quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Inadimplência tem maior alta em 9 anos


Inflação mais elevada e aumento das taxas de juros provocaram subida de 21,5% do calote em 2011, diz Serasa. Economistas preveem que endividamento deve recuar neste ano, com aumento da renda e inflação mais baixa.

A alta da inflação e o encarecimento do crédito em 2011 fizeram a inadimplência ter a maior alta em nove anos. Analistas dizem, porém, que este cenário não deve se repetir em 2012.

Segundo a consultoria Serasa Experian, o volume de dívidas não pagas subiu 21,5% no ano passado. Nos últimos 10 anos, a alta ficou atrás apenas de 2001 e 2002.

O aumento foi puxado principalmente pelas dívidas não bancárias (35,3%), que incluem cartões de crédito, empréstimos em financeiras, crediário e contas de luz, gás e telefone. Mas as dívidas junto a bancos também tiveram aumento expressivo (18,6%).

O economista da Serasa Experian Carlos Henrique de Almeida explica que o crédito ficou mais caro devido às medidas adotadas pelo governo para limitar o consumo e conter a inflação. O Banco Central elevou a taxa de juros de 10,75% em agosto de 2010 para 12,50% em julho de 2011.

"Há ainda um acúmulo de dívidas feitas em 2010, quando as condições de crédito estavam melhores. Isso também pressiona a inadimplência."

Além disso, a alta dos preços de alimentos e transporte -custos difíceis de serem cortados- diminuiu a renda disponível para o pagamento de dívidas.

Economista-chefe da Febraban (federação dos bancos), RubensSardemberg nota, porém, que a Serasa mede a alta da inadimplência sem considerar que houve também aumento do crédito.

Na estimativa do economista, o volume emprestado cresceu cerca de 17% em 2011. Portanto, diz ele, a inadimplência subiu, porém menos do que detectou a Serasa.

A consultoria considera inadimplência qualquer atraso acima de um dia. Na medição do Banco Central, que monitora o endividamento bancário acima de três meses, o calote também subiu.

Em dezembro de 2010, a inadimplência das pessoas físicas estava em 5,7% e passou a 7,3% em novembro.

O economista Wermeson França, da LCA Consultores, estima que o calote junto a bancos fechou 2011 pouco acima de 7%, o que seria o patamar mais alto desde 2009, ano de crise. Ainda assim, ele não se mostra preocupado.

"Dessa vez, não está havendo desemprego e a renda deve voltar a subir neste ano, por conta de uma inflação mais baixa e do aumento do salário mínimo", diz.

O consumidor parece também mais cauteloso. As vendas de Natal foram menores do que o esperado e houve mais pagamentos à vista.

Segundo Sardemberg, os bancos, que estavam mais seletivos ao emprestar, também dão sinais de reversão nessa tendência. Neste ano, também começará a surtir efeito o afrouxamento das restrições ao crédito e o corte da taxa de juros feitos pelo BC.

(Folha)

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