quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Menos impostos para micro e pequenas empresas ajudará a gerar mais empregos


Dilma sanciona na próxima quinta-feira lei que amplia Supersimples
A presidente Dilma Rousseff sancionará, na quinta-feira pela manhã, em cerimônia no Palácio do Planalto, a lei que altera em até 50% as faixas do Simples Nacional, também conhecido como Supersimples.
Para se enquadrar no regime tributário diferenciado do Simples, as micro e pequenas empresas podem ter faturamento anual de até R$ 360 mil – o limite anterior era de R$ 240 mil. Para as de pequeno porte o faturamento máximo passou de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões.
O limite para os empreendedores individuais também foi ampliado, de R$ 36 mil para R$ 60 mil anuais. A nova lei prevê, ainda, que os exportadores poderão faturar até o dobro se essa receita corresponder a vendas para outros países.
O projeto de lei complementar que alterou o Supersimples, aprovado pelo Senado no início de outubro, determina que as novas tabelas de enquadramento devem valer a partir de 1º de janeiro de 2012. (Valor)

Juros futuros sugerem ciclo maior de redução da Selic
Os contratos de juros futuros longos completam mais um pregão de baixa na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), com alguns vencimentos fazendo novas mínimas históricas.
Desde que o Banco Central (BC) começou a cortar os juros em agosto, a cena externa foi colocada como fator preponderante à tomada de posição. Mas, como o tempo passa e uma solução parece cada vez mais distante,  investidores começam a ampliar as apostas de que a Selic pode cair mais do que o previamente estimado.
Para um operador, é visível o aumento nas apostas de um corte de 0,75 ponto no encontro de 30 de novembro do Comitê de Política Monetária (Copom). “Como não tem comprador, esse movimento está arrastando a curva toda para baixo”, diz.
Outra interpretação existente no mercado não aponta para um passo maior no ajuste, mas sim que para a ideia de que o “teto” de três cortes de meio pode ser ampliado, ou seja, a Selic poderia ir abaixo de dois dígitos em 2012.
Veja abaixo a variação dos principais contratos de juros futuros na BM&F, antes do ajuste final de posições:
Vencimento
Taxa (%)
Variação emp.p.
Mínima
Dezembro 2011
11,42
+0,03
11,39
Janeiro 2012
11,06
-0,01
11,05
Julho 2012
10,31
-0,03
10,30
Janeiro 2013
10,11
-0,05
10,10
Janeiro 2014
10,33
-0,07
10,31
Janeiro 2015
10,60
-0,09
10,60
Janeiro 2016
10,76
-0,11
10,76
Janeiro 2017
10,83
-0,11
10,81
Até as 16h10, foram negociados 833.371 contratos,  o equivalente a R$ 73,30 bilhões (US$ 41,50 bilhões). O vencimento janeiro de 2013 foi o mais negociado, com 224.782 contratos, equivalentes a R$ 20,12 bilhões (US$ 11,53 bilhões). (Valor)

Em 2014, classe C já será 58% da população
Hoje, 54% dos brasileiros se enquadram nesse estrato social que, segundo critérios do levantamento, reúne famílias com renda média de R$ 2.295.
A expansão da classe C no País deve continuar a ocorrer em ritmo acelerado. De acordo com estudo elaborado pelo instituto Data Popular, 58% da população pertencerá à classe C em 2014. Hoje, 54% dos brasileiros se enquadram nesse estrato social que, segundo critérios do levantamento, reúne famílias com renda média de R$ 2.295.
"Os padrões de consumo dessa nova classe C não serão iguais aos de hoje. Há uma mudança em andamento", avisa Wagner Sarnelli, sócio do Data Popular, especializado em pesquisas de consumo. "Portanto, a empresa que quiser vender para esse público deve entender bem seus códigos e seus valores para se comunicar corretamente."
Sarnelli foi um dos participantes do 1.º Encontro Estadão PME. Direcionado a pequenos e médios empresários, o evento foi realizado ontem em São Paulo e contou com a participação de analistas econômicos e empreendedores de sucesso. Cerca de 180 pessoas acompanharam os quatro módulos do encontro.
Na primeira etapa, os palestrantes discutiram as perspectivas de desempenho da economia para 2012. O otimismo deu o tom das análises. "Caso haja um agravamento da crise na Europa, o impacto poderá ser sentido pela economia brasileira. Mas este não me parece o cenário mais provável", afirmou Caio Megale, analista econômico do Itaú.
O Brasil, na visão de Megale, também está mais preparado para enfrentar eventuais problemas. "Em 2008, quando houve a quebra do banco americano Lehman Brothers, a economia brasileira seguia a 120 quilômetros por hora. Hoje, a velocidade é de 70 quilômetros por hora. Portanto, qualquer pisada no freio teria um impacto menor."
Por considerar que o desempenho da economia brasileira não deve sofrer alterações bruscas no próximo ano, José Luiz Rossi Junior, professor do Insper, recomendou aos pequenos e médios empresários que mantenham os investimentos programados. "Não há motivos para as empresas reverem suas decisões", declarou o professor.
"Enquanto o consumo interno mostrar força, os pequenos e médios negócios não sentirão impactos bruscos em seu faturamento", completou Bruno Caetano, superintendente do Sebrae de São Paulo.
Histórias de sucesso -- No segundo módulo do evento, Antonio Carlos Carbonari Netto, fundador da Anhanguera Educacional, narrou sua trajetória empresarial e deu dicas aos participantes do evento. "É preciso ter foco e saber identificar as oportunidades", ensinou o empreendedor.
Por constatar que os estudantes das classes C e D não frequentavam as universidades por falta de recursos, o empresário decidiu criar uma faculdade que oferecesse cursos baratos, com foco na formação de mão de obra para o mercado de trabalho.
Carbonari deu conselhos pragmáticos. "Retenção de talentos nas empresas se faz com muito carinho e dinheiro", sentenciou.
Mas também não escondeu suas falhas e fragilidades. "Meu principal erro foi achar que era dono da empresa", disse. "O empresário deve ter uma postura de gestor, e não de dono, porque o dono tende a imprimir uma gestão caseira."
Carbonari admitiu ainda que, até hoje, sente medo. "Empresário tem medo porque raciocina na frente e enxerga o perigo. Ter medo é bom, mas é preciso controlá-lo."
O terceiro módulo do evento tratou de segmentação. Sarnelli, do Data Popular, e Gabriela Otto, professora de marketing de luxo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), falaram sobre as oportunidades que o mercado popular e o segmento de luxo oferecem para as pequenas empresas.
"Os pequenos negócios dirigidos ao mercado de luxo devem apostar na valorização da cultura local como forma de diferenciação", sugeriu Gabriela.
O evento terminou com o depoimento de Ivani Calarezi, sócia da rede Amor aos Pedaços. A empresária contou que, até hoje, continua a testar receitas. "Mesmo que elas não se transformem em produtos, eu gosto de continuar criando coisas novas", disse. Ivani finalizou a apresentação com uma observação simples, mas preciosa: "Quem ouve o cliente está no caminho certo". (Estado)


MARK WEISBROT: O Brasil e a zona do euro
FOI NOTICIADO ontem que o Brasil está mais uma vez estudando fazer uma contribuição para ajudar a Europa a sair de sua crise financeira. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou os relatos de que teriam sido oferecidos US$ 10 bilhões, mas indicou que o Brasil estaria disposto a alguma contribuição via FMI.
A renda per capita do Brasil, US$ 10,8 mil/ano, é mais ou menos um terço da renda per capita dos países da zona do euro. A Europa pode ajudar a si mesma. Na verdade, a Europa precisa realmente ajudar a si mesma, e o FMI não está ajudando a Europa agora, não mais do que ajudou o Brasil nos anos 90.
O governo Lula saldou as dívidas que ainda tinha com o FMI em 2005 por uma boa razão: para garantir que o FMI não exercesse mais influência sobre a política econômica brasileira. No caso do Brasil, o FMI era controlado pelo Departamento do Tesouro dos EUA. Hoje, no caso da maioria dos empréstimos do FMI na Europa, não é o Tesouro americano quem manda - são as autoridades europeias que estão tomando as decisões. E elas são mais ideologicamente de direita que o FMI, que é o sócio júnior na crise contínua que se desenrola na Europa.
O BCE (Banco Central Europeu) é o pior infrator nesse caso, recusando-se a cumprir suas responsabilidades como banco central. Ele se recusa a participar do fundo necessário para avalizar os títulos de dívida italianos, parte indispensável à resolução da crise.
A Itália precisa refinanciar cerca de US$ 413 milhões em títulos governamentais nos próximos 12 meses. Os mercados financeiros empurraram os custos de crédito da Itália a níveis recordes. O rendimento sobre títulos de dez anos fechou ontem em 6,77% . Essa taxa precisa ser reduzida ou ao menos impedida de subir, se quisermos que a Itália evite um calote, e o Banco Central Europeu tem o poder de fazer isso, mas até agora vem se negando.
É uma política muito diferente da do banco central dos EUA, que criou mais de US$ 2 trilhões desde a recessão nos EUA. A crise atual é fruto do medo nos mercados financeiros de que as autoridades europeias estejam começando a fazer com a Itália o que fizeram com a Grécia.
As autoridades europeias empurraram a Grécia para uma situação insustentável, ao forçá-la a restringir seu Orçamento em uma recessão. Isso levou a economia grega a encolher ainda mais; ela terá uma contração de 5,5% este ano.
A economia menor significa menos receita para o governo, o que quer dizer que a Grécia terá que reduzir seu Orçamento mais ainda para alcançar a meta, e assim por diante, numa espiral descendente.
Agora o mesmo processo começou na Itália, mas a Itália tem cinco vezes mais dívida que a Grécia.
Talvez o Brasil e outros países que queiram oferecer contribuições ao FMI devessem tirar uma lição do próprio FMI -condicionar suas contribuições a uma mudança de política. O dinheiro só deveria ser disponibilizado se as autoridades europeias cancelassem a maioria da dívida grega, reduzissem os juros de longo prazo para as economias mais fracas da região e revertessem suas políticas macroeconômicas para permitir que todas as economias da zona do euro que enfrentam problemas pudessem crescer e, crescendo, sair dessa crise. (Folha)