de construção civil de São Paulo tentam, sem sucesso, aprovar item há mais de dez anos.
O aviso prévio proporcional, item incluído na Constituição Federal, mas não regulamentado até hoje, já faz parte de algumas convenções coletivas negociadas por categorias profissionais mais organizadas em São Paulo -como os metalúrgicos de Osasco e os trabalhadores da saúde da Grande SP.
Na semana passada, o STF (Supremo Tribunal Federal) disse que irá definir uma fórmula para aplicação da proporcionalidade no aviso prévio à qual se refere a Constituição. A discussão tem dividido patrões e empregados.
Com 80 mil funcionários na base, o SinSaudeSP (Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de São Paulo) conseguiu incluir o item na convenção coletiva da categoria há 20 anos.
São dois os dispositivos adicionais ao pagamento dos 30 dias regulares de aviso prévio previstos na lei.
Segundo Joaquim José da Silva Filho, secretário-geral do SinSaudeSP, todos os celetistas da categoria na região metropolitana de São Paulo têm direito a um dia adicional ao aviso prévio de 30 dias por ano de registro em carteira.
Além disso, trabalhadores com mais de 45 anos obtêm o direito a receber mais 15 dias em caso de demissão sem justa causa. "A categoria brigou para ter isso e ainda negocia a elevação do número de dias adicionados a cada ano trabalhado, mas sem êxito até agora", diz Silva Filho.
Os metalúrgicos de Osasco, categoria formada por 45 mil trabalhadores, conseguiram há mais de 15 anos incluir na convenção coletiva um dispositivo semelhante. Além dos 30 dias previstos em lei, funcionários com mais de 45 anos ganham mais 20 dias de aviso prévio. A conta inclui, por fim, adicional de um dia para cada ano trabalhado na empresa.
"Essa é uma forma de evitar a excessiva rotatividade da mão de obra. Ainda assim, essa troca ainda é intensa nas empresas", diz Jorge Nazareno Rodrigues, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e região.
GRANDE E FRACA -- Mas sindicatos com menos poder de barganha com os patrões encontram dificuldade em negociar cláusulas semelhantes nas convenções coletivas.
O Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de SP), que representa 370 mil empregados da capital e mais 11 cidades da região metropolitana, tenta incluir há dez anos o pagamento de aviso prévio de um dia por ano trabalhado na empresa.
"Não é tão pesado. Quem trabalhasse 30 anos para a mesma companhia teria direito a um segundo aviso prévio de 30 dias. As empresas não aceitam, sob o argumento do custo trabalhista", dizAntonio de Sousa Ramalho, presidente do sindicato. (Folha)

Cresce nº de negros em universidades particulares
Após dez anos de cotas, crescimento de pretos e pardos foi menor nas públicas. Aumento foi de 264% nas particulares contra 69% nas públicas, que têm 23% das vagas reservadas para cotas.
Dez anos após a implantação das primeiras leis de cotas no país -no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul-, ao menos ou 23% das vagas em universidades públicas são reservadas para políticas de ação afirmativa.
O dado é de um estudo do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ações Afirmativas (da Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Isso representa cerca de 54 mil vagas. Porém, foram as instituições privadas as principais responsáveis pelo aumento da proporção de pretos e pardos no ensino superior.
Dados tabulados pela Folha a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE mostram que, no ensino superior, a proporção de autodeclarados pretos e pardos cresceu de 21% para 35% de 2001 a 2009.
No ensino superior público, o aumento foi de 314 mil para 530 mil, uma variação de 69%. No privado, o crescimento foi de 264%, de 447 mil para 1,6 milhão.
No total da população, a proporção desses grupos variou de 46% para 51%.
O sociólogo Simon Schwartzman, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, lembra que o aumento da proporção de pretos e pardos já havia acontecido no ensino médio por causa da expansão das matrículas nesse setor.
"No caso do ensino superior, como foi o setor privado que mais cresceu, foi nele também que ocorreu o maior aumento de pretos e pardos", afirma.
PÚBLICAS -- Entre as 98 universidades públicas do país, 70 adotam alguma ação afirmativa, segundo o estudo da Uerj.
Uma dessas vagas foi ocupada pela médica recém-formada Mariana Ribeiro, 27, na Uerj. "Na minha turma, não vi grandes disparidades entre os que passaram via cotas e os demais", afirma ela.
"É um processo que leva tempo. Corrigir tudo pela política de cotas é difícil, mas ela é melhor do que o que tínhamos antes, que era nada", afirma João Feres, um dos autores do estudo.
Hoje, ao menos 18 universidades públicas já formaram cotistas. Sete delas fizeram avaliações.
Na UnB e nas universidades do Estado do Rio de Janeiro, da Bahia e Estadual de Londrina os alunos cotistas tiveram resultados quase iguais aos dos não cotistas.
Na Federal de Juiz de Fora (na área de ciência e tecnologia) e estadual de Montes Claros o desempenho dos não cotistas foi superior.
Já na Universidade Federal da Bahia, eles tiveram avanço superior aos demais durante os cursos. (Folha)

Quase 30 milhões de brasileiros deixam baixa renda em 18 anos, diz FGV

Um total de 29,3 milhões de brasileiros deixou a base da pirâmide econômica (baixa renda) nos últimos 18 anos. O número equivale à população do Peru, de acordo com a pesquisa "Os Emergentes dos Emergentes", divulgada nesta segunda-feira, 27, em São Paulo, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O levantamento mostra que a população pertencente às classes D e E (com renda familiar de até R$ 1.200) caiu de 92,8 milhões em 1993 para 63,5 milhões em 2011. No mesmo período, a classe C (renda familiar entre R$ 1.200 e R$ 5.174) saltou de 45,6 milhões de brasileiros para 105,4 milhões, enquanto as classes A e B (renda familiar maior que R$ 5.174) juntas tiveram crescimento de 8,8 milhões para 22,5 milhões.

A pesquisa revela ainda que a diminuição do número pessoas de baixa renda foi impulsionada só a partir de 2003, quando as classes D e E juntas chegaram a ter 96,2 milhões de pessoas.

"O Brasil está se tornando um país normal. Antes, ele estava atrasado", afirmou Marcelo Neri, economista chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV. Na avaliação dele, a melhoria na pirâmide econômica do País pode ser explicada por uma série de fatores encabeçados pelo aumento da oferta de empregos e pelo crescimento real da renda dos trabalhadores nos últimos anos.

A pesquisa mostra que a renda média dos brasileiros cresceu 2,7% entre maio de 2002 e maio de 2008, depois desacelerou para 0,5% entre os mesmos meses de 2008 e 2009, já descontados os efeitos sazonais. Em seguida, voltou a acelerar o crescimento para 4,6% entre maio de 2009 e maio de 2010, até chegar a alta de 6,1% entre os mesmos meses de 2010 e 2011, segundo a pesquisa da FGV, que também utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"A classe média também é resultado do esforço dela mesma, que alcançou mais anos de educação na escola e passou a ter menos filhos", acrescentou Neri, lembrando que a educação e a quantidade de filhos também influenciam a mobilidade social.

O estudo da FGV mostra ainda que a classe média é a única que continua crescendo no País do ano passado pra cá. Neste período, a população que se encaixa na classe C aumentou de 53,6% para 55,05%, enquanto as classes A e B juntas recuaram de 11,98% para 11,76%, interrompendo a linha de alta apresentada nos últimos anos. Já a saída da população dos estratos de baixa renda seguiu o resultado dos últimos anos e voltou a cair, passando de 34,4% para 33,19%. (Estado)

Juro já responde por mais da metade da dívida

Parcela dos encargos financeiros atingiu 60% no total da dívida em abril deste ano; no mesmo período de 2010 era 56%, constata estudo da LCA.

Cresceu neste ano a parcela dos juros no total da dívida dos brasileiros. Em abril de 2010, a fatia dos juros correspondia a 56% de uma dívida total de R$ 524 bilhões. Em abril deste ano, o último dado disponível no Banco Central (BC), os juros equivaliam a 60% de uma dívida de R$ 653 bilhões, aponta estudo da LCA Consultores.

"Com as medidas macroprudenciais do BC no fim de 2010 e a alta dos juros básicos iniciada em janeiro, a dívida total aumentou puxada neste ano pelos encargos financeiros", diz WermesonFrança, economista da LCA, responsável pelo estudo.

Na sua avaliação, o avanço da parcela dos juros em detrimento do valor principal emprestado mostra uma piora na qualidade da dívida. Isto é, o brasileiro está se endividando mais, não necessariamente porque está indo às compras, mas por causa dos encargos financeiros cobrados nos empréstimos.

Cheque especial. Outra informação, segundo o economista da LCA, que confirma que o aumento do endividamento do consumidor está sendo impulsionado pelos juros, aparece nas estatísticas do BC. As duas únicas linhas de crédito que registraram crescimento na média diária de concessões entre dezembro de 2010 e abril deste ano foram o cheque especial e o cartão de crédito, as linhas de financiamento que têm os juros mais elevados e que normalmente são usadas de forma emergencial, isto é, para pagar outras dívidas.

Entre dezembro de 2010 e abril deste ano, a média diária real de concessões no cheque especial aumentou 6,2% e, no cartão de crédito, o acréscimo foi de 17%. Já no caso do crédito pessoal, houve um recuo de 3,7% nas concessões nesse período, e nos veículos e aquisição de outros bens, a retração foi ainda maior, de 10,6% e de 11%, respectivamente.

Altamiro Carvalho, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), relata que os consumidores estão fazendo novos financiamentos para quitar dívidas antigas. Tanto é que, no ano até abril, os dados de vendas da Fecomércio-SP mostram que o faturamento cresceu apenas 0,73%, sustentado pelos supermercados - cujas vendas praticamente não são influenciadas pelo crédito e que aumentaram 3,02% no período. Nos demais segmentos, como eletrônicos, móveis e veículos, que são movidos a financiamentos, houve queda.

Risco. O aumento do endividamento, com maior peso dos juros, pode levar a uma piora da inadimplência neste ano. "Não vai ser nada explosivo, mas a inadimplência vai mudar de patamar", alerta França, da LCA.

Em 2010, a inadimplência do consumidor encerrou o ano em 5,7% e em abril, último dado do BC, tinha subido para 6,1%. Até dezembro, deve atingir 7,2%, prevê o economista. Ele pondera que o resultado deste ano deve ficar abaixo do de 2009, o ano do rescaldo da crise financeira, quando o calote chegou a 7,7%.

França observa, por exemplo, que apesar de o dado global do BC de abril mostrar que a inadimplência do consumidor com prestações vencidas acima de 90 dias continuar bem comportada, os índices de calote entre 15 e 90 dias de veículos e crédito pessoal superam as taxas acima de 90 dias. "Esse é um sinal de que a inadimplência está piorando."

Já o presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, Miguel Ribeiro de Oliveira, não acredita que o aumento do endividamento, puxado pelos juros, leve necessariamente à alta da inadimplência. "Teria de ocorrer uma forte elevação do desemprego para a inadimplência disparar." Ele acredita que o aumento do endividamento pode até jogar a favor do objetivo do BC de reduzir o consumo. (Estado)

Mulheres se estressam mais com finanças, aponta pesquisa

Uma pesquisa recém-divulgada nos Estados Unidos afirma que quase 30% das mulheres apresentam níveis elevados de ansiedade em relação às suas finanças, em comparação a 17% dos homens. Os resultados, de um questionário preenchido por mais de 1 mil pessoas no primeiro trimestre deste ano, também mostraram que 9% das mulheres relataram "um estresse financeiro absurdo", em comparação a 3% dos homens.

Gregory Ward, principal analista de pesquisas da empresa de consultoria e educação financeira Financial Finesse, na Califórnia, que conduziu o levantamento, atribui o resultado à maior sensação de responsabilidade das mulheres com os filhos em casa. "Certamente, isso é parte da psicologia de como os homens e as mulheres veem as coisas", afirma Ward.

Para os dois sexos, as preocupações com dinheiro diminuíram desde 2009, quando os Estados Unidos saíam da recessão provocada pela crise financeira, mostra a pesquisa. Naquele ano, a Financial Finesse constatou que 97% das pessoas consultadas experimentaram algum nível de estresse por causa de suas finanças, citando dívidas e pensões de aposentadoria, em comparação a 86% no estudo mais recente.

Das 438 mulheres pesquisadas, 28% disseram ter um estresse financeiro "alto" ou "absurdo", enquanto 62% informaram ter "algum" estresse, segundo revelou a Financial Finesse, que vende serviços e informações financeiras para empresas, municípios e cooperativas de crédito. Entre os 618 homens que participantes do levantamento, 66% admitiram ter "algum" estresse financeiro e 17% disseram ter níveis "altos" ou "absurdos".

Essa diferença pode ocorrer porque os homens veem a situação de suas finanças de uma maneira diferente, afirma Ward. "Talvez ele sejam mais confiantes do que deveriam ser."

Além disso, "as mulheres se sentem mais angustiadas que os homens quando não conseguem prover o que querem para os filhos", afirma Mary Gresham, uma especialista em psicologia financeira que vive em Atlanta.

Os trabalhadores de ambos os sexos entre as idades de 30 e 44 anos se mostraram como aqueles com uma probabilidade mais elevada de se preocupar com suas finanças, segundo constatou o estudo. Aqueles que ganham de US$ 35 mil a US$ 74.999 por ano - que Ward chama de "nível econômico médio" - estão particularmente suscetíveis às preocupações com dinheiro, afirma ele.

A Financial Finesse constatou que 14% das pessoas se caracterizaram como não tendo estresse financeiro, em comparação a 3% em 2009 e 2010. Entre as que se dizem sem preocupações, 97% afirmaram estar confortáveis com o tamanho de suas dívidas, 89% informaram ter um fundo de emergência e todas disseram que pagam suas contas mensais dentro dos prazos.

Numa análise da pesquisa, a Financial Finesse disse que as mulheres "continuam significativamente atrás dos homens em relação às habilidades básicas de gerenciamento de dinheiro, o que em última análise compromete a capacidade de economizar, tendo em vista objetivos financeiros de longo prazo".

Entre os participantes, 64% das mulheres declararam ter um conhecimento geral sobre ações, bônus e fundos mútuos, em comparação a 84% dos homens.

Gresham afirma que sempre há uma diferença quando o assunto é tomar decisões para aliviar o estresse financeiro. "Há uma certa diferença de gênero entre o fato de estar estressado por causa de dinheiro e a adoção de mudanças comportamentais", afirma ela. "No geral, os homens tendem mais a partir para a ação", acrescenta. (Valor)

Teto de renda para empréstimo habitacional com FGTS sobe para R$ 5.400

O Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) elevou o limite de renda familiar bruta para financiamentos habitacionais com recursos do fundo, de R$ 4.900,00 para R$ 5.400,00. O limite de renda familiar para concessão de desconto no empréstimo ficou em R$ 3.100,00.
As mudanças valem para financiamentos de imóveis em capitais, regiões metropolitanas e cidades com mais de 250 mil habitantes. Elas constam da Resolução 659, que foi publicada hoje no Diário Oficial da União.
A resolução também define as taxas de juros a serem aplicadas. A taxa será de 5% ao ano nos financiamentos de residências para famílias com renda bruta mensal de até R$ 2.790,00, e também nos financiamentos de imóveis novos para famílias com renda entre R$ 2.790,01 e R$ 3.100,00. Nas demais operações, a taxa será de 6% ao ano.
O governo aumentou de R$ 4,5 bilhões para R$ 5,5 bilhões o total de recursos alocados para concessão de descontos nos empréstimos para famílias com renda até R$ 3.100,00. Desse total, R$ 4,5 bilhões serão destinados para produção ou aquisição de, no mínimo, 150 mil imóveis novos, passíveis de enquadramento no Programa Nacional de Habitação Urbana. (Valor)

Crédito imobiliário do Banco do Brasil mais do que dobra em um ano

O crédito imobiliário do Banco do Brasil mais do que dobrou o volume de negócios realizados em maio, na comparação com igual mês do ano passado, atingindo a marca de R$ 5 bilhões. Deste total, 82% foram destinados para pessoas físicas e 18% para pessoas jurídicas.
O banco também registrou o maior volume de créditos imobiliários contratados para um único mês. Em maio, foram realizadas cerca de 2.000 operações com pessoas físicas, com desembolso de R$ 289 milhões, 10,73% a mais que o recorde anterior, apurado em dezembro de 2010.
De acordo com o vice-presidente de Negócios de Varejos, Paulo Rogério Caffareli, a previsão do Banco do Brasil para este ano é chegar a R$ 7 bilhões em crédito imobiliário.
Para alcançar esse objetivo, o banco vai ampliar o portfólio de produtos com novas linhas de financiamento para pessoa física, como o financiamento à construção de imóveis e o financiamento de imóveis na planta.
Minha Casa, Minha Vida 2 -- Na segunda fase do Programa Minha Casa, Minha Vida, o Banco do Brasil passa a atender os mutuários com renda familiar de até três salários mínimos.
Para atuar dentro dessa faixa, o banco usará recursos do FAR (Fundo de Arrendamento Residencial), sendo que os projetos terão origem em iniciativas dos Estados, das prefeituras ou das próprias construtoras. (Infomoney)