terça-feira, 26 de julho de 2011

Hora de agir com firmeza para preservar parque industrial e nossos empregos

Super Real desindustrializa o Brasil

Por Ricardo Patah, presidente nacional da UGT

A UGT chama a atenção do governo brasileiro para agir com rapidez para defender a indústria nacional e manter nosso mercado de trabalho.

Nosso parque industrial é atacado pela forte valorização do Real que torna nossas exportações mais caras em relação à concorrência internacional. O dólar atingiu na segunda, 25 de julho, R$ 1,542, o menor patamar desde janeiro de 1999. Coincidindo com declarações da presidente Dilma Rousseff, que disse que seu governo descarta medidas mais ousadas para conter a valorização do real.

Nossa fragilidade industrial foi detectada pelo Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) que avalia a competitividade industrial de 13 nações emergentes. O índice PMI do Brasil caiu dos 50,8 pontos em maio para 49 pontos em junho. O mais baixo indicador desde julho de 2009 e fomos o único, dos 13 países, a apresentar desempenho negativo.

Outro ataque vem do aumento da Taxa Selic para 12,5%, que atrai dólar do mundo inteiro que pressiona, ainda mais, o Real.


Dólar chega a menor nível em 12 anos e mercado já projeta R$ 1,50
A taxa de R$ 1,50 pode se tornar o próximo "piso psicológico" para o dólar, afirmam analistas. Ontem a moeda oscilou abaixo de R$ 1,55 e fechou a R$ 1,543, a quinta queda consecutiva e o preço mais baixo dos últimos anos.
O valor não é visto desde janeiro de 1999, bem pouco tempo após a mudança histórica do regime cambial do país (de fixo para flutuante).
E, salvo algum desastre nos EUA, isto é, a ocorrência de um calote (algo ainda improvável para boa parte do mercado), muitos analistas acreditam que a tendência predominante ainda é de baixa.
Como avaliam especialistas do setor, num ambiente de juros cada vez mais altos o governo pouco pode fazer para evitar a desvalorização cambial.
"O mais provável é que aconteça o seguinte: o mercado continue fixando novas mínimas [para a cotação], testando para ver o que o governo pode fazer", comenta André Nunes, do grupo Fitta, especializado em câmbio.
"Provavelmente, somente nesse preço [R$ 1,50] é que nós veremos algumas operações de compra mais fortes", avalia Reginaldo Galhardo, diretor da corretora Treviso.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ontem voltou a afirmar que novas medidas para conter a valorização do real podem ser tomadas pelo governo. Ele reiterou que o governo não usa câmbio para combater inflação. "Controlamos com política monetária e fiscal." (Folha)


Mantega "corrige" Dilma e fala em medidas duras para o câmbio

Em dois dias, o governo federal demonstrou falta de comunicação interna entre seus principais atores a respeito de um tema delicado, o câmbio. Na sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff afirmou a jornalistas que medidas para evitar a valorização do câmbio estão descartadas até que o cenário externo melhore. Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo tem "medidas duras" para o câmbio. As declarações de Dilma, divulgadas no início da noite de sexta-feira, impulsionaram nova rodada de valorização do real ontem, quando a moeda fechou cotada a R$ 1,54 - o menor valor desde 1999, início do regime de câmbio flutuante. Mantega, que há duas semanas disse estar "perdendo o sono" com o câmbio, parece ter tentado, portanto, "corrigir" as afirmações de Dilma.

O ministro, no entanto, não detalhou qualquer medida. "Estamos com medidas duras nesse sentido [de reverter a valorização do câmbio. Não antecipamos, mas podem esperar", afirmou Mantega, após participar de debate junto a empresários, ontem, em São Paulo.

O cenário externo, apontado pela presidente como barreira para novas medidas anti-valorização do câmbio, foi alvo de boa parte da apresentação que o ministro preparou aos empresários. "A crise dos governos nos países ricos ainda vai se prolongar por três anos", afirmou Mantega, que prevê para 2015 o fim do período de crescimento fraco nos países ricos - para Mantega, taxas próximas a 2% de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) configuram crescimento fraco.

"A crise de 2008 era financeira, e a que vivemos agora é de endividamento público. A elevação do teto da dívida americana, que deveria ser um assunto de fácil resolução, está evidenciando uma enorme insensatez", afirmou Mantega. O governo americano atingirá nesta sexta-feira o limite de endividamento público (US$ 14,3 trilhões) e, caso o teto da dívida não seja ampliado pelo congresso, o governo Barack Obama não poderá mais se endividar para financiar seus gastos. "Acredito que o bom senso prevalecerá, mas, caso o teto não seja renovado", disse Mantega, "os americanos poderão levar o mundo a uma situação crítica mais uma vez".

O ministro da Fazenda também dissociou a política cambial do controle de preços, apesar de o dólar barato reduzir os preços dos importados. "Não utilizamos o câmbio para controlar a inflação", disse o ministro, reafirmando que a manutenção da inflação dentro da banda anual perseguida pelo Banco Central (entre 2,5% e 6,5%, pelo IPCA) é "fundamental para o governo Dilma".

Se no câmbio Mantega e Dilma foram para lados opostos, no combate à inflação o discurso foi afinado em torno do objetivo de mantê-la dentro da meta do BC e, ao mesmo tempo, garantir um elevado patamar de crescimento. Na sexta-feira, a presidente afirmou que o governo não quer inflação sob controle com crescimento zero. "Estamos fazendo um pouso suave, com uma taxa de crescimento e de emprego adequadas para o país", disse Dilma a jornalistas, em reunião fechada.

Ontem, Mantega foi na mesma linha. "Antigamente o governo segurava a inflação derrubando a economia. Não fazemos isso. Já há um pouso suave na inflação, puxada por uma economia menos acelerada. O problema não é de superaquecimento do Brasil, mas de subaquecimento dos países ricos". (Valor)


Superávit primário do governo central atinge R$ 55 bilhões no semestre, o dobro do resultado de 2010 no período

O Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) apresentou superávit primário de R$ 10,5 bilhões em junho, segundo relatório divulgado pelo Ministério da Fazenda nesta segunda-feira. O resultado é quase três vezes superior ao registrado no mesmo período no ano passado - de R$ 4,1 bilhões - e foi obtido graças a um forte crescimento nas receitas no período.

Segundo o Ministério da Fazenda, a arrecadação do Governo Central atingiu R$ 69,7 bilhões em junho, o que equivale a um aumento de 17,5% sobre 2010. Já as despesas cresceram de forma mais moderada (7,05%) e somaram R$ 59,2 bilhões.

No primeiro semestre de 2011, a economia de recursos feita pelo Governo Central para o pagamento de juros da dívida pública chegou a R$ 55,5 bilhões. Esse montante já supera a meta fixada pela equipe econômica para o superávit primário até agosto, de R$ 40 bilhões. É mais do que o dobro do obtido no mesmo período no ano passado: R$ 24,9 bilhões. De acordo com o relatório da Fazenda, as receitas cresceram 19,3% no ano e chegaram a R$ 393,5 bilhões. Já as despesas ficaram em R$ 337,9 bilhões, com elevação de 10,8% no semestre.

A moderação nas despesas vem sendo feita principalmente nos investimentos públicos. Esses gastos cresceram 1,5% no acumulado do ano, enquanto os desembolsos com custeio da máquina tiveram alta de 12,5%. Os gastos com pessoal também subiram bem acima dos investimentos - 11,3% - assim como aqueles com benefícios: 10,6%. Os dados da Fazenda mostram que os investimentos sofreram forte desaceleração ao longo de 2011. Até janeiro, a alta era de 85,3%. Ela caiu para 9,2% no acumulado até março e para 1,1% até maio. (O Globo)


Com taxa baixa, BB quer atalhos no crédito habitacional

Enquanto os financiamentos à habitação social ganham peso no portfólio da Caixa Econômica Federal, que por décadas atuou sozinha na oferta de crédito imobiliário, o Banco do Brasil (BB), que estreou no segmento mais tardiamente, tem mostrado fôlego de sobra para preencher eventuais lacunas deixadas pelos concorrentes. Para ganhar mercado, o BB vem lançando mão de uma estratégia agressiva de preço. As taxas praticadas já são, em alguns casos, semelhantes às da Caixa, líder do setor - Taxa Referencial (TR) mais 8,4% ao ano. Nos bancos privados, o juro normalmente começa a ser cobrado a partir de 10% mais TR.

"Se a Caixa abaixa 0,1 ponto percentual, reduzimos também na sequência", disse Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente novos negócios e varejo do BB, em entrevista concedida na sexta-feira. Os custos mais baratos são direcionados a tomadores que fazem parte de convênios fechados pelo banco ou a participantes de eventos como os salões do imóvel.

No ano passado, o BB marcou presença em salões realizados em Belo Horizonte, Salvador, São Paulo e Brasília oferecendo financiamentos com taxa de 8,4% ao ano mais TR. Tal condição poderia ser mantida para contratos fechados até 180 dias após o evento, dando prazo para o candidato ao financiamento procurar o imóvel dos sonhos. Para as edições deste ano, que devem acrescentar ao rol de cidades Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre a partir de agosto, promete repetir a dose.

O fato de a Caixa financiar a habitação social, com metas ambiciosas para tocar a segunda etapa do Minha Casa, Minha Vida, não significa descuidar dos demais segmentos, segundo o diretor da área, Teotônio Rezende. Mas naturalmente, o banco federal vai perder fatias de mercado, à medida que instituições privadas, e mesmo o BB, ganhem mais dinamismo. "Num mercado competitivo não é razoável que um único player tenha uma participação de 40%, como a Caixa tem." A expectativa é liberar neste ano R$ 81 bilhões no total, o que vai representar uma expansão da ordem de 7%.

Enquanto isso, porém, o BB se vale da fase de maturidade de alguns empreendimentos financiados dois anos e meio atrás e que, agora, começam a entregar as chaves aos futuros inquilinos. Cinco projetos dos 123 financiados pelo banco desde 2009 estão, no momento, em fase de "repasse" para pessoas físicas. O banco espera conquistar, em média, 30% das vendas. Até agora, foram contratadas 596 propostas. Para o segundo semestre, mais dez projetos (com 1.842 unidades) entram na etapa de entrega das chaves.

O BB traçou como meta estar entre os três maiores financiadores de imóveis até o fim de 2012. Encerrou 2010 na quinta posição, com uma carteira de R$ 3 bilhões. Neste ano, o objetivo é dobrar o volume. Da atual carteira de crédito imobiliário de R$ 5 bilhões, R$ 4 bilhões são de financiamentos a pessoas físicas. Os contratos com construtoras totalizam R$ 2,5 bilhões, mas apenas R$ 1 bilhão foi, de fato, desembolsado até agora.

O HSBC tem desembolsado por mês cerca de R$ 160 milhões a fim de defender o seu quinhão no mercado. Embora veja o crédito desacelerando, o sistema ainda é ofertante porque a inadimplência segue baixa. "Os bancos não enxergam só a receita desse produto, mas as oportunidades de 'cross selling'", diz o diretor de crédito imobiliário Antonio Barbosa.

A CrediPronto, sociedade entre o Itaú Unibanco e a imobiliária Lopes, desembolsou no segundo trimestre R$ 327,6 milhões, aumento de 124% em relação ao mesmo período de 2010, segundo o diretor Bruno Gama. Na comparação com o primeiro trimestre do ano, a expansão foi de 57%. Em julho, as concessões devem alcançar R$ 60 milhões, sendo que a previsão é chegar a uma média de R$ 100 milhões por mês até o fim do ano. O crescimento por meio de aquisições de corretoras têm contribuído para tal ritmo. "Estamos com um posicionamento muito agressivo, que não representa a média do mercado."

Na BM Sua Casa, braço de financiamento imobiliário da Brazilian Finance & Real Estate (BFRE), o ritmo de concessões se mantém, graças à expansão orgânica, segundo o sócio Fabio Nogueira. Nos últimos 12 meses foram abertas 68 unidades e até o fim do ano serão inauguradas outras 11 lojas da companhia hipotecária. (Valor)


Caminhoneiros pedem mais segurança no Dia do Motorista

Hoje (25), no dia em que se homenageiam os motoristas, aqueles que estão atrás dos volantes cobram mais atenção do Poder Público, principalmente em relação à segurança. "Nossa profissão continua sendo uma das mais incertas; você sai de casa sem a certeza de voltar", diz o motorista Lídio Marcolim de 67 anos, morador de Caxias do Sul. Caminhoneiro há 43 anos, Lídio conta que a profissão está “abandonada”. “Não temos nenhum privilégio e nenhum cuidado é oferecido a nós caminhoneiros."

Segundo Lídio, faltam políticas voltadas aos motoristas, cujo padroeiro é São Cristovão. "Além de facilitar a compra de caminhões abaixando os juros, não lembro de nenhuma outra facilidade. Muitos caminhões hoje em dia acarretam mais problemas, porque as estradas estão cada vez mais cheias e com menos estrutura."

A Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Rio Grande do Sul, reúne 180 mil profissionais que exercem a profissão de maneira autônoma. "O dia 25 serve para pedirmos proteção a SãoCristovão, que é quem cuida por nós", destaca o presidente da entidade, Eder Del Lago. Ele diz que todo dia 25 é feita uma festa e uma procissão para pedir proteção aos caminhoneiros. "Aqui em Caxias temos uma igreja em formato de caminhão, tamanha a paixão. Nossos dias são ásperos e solitários, então fazemos questão de comemorar o dia que nos é dedicado."

O taxista Jailson Monteiro, de 58 anos, dirige desde 1978 em Brasília e diz que a vida de motorista sempre foi difícil. "Nossa profissão é uma forma de sobrevivência cansativa, estressante e preocupante". O profissional diz que a categoria se sente menosprezada e vista com maus olhos por grande parcela da sociedade. "Temos um papel fundamental, por exemplo, no que diz respeito ao turista. O primeiro contato de um turista muita vezes é com o taxista e isso é ignorado por muita gente, inclusive pelo governo."

Os motoristas convivem com acidentes nas estradas e isso pode deixar sequelas. O presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, José Marcus Rotta, diz que é necessário um cuidado especial. "Quando se trata de acidentes automobilísticos não se deve contabilizar apenas as mortes. Em vários casos, a vítima, o motorista, muitas vezes, sofrem lesões ou traumas que deixam sequelas graves." (Agência Brasil)


O futuro do crescimento econômico

(artigo publicado no jornal Valor Econômico)

Talvez pela primeira vez na história moderna, o futuro da economia mundial está nas mãos dos países pobres. Os Estados Unidos e a Europa marcham como gigantes feridos, vítimas dos seus excessos financeiros e paralisia política. Parecem condenados, por seu pesado endividamento, a anos de estagnação ou crescimento lento, ampliando a desigualdade e possíveis conflitos sociais.

Grande parte do resto do mundo, entretanto, está carregado de energia e esperança. Autoridades governamentais na China, Brasil, Índia e Turquia estão preocupados com crescimento excessivo, e não com pouco crescimento. Sob determinados parâmetros, a China já é a maior economia no mundo e os mercados emergentes e os países em desenvolvimento respondem por mais de metade da produção mundial. A empresa de consultoria McKinsey qualificou a África, há muito tempo sinônimo de fracasso econômico, de terra dos "leões em movimento".

Como acontece frequentemente, a ficção reflete melhor a mudança de clima. "Super Sad True Love Story" (Verdadeiro Caso de Amor Supertriste), romance em quadrinhos do russo GaryShteyngart, é um guia tão bom quanto qualquer outro para o que pode nos esperar. Situado num futuro próximo, a história se desenrola contra o pano de fundo de um EUA financeiramente arruinado sob uma ditadura de partido único e envolvido em mais uma inútil aventura militar no exterior - dessa vez na Venezuela. Todo o trabalho real nas empresas é feito por imigrantes qualificados; faculdades da Ivy League adotaram os nomes de suas homólogas na Ásia a fim de sobreviver; a economia está endividada junto ao banco central da China e "dólares ancorados ao yuan" substituíram a moeda tradicional como ativo seguro preferido.

Mas serão os países em desenvolvimento realmente capazes de puxar a economia mundial? Grande parte do otimismo sobre suas perspectivas econômicas é resultado da extrapolação. A década anterior à crise financeira mundial foi, sob muitos aspectos, a melhor de todos os tempos para os emergentes. O crescimento disseminou-se para muito além de um pequeno número de países asiáticos e, pela primeira vez desde a década de 1950, a grande maioria dos países pobres experimentou o que os economistas chamam de convergência - um estreitamento do diferencial de renda em relação aos países ricos.

Crescimento baseado em afluxos de capital ou booms de commodities tendem a ser de curta duração. Crescimento sustentado requer a elaboração de incentivos para encorajar investimentos do setor privado em novos setores, e fazê-lo com um mínimo de corrupção.

Esse, no entanto, foi um período peculiar, caracterizado por muito vento de cauda econômico. Os preços das commodities estavam elevados, o que beneficiou países africanos e latino-americanos em especial, e o financiamento externo foi abundante e barato. Além disso, muitos países africanos bateram no fundo do poço e recuperam-se de longos períodos de guerra civil e declínio econômico. E, como sabemos, o rápido crescimento nos países avançados alimentou, de modo geral, um aumento no volume do comércio mundial até níveis recordes.

Em princípio, um baixo crescimento pós-crise nos países avançados não bloqueará, necessariamente, o desempenho econômico dos países pobres. Em última instância, o crescimento depende de fatores do lado da oferta - investimento e aquisição de novas tecnologias - e do estoque de tecnologias que podem ser adotadas pelos países pobres e que não desaparece quando o crescimento dos países avançados fica lento. Assim, o potencial de crescimento dos países atrasados é determinado por sua capacidade de eliminar o atraso em relação à fronteira tecnológica - e não pela velocidade com que a própria fronteira está avançando.

A má notícia é que ainda não temos uma compreensão adequada sobre quando esse potencial de convergência é concretizado ou sobre o tipo de políticas que gerem crescimento autossustentado. Mesmo casos de inquestionável êxito têm sido objeto de interpretações conflitantes. Alguns estudiosos atribuem o milagre econômico da Ásia a mercados mais livres, ao passo que outros acreditam que intervenção estatal foi o fator decisivo. E a aceleração excessiva de crescimento, após algum tempo, perdeu impulso.

Os otimistas estão confiantes em que dessa vez será diferente. Eles acreditam que as reformas da década de 1990 - melhor política macroeconômica, maior abertura e mais democracia - colocaram o mundo em desenvolvimento em curso de crescimento sustentado. Recente relatório do Citigroup, por exemplo, prevê que o crescimento será fácil para países pobres com populações jovens.

Minha leitura das evidências é mais cautelosa. É certamente motivo para comemoração que as políticas inflacionárias tenham sido extirpadas e a governança melhorou em grande parte do mundo em desenvolvimento. De modo geral, essas mudanças melhoram a resistência da economia a choques e evitam colapsos econômicos.

Mas desencadear e sustentar crescimento rápido exige algo mais: políticas orientadas para a produção que estimulem mudanças estruturais em curso e fomentem emprego em novas atividades econômicas. Crescimento baseado em afluxos de capital ou booms de commodities tendem a ser de curta duração. Crescimento sustentado requer a elaboração de incentivos para encorajar investimentos do setor privado em novos setores - e fazê-lo com um mínimo de corrupção e competência adequada.

Se a história pode nos servir de guia, o leque de países que capazes desse feito continuará estreito. Assim, embora possa haver menos colapsos econômicos devido a melhor gestão macroeconômica, crescimento elevado provavelmente permanecerá episódico e excepcional. Em média, o desempenho pode ser um pouco melhor do que no passado, mas nem de longe tão espetacular como esperam os otimistas.

A grande questão para a economia mundial é se os países avançados atolados em dificuldades econômicas serão capazes de abrir espaço para o rápido crescimento dos países em desenvolvimento cujo desempenho dependerá em larga medida de sua incursão em setores industriais e de serviços onde os países ricos têm sido tradicionalmente dominantes. As consequências para o nível de emprego nos países avançados seriam problemáticas, especialmente tendo em conta a escassez de empregos com altos salários. Consideráveis conflitos sociais poderão tornar-se inevitáveis, colocando em risco o apoio político a aberturas econômicas.

Em última instância, parece inevitável uma convergência maior na economia mundial pós-crise. Mas uma grande reversão na sorte dos países ricos e pobres não parece economicamente provável nem politicamente viável.

Dani Rodrik é professor de Economia Política Internacional na Universidade de Harvard, é autor de "O paradoxo da globalização: a democracia e o futuro da economia mundial”.