quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Caçar também os corruptores para estancar a corrupção no Brasil

Corruptos e corruptores

Por Marcos Afonso de Oliveira, secretário de imprensa da UGT

Vivemos um Brasil no qual os jornais e as revistas semanais se especializaram em caçar corruptos, sejam eles ministros ou não. Infelizmente, ainda não vimos nenhuma manchete que aponta os corruptores, que muito provavelmente vão ter seus nomes envolvidos com as grandes empreiteiras ou com financiadores de campanha.

Enquanto não derrubarmos os servidores públicos envolvidos com corrupção, não penalizarmos os corruptores e mobilizar o Estado em todas as instâncias para recuperar os valores roubados ao povo brasileiro, vamos transformar a corrupção num espetáculo sensacionalista. Continuaremos a ter capas de revistas sensacionalistas que alimentarão as disputas palacianas e as rinhas entre os principais partidos políticos, deixando sem resolver a essência que é a atuação de quadrilheiros, envolvendo corruptos e corruptores, gente de dentro da máquina pública e fora dela, na corrupção que, mais do que a saúva, ameaça as riquezas brasileiras tão necessárias para nosso povo. Riquezas tão duramente acumuladas e ainda insuficientes para resolver problemas crônicos que afetam nossa Educação, Saúde e Bem-Estar da população.


Ministro Wagner Rossi pede demissão da Agricultura

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, pediu demissão do cargo após suspeitas de corrupção na Pasta. A carta de demissão foi publicada no site do ministério. Trata-se do quarto ministro a deixar o governo em oito meses.

Antes de Rossi, Antonio Palocci (Casa Civil) , Alfredo Nascimento (Transportes) e Nelson Jobim (Defesa) já tinham deixado o governo Dilma Rousseff. Indicado para a Agricultura pelo vice-presidente da República, Michel Temer, Rossi assumiu o cargo em abril do ano passado, ainda no mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nesta semana, a Polícia Federal abriu inquérito para apurar denúncias de corrupção no ministério. As suspeitas começaram depois que o ex-presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), sugerir que Rossi sabia de irregularidades na Pasta.

A revista "Veja" revelou também a atuação de um lobista no ministério. O caso culminou na saída do então secretário-executivo, Milton Ortolan, que pediu demissão do cargo após a revelação das denúncias.

Para piorar a situação do ministro, nesta semana, o jornal Correio Braziliense denunciou que Rossi teria utilizado um jatinho da empresa Ourofino Agronegócios, que fornece para o governo vacinas para a campanha contra a febre aftosa.

Ontem, Rossi reconheceu ter usado o avião em "raras" ocasiões. A empresa de Ribeirão Preto (SP) aumentou seu faturamento em 81% desde que firmou contratos com o governo federal.

Antes de assumir o Ministério da Agricultura, Rossi foi presidente da Conab. A carreira política começou, em 1983, quando foi eleito deputado estadual por São Paulo. Na eleição seguinte, foi reeleito para mais um mandato na Assembleia Legislativa do Estado.

Na Câmara dos Deputados, em Brasília, Rossi teve três mandatos. Além disso, foi secretário estadual dos Transportes, Infraestrutura Viária, Esportes, Turismo e de Educação.

Leia a carta com o pedido de demisssão:

Neste ano e meio na condição de ministro da Agricultura do Brasil, consegui importantes conquistas. O presidente Lula fez tanto pela agricultura e a presidenta Dilma continuou esse apoio integralmente.
Fiz o acordo da citricultura, anseio de mais de 40 anos de pequenos e médios produtores de laranja, a quem foi garantido um preço mínimo por sua produção.
Construí o consenso na cadeia produtiva do café, setor onde antes os vários agentes sequer se sentavam à mesma mesa, com ganhos para todos, em especial os produtores.
Lancei novos financiamentos para a pecuária, recuperação de pastagens, aquisição e retenção de matrizes e para renovação de canaviais.
Aumentei o volume de financiamento agrícola a números jamais pensados e também os limites por produtor, protegendo o médio agricultor sempre tão esquecido.
Criei e implantei o Programa ABC, Agricultura de Baixo Carbono, primeiro programa mundial que combina o aumento de produção de alimentos a preservação do meio ambiente, numa antecipação do que será a agricultura do futuro.
Apoiei os produtores de milho, soja, algodão e outras culturas que hoje desfrutam de excelentes condições em prol do Brasil.
Lutei por nossos criadores e produtores de carne bovina, suína e de aves que são protagonistas do mercado internacional.
Melhorei a atenção a fruticultura, a apicultura e a produtos regionais, extrativistas e outras culturas.
Apoiei os grandes, os médios e os pequenos produtores da agricultura familiar, mostrando que no Brasil há espaço para todos.
Deus me permitiu estar no comando do Ministério da Agricultura neste momento mágico da agropecuária brasileira.
Mas, durante os últimos 30 das, tenho enfrentado diariamente uma saraivada de acusações falsas, sem qualquer prova, nenhuma delas indicando um só ato meu que pudesse ser acoimado de ilegal ou impróprio no trato com a coisa pública.
Respondi a cada acusação. Com documentos comprobatórios que a imprensa solenemente ignorou. Mesmo rebatida cabalmente, cada acusação era repetida nas notícias dos dias seguintes como se fossem verdades comprovadas. As provas exibidas de sua falsidade nem sequer eram lembradas.
Nada achando contra mim e no desespero de terem que confessar seu fracasso, alguns órgãos de imprensa partiram para a tentativa de achincalhe moral: faziam um enorme número de pretensas “denúncias” para que o leitor tivesse a falsa impressão de escândalo, de descontrole administrativo, de descalabro. Chegou-se à capa infame da “Veja”.
Tudo falso, tudo rebatido. Mas a campanha insidiosa não parava.
Usaram para me acusar, sem qualquer prova, pessoas a quem tive de afastar de suas funções por atos irregulares ou insinuações de que tinham atuado com interesses menos republicanos nas funções ocupadas. O principal suspeito de má conduta no setor de licitações passou a ser o acusador de seus pares. Deram voz até a figuras abomináveis que minha cidade já relegou ao sítio dos derrotados e dos invejosos crônicos. Alguns deles não passariam por um simples exame de sanidade.
Ainda assim nada conseguiram contra mim. Aí tentaram chantagear meus colaboradores dizendo que contra eles tinham revelações terríveis a fazer, mas que não as publicariam se fizessem uma só acusação contra mim. Torpeza rejeitada.
Finalmente começam a atacar inocentes, sejam amigos meus, sejam familiares. Todos me estimularam a continuar sendo o primeiro ministro a, com destemor e armado apenas da verdade, enfrentar essa campanha indecente voltada apenas para objetivos políticos, em especial a destituição da aliança de apoio à presidenta Dilma e ao vice-presidente Michel Temer, passando pelas eleições de São Paulo onde, já perceberam, não mais poderão colocar o PMDB a reboque de seus desígnios.
Embora me mova a vontade de confrontá-los, não os temo, nem a essa parte podre da imprensa brasileira, mas não posso fazer da minha coragem pessoal um instrumento de que esses covardes se utilizem para atingir meus amigos ou meus familiares.
Contra mim nem uma só acusação conseguiram provar. Mas me fizeram sofrer e aos meus. Não será por qualquer vaidade ou soberba minha que permitirei que levem sofrimento a inocentes.
Hoje, minha esposa e meus filhos me fizeram carinhosamente um ultimato para que deixasse essa minha luta estóica mas inglória contra forças muito maiores do que eu possa ter. Minha única força é a verdade. Foi o elemento final da minha decisão irrevogável.
Deixo o governo, agradecendo a confiança da presidenta Dilma, do vice-presidente Michel Temer, do presidente Lula e dos líderes, deputados, senadores e companheiros do PMDB e de todos os partidos que tanto respaldo me deram.
Agradeço também a todos os leais colaboradores do Ministério da Agricultura, da Conab, da Embrapa e de todos os órgãos afins. Penso assim ajudar o governo a continuar seu importante trabalho, retomando a normalidade na agricultura.
Finalmente, reafirmo: continuo na luta pela agropecuária brasileira que tanto tem feito pelo bem de nosso Brasil. Agradeço as inúmeras manifestações de apoio incondicional da parte dos líderes maiores do agronegócio e de suas entidades e também aos simples produtores que nos enviaram sua solidariedade.
Deus proteja o produtor rural e tantos quanto lutem na terra para produzir alimentos para o mundo. Deus permita que tenham a segurança jurídica necessária a seu trabalho que o Congresso há de lhes garantir. Lutei pela reforma do Código Florestal. É importante para o Brasil. Outros, talvez mais capazes, haverão de continuar essa luta até a vitória.
Confio que o governo da querida presidenta Dilma Rousseff supere essa campanha sórdida e possa continuar a fazer tanto bem ao nosso país.
Sei de onde partiu a campanha contra mim. Só um político brasileiro tem capacidade de pautar “Veja” e “Folha” e de acumular tantas maldades fazendo com que reiterem e requentem mentiras e matérias que não se sustentam por tantos dias.
Mas minha família é meu limite. Aos amigos tudo, menos a honra.

Wagner Rossi (Valor)


PF faz megaoperação para recuperar R$ 1 bilhão desviado em sonegação fiscal

A Operação Alquimia, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira contra o desvio de pelo menos R$ 1 bilhão, tem entre seus principais alvos o grupo Sasil e a empresa Varient, segundo fontes ligadas à operação. As investigações começaram em 2002. Até o ano passado, a Varient pertencia à gigante petroquímica Braskem, mas foi vendida ao Sasil. A Braskem - uma empresa da Odebrecht (que tem 50,1% do capital votante) e da Petrobras (com 47%).

O Sasil é uma distribuidora do ramo de produtos químicos e termoplásticos. O grupo é sediado na Bahia e tem operação nacional. Em seu site, o Sasil cita ser um distribuidor autorizado de produtos de Braskem, Innova, Basf, Petrobras e Eastman. De acordo com o site da Varient, a empresa é sediada em São Paulo e também tem operações no Rio e no Espírito Santo. A Braskem informou em nota não ter mais qualquer vínculo societário com empresas investigadas pela Operação Alquimia. Disse também que até meados de 2010 teve o controle da Varient, "criada a partir de uma cisão na Ipiranga Química, adquirida em 2007".

A Polícia Federal informou que conseguiu cumprir até o momento 23 dos 31 pedidos de prisão temporária expedidos pela Operação Alquimia. As fraudes teriam sido cometidas por empresas do grupo Sasil e uma de suas subsidiárias, a Varient, de acordo com fontes ligadas à operação. No informe, a PF garantiu que os 129 mandatos de busca e apreensão teriam sido cumpridos, em 17 estados e no Distrito Federal. Dos 63 mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é convidada a prestar esclarecimentos na delegacia), 45 foram cumpridos.

Entre os bens bloqueados está uma ilha localizada na Baía de Todos os Santos, em Salvador (BA), onde ocorreu a maior parte das prisões. A PF informou que foram apreendidos 2,5 quilos de ouro em barra e R$ 40 mil em espécie em um dos locais de busca. Na ilha, foram apreendidos oito jet skis e uma lancha.

Quase uma centena de veículos e equipamentos industriais das empresas investigadas também foram bloqueados.

O empresário Paulo Sergio Costa Pinto Cavalcanti, um dos proprietários do grupo Sasil, está foragido. Ele é um dos principais investigados na Operação Alquimia, deflagrada pela Polícia Federal, e dono de uma ilha localizada na costa de Salvador, na Bahia. O empresário estaria na Europa. O Sasil é uma distribuidora do ramo de produtos químicos e termoplásticos. O grupo é sediado na Bahia e tem operação nacional.

De acordo com a nota, "durante o período em que teve responsabilidade sobre a gestão da Varient, a Braskem, como de praxe, sempre agiu no estrito cumprimento da lei e nunca esteve envolvida em nenhum tipo de irregularidade". A Braskem diz que não recebeu qualquer notificação de autoridades sobre a operação.

De acordo com a PF, o grupo adquiria produtos por intermédio de empresas laranjas que decretavam falência quando eram autuadas por órgãos de fiscalização tributária. Entre os bens bloqueados pela Justiça, estão carros de luxo, caminhões, carretas, móveis, instalações industriais, dinheiro depositado em conta, aeronaves, embarcações e até uma ilha particular de 20 mil metros quadrados localizada na costa de Salvador, que pertence a Paulo Sergio Pinto Cavalcanti. Na ilha, segundo reportagem do G1 , a polícia apreendeu barras de ouro e prata em um cofre.

Foi a 3ª Vara Federal da subseção de Juiz de Fora - cidade onde as investigações começaram, há nove anos - que determinou o sequestro de bens de empresários envolvidos com o esquema que teria levado da União e de estados cerca de R$ 1 bilhão, segundo estimativas da Receita Federal, parceira da PF na operação. O valor final das sonegações será apurado nos próximos meses a partir da análise de documentos e computadores recolhidos nesta quarta-feira.

Os presos são suspeitos de participação em fraudes que envolvem cerca de 300 empresas nacionais e estrangeiras. Segundo a PF, essas empresas "enriqueceram com facilidade desigual, às custas de graves lesões ao erário".

No Rio, equipes da PF cumpriram nesta quarta-feira mandados de busca e apreensão em três empresas no Rio, que atuam na área química. Os nomes das empresas não foram divulgados, mas elas funcionam em Volta Redonda, Centro do Rio e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Nesses locais foram apreendidos documentos e a CPU de um computador. A Justiça Federal de Minas também decretou três sequestros de bens no Rio, que estavam em nome de pessoas físicas e empresas ligadas ao esquema de sonegação.

Para cumprir todas a medidas, foram acionados cerca de 90 auditores fiscais da Receita e 500 policiais federais. O foco da investida são os estados de Minas Gerais, Bahia e São Paulo. Mas as ações ocorreram também em: Alagoas, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Piauí, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe. A maioria das prisões foi feita na Bahia.

Empresas em paraísos fiscais -- O esquema criminoso envolvia uma complexa estrutura para sonegar impostos federais e estaduais, utilizando empresas de fachada que, na maioria, não pagavam qualquer imposto. Segundo as investigações, cerca de 50 dessas empresas foram criadas para beneficiar a holding do grupo, cujo nome não foi oficialmente divulgado. Essa conclusão foi obtida a partir da análise dos vínculos entre as pessoas físicas e jurídicas investigadas, assim como suas movimentações bancárias.

Em 2002, a Receita detectou, por meio da análise de declarações do Imposto de Renda e de cruzamentos de dados, que 11 empresas - dez na Bahia e uma em Minas Gerais - estavam omitindo rendimentos para pagar menos IR e usando "laranjas". Juntas, elas foram autuadas inicialmente em R$ 110 milhões. Como havia a utilização de "laranjas" (o que pode caracterizar outras fraudes além da esfera fiscal), a Receita encaminhou o caso ao Ministério Público para investigação. O MP de Minas Gerais passou a dirigir um inquérito policial sobre o caso.

A Receita considerou que havia motivo para aprofundar as investigações. Ao longo dos últimos nove anos, os auditores descobriram que o esquema fraudulento estava espalhado por 19 estados e mais de cem pessoas jurídicas, incluindo 27 empresas que foram abertas em paraísos fiscais para esconder patrimônio.

Um dos crimes citados era a operação de casa e separa, quando duas empresas criam uma terceira apenas para fazer uma venda de ativos e não ter que recolher Imposto de Renda sobre ganhos de capital. Houve também a omissão de rendimentos; a contabilização de prejuízos para reduzir a base de cálculo do imposto devido; e a incorporação às avessas, quando uma empresa com prejuízo incorpora uma lucrativa para que a grande possa abater essa perda do imposto devido

Entre os artifícios para a sonegação, estava a declaração de bens como carretas e caminhões, aos quais era atribuído o valor de apenas R$ 1 cada.

As empresas de fachada investigadas pela Operação Alquimia atuam em diversos ramos: produtos químicos, transportes, eventos em geral, alimentos, fomento mercantil, locação de banheiros químicos, assessoria e consultoria, participações em outras companhias e administração de bens móveis e imóveis. Ainda de acordo com os investigadores, tamanha diversidade tinha o objetivo de gerar a falsa impressão de que o grupo criminoso na verdade não era apenas um, e, sim, vários.

Doméstica era 'laranja' -- A PF apurou que o valor da dívida junto à União de apenas 11 das empresas investigadas é de R$ 130 milhões. A PF acredita que existam também débitos milionários relacionados a tributos estaduais, especialmente Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

A maioria das prisões foi feita na Bahia. Em São Paulo, a PF prendeu a doméstica Vanuza Ribeiro, acusada de servir como "laranja". A prisão foi feita por volta das 5h, na favela de Jardim Colombo, e envolveu 20 agentes federais e seis policiais militares. A operação na comunidade foi reforçada porque o local é considerado perigoso. Ela foi liberada após prestar depoimento.

Em Brasília, os agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva de um empresário no Lago Sul, área nobre da capital.(O Globo)


Crise externa tende a ajudar a inflação no Brasil, diz Fipe

Segundo economista da instituição, com o atual cenário ruim europeu e americano, a procura por commodities deve diminuir, trazendo menos pressão aos preços no País.

O economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Antonio Evaldo Comune, disse nesta quarta-feira, 17, que o atual cenário de turbulência internacional tende a ser mais benéfico do que prejudicial para a inflação no Brasil. Em entrevista à Agência Estado na sede da Fipe para o detalhamento do IPC da segunda quadrissemana de agosto, ele avaliou que, com o cenário ruim de economias de peso, como as europeias e a dos Estados Unidos, a procura por commodities tende a diminuir, trazendo menos pressão aos preços no País. "Tende mais a ajudar do que a prejudicar", comentou.

Para Comune, apesar das influências de fora do País, o atual cenário da inflação doméstica está longe de ser comemorado, já que os indicadores de preço ao consumidor vêm sinalizando a possibilidade de altas em torno de 6% para 2011. No caso do IPC da Fipe, o coordenador trabalha com uma projeção de taxa acumulada de 6,20% para a capital paulista no final do ano.

"Se me perguntarem se eu estou confortável com este nível, eu responderei que, certamente, não estou", disse Comune. "Eu estaria mais confortável se estivéssemos num intervalo inferior", acrescentou, lembrando que um nível desejável seria o centro da meta de inflação para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), perseguido pelo Banco Central, que é de 4,5%.

O coordenador do IPC da Fipe, ressaltou, porém que, ao mesmo tempo que não está confortável com a inflação no Brasil, também não há uma situação de desespero no País. Ele reiterou que um nível próximo de 6,5% para o indicador da Fipe é alto, mas não pode ser interpretado nunca como um "descontrole".

Nesta quarta-feira, a Fipe informou que o IPC da segunda quadrissemana de agosto subiu 0,41%, ante alta de 0,33% verificada na primeira leitura do mês. O resultado ficou acima da projeção deComune, que era de 0,32% para o período, e foi superior também às expectativas dos economistas do mercado financeiro ouvidos pelo AE Projeções, que esperavam alta de 0,32% a 0,38%. Com o número mais elevado que o previsto, Comune elevou a projeção do final de IPC de agosto, de 0,29% para 0,38%. (Estado)


Fiscais ligam Zara a trabalho degradante
Três vistorias feitas em São Paulo flagraram fornecedores da empresa usando bolivianos em condições precárias. Fiscalização também encontra brasileiros, paraguaios e peruanos em situação análoga à de escravidão.

A grife espanhola Zara, dona de 31 lojas no país, é suspeita de usar mão de obra submetida a condições análogas à escravidão na confecção de suas roupas no Brasil.
Em três vistorias realizadas no Estado de São Paulo, fiscais do Ministério do Trabalho flagraram fornecedores da empresa usando trabalhadores bolivianos, peruanos, paraguaios e brasileiros em estabelecimentos clandestinos em condições precárias de segurança e de higiene.
De acordo com a fiscalização, os 16 trabalhadores encontrados nas duas oficinas paulistas, último alvo da investigação, tinham de pedir autorização para deixar o local, o que somente era permitido em casos urgentes.
Muitos chegavam ao Brasil endividados, após serem aliciados no país de origem.
A Zara informou que a situação de trabalho dos terceirizados está sendo regularizada.
As duas oficinas, que foram fechadas no fim de julho, pertenciam a bolivianos. Para a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, porém, eram de responsabilidade da Zarapor causa da forte dependência econômica que tinham da rede -cerca de 90% da produção era destinada à grife.
"A Zara é a única responsável pelas oficinas, pois esses trabalhadores produziam praticamente só peças destinadas à empresa, seguindo os padrões dela", disse o auditor Luís Alexandre de Faria, do Ministério do Trabalho.
Segundo Faria, as oficinas, que funcionavam havia dois anos, receberam 48 autuações por infrações como excesso de jornada, falta de pagamento de férias e ausência de descanso semanal.
Em maio, outro fornecedor da Zara, em Americana, no interior paulista, foi flagrado com 52 trabalhadores mantidos sob as mesmas condições, 5 deles brasileiros. Essa fiscalização deu origem ao flagrante de São Paulo.
IMAGEM -- Para Oscar Vieira, professor de direito da FGV, o arranhão na imagem é o pior. "As empresas sabem que podem perder muito, mas nem todas se dão conta de sua responsabilidade em toda a cadeia."
Depois de o site Repórter Brasil divulgar o assunto, as expressões Zara e trabalho escravo estiveram entre os assuntos mais comentados do Twitter. Também houve protesto no Facebook. (Folha)


Parte do capital estrangeiro no País é dinheiro repatriado para especulação

Segundo especialista do Ipea, não querem manter seus investimentos lá fora, em um momento em que as condições no Brasil parecem mais atraentes. Boa parte do fluxo de capitais que tem entrado com vigor no Brasil é dinheiro nacional sendo repatriado para fins especulativos, segundo um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A 5ª edição do boletim Conjuntura em Foco mostra que muito do Investimento Estrangeiro Direto vem de filiais de empresas brasileiras no exterior. Mas o nível de volatilidade desses investimentos diretos mostrou-se semelhante ao de investimentos em carteira, o que despertou a desconfiança dos economistas do Grupo de Análise e Previsões (GAP) do Ipea.

Os investimentos diretos estrangeiros são basicamente empréstimos entre companhias e participação no capital de empresas. Houve aumento de investimento estrangeiro direto tanto por créditos dos empréstimos intercompanhias, que subiram 119% de janeiro a junho ante o mesmo período de 2010, quanto pelo ingresso de participação no capital, que registrou alta de 77% na mesma comparação. No entanto, no caso dos empréstimos, o movimento foi considerado bastante atípico.

"Dentro da volatilidade encontrada, o ingresso de capital via empresas brasileiras com filial no exterior aumentou bastante. As amortizações recebidas (pelas empresas brasileiras no País) foram muito maiores do que os empréstimos concedidos, o que é muito estranho", disse Roberto Messenberg, coordenador do GAP. "Os investimentos estrangeiros diretos seriam investimentos em carteira disfarçados para aproveitar os juros e burlar as medidas macroprudenciais", afirmou.

Os empréstimos das filiais estrangeiras para as matrizes brasileiras somaram US$ 4 bilhões de janeiro a junho de 2011, uma variação de 155% ante o mesmo período de 2010. Em adição, as amortizações recebidas pelas matrizes brasileiras referentes a empréstimos concedidos no passado às filiais estrangeiras somaram US$ 14 bilhões de janeiro a junho, um aumento de 179% ante o primeiro semestre do ano passado.

Segundo Messenberg, houve uma inversão do processo de internacionalização do capital brasileiro. "Não tem porque manter seus investimentos lá fora se aqui as condições são mais atraentes. Uma grande parte desse capital é dinheiro brasileiro voltando para casa", acrescentou o coordenador do Ipea.

O problema da entrada excessiva de capital de filiais de empresas brasileiras é que os recursos não estão sendo repatriados por causa das condições de investimento produtivo no País. "A taxa de investimento (na produção) está baixa, então isso não está vindo para aumentar a taxa de investimento doméstica. O recurso está indo para a renda fixa", alertou.

A entrada de fluxo estrangeiro na forma de investimento isenta essas aplicações da alíquota de 6% sobre os investimentos em carteira. Para Messenberg, as medidas macroprudenciais tomadas pelo governo para inibir a entrada de capitais dá certo no curto prazo, mas com o passar do tempo, as empresas descobrem formas de burlar as normas. Por isso, o governo precisa estar atento para novos movimentos, de acordo com as mudanças de cenários.

"As medidas funcionam durante algum tempo, depois você não consegue mais refrear os dribles", afirmou. "A atratividade no exterior é muito baixa, enquanto aqui melhorou. Então é uma enxurrada (de fluxos)". (Estado)


Poder de compra de brasileiro cai em ranking global apesar do avanço dos salários

Valorização do real e inflação elevaram custo de vida em Rio e São Paulo, segundo relatório do banco UBS.

Um relatório do banco suíço UBS avaliando o custo de vida em 73 cidades do mundo indicou que o poder de compra dos habitantes de Rio e São Paulo vem caindo nos últimos cinco anos, apesar do avanço dos salários.

A valorização do real, o aquecimento da atividade econômica e a inflação fizeram com que o custo de vida nas duas megacidades brasileiras, que há cinco anos equivalia a pouco mais da metade do de Nova York, chegasse a 74% e 69% do da metrópole americana, indica a pesquisa.

Excluindo-se os valores de aluguel, o custo de vida em São Paulo já é praticamente equivalente (97%) ao nova-iorquino, revelou a pesquisa.

Entre 2006 e 2011, o nível de salários de São Paulo passou de 24% para 39% do nível nova-iorquino, enquanto o do Rio aumentou de 19% para 34% na mesma comparação.

Mas este avanço não foi suficiente para evitar que as duas metrópoles brasileiras caíssem no ranking do banco do poder de compra doméstico.

Em 2006, São Paulo e Rio ocupavam, respectivamente, as posições número 42 e 52 do ranking de poder de compra nos países analisados pelo UBS.

Em 2011, as duas cidades caíram para os lugares número 54 e 58.

Custo de vida -- O relatório "Preços e Salários" leva em conta uma cesta de 122 produtos e serviços variados, como moradia, alimentação, transporte (público e privado, incluindo manutenção de veículos), roupas, artigos domésticos e até corte de cabelo.

Os cálculos relativos a 2011 foram realizados com base nos preços de 2009, ajustados de acordo com a inflação, o crescimento do PIB e as taxa de câmbio. Um novo levantamento de preços será feito para o relatório do ano que vem.

Segundo o estudo, assim como vem ocorrendo no Brasil, a valorização das moedas nacionais frente ao dólar tem encarecido os custos de vida em várias cidades do mundo, em particular australianas e suíças.

As cidades mais caras para se viver, por ordem no ranking, são Oslo, Zurique, Genebra, Copenhague, Estocolmo, Tóquio, Sydney e Helsinque.

São Paulo e Rio ficaram, respectivamente, nas posições 19 e 26 das cidades mais caras do ranking do banco UBS. (Estado)


Economia brasileira encolheu 0,26% em junho, depois de dois anos e meio de alta, diz BC

A economia brasileira encolheu 0,26% em junho em relação a maio, na primeira queda mensal da atividade econômica em dois anos e meio. O indicador havia mostrado queda na comparação mensal pela última vez em dezembro de 2008, quando ficou em 122,5 pontos, durante a crise financeira global, mostram dados do Banco Central.

O índice IBC-BR foi criado pela autarquia para tentar antecipar os dados do crescimento do país e alimentar o sistema que define os próximos passos para o controle da inflação, como as decisões da taxa básica de juros (Selic).

Segundo o BC, o crescimento do Brasil também perdeu bastante força no segundo trimestre em relação a igual período do ano anterior. A expansão da economia foi de 0,69%: bem menor que a do trimestre imediatamente anterior que foi de 1,37%. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 3,07%. No primeiro semestre, a expansão chega a 3,74% e em 12 meses encerrados em junho, a 4,89%.

Esses números ainda não refletem as turbulências da economia mundial, que se agravaram depois que a agência de classificação de risco Standard&Poor's rebaixou a classificação dos Estados Unidos.

O IBC-Br avalia a evolução da atividade econômica brasileira. O índice incorpora e sintetiza informações sobre o nível da atividade de setores como indústria, comércio, agropecuária e serviços.(O Globo)


Senado aprova concessão de salário-família para domésticas

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou nesta quarta-feira projeto que concede às domesticas o direito ao salário-família mensalmente, na proporção do número de filhos. O benefício já é concedido aos demais trabalhadores brasileiros. A proposta foi aprovada em caráter terminativo e, se não houver recursos para ser votada em plenário, segue para apreciação da Câmara.

O valor atual do salário-família para quem ganha até R$ 573,58 é de R$ 29,41. Já para quem recebe entre R$ 573,58 e R$ 862,11 o benefício é de R$ 20,73.

A comissão também aprovou projeto de lei que objetiva simplificar o pagamento, hoje facultativo, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pelo empregador doméstico. Este seria recolhido junto com outros tributos, numa única guia.(O Globo)