sexta-feira, 30 de março de 2012

Patah e Chiquinho participam da abertura do Congresso da Fenascon em Recife

“Chegou a hora de participação maciça de todos nós na política”, diz Patah

Na abertura do 3o Congresso Nacional dos Trabalhadores em Serviços, Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Áreas Verdes, que aconteceu ontem (29/03), em Recife, Pernambuco, RicardoPatah, presidente da UGT, destacou três pontos em seu discurso e deu bastante ênfase à necessidade de as organizações sindicais brasileiras participarem diretamente das articulações políticas.

Moacyr Pereira, secretário de finanças da UGT e presidente da Fenascon, abriu o evento destacando os objetivos do Congresso de debater amplamente temas relacionados às condições de vida, trabalho e salário dos trabalhadores.

Ricardo Patah, no seu discurso, falou do projeto de lei sobre a terceirização, em tramitação na Câmara, que tem no deputado federal Roberto Santiago (PSD) o relator e principal articulador. O presidente da UGT disse que o projeto é polêmico mas é fundamental se manter as articulações que Roberto Santiago, que também é vice da UGT, tem adotado.

“Roberto Santiago foi extremamente hábil em colocar o tema em discussão e aprovar o que for possível para que a terceirização jamais volte a ser confundida com precarização, quando se deixava o setor sem lei e aberto para que os gatos e atravessadores de mão-de-obra contratassem e em seguida fugissem, deixando os trabalhadores sem nada receber, comprometendo e prejudicando um universo de 11 milhões de homens e mulheres que dependem do setor para seu sustento”, afirmou Ricardo Patah.

Ao saudar Marvin Largaspada, que veio ao Congresso como representante da Uni Global Union, entidade a que a Fenascon se filiou em novembro do ano passado, Ricardo Patah defendeu a adoção de convenções coletivas válidas em todo o território nacional, para se evitar que trabalhadores do Carrefour e WalMart, por exemplo, tenham salários e condições de trabalho diferentes em diferentes regiões do Brasil.

E encerrou seu discurso falando de política.

“Chegou a hora da participação maciça de todos nós na política . A UGT terá nas próximas eleições 300 candidatos a vereadores no País inteiro. Vamos despertar em todos nós a necessidade da participação política nas mudanças que queremos, para ter um país rico, que já é a sexta potência mundial, mas ampliando a participação dos trabalhadores nas riquezas que nós ajudamos a gerar”, concluiu.

O Congresso que se encerra hoje tem a participação de 92 entidades sindicais e 286 delegados, de todo o território nacional.

Francisco Pereira, o Chiquinho, secretário de organização e políticas sindicais da UGT, afirmou que devemos aproveitar oportunidades como o atual Congresso para ajudar o Brasil a criar condições para que os filhos dos trabalhadores da atual geração possam ter acesso à educação de qualidade que lhes garanta a oportunidade e a liberdade de escolherem a profissão que faça parte de suas vocações.

Roberto Santiago, vice-presidente da UGT e da Fenascon e presidente da Femaco, afirmou que “não dá para se ter orgulho de ser da base de pirâmide”.

“Vivemos um momento histórico em que surge a oportunidade de preparar nossos jovens para trabalhar na Copa das Confederações, na Copa do Mundo e nas Olimpíadas; e após esses eventos de envergadura mundial elevar a qualidade de vida dos que hoje vivem e sofrem na base da pirâmide social brasileira, vítimas de uma qualidade de vida que decididamente não nos orgulha”, disse o deputado.

Participaram ainda da mesa, Gustavo Valfrido, presidente da UGT-PE e Maria Donizete Teixeira, diretora social da Fenascon.

Representando os setores patronais estavam Ariovaldo Caldaglio, presidente do Selur e Selurb e José Alencar, representando a Febrac.






quinta-feira, 29 de março de 2012

Fazenda estuda redução de juros em empréstimos do BNDES e desoneração da folha salarial de mais setores

Governo oferece mais benefícios à indústria

Fazenda estuda redução de juros em empréstimos do BNDES e desoneração da folha salarial de mais setores. Mantega chama executivos de seis grandes bancos para discutir taxas de juros cobradas no mercado.

O governo anunciará na próxima semana novas medidas para estimular a economia, incluindo uma redução das taxas de juros cobradas em empréstimos do BNDES e a desoneração da folha salarial de setores da indústria.

A informação foi transmitida ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, a líderes dos partidos governistas que se reuniram com ele.

Serão reduzidos os juros dos empréstimos do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES, que financia a aquisição de máquinas, ônibus e caminhões.

O governo também estuda a possibilidade de reforçar novamente o caixa do BNDES, com cerca de R$ 30 bilhões em títulos do Tesouro.

Mais oito setores da indústria devem ficar livres do recolhimento de 20% da folha salarial para a Previdência, passando a contribuir com 1% sobre o faturamento.

Representantes dos setores eletroeletrônico e de fabricantes de ônibus trataram do assunto ontem com o Ministério da Fazenda.

Mantega também se reuniu com dirigentes de seis grandes bancos (Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú, Santander e BTG Pactual) para discutir a redução dos juros. (Folha)


Senado aprova previdência complementar para servidor público

O plenário do Senado aprovou o projeto de lei do Executivo que cria o regime de previdência complementar para os servidores públicos federais, autoriza a criação de três fundações de previdência complementar (uma para cada poder) e limita o valor das aposentadorias dos servidores que ingressarem no serviço público ao teto do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), hoje de R$ 3,9 mil.

Os senadores não modificaram a proposta da Câmara dos Deputados. O projeto vai, agora, à sanção presidencial. A votação foi simbólica. Os senadores do PSDB apoiaram a proposta, que consideram uma continuidade da reforma da previdência iniciada no governo Fernando Henrique Cardoso.

O relator, José Pimentel (PT-CE), líder do governo no Congresso, assumiu em plenário compromisso de incluir num projeto de lei futuro as propostas de emendas apresentadas pela oposição com o objetivo de "aprimorar" o texto. (Valor)


Cai nº de leitores no País e metade não lê

Parcela da população que se diz leitora passou de 55% em 2007 para 50% em 2011.

A terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, a ser apresentada hoje na Câmara, revelou que a população leitora diminuiu no País. Enquanto em 2007 55% dos brasileiros se diziam leitores, hoje esse porcentual caiu para 50%.

Jovens leem em biblioteca no Parque da Juventude, na zona norte de São Paulo

São considerados leitores aqueles que leram pelo menos um livro nos três meses anteriores à pesquisa. Diminuiu também, de 4,7 para 4, o número de livros lidos por ano. Entraram nessa estatística os livros iniciados, mas não acabados. Na conta final, o brasileiro leu 2,1 livros inteiros e desistiu da leitura de 2.

A pesquisa foi feita pelo Ibope Inteligência por encomenda do Instituto Pró-Livro (IPL), entidade criada em 2006 pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sindicato Nacional de Editores e Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares. "É no mínimo triste a gente não poder comemorar um crescimento", disse Karine Pansa, que acumula a direção do IPL e da CBL. Ontem, o Estado mostrou que 75% dos brasileiros nunca pisaram em uma biblioteca.

Participaram da apresentação representantes de entidades livreiras e do poder público, entre eles a ministra da Cultura, Ana de Hollanda. Ela destacou a importância do estudo para o direcionamento das políticas públicas do Minc e do Ministério da Educação. "Temos de ter um olhar da cultura que vai além do ensino e que abra os olhos para outras dimensões. O livro é que vai permitir a formação da cidadania", disse a ministra.

O levantamento foi realizado entre junho e julho de 2011, com 5.012 pessoas de 315 municípios, com 5 anos ou mais, em suas próprias casas. Todas as regiões do País foram incluídas e a margem de erro é de 1,4%.

Questões diversas. Para compor o mapa da leitura, questões diversas foram analisadas. Os principais motivos que mantêm leitores longe de livros são falta de tempo (53%) e desinteresse (30%). O livro digital, novidade deste ano, já é de conhecimento de 30% dos brasileiros e 18% deles já os usaram. A metade disse que voltaria a ler nesse formato.

A mãe não é mais a maior incentivadora da leitura, como aparecia na pesquisa passada. Para 45% dos entrevistados, o lugar é ocupado agora pelo professor. A biblioteca é o lugar escolhido para a leitura de um livro por apenas 12% dos brasileiros - 93% dos que leem o fazem em casa. Ter mais opções de livros novos foi apontado por 20% dos entrevistados como motivo para frequentar uma biblioteca. Porém, para 33% dos brasileiros, nada os convenceria a entrar em uma.

Entre o passatempo preferido, ler livros, periódicos e textos na internet ocupa a sexta posição (28%). Na pesquisa anterior, o índice era de 36%. Assistir à televisão segue na primeira posição (85%) - em 2007, era a distração de 77% dos entrevistados.

Dos 197 escritores citados, os mais lembrados foram Monteiro Lobato, Machado de Assis, Paulo Coelho, Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade. Já os títulos mais mencionados foram a Bíblia, A Cabana, Ágape, O Sítio do Picapau Amarelo - que não é exatamente título de nenhum livro de Lobato - e O Pequeno Príncipe. Best-sellers comoCrepúsculo, Harry Potter e O Monge e o Executivo também aparecem. (Estado)

quarta-feira, 28 de março de 2012

Governo contempla uma participação maior do Tesouro Nacional, que cobriria a perda de arrecadação previdenciária

Governo estuda nova fórmula para desonerar folha de pagamento

Alguns setores que serão contemplados, nos próximos dias, com a desoneração da folha de pagamento poderão não ter como contrapartida a introdução de uma contribuição previdenciária sobre o faturamento bruto. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, solicitou aos técnicos da Pasta estudos nesse sentido, mas ainda não há decisão final sobre o assunto.

“Com as novas informações sobre o ritmo da economia, o governo agora trabalha com outras alternativas, e os estudos incluem a desoneração da folha sem a condição de uma alíquota sobre o faturamento”, afirmou nesta terça-feira uma fonte que está acompanhando os estudos.

O ministro da Fazenda ainda espera avançar nas negociações com as indústrias têxtil, naval, aeroespacial, de máquinas e equipamentos e de autopeças, envolvendo a medida, que será tomada nos próximos dias.

Nesses estudos, o governo contempla uma participação maior do Tesouro Nacional, que cobriria a perda de arrecadação previdenciária. (Valor)


Lei de responsabilidade entra na pauta da educação brasileira

Quem atualmente se responsabiliza por cerca de 4 milhões de crianças fora da escola, por 10% da população analfabeta ou ainda pela existência de uma fila de mais de 10 milhões de pais e mães à espera de uma vaga em creches públicas? Embora a Constituição de 1988 estabeleça que é dever do Estado garantir educação de qualidade a todos os brasileiros, o país ainda não tem reposta para a pergunta.

Ao lado do Plano Nacional de Educação (PNE), a formulação de uma Lei de Responsabilidade Educacional (LRE) — nos moldes da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) — deve se tornar uma das principais agendas da educação em 2012. A ideia é antiga no setor e teve uma proposta aprovada na 1ª Conferência Nacional de Educação (Conae), em abril de 2010. No fim do ano passado foi formada uma comissão especial na Câmara dos Deputados para tratar do tema e, até o fim do primeiro semestre, os parlamentares devem aprovar um projeto de lei.

A ideia inicial é criar um mecanismo que possa punir gestores que administrarem mal os recursos da área ou não cumprirem metas de melhoria da educação determinadas em lei. O Ministério da Educação (MEC) acredita que o instrumento dará mais força às metas do PNE. O Ministério Público será a instância responsável por fiscalizar e cobrar de prefeitos e governadores, além do governo federal, o cumprimento de metas educacionais e outras determinações legais.

O movimento Todos pela Educação acolheu o assunto como uma de suas principais bandeiras para este ano e promoverá em maio seminário para parlamentares e assessores legislativos como forma contribuir e acelerar a tramitação da LRE. Mas a diretora-executiva da entidade, Priscila Cruz, explica que o desafio dessa agenda é modelar a futura legislação, de modo que “não seja mais uma lei que não pega.”

Valor: Como está a tramitação da LRE neste momento?

Priscila Cruz: A comissão foi instalada, os deputados fizeram a apresentação de todos os requerimentos de solicitação de audiências públicas. Espera-se sete ou oito audiências, aí a comissão vota a matéria.

Valor: Já estão definidos os termos da LRE, gestores serão punidos, de fato?

Priscila: No nosso seminário vamos discutir a experiência da Lei de Responsabilidade Fiscal e alguns pontos para a educação. Se a gente está falando de responsabilização, a ideia é definir quem é responsável pelo quê, mas será preciso definir um modelo legislativo adequado.

Valor: Mas aí não seria flexibilizar o aspecto punitivo?

Priscila: Poderíamos criar uma lei superpunitiva, pegando todos os municípios que não aumentaram o Ideb em determinado período. Nesse caso o prefeito responderia por impobridadeadministrativa, por exemplo. A lei também pode ter um formato mais de controle social, que diz assim: “Olha, todo o ano o prefeito vai ter que ir à Câmara de Vereadores e o governador à Assembleia Legislativa para apresentar os resutados de vários indicadores educacionais. É uma régua que vai do superpunitivo ao controle social, é uma engenharia complicada de resolver no Congresso. Não podemos criar viés negativo de seleção, achar que a lei é ótima mas na prática acaba sendo pior porque ninguém pode querer ser secretário de Educação com uma lei dessa vigorando. Mas também não podemos fazer uma lei muito light, que pode acabar virando aquleas leis que não pegam.

Valor: E a solução seria...

Priscila: Tem que ter um mix de todos esses extremos, uma parte que você tensiona para o resultado, e também uma parte que aproxime a população da realidade da educação. O que não pode é um município não avançar no setor em quatro anos e a sensação de culpa pelo mal aprendizado ou pela escola ruim ficar com o aluno ou sua família.

Valor: Que indicadores poderiam compor a LRE?

Priscila: Pode entrar o Ideb se for aperfeiçoado, pois hoje ele é incompleto, uma escola pode construir sua nota com apenas 50% dos alunos fazendo a Prova Brasil. É preciso 85%, 90% de participação para se firmar um indicador consistente. Pode ter também um indicador de desigualdade educional. Aí o prefeito, os gestor podem trabalhar para que as piores escolas avancem mais velozmente do que as escolas que estão perto da meta do Ideb ou de um patamar da OCDE, que é 6 pontos.

Valor: A LRE pode forçar prefeitos, governadores ou gestores a focalizar os menos favorecidos?

Priscila: Isso, pode criar uma forma de estímulo. Temos que fazer uma coisa na educação brasileira que é dar mais para quem tem menos, para que eles possam superar condições de vulnerabilidade. Fazer Justiça não é dar tudo igual para todo mundo. Existe coisa inercial: quem está mais para frente tem a inércia positiva e consegue avançar mais rápido, quem está muito pra trás precisa de um empurrão a mais.

Valor: Esse lei poderia exigir maior financiamento público?

Priscila: Se falamos em estimular tem que mexer no financiamento. Nesse ponto os economistas podem dar contribuição importante. Se dou mais recursos para quem está muito mal, será que isso não vira incentivo para ele acomodar? Isso tem que ser bem pensado, junto com os recursos tem que chegar capacitação técnica, monitoramento. O prêmio do avanço seria autonomia, à medida que a rede vai melhorando vai ganhando autonomia.

Valor: Uma vez aprovada, a LRE ajuda a mudar em que medida o formato da educação no Brasil hoje?

Priscila: É uma lei diferente, não é como a Emenda Constitucional 59, que torna obrigatória a frequência escolar de crianças e jovens de 4 a 17 anos até 2016. A LRE tem um perfil de influenciar indiretamente para que a gestão faça a sua parte. Hoje quem paga a conta pela baixa qualidade da educação brasileira é o aluno, não tem mais ninguém pagando por isso, e ninguém está sendo cobrado, tensionado, até porque a pressão social é muito baixa. A LRE ajuda a criar uma pressão institucional, cria algum tipo de constrangimento para aquele gestor que não está cumprindo sua responsabilidade de melhorar a educação. Além disso, não podemos perder de vista que educação é um direito. Não pode ser um azar a criança receber uma educação ruim. Essa lei ajuda a melhorar marco legal do setor e a proteção da educação.

Valor: Confia numa votação rápida?

Priscila: O presidente da comissão especial tem ideia de votá-la no primeiro semestre, até porque é ano de eleições municipais, deixar para o segundo é arriscado. Vai depender muito do teor da lei para que seja votada com agilidade. Ninguém acreditava que a Lei de Responsabilidade Fiscal pudesse ser votada, hoje ela é uma referência de boa prática. (Valor)

terça-feira, 27 de março de 2012

O governo vai trabalhar para a redução do spread bancário

Governo lança novos estímulos à indústria para conter desânimo

Fazenda prorroga redução de impostos para linha branca e estende benefício a móveis, pisos laminados e luminárias. Projeções do BC indicam que economia continuou devagar no início do ano e frustram equipe econômica.

A equipe econômica da presidente Dilma anunciou ontem novas medidas de estímulo à indústria, numa tentativa de reverter sinais de que a economia continuou com o pé no freio em 2012.

Projeções divulgadas ontem pelo Banco Central indicam que a atividade econômica sofreu recuo de 0,13% em janeiro, depois de ficar praticamente estagnada no segundo semestre de 2011.

Horas depois de o BC divulgar o número, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou novas reduções de impostos para a indústria, setor que mais tem sofrido com o esfriamento da economia.

O governo prorrogou por mais três meses o corte do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos eletrodomésticos da chamada linha branca (geladeira, fogão, máquina de lavar e de secar), em vigor desde o fim do ano.

O governo também reduziu até junho o IPI para fabricantes de móveis, pisos laminados e revestimentos, e lustres e luminárias, três setores que se queixam de dificuldades para competir com produtos importados.

Móveis e laminados tiveram a alíquota de IPI zerada. A alíquota cobrada do papel de parede foi reduzida de 20% para 10%, e o imposto de luminárias e lustres cairá de 15% para 5%.

O anúncio foi feito momentos antes de um encontro do ministro com representantes da indústria na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Mantega diz ter cobrado da indústria garantias de que os empregos nos setores beneficiados serão mantidos. "A contrapartida é que não pode haver demissão", disse.

O governo informou que as medidas de estímulo anunciadas ontem representam uma renúncia de R$ 489 milhões para os cofres públicos.

Os setores escolhidos pelo governo representam uma fatia pequena da produção industrial brasileira, equivalente a menos de 3% do total, de acordo com dados do IBGE.

Na semana passada, Dilma participou de uma reunião com 28 banqueiros e empresários e prometeu empenho do governo para defender a indústria nacional.

O ministro também anunciou a inclusão das indústrias exportadoras, de autopeças, aviação e naval no rol de setores beneficiados com medidas de desoneração da folha de pagamento.

As novas projeções do BC frustraram as expectativas da equipe econômica, que acreditava que a redução das taxas de juros e outras medidas adotadas desde o ano passado para reanimar a economia seriam suficientes para fazer a atividade recuperar o ritmo no início deste ano.

A avaliação foi que a queda de 0,13% em janeiro em comparação com dezembro poderia aumentar o desânimo dos agentes econômicos e que, por isso, era necessário reagir. Daí a decisão de anunciar ontem as novas medidas, que já estavam em estudo.

Para analistas, a força da demanda doméstica, impulsionada pelo aumento do salário mínimo em janeiro, impediu um recuo mais acentuado. "Enquanto a produção industrial caiu forte em janeiro, outras coisas compensaram, como as vendas no varejo e o mercado de trabalho", disse Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências.

Segundo sondagem divulgada pelo BC ontem, analistas do mercado financeiro reduziram suas projeções para o crescimento da economia neste ano de 3,3% para 3,23%. (Folha)


Governo trabalhará para reduzir juro bancário e estimular consumo, diz Mantega

Ministro da Fazenda afirma que objetivo é reduzir os custos para que a população possa adquirir produtos fabricados pela indústria brasileira, inclusive carros.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ressaltou hoje que o governo vai trabalhar para a redução do spread bancário, o que vai reduzir os custos para que a população possa adquirir produtos fabricados pela indústria brasileira, inclusive carros.

"Nós flexibilizamos as medidas macroprudenciais. Essas medidas exigiam dos bancos um recolhimento de capital se as parcelas ultrapassassem 36 meses, o que encareceu o crédito", destacou Mantega, depois de participar de reunião com empresários na sede da Fiesp.

"O crédito de 60 meses (para financiamento de carros) se tornou menos viável ou mais caro. Com isso diminuiu o financiamento de automóveis. Isso foi revertido, de modo que até 60 meses os bancos não precisam recolher aquele capital adicional que se exigia, que era alto, era 75% sobre o montante que se emprestava acima de 36 meses", destacou Mantega.

"Além disso, está se preparando financiamentos com taxas de juros menores para esses setores", comentou.

O ministro destacou que as medidas que o governo deve anunciar em breve deve abranger vários setores produtivos, mas não entrou em mais detalhes. (Estado)

segunda-feira, 26 de março de 2012

Investimentos em empresas da áreas energética prejudicaram a rentabilidade do FI-FGTS no ano passado

Fundo do FGTS rende menos que o esperado

Investimentos em empresas da áreas energética prejudicaram a rentabilidade do FI-FGTS no ano passado.

Investimentos em empresas que registraram prejuízo e atrasos na finalização de obras abocanharam boa parte da rentabilidade do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) no ano passado. Balanço preliminar das contas do FI-FGTS, obtido pelo Valor, mostra que a retorno das aplicações em projetos de infraestrutura poderia chegar a 7,37% ao ano mais Taxa Referencial (TR) em 2011. Porém, segundo uma fonte envolvida na contabilidade do fundo, o valor ficará limitado a algo ligeiramente acima de 6% ao ano devido a investimentos que, pelo menos, no curto prazo tiveram um resultado negativo.

Em 2010, a rentabilidade do FI-FGTS foi de 5,78%, abaixo da meta de 6% que deve ser perseguida pela Caixa, responsável pela administração do fundo. No acumulado de 2011 até setembro, o retorno acumulado foi de 5,69%. O balanço definitivo das contas do FI-FGTS de 2011 ainda não foi finalizado. Ainda depende da entrega de informações das empresas, onde o fundo tem participação acionária, como é o caso da Eletricidade Vale do Paranapanema, que faz parte do grupo Rede Energia.

Mas uma coisa é certa. A rentabilidade do FI-FGTS de 2011 será menor do que a prevista em balanço preliminar, feito em 13 de janeiro deste ano, porque não considerava o impacto do prejuízo de R$ 177,4 milhões da Celpa, distribuidora de energia elétrica do Pará, em recuperação judicial, nas contas do grupo Rede Energia, controladora da concessionária, e por sua vez no FI-FGTS, que detém participação no negócio. "Estamos aguardando o posicionamento dos auditores externos para fazermos os ajustes necessários", ressaltou a fonte.

Mesmo assim, não haverá uma recomendação da Caixa para que a aplicação seja desfeita. Isso porque, conforme fonte que acompanha o desempenho das aplicações do fundo, se desfazer do negócio no atual momento provocaria uma perda ainda maior. A expectativa é de que com a venda do grupo Rede para outro controlador, o prejuízo seja recuperado no médio e longo prazo. Preocupado, o ministro interino do Trabalho, Paulo Roberto dos Santos Pinto, chegou a solicitar à Caixa informações sobre o impacto do prejuízo da Celpa no FGTS. Pelo menos por enquanto ele ainda não teve seu questionamento respondido.

Além do prejuízo que a Celpa deu em 2011, obras de infraestrutura, principalmente do setor de energia elétrica, também vão ajudar a diminuir o potencial de rentabilidade do dinheiro do trabalhador. Dos investimentos feitos pelo FI-FGTS, pelo menos dois, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), adiaram novamente a data para começar a operar comercialmente.

Em junho do ano passado, por exemplo, a previsão era de que a Usina Paulista Queluz Energia, instalada em Queluz (SP), na divisa com o Rio de Janeiro, começasse a funcionar comercialmente até março de 2011. Segundo acompanhamento da Aneel, a data foi alterada para o início deste ano. O mesmo aconteceu com a Usina Paulista Lavrinhas de Energia. "O importante é que os cronogramas para entrega de energia pelas companhias elétricas vão ser cumpridos", ressaltou executivo que acompanha o desempenho dos investimentos.

Por outro lado, a expectativa da fonte ouvida pelo Valor é de que os investimentos feitos na Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport) e Hidrotérmica impeçam uma queda considerável na rentabilidade do FI-FGTS em 2011. No segundo semestre de 2011 houve a atualização do valor patrimonial das companhias, assim como alteração de composição acionária e atualização de ativos, contribuindo para a melhora do retorno desses investimentos.

No balanço preliminar feito em junho de 2011 essas companhias registravam prejuízo contábil, o que deve ter sido revertido, segundo fonte, com os ajustes feitos a partir de junho. O executivo explicou ainda que muitos dos empreendimentos ainda registram prejuízo contável porque ainda não estão operando, ou seja, estão apenas recebendo recursos para cobrir as despesas.

Mesmo com os percalços, tanto um representante do Conselho Curador do FGTS quanto da Caixa afirmam que ainda é cedo para se esperar alta rentabilidade dos investimentos com recursos do trabalhador. O FI-FGTS foi criado em 2008 para ajudar o governo a ampliar os investimentos em rodovias, ferrovias, energia elétrica e saneamento básico. Outro objetivo era melhorar a rentabilidade dos recursos dos trabalhadores, que conforme a legislação brasileira é de 3% ao ano mais TR.

Num primeiro momento a atuação do fundo foi focada na compra de debêntures de empresas. No dia 31 de dezembro de 2011, segundo dados preliminares, do patrimônio líquido de R$ 20,9 bilhões, R$ 5,4 bilhões estavam aplicados em 17 companhias sem cotação em bolsa de valores, R$ 9,5 bilhões em debêntures, principalmente do BNDES, entre outros investimentos.

Em 2009 e 2010, o conselho de investimentos do FI-FGTS resolveu ser mais agressivo e passou a comprar participações de empresas de capital fechado. O segmento mais beneficiado foi o de energia elétrica. Como a maioria dos investimentos é de projetos que estão sendo implementados, os investimentos só darão um retorno maior para o FI-FGTS quando estiverem maduros, ou seja, entre 2014 e 2015. Na avaliação de executivo que acompanha os resultados, as aplicações feitas pelo FI-FGTS são rentáveis em longo prazo, porque estão diretamente atrelados à atividade econômica do país.

Em 31 de junho de 2011, das 15 empresas onde o FI-FGTS tinha participação acionária, em dez foram registrados prejuízos contábeis (último número disponível). Ajuste feito no patrimônio da Cone, empresa sediada no Recife, contribuiu para cobrir os resultados negativos. Se o FI-FGTS saísse dessas aplicações no fim de junho, teria um lucro contábil de R$ 214 milhões. Em 2010, esse prejuízo somou R$ 150 milhões. (Valor)

sexta-feira, 23 de março de 2012

Os brasileiros receberam em média R$ 1.699,70 de salário em fevereiro passado

Com reajuste de 14% do salário mínimo, renda bate recorde

Ganho médio dos brasileiros chegou a R$ 1.699,70 em fevereiro, o maior valor para esse mês desde 2003. Taxa de desemprego fica em 5,7%, o patamar mais baixo em dez anos para o mês de fevereiro, de acordo com o IBGE.

O rendimento médio dos brasileiros bateu o recorde para fevereiro -atingiu o maior valor para este mês desde o início da série histórica, em março de 2002.

O principal motivo para esse resultado foi a alta do salário mínimo, de 14%.

Segundo dados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME), divulgada ontem pelo IBGE, os brasileiros receberam em média R$ 1.699,70 de salário em fevereiro passado.

Entre as seis regiões metropolitanas avaliadas pela pesquisa, São Paulo registrou os maiores salários.

Os moradores que trabalham no Estado receberam em média R$ 1.813,10 de salário, o maior para a região desde fevereiro de 2003, já descontada a inflação.

São Paulo ficou à frente de Rio de Janeiro (R$ 1.805), Belo Horizonte (R$ 1.592), Porto Alegre (R$ 1.575) e Salvador (R$ 1.189).

À exceção de Porto Alegre, todas as regiões apresentaram ganho no rendimento médio da população.

"Esse ganho é fruto da contínua melhora da economia brasileira, que tem reflexo direto na qualidade do emprego da população", afirmou Cimar Azeredo, gerente da Coordenação do Trabalho e Rendimento do IBGE.

DESEMPREGO -- Já a taxa de desemprego apurada pelo IBGE oscilou para 5,7% em fevereiro.

O percentual ficou praticamente estável em relação ao apurado em janeiro, de 5,5%. Mesmo com o avanço, a taxa ficou no menor patamar para o mês em dez anos.

Desde que a série histórica foi lançada, a mínima havia sido registrada em fevereiro do ano passado (6,4%) -assim, na comparação em relação ao mesmo mês de 2011, a taxa teve um recuo de 0,7%.

A redução está em linha com a tendência de queda no desemprego apurado pelo IBGE ao longo dos último anos.

"Percebemos uma tendência favorável no mercado de trabalho durante o ano", afirmou Azeredo, do IBGE. (Folha)


Governo acena para indústria com novas medidas de estímulo

Dilma se reúne com empresários e banqueiros e pede 'instinto animal' para reativar crescimento. Em meio a crise, presidente promete privatização de portos, redução de impostos e ação contra importação.

A presidente Dilma Rousseff deixou de lado ontem a crise que enfrenta com os partidos da base aliada e reuniu, pela primeira vez em seu mandato, os pesos-pesados do PIB (Produto Interno Bruto) para discutir a retomada do crescimento da economia.

Numa reunião de três horas e meia com 28 banqueiros e empresários dos mais variados setores, Dilma não anunciou nenhuma medida concreta, mas acenou com a privatização de portos, prometeu defesa forte da indústria brasileira e acenou com redução de impostos.

Dos empresários, a presidente ouviu apelos por redução da carga tributária, medidas para conter a valorização do real em relação ao dólar e conter importações.

Aos convidados, Dilma afirmou que apresentará novas medidas de estímulo econômico após retornar de sua viagem à Índia, na semana que vem. Ela pediu "instinto animal" aos empresários para ampliar investimentos.

A presidente disse que a "próxima grande discussão do governo" será a privatização dos portos, onde o governo estuda adotar um modelo de concessões semelhante ao usado nos aeroportos.

Ela instou os empresários a pressionar os congressistas para que aprovem um projeto de resolução do Senado que acaba com os incentivos fiscais que alguns governos estaduais concedem para promover importações, o que aumenta o movimento em seus portos mas prejudica as indústrias de outros Estados.

De acordo com relatos dos empresários, Dilma afirmou que irá "defender" o mercado doméstico sem fechar a economia brasileira à entrada de produtos estrangeiros, além de evitar uma valorização maior do real sem alimentar a inflação.

O objetivo, disse, é aumentar a produtividade em todos os setores. Nas palavras da presidente, seria preciso buscar uma combinação mais favorável da taxa de juros com a taxa de câmbio.

Seguindo a orientação da presidente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse estar aberto a conversas com qualquer setor da indústria que quiser redução dos impostos que incidem sobre a folha de pagamentos.

"Nós continuaremos a fazer politicas de intervenção no câmbio que não permitam que o real se valorize, que as mercadorias brasileiras fiquem caras", afirmou Mantega. "Isso é um compromisso do governo."

Dilma prometeu acelerar investimentos federais em infraestrutura e disse que o objetivo do governo é elevar a taxa de investimento no Brasil para 24% do PIB (Produto Interno Bruto).

A meta é vista com ceticismo no próprio Ministério da Fazenda. No ano passado, a taxa de investimento da economia brasileira atingiu 19,3% do PIB. (Folha)


Endividamento cresce e ameaça consumo

O comprometimento do orçamento das famílias com dívidas aumentou gradualmente ao longo de 2011, junto com um aumento da inadimplência. A combinação de dívidas maiores e número crescente de devedores, segundo economistas, pode atenuar o crescimento do consumo este ano.

Ainda que em ritmo moderado, a parcela da renda mensal dos brasileiros destinada ao pagamento de débitos vem subindo desde abril e atingiu em dezembro 22,3%, último dado divulgado pelo Banco Central e maior percentual para o mês desde 2005, início da série histórica. As dívidas já assumidas pelas famílias cresceram em 2011 e representam 42,3% da sua renda anual, nível mais alto para qualquer mês da pesquisa do BC.

O aumento da inadimplência das famílias no ano passado pode ser considerado forte - passou de 5,7% para 7,4% nos atrasos com prazo superior a 90 dias em um cenário de pleno emprego. Caso seja necessário algum movimento de aperto na política monetária, com reflexo recessivo na economia e perda de emprego, é possível que o sistema financeiro enfrente uma alta bastante acentuada dos atrasos, partindo de patamar bastante elevado, avalia um executivo do mercado financeiro.

A alta da inadimplência no ano passado decorreu diretamente do ciclo de aperto monetário do primeiro semestre, com elevação dos juros e restrição à elevação dos prazos, via medidasmacroprudenciais. Com mais dívidas para pagar, o nível de inadimplência das famílias piorou no fim de 2011. Em dezembro, o percentual de atrasos superiores a 90 dias aumentou em operações de crédito pessoal, cheque especial, aquisição de veículos e outros bens, de acordo com os dados do BC.

A maior parte dos analistas acredita que o endividamento maior deve afetar em alguma medida o poder de fogo dos consumidores, mas, com inflação menor, queda dos juros e aumento real de 7,5% do salário mínimo, há quem aposte em varejo mais forte em 2012 do que em 2011. Como a renda real é fator determinante da inadimplência, o atual ciclo de redução da Selic deve permitir uma melhora desse indicador, à medida que os ganhos dos trabalhadores se elevem e os juros bancários acompanhem a trajetória declinante da taxa básica.

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, destaca que a renda mensal das famílias ficou mais comprometida no fim de 2011, não devido aos gastos com juros, mas com o principal da dívida. Esse tipo de despesa subiu quase dois pontos percentuais desde maio e alcançou 14,3%, enquanto o dispêndio com juros teve ligeira alta no período, de apenas 0,43 ponto percentual, para 8%. Para Vale, o movimento reflete o avanço do crédito imobiliário, que é mais caro. Essa trajetória não preocupa o economista, já que, num cenário de desemprego baixo, esse financiamento não é predatório.

O crédito habitacional, entre recursos direcionados e livres, alcançou 4,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em dezembro de 2011, alta de um ponto percentual sobre igual mês de 2010, diz o economista Wermeson França, da LCA Consultores. Na mesma comparação, a relação entre crédito para bens de consumo e o PIB ficou quase estagnada, passando de 4,1% para 4,4%.

França afirma que o financiamento habitacional ainda tem muito espaço para crescer no país, mas não deve aumentar o nível de endividamento das famílias em 2012 - que, em sua opinião, já está elevado. "Nos Estados Unidos, o comprometimento da renda com dívidas está em 17%. Não há muito espaço para novas aquisições de financiamentos. O crédito imobiliário deve tomar espaço de outros tipos de financiamento", diz.

Contribui para essa avaliação o fato de que, segundo dados do BC, as dívidas de mais longo prazo - crédito imobiliário e aquisição de veículos - representavam, cada uma, 21,3% da carteira de crédito para pessoas físicas em dezembro de 2011. Ou seja, pelo menos 42% da dívida das famílias vai demorar para ser liquidada, limitando a capacidade de ampliar o consumo com novos financiamentos.

No curto prazo, se o varejo se desacelerar [entre janeiro e março], será mais como efeito do emprego industrial - que está em queda e deve seguir em situação ruim - do que de um endividamento maior, diz Vale. Mesmo sem projetar retomada para a ocupação no setor, o analista trabalha com alta de 9% das vendas em 2012, que, em seu cenário-base, serão impulsionadas pela inflação mais comportada e pela reaceleração da atividade no segundo semestre.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga hoje resultados das vendas do varejo de janeiro, mas dados antecedentes indicam que o desempenho do comércio perdeu força neste início de ano. A atividade do comércio medida pela Serasa Experian caiu 0,3% em fevereiro frente a janeiro na série dessazonalizada. No primeiro mês do ano, também houve recuo na comparação com dezembro, de 1,6%. Já as vendas de veículos, medidas pela Fenabrave, caíram 23% e 6,9% em janeiro e fevereiro, respectivamente.

Segundo Luiz Rabi, economista da Serasa, o aumento da inadimplência - que, de acordo com indicador da empresa, atingiu seu pico em outubro do ano passado e, desde então, vem recuando lentamente - reduziu o movimento nas lojas e a demanda dos consumidores por crédito no primeiro bimestre, movimento que deve continuar em março. "Há uma concentração muito grande de pagamentos neste mês. Este primeiro trimestre está muito fraco para o consumo e, a partir do segundo, devemos entrar em um cenário de recuperação."

A retomada do varejo, diz Rabi, será mais evidente na segunda metade do ano, na esteira da queda gradual da inadimplência e da inflação, assim como dos juros básicos. "Temos que acreditar que a educação financeira das pessoas melhorou após o boom do crédito em 2010". Na média de 2012, mesmo com um início mais tímido, o Serasa espera que as vendas do varejo cresçam a uma taxa próxima a de 2011, de 6,7% segundo o IBGE.

Paulo Neves, economista da LCA, aposta em ritmo forte das vendas no primeiro trimestre, impulsionado pelo setor de hiper e supermercados, o mais beneficiado com o reajuste do mínimo. Para o ano como um todo, no entanto, o endividamento é visto como entrave a um crescimento maior do comércio. "O afrouxamento monetário é limitado pela seletividade dos bancos e pela inadimplência e endividamento. Além disso, o crescimento da renda deste começo de ano não deve se repetir nos meses seguintes", diz Neves, que projeta expansão do varejo próxima à observada em 2011.

Esse não é o cenário de Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, para quem as vendas devem aumentar 5,5% este ano. A desaceleração, segundo ele, será provocada pela perda de fôlego da massa salarial, o que também pode, ao contrário do que projeta a Serasa, abrir espaço para nova alta da inadimplência no fim do ano.

O economista pondera que, mesmo com o aumento do mínimo, um crescimento menor tanto da ocupação como dos rendimentos deve fazer com que a massa salarial tenha alta de 2,8% este ano, menor que o avanço de 4,9%, registrado em 2011. (Valor)