terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O setor que mais contratou foi o de serviços, gerando 180 mil vagas, seguido por comércio (38 mil) e construção civil (2 mil)

São Paulo cria 181 mil vagas e taxa média de desemprego cai para 10,5%

A taxa média de desemprego na região metropolitana de São Paulo recuou de 11,9% em 2010 para 10,5% no ano passado, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos e da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Dieese-Seade). No período foram geradas 181 mil vagas, reduzindo o contingente de desempregados para 1,13 milhão de pessoas.

O setor que mais contratou no ano passado em São Paulo foi o de serviços, gerando 180 mil vagas, seguido por comércio e construção civil, que criaram 38 mil e 2 mil postos de trabalho, respectivamente. Em sentido contrário, a indústria paulista demitiu 6 mil trabalhadores e os serviços domésticos tiveram a redução de 25 mil vagas. No conjunto dos demais setores, os cortes somaram 8 mil postos de trabalho.

Renda -- O rendimento médio dos ocupados no Estado cresceu 1,1% entre dezembro de 2010 e novembro de 2011, para R$ 1.527. Entre os assalariados, a renda média teve reajuste de 1,3% (R$ 1.551). No mesmo período, o rendimento médio dos autonômos avançou 2,7%, para R$ 1.181. (Valor)


Processos e projetos trazem riscos de R$ 320 bi à União

A volta dos trabalhos no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso, nessa semana, vai trazer riscos de R$ 320 bilhões aos cofres do governo. Esse é o montante que vai ser discutido tanto em processos em tramitação no tribunal quanto em projetos em discussão na Câmara e no Senado.

Os maiores riscos estão no STF, onde, apenas cinco causas podem custar R$ 151,6 bilhões para a União. A principal questão para a Advocacia-Geral da União (AGU) é a cobrança de ICMS na base de cálculo da Cofins. Se perder essa causa, a União fica sem R$ 12 bilhões de arrecadação anual, além de um passivo de R$ 76 bilhões.

No Congresso, apenas seis projetos em discussão na Câmara dos Deputados trazem o risco de R$ 61,7 bilhões. O mais importante deles é a Proposta de Emenda Constitucional nº 300, de 2006, que estabelece uma nova forma de remuneração para policiais militares e bombeiros, com um custo adicional de R$ 43 bilhões divididos entre a União, os Estados e os municípios. Pelo texto, essas categorias profissionais passariam a receber um piso salarial, que não pode ser inferior ao que é pago aos policiais militares do Distrito Federal - os mais bem remunerados no país.

Por causa de propostas como essa, a AGU criou um posto na Câmara com a função de monitorar projetos de leis que, depois, podem ser questionadas no Supremo. É o caso do projeto que cria vagas de juízes trabalhistas - com impacto de R$ 3,5 bilhões - e o reajuste do Judiciário, que, se aprovado, vai custar R$ 7 bilhões por ano para a União.

Defensores do reajuste para a magistratura, os ministros do STF vão ter dificuldades para julgar todas as questões de magnitude bilionária neste ano. As causas tributárias concorrem com outras polêmicas, como o julgamento do mensalão, a definição sobre a aplicação da Lei da Ficha Limpara para as eleições municipais de outubro e a competência de o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instaurar investigações contra juízes antes do início da apuração pelos tribunais locais.

Além disso, o STF vai passar por duas trocas de ministros, pois o presidente, Cezar Peluso, e o vice, Carlos Ayres Britto, se aposentam em setembro e novembro, respectivamente, ao completar 70 anos. Sem quorum completo, o tribunal evita decidir questões polêmicas.

Mas, basta o STF julgar um desses processos para afetar diretamente as expectativas nos cofres do governo. Isso deve acontecer em pelo menos uma grande questão a ser levada ao plenário: a definição sobre as perdas decorrentes de planos econômicos. O ministro Ricardo Lewandowski, que é o relator do processo, afirmou ao Valor que pretende liberar o caso para julgamento no começo deste ano.

Caso os bancos tenham que fazer a reposição de valores nas contas dos consumidores por conta de sucessivas alterações da moeda nos planos Bresser (1987), Verão (1989), Collor 1 (1990) e Collor 2 (1991), o custo será de R$ 105,9 bilhões, segundo estimativa feita pelo Banco Central. Esse valor seria pago tanto por bancos públicos quanto privados. A AGU vai defender a manutenção das regras que foram aplicadas na época dos planos para que não seja necessário fazer novos desembolsos de bilhões de reais aos correntistas.

A tributação de Cofins sobre os bancos é outro caso que deve mobilizar instituições financeiras e governo, pois, em dez anos, a cobrança atingiu R$ 40 bilhões.

"A AGU faz o acompanhamento muito próximo e intenso das questões tributárias", afirmou ao Valor o advogado-geral da União, ministro Luís Inácio Lucena Adams. "Mas, é igualmente importante monitorar todas as questões que afetam a governança do Estado brasileiro", completou.

De fato, além dos casos bilionários, a União tem que se defender em processos cujo resultado afeta a atuação do governo. Um exemplo é a demarcação de terras quilombolas, que não pode ser quantificada monetariamente, mas implica na defesa de todo o processo e concessão de terras para minorias ao redor do país. Outro caso importante no radar da AGU é a ação em que se contesta a constitucionalidade da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) - órgão responsável por autorizar o cultivo de determinados alimentos, como os produtos transgênicos. O resultado dessa ação não pode ser estimado em valores, mas tem como alterar toda a política de biossegurança com impactos para governo e empresas.

As ações bilionárias não atemorizam a AGU, pois o governo obteve vitórias tributárias importantes no STF, nos últimos anos, como o fim do crédito prêmio de IPI, que era pago às empresas exportadoras e foi julgado como indevido pelo STF, em agosto de 2009. "Naquele caso, houve um envolvimento intenso do setor privado", lembrou Adams. De fato, estavam em jogo R$ 70 bilhões em impostos a serem pagos com os créditos. Isso levou as empresas a contratarem os melhores tributaristas do país. Mas, ao fim, os créditos foram extintos pelo STF. "Dado o volume de atores e de recursos envolvidos, foi a maior vitória da União nos últimos anos", concluiu o advogado-geral.

O STF retoma as sessões na quarta. O Congresso volta na quinta-feira. (Valor)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Patah: "Estamos lutando por um trabalho decente. O comércio, por exemplo, tem uma taxa de rotatividade absurda e, a cada troca, baixa-se o salário."

Indústria, varejo e centrais sindicais se unem contra importações

Representantes da indústria, do comércio e dos trabalhadores decidiram se unir para pressionar o governo a tomar medidas contra o aumento das importações no Brasil. Em reunião na manhã desta quinta-feira, em São Paulo, membros da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), da Força Sindical, do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e das centrais UGT, CGTB e CTB concordaram em organizar manifestações e preparar sugestões de medidas para elevar a competitividade dos produtos brasileiro, que deverão ser encaminhadas a Brasília.

“Será formado um comitê técnico para avaliar as ações no decorrer da próxima semana e dia 6 de fevereiro faremos uma nova reunião de cúpula para definir as medidas”, explicou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ao término do encontro desta manhã. “É o descaso do governo que está levando a essa união do setor produtivo”, ressaltou.

Ainda hoje, as centrais sindicais discutirão o assunto com Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio). Segundo o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT/SP), não haverá greve. “O grande problema da desindustrialização é câmbio e juros. Se baixar juros e equilibrar o câmbio já se resolverá uma boa parte da questão”, disse.

Executivos e sindicalistas não apresentaram detalhes das medidas que deverão ser sugeridas ao governo, mas destacaram que a geração e a qualidade do emprego é uma preocupação. “Não é porque o índice de desemprego está baixo que está tudo bem. Estamos olhando para frente. Se não forem tomadas medidas fortes imediatamente, teremos um agravamento da situação em 2012. Estamos nos antecipando ao problema”, observou Skaf, acrescentando que já há registros de demissões na indústria.

“Estamos lutando por um trabalho decente. O comércio, por exemplo, tem uma taxa de rotatividade absurda e, a cada troca, baixa-se o salário. Esse tipo de emprego não nos interessa”, pontou Ricardo Patah, presidente da UGT.

A percepção de industriais e sindicalistas é de que o governo não está preocupado com o setor produtivo brasileiro. "A minha impressão é que o ministro [do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel] tem passeado demais e feito de menos. Ele está parecendo uma abelha. Quando não está voando, está fazendo cera”, disse o presidente da Força Sindical. (Valor)


BC muda tom e indica juro abaixo de 10%

Ata do Copom afirma que existe uma 'elevada probabilidade' de a taxa Selic cair 'para o patamar de um dígito'. Uma semana antes da reunião, Dilma se reuniu com Mantega e Tombini, mas governo nega interferência.

O Banco Central indicou, de modo claro e muito pouco usual, que vai continuar a reduzir a taxa de juros no Brasil até chegar a um patamar abaixo de 10% ao ano.

Em um movimento raro na história do regime de metas de inflação brasileiro, iniciado em 1999, os diretores que integram o Copom (Comitê de Política Monetária) praticamente se comprometem a reduzir a taxa Selic -referência para todas as operações de crédito da economia.

Com argumento de que "a desaceleração da economia brasileira no segundo semestre do ano passado foi maior do que se antecipava" e de que não há uma solução definitiva para crise financeira na Europa, "o Copom atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para o patamar de um dígito".

Na semana passada, o BC diminuiu a Selic para 10,5%. A expectativa do setor financeiro era a de que, a partir daí, o espaço para novas quedas estava diminuindo.

Essa foi a sinalização que o mesmo BC havia dado no dia 22 de dezembro, quando divulgou o último relatório trimestral de inflação de 2011. O recado do BC no relatório surpreendeu o mercado e fez os juros futuros subirem.

Por isso, no início de 2012, a expectativa era que o BC reforçasse o discurso de que os cortes seriam menores.

INDEPENDÊNCIA -- A ata divulgada ontem veio na direção oposta e, mais uma vez, gerou dúvidas sobre uma suposta falta de autonomia do BC -que estaria buscando uma retomada mais forte da economia, como deseja a presidente Dilma Rousseff, em vez de preocupar-se em manter a inflação sob controle.

Uma semana antes da reunião do Copom deste mês, a presidente interrompeu as férias do ministro Guido Mantega (Fazenda) para discutir sobre os rumos da economia. O presidente do BC, Alexandre Tombini, também participou do encontro.

A equipe econômica rebate ingerência política da presidente na decisão do BC.

Segundo a Folha apurou, nos bastidores do governo, a mudança de postura do BC se justifica porque os dados da economia à época da elaboração do relatório de inflação -que previa uma redução mais lenta dos juros- não estavam claros quanto agora.

O documento, divulgado no final do mês, usou dados com data até 9 de dezembro.

Avalia-se que, de lá para cá, o desempenho da economia ficou "mais claro" e abaixo do esperado.

Os dados referentes ao crescimento oficial do Brasil no período ainda não foram divulgados. Além disso, houve melhora nas perspectivas para inflação. Em 2011, a taxa fechou no limite da meta, de 6,5%, mas nesse ano todas as estimativas são menores.

Os defensores da decisão do BC argumentam também que pesaram o comprometimento dentro do governo com um ajuste fiscal forte neste ano e a indefinição em relação à crise internacional. (Folha)


Mercado e analistas foram pegos de surpresa com Selic de 1 dígito

O Banco Central divulgou, como é praxe, a ata detalhando a decisão do Copom da semana precedente. Em geral, a ata não traz grandes novidades para o público que acompanha com algum detalhe a conjuntura econômica e a comunicação do BC.

Tampouco é comum que elas sinalizem de modo claro o futuro da política monetária. Desta vez foi diferente.

De modo inédito, a autoridade monetária disse com todas as letras que a taxa Selic será reduzida abaixo de 10% no futuro próximo.

E deu a justificativa teórica que compatibiliza juros reais mais baixos com inflação nas vizinhanças da meta de 4,5%: a taxa de juro "neutra" -que corresponde a inflação estável e próxima à meta- teria se reduzido de modo permanente nos últimos anos.

O mercado e os economistas foram pegos de surpresa com a novidade, principalmente porque, no último relatório trimestral de inflação, o BC passara a sensação de que havia pouco espaço para reduções adicionais do juro.

Ou ao menos assim inferiram muitos analistas a partir da evidência de que o cenário prospectivo para a inflação da própria autoridade monetária sinalizava inflação acima de 5% em 2013 caso a Selic tocasse 9,5% em abril.

O erro do mercado foi duplo. Primeiro, ao ler a projeção de um dos diversos modelos empregados pelo BC de modo direto e mecânico. Segundo, ao concluir que inflação acima de 5% seria algo incômodo à atual gestão.

A Selic provavelmente chegará a 9,5% em abril. A queda da inflação no final de 2011, a ociosidade da economia derivada de um segundo semestre fraco e as más perspectivas para a economia mundial são suficientes para embasar tal escolha.

Principalmente porque o BC da era Dilma não parece muito preocupado em atingir os 4,5% estipulados pelo Conselho Monetário Nacional.

Por fim, apesar de acreditar que Alexandre Tombini pressionará o governo para ser prudente na condução da política fiscal, insistindo na meta de superavit primário de 3,1%, não creio que gastos públicos um pouco maiores do que gostaria o BC impeçam a Selic de cair até 9,5%.

A consequência de política monetária mais frouxa e fiscal menos apertada do que deveria será inflação final mais alta, e não reversão da política de juros.

Esta última soa como um cenário provável apenas se a inflação voltar a ameaçar a meta. Por enquanto, isso parece algo ainda distante. (Na Folha: CARLOS EDUARDO GONÇALVES é professor da FEA-USP.)


Serviços ligados ao Estado serão fonte de emprego, diz economista

Lawrence Summers vê a criação de vagas nos setores de educação e saúde superar a nos mais dinâmicos e produtivos.

No capitalismo do século 21, em países adiantados como os Estados Unidos, os setores mais dinâmicos e produtivos não serão a principal fonte de criação de emprego, mas sim serviços como saúde e educação, ligados ao Estado. A avaliação, que vai na direção contrária ao que a maior parte dos altos executivos e empresários no Fórum Econômico Mundial acha e defende, foi feita quinta-feira, 26, por Lawrence Summers, de Harvard, um dos economista mais respeitados do mundo.

Ex-secretário do Tesouro americano do presidente Bill Clinton, ex-principal conselheiro econômico de Barack Obama e ex-presidente de Harvard, Summers trouxe para a discussão sobre a crise do capitalismo um ângulo incômodo para a elite que frequenta Davos. O que não falta aqui, nas análises sobre o alto nível de desemprego dos países ricos, são recomendações de flexibilização trabalhista e estímulos à inovação e ao empreendedorismo, para liberar o dinamismo do setor privado e a sua capacidade de produzir empregos.

Na visão de Summers, porém, essa abordagem é ilusória. "Criar riqueza é muito mais fácil do que criar empregos." O problema, para o economista, é que a revolução da produtividade na indústria faz com que hoje se produza quantidade muito maior de bens, de qualidade muito melhor, por preços menores, e empregando muito menos gente.

Assim, criou-se a contradição de que os setores mais dinâmicos da economia, com crescimento mais rápido da produtividade, e que são normalmente aqueles que mais se buscam estimular, pelo próprio carisma que possuem, são também os que menos criam empregos.

"É uma ilusão que os iPods, iPads e Kindles vão criar mais empregos para pessoas normais", disse Summers. Para ele, a economia americana está evoluindo numa direção em que a criação de emprego terá de vir muito mais de segmentos ligados ao Estado, como saúde e educação, do que do industrial.

Ele deu um exemplo dramático. Desde os anos 60, o preço relativo de uma televisão reduziu-se 50 vezes em relação ao de serviços de saúde. Ele ressalvou que era um caso excepcional mas, ainda assim, se for tomada a evolução do preço de roupas e de serviços de consumo em geral, embora muito menos drástico, há também um substancial encarecimento relativo dos serviços.

Summers fez um paralelo entre o que ocorre hoje e a transição da economia agrícola para a industrial nos países ricos. Naquele momento, de forma similar ao que ocorre agora na indústria, a evolução tecnológica permitiu que se produzissem muito mais alimentos com muito menos gente. E o contingente desempregado no campo transferiu-se para a indústria, que produzia bens de consumo em altíssima demanda pela população.

Tendência. Hoje, de maneira semelhante, os desempregados da indústria deverão se transferir para setores nos quais o atendimento à demanda da população é notoriamente insuficiente e insatisfatório, como saúde e educação. Os serviços de saúde, aliás, segundo Summers, são o segmento previsto para gerar mais empregos nos Estados Unidos nos próximos dez anos.

A transição atual, porém, apresenta um grande problema. Empregos estão sendo transferidos de um setor industrial altamente produtivo para serviços muito vinculados ao governo que apresentam dinamismo econômico muito menor. De qualquer forma, notou Summers, outra ilusão é a de que "um governo menor combina com um governo que vai criar empregos", uma aparente estocada na agenda conservadora dos republicanos.

O desafio da política econômica na atual fase do capitalismo, portanto, seria o de preservar o dinamismo dos setores de baixa criação de emprego que, por outro lado, produzem em massa bens de qualidade para a população, ao mesmo tempo em que se tenta construir uma sociedade com trabalho digno para todos. (Estado)


Taxa de desemprego é a menor desde 2002

O índice no país diminuiu principalmente por conta da redução da procura de trabalho.

Mesmo à sombra da crise e num cenário de economia mais fraca, o mercado de trabalho das maiores metrópoles do país viveu, em 2011, seu melhor momento em nove anos, com a mais baixa taxa de desemprego desde pelo menos 2002, segundo o IBGE.

Diante principalmente da menor procura por trabalho, a taxa de desemprego cedeu de uma média anual de 6,7% em 2010 para 6% em 2011, colocando o Brasil numa posição intermediária entre os países.

O país obteve índices melhores do que os desenvolvidos e equivalentes aos latino-americanos e emergentes -exceto China e México, segundo projeções do FMI (ver gráfico ao lado).

O desempenho favorável -que levou a taxa a cair para 4,7% em dezembro, a mais baixa de todas- se deu mais por conta da redução da procura de trabalho do que pelo crescimento expressivo da abertura de novas vagas.

O contingente de pessoas desempregadas e em busca de uma colocação caiu 10,4% em 2011, enquanto o emprego subiu apenas 2,1%. Em 2010, o total de pessoas ocupadas havia tido um crescimento maior: 3,5%.

Os dados mostram que a taxa de desemprego foi mais elevada entre os jovens. Entre os com 15 a 17 anos, o índice chega a 23% e entre os de 18 a 24 anos é de 13,4%.

Das regiões metropolitanas avaliadas na pesquisa, Salvador é a que apresenta a taxa mais alta: de 9,6%.

Para a LCA Consultores, a taxa de desemprego declinou principalmente porque menos pessoas procuraram um emprego sob influência do "fato de a renda média anual ter se mantido em alto patamar, o que pode ter desestimulado a busca de uma ocupação para reforçar a renda" da família.

O rendimento perdeu fôlego e cresceu 2,7% na média de 2011, quase um ponto percentual a menos do que em 2010 (3,8%). Manteve-se, porém, em valores historicamente elevados (R$ 1.625).

Para Mauro Rochlin, professor do IBGE, nem a freada do rendimento fez de 2011 um ano ruim para o mercado de trabalho, que teve um desempenho positivo diante do avanço das importações e do consequente efeito negativo sobre a indústria.

Segundo ele, o setor de serviços, mais ligado à renda doméstica, "sustentou o dinamismo" do mercado de trabalho em 2011, algo que deve se intensificar neste ano. "Mas é provável que a taxa de desemprego aumente, pois os impactos do câmbio serão ainda mais sentidos pela indústria."

O ritmo mais lento da geração de vagas na indústria, diz, explica a piora da renda, pois o setor é o que paga os maiores salários.

Esse movimento foi mais notado em São Paulo, principal polo fabril do país e onde o rendimento subiu só 0,7% em 2011.

Já o IBGE cita ainda a inflação mais alta e o menor reajuste do salário mínimo no ano passado como causas da desaceleração da renda.

Um destaque positivo foi o aumento do número de empregos formais, cuja expansão de 6,8% em 2011 ficou acima da média de crescimento do emprego.

Segundo pesquisa do Datafolha, o desemprego deixou de ser o principal problema do país. A posição atualmente é ocupada por saúde. No levantamento feito em janeiro, desemprego ficou em terceiro lugar. (Folha)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Taxa de juros de um dígito: a avaliação consta da ata da última reunião do colegiado do Banco Central

Copom vê elevada probabilidade de juro básico de um dígito

O Comitê de Política Monetária (Copom) atribui "elevada probabilidade" à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito.

A avaliação consta da ata da última reunião do colegiado do Banco Central, quando o juro básico foi reduzido em 0,50 ponto percentual, para 10,50% ao ano.

No documento, o Copom também comentou que a desaceleração da economia brasileira no segundo semestre do ano passado foi maior do que se antecipava e que eventos recentes indicam postergação de uma solução definitiva para a crise financeira europeia. (Valor)


Superavit do governo fica R$ 10 bi acima da meta e atinge R$ 92 bi

Resultado de 2011, que ainda não é oficial e depende de ajustes, fortalece defensores de corte menor no Orçamento. Economia do governo para pagar juros da dívida tira dinheiro de investimentos e reduz ritmo do crescimento.

A contenção de gastos do governo federal e a arrecadação acima do esperado no ano passado geraram uma economia superior à meta do Ministério da Fazenda.

Segundo a Folha apurou, o número, que ainda está sendo fechado pela equipe econômica e será usado para abater a dívida pública, está em cerca de R$ 92 bilhões -R$ 10 bilhões a mais que o previsto no início de 2011.

Apesar de ainda poder sofrer alguma alteração, essa estimativa de superavit primário já animou no governo os defensores da tese de que não é preciso anunciar corte muito forte no Orçamento da União em fevereiro.

Nos cálculos desse grupo, dado o resultado do superavit de 2011, não será difícil economizar os R$ 97 bilhões projetados para este ano.

O governo discute um corte de despesas da ordem de R$ 60 bilhões para este ano. O objetivo é economizar o suficiente para fazer um superavit primário de 3,1% do PIB (Produto Interno Bruto).

O cumprimento integral do superavit abre espaço para que o Banco Central siga reduzindo os juros da economia, daí a importância da economia nas contas públicas. O BC analisa a situação fiscal do país ao definir a taxa básica de juros.

Neste ano, o desafio é reduzir despesas sem inviabilizar o crescimento.

Ocorre que a economia brasileira entrou em 2012 ainda em desaceleração.

Para tentar aumentar o crescimento já no primeiro semestre, a presidente Dilma Rousseff determinou a ampliação do investimento público. O governo quer crescimento entre 4% e 5% em 2012.

Mas analistas dizem que não é possível realizar as duas tarefas: investir mais e, ao mesmo tempo, fazer um corte mais severo para honrar o superavit primário.

Em 2011, quando foi anunciado um ajuste fiscal de R$ 50 bilhões, aconteceu exatamente o que a presidente quer evitar agora: a queda de investimentos públicos prioritários, como em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Hoje, para não comprometer gastos com infraestrutura, o Executivo pode descontar as despesas com o programa do cálculo do superavit.

Mas o ministro Guido Mantega (Fazenda) vem dizendo que não usará esse artifício.

CONTRA -- Embora o número preliminar tenha animado aqueles que advogam por bloqueio nas contas inferior a R$ 60 bilhões, há riscos iminentes.

O principal deles é se o crescimento da economia não for tão bom quanto consta no Orçamento aprovado pelo Congresso, resultando numa arrecadação menor.

Além disso, o governo já prevê que pode ter despesas adicionais de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões, relativas principalmente a desembolsos do seguro-desemprego.

Nas contas do economista Mansueto Almeida, diante desse quadro, "não haverá tanto espaço para aumentar os investimentos". Segundo ele, os contratos fechados em 2011 e que ficaram para ser pagos em 2012 já comprometem uma boa parte do espaço para novos desembolsos. (Folha)


Participantes do Fórum Social veem fracasso da Rio+20

Intelectuais de esquerda e ambientalistas que participam do Fórum Social Temático, em Porto Alegre, fazem previsões de fracasso para a conferência Rio+20, que reunirá líderes mundiais em junho para discutir o futuro do planeta.

"O G8 não está minimamente interessado em fechar compromissos ambientais", afirmou o escritor Frei Betto

Os participantes criticaram texto divulgado pela ONU como esboço de resolução a ser votada na conferência.

Para o empresário Oded Grajew, o documento está "muito abaixo da expectativa" e não prevê ações concretas para reduzir as emissões de gases. (Folha)


Três edifícios desabam no centro do Rio

Cinco pessoas foram resgatadas com vida até a conclusão desta edição; número de vítimas ainda era incerto. Segundo bombeiros, obra que estava sendo realizada em um dos prédios pode ser causa do desmoronamento.

Três prédios desabaram ontem por volta das 20h30 no centro do Rio. Até a 0h, cinco pessoas feridas haviam sido retiradas dos escombros e levadas para o Hospital Souza Aguiar, também no centro.

O estado mais grave era de Cristiane do Carmo, 28, que sofreu uma fratura no crânio e passaria por uma cirurgia.

O edifício Liberdade, de 20 andares, o Colombo, de dez, e um terceiro prédio, de quatro andares, foram ao chão.

Escombros atingiram edifícios vizinhos. A Defesa Civil, porém, afastou a possibilidade de novos desabamentos.

Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões, a principal hipótese para o desabamento é uma obra que era realizada em um andar do Liberdade.

Um dos sobreviventes é um servente da obra. Ele estava dentro do elevador e sofreu apenas ferimentos leves.

Segundo Simões, os cães farejadores identificaram dois pontos onde pode haver vítimas. Até a meia-noite nenhum familiar acusou o desaparecimento de pessoas.

"Possivelmente foi problema estrutural", disse o prefeito Eduardo Paes (PMDB).

LUZ DE CELULAR -- Pessoas que estavam no edifício ao lado usaram a luz de seus telefones celulares para chamar a atenção dos bombeiros e buscar socorro. Com as escadas cheias de escombros, não havia como sair. Trinta foram resgatadas.

Os três prédios que ruíram ficam na avenida Treze de Maio, próximo ao Theatro Municipal, na Cinelândia.

O Theatro não foi atingido, mas seu anexo, onde funciona a bilheteria, sofreu danos por causa dos escombros. "Estava na banca de jornal em frente e, de repente, ele simplesmente caiu", disse o analista de sistemas Fernando Amaro, 29, que tinha acabado de sair do edifício quando houve o desmoronamento.

Testemunhas contam que, um pouco antes do desabamento, algumas pedras caíram do alto do Liberdade. Pouco depois, houve um estrondo e o prédio veio abaixo. Segundo testemunhas, uma empresa fazia obras no 3º e no 9º andares do prédio.

Os bombeiros não tinham estimativa de quantas pessoas poderiam estar sob os escombros, mas diziam achar difícil haver sobreviventes.

PRINCÍPIO DE INCÊNDIO -- Às 21h30 houve um princípio de incêndio. De acordo com bombeiros, havia forte cheiro de gás no local. Jornalistas e curiosos foram afastados. Um cordão de isolamento mantinha todos a cerca de um quarteirão do local.

Fiscais da CEG (Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro) foram chamados para fechar as tubulações de gás. A empresa disse que não havia registro de reclamações de vazamento de gás no local, nem vistoria agendada.

Moradores de prédios vizinhos contaram que sentiram os imóveis balançarem. "Senti meu colchão tremer. Abri a janela e não vi nada, só poeira", disse a auxiliar de enfermagem Diane Silva Souza, 35. (Folha)