sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Maioria dos brasileiros espera melhora na economia em 2012


Maioria dos brasileiros espera melhora na economia em 2012
Para 64,4% das famílias brasileiras, a economia do país melhorará em 2012. Tal perspectiva é apontada pelo Índice das Expectativas das Famílias (IEF) referente ao mês de dezembro de 2011, divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O otimismo em relação à situação econômica do Brasil nos próximos 12 meses cresceu no mês passado, já que em novembro 60,1% dos brasileiros apostavam em melhora na economia.  Entre as famílias de maior poder aquisitivo e escolaridade mais elevada, as expectativas positivas são maiores. Para 71,7% das famílias que recebem mais de 10 salários mínimos por mês, a economia melhorará em 2012, enquanto que tal cenário é vislumbrado apenas por 51,9% das famílias que ganham até 1 salário mínimo por mês.
Entre aqueles que possuem um diploma universitário, 68,9% esperam que 2012 será melhor que 2011 em termos econômicos, ao passo que entre as famílias sem escolaridade, esse percentual é de 57,7%.
Para o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, embora as famílias com maior grau de instrução tenham maior consciência dos riscos da crise internacional, fatores subjetivos sustentam o otimismo. “As pessoas estão percebendo que há sinais desfavoráveis em relação à economia mundial, no entanto, isso ainda não se pronunciou no Brasil. Há uma confiança de que o país continuará crescendo e, com isso, haverá ampliação da renda e do emprego”, afirma.
 Pochmann estima que, se o Brasil crescer cerca de 3% neste ano, o mercado de trabalho não deverá sofrer. “Nesse cenário, é difícil acreditar que haverá aumento de desemprego. Pode ser que ele se estabilize no patamar que se encontra”, afirma.
Segundo o levantamento do Ipea, 78,9% dos entrevistados classificam como segura a situação de emprego do chefe da família, enquanto 76,3% consideram que os demais membros da família estão seguros em suas ocupações. Porém, 57,2% das famílias consultadas não têm expectativas de melhora profissional nos próximos seis meses.
Ainda assim, a perspectiva quanto à melhora na situação financeira familiar está crescendo. Para 86,6% das famílias consultadas em dezembro, as perspectivas para os próximos 12 meses são positivas, percentual que ultrapassa os 82,7% registrados em novembro.
De acordo com o presidente do Ipea, o otimismo dos brasileiros deve continuar crescendo em janeiro, podendo desacelerar em fevereiro. “Seria um movimento sazonal, decorrente da dispensa de funcionários temporários”, explica Pochmann. (Valor)

No Ceará, greve dos policiais civis paralisa atendimento em delegacias
Governo do estado estuda contratar escrivães temporários; Exército cuida do patrimônio.
Com o fim da greve dos policiais militares, a paralisação dos policiais civis do Ceará, iniciada na quarta-feira, impede o registro dos boletins de ocorrência nas delegacias do estado. Segundo o Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Estado do Ceará (Sinpoci), a greve afetou 100% das delegacias do Ceará.
Em Fortaleza, os policiais estão acampados na Praça dos Voluntários, em frente à sede da Superintendência da Polícia Civil. Para o pátio da sede, estão sendo levadas as viaturas com os pneus esvaziados.
Segundo relatos, inspetores e escrivães estão deixando a chave das celas com o delegado de plantão, e já não é possível iniciar ou dar prosseguimento a qualquer investigação. Na capital, 35 DPs, 16 delegacias especializadas e 9 metropolitanas aderiram ao movimento, segundo o sindicato. Homens da Força Nacional de Segurança e do Exército estão tomando conta das delegacias, evitando, por exemplo, a fuga de presos e salvaguardando o patrimônio público, mas eles não estão fazendo boletins ou atuando na parte burocrática.
Segundo o capitão da 10ª Região Militar, Francisco Antônio Perez, a Delegacia Geral e representantes do governo do Ceará estudam a contratação de escrivães temporários para a realização do trabalho burocrático. Segundo ele, o Exército não tem amparo legal para assumir a função de policial civil. Se adotadas, as medidas devem assegurar a prestação de serviços essenciais à população, como registro de Boletim de Ocorrência e Guias Cadavéricas. Entre as possibilidades, está o empréstimo de pessoal da Polícia Federal.
Greve de 2011 foi considerada ilegal -- De acordo com Inês Romero, presidente do Sinpoci, não houve acordo entre o governo estadual e os policiais, que reivindicam reajuste para que o salário seja equivalente a 60% dos vencimentos de um delegado:
- Tivemos uma reunião na quarta-feira, não chegamos um a acordo, mas ficou decidido que a pauta de reivindicações seria levada para o procurador-geral do Estado, Fernando Oliveira. Hoje (quinta-feira), a paralisação cresceu e 100% das delegacias estão paradas. O Instituto Médico-Legal (IML) se comprometeu a aderir ao movimento, mas queremos parar também a perícia e o Instituto de Identificação.
Os policias civis, que iniciaram a paralisação na quarta-feira, quando policiais militares e bombeiros encerraram a greve após acordo com o governo estadual, já haviam parado em julho de 2011. Em dezembro, a greve foi considerada ilegal.
Os policias estão reivindicando a não punição de quem aderiu ao movimento grevista de julho de 2011, a devolução do dinheiro descontado de 199 policiais civis em dezembro de 2011 e salário equivalente a 60% do subsídio de um delegado.
- O policial do Ceará tem o salário mais baixo do Brasil. Um delegado em início de carreira ganha R$ 7.500, e o policial em início de carreira recebe, em média, R$ 2.125 - diz Inês. (O Globo)

Obama anuncia corte de US$ 450 bilhões em orçamento militar
Gastos de Defesa dos EUA serão reduzidos nos próximos dez anos segundo nova estratégia
O presidente dos EUA, Barack Obama, formalizou nesta quinta-feira, 5, a nova estratégia militar do país - reduz o orçamento do setor, estabelece uma diferente orientação das Forças Armadas ante ameaças na Ásia e na região do Pacífico, mantém uma forte presença no Oriente Médio e deixa claro que as forças terrestres deixarão de ter condições de empreender campanhas prolongadas e em grande escala simultâneas, como no Iraque e no Afeganistão.
Numa rara aparição na sala de imprensa do Pentágono, Obama apresentou uma diretriz militar que se afasta da adotada nas guerras arrasadoras herdadas do governo de George W. Bush e dependerá mais do poderio naval e aéreo no Pacífico e no Estreito de Ormuz para contrabalançar as ações da China e do Irã.
A estratégia de Obama inclui cortes de centenas de bilhões de dólares nas forças armadas, o que a torna um inábil complemento de suas difíceis relações com os militares desde seu primeiro dia na presidência. Numa carta que acompanha a nova estratégia, o presidente escreveu: "Precisamos colocar em ordem nossa situação fiscal e recompor nosso poder econômico em longo prazo".
Mas, num ano eleitoral, em que ele está sendo atacado pelos candidatos republicanos por enxugar o orçamento militar e, conforme afirmam, por sua fraca reação às ameaças iranianas, Obama disse também que os EUA "evitarão repetir os erros do passado, quando as Forças Armadas não estavam bem preparadas para o futuro".
Com isso em mente, disse o presidente, seu governo continuará investindo nas medidas de combate ao terrorismo, na coleta de informações, na guerra cibernética e na dissuasão da proliferação das armas nucleares.
Obama discutiu pela manhã a nova estratégia com seu secretário da Defesa, Leon Panetta, e com o general Martin E. Dempsey, chefe do Estado-Maior Conjunto. Funcionários comentaram que foi a primeira vez na história que um presidente convocou uma coletiva no Pentágono.
"Agora, estamos virando a página de uma década de guerra", declarou Obama. O país precisa estar preparado, acrescentou. "Não podemos repetir os erros do passado - depois da Segunda Guerra, depois do Vietnã -, quando as nossas Forças Armadas não estavam devidamente preparadas. Portanto, elas serão menores, mas o mundo deve saber que os EUA manterão sua superioridade militar."
Porta-aviões poupadosPanetta concluiu que, na próxima década, o Exército terá de encolher até mesmo em relação às metas atuais, para 490 mil soldados, mas os EUA não cortarão nenhum dos seus 11 porta-aviões, acrescentaram representantes do Pentágono e analistas militares sobre as propostas de orçamento apresentadas pelo secretário.
A nova estratégia militar tem como base cortes no Pentágono de pelo menos US$ 450 bilhões, nos próximos dez anos. Outros US$ 500 bilhões poderão ser cortados pelo Congresso no mesmo período.
Nesta nova realidade, Panetta deverá, nas próximas semanas, propor cortes na produção da nova geração de armas e até mesmo adiamentos na compra de caças F-35, um dos programas de armamentos mais caros da história. O adiamento das compras de F-35, no entanto, não deve impedir que as fábricas continuem em funcionamento - dando à fabricante Lockheed-Martin a possibilidade de corrigir os constantes problemas no desenvolvimento do avião.
Nos últimos dias, assessores de Panetta e Dempsey informaram que será possível divulgar alguns detalhes específicos sobre os cortes do Pentágono, antes que a proposta final do orçamento seja concluída, no final do mês. Mas vários representantes do Pentágono, militares e especialistas em orçamento militar criticaram os cortes específicos, embora não quisessem se identificar.
O secretário da Defesa deixou claro que a redução das tropas será feita criteriosamente e levará alguns anos, de forma que os veteranos não sejam jogados num mercado difícil em matéria de emprego, e as famílias dos militares não acreditem que o governo deixou de merecer a sua confiança depois de uma década de sacrifícios, afirmaram.
Um Exército menor seria uma clara indicação de que o Pentágono não prevê outra campanha para combater a insurgência. Tampouco os militares teriam condições de sustentar duas guerras terrestres ao mesmo tempo, como exigiram as estratégias militares nacionais passadas.
Mas as Forças Armadas terão de ter capacidade para frustrar as aspirações beligerantes de um adversário e ao mesmo tempo dedicar-se a operações de ajuda humanitária. (Estado)


Reforma ministerial busca equilíbrio de forças
Mesmo que seja limitada a mudanças em meia dúzia de ministérios, a reforma do gabinete, prevista para a segunda quinzena, será maior, mais complexa e politicamente profunda do que deixa antever o governo.
O esboço das mudanças prevê a manutenção de todas as siglas aliadas no ministério, mas com um reequilíbrio das forças mais fiel ao tamanho de cada uma delas no Congresso.
De acordo com as conversas entre os partidos, o PMDB sairia fortalecido, a representação do PSB reconheceria as duas forças que disputam o comando do partido e as siglas menores, como o PP e o PR teriam a representação reduzida à proporção de suas bancadas.
Desde o primeiro dia do governo Dilma Rousseff o PMDB se queixa de estar sub-representado. A hipótese em avaliação para contentar o partido é o Ministério dos Transportes reforçado com a Secretaria de Portos.
No governo tucano, o PMDB dominou a área dos Transportes e sempre quis recuperá-la para seus domínios. É o que o partido chama de a "joia da coroa". Se a articulação se concretizar, o nome para a Pasta será indicado pelo vice-presidente da República, Michel Temer.
Certa, por enquanto, só a relocação do ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) no Ministério da Educação, no lugar de Fernando Haddad, que deixa o cargo para ser candidato a prefeito de São Paulo, nas eleições municipais de outubro.
Para o lugar de Mercadante, a presidente Dilma mandou sondar o ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE). Alvo de constantes críticas de Ciro, o PMDB não gostou mas também não fará nada contra sua nomeação. A oposição mais forte ocorre no próprio PSB.
A indicação do ex-ministro cearense para o Ministério da Ciência e Tecnologia reconhece os "dois polos" de poder no PSB - de um lado o próprio Ciro e seu irmão Cid Gomes, governador do Ceará, e de outro o governador Eduardo Campos, até agora líder inconteste do partido.
Nos últimos meses, Campos tem feito movimentos cada vez mais ousados no sentido de se fortalecer nacionalmente: se aliou ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, na criação do PSD, e deu uma demonstração de força ao eleger a mãe, a ex-deputada Ana Arraes, para o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).
O PT observa com desconfiança os movimentos de Campos, pois o PSB tenta se tornar uma alternativa à esquerda; o PMDB teme que ele tente ficar com a vaga de vice na reeleição de Dilma, em 2014, e o governo contabiliza que ele tem um pé também no projeto do tucano Aécio Neves a presidente da República.
Aloizio Mercadante já teve uma longa conversa com Ciro Gomes, segundo informa o PT com mandato da presidente Dilma Rousseff. A volta de Ciro ao governo tem outro padrinho forte: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao trocar o PT pelo PSB no Ministério da Ciência e Tecnologia, a presidente estaria livre para articular a unificação do Ministério dos Transportes. A segunda pedida do PMDB é o Ministério das Cidades, que poderia ser ocupado pelo atual ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Wellington Moreira Franco.
A dificuldade para o PMDB, neste caso, é que a retomada do Ministério de Cidades é prioridade do PT. Para o cargo, o partido pensa em indicar o deputado José de Filippi Júnior, ex-prefeito de Diadema e ex-tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff a presidente da República, nas eleições de 2010.
A senadora Marta Suplicy (SP) seria outra hipótese para Cidades ou Turismo, mas ela se prepara para cumprir mais um ano do mandato de vice-presidente do Senado, conforme comunicou ao presidente do PT, Rui Falcão, e ao líder da bancada, senador Humberto Costa (PE).
Havia um acordo de revezamento entre Marta e o senador José Pimentel (CE), no fim do primeiro ano de Marta na vice. A própria Dilma falou para Marta que ela é importante para o governo no Congresso.
Outra mudança certa, além do Ministério da Educação, é no Ministério do Trabalho. Ainda é analisada a hipótese de fusão com o Ministério da Previdência Social. O nome do ministro vai depender da solução a ser dada pela presidente.
O PDT insiste em manter a vaga que era ocupada por Carlos Lupi no Trabalho, mas o PT pressiona Dilma a devolver a Pasta ao partido. No PDT, o nome mais próximo a Dilma é o do deputado Vieira da Cunha (RS), mas Brizola Neto (RJ) também é cotado.
Circulam ainda os nomes de José Lopes Feijóo, assessor especial de Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) e ex-vice-presidente da CUT, e o do senador Francisco Dornelles, numa compensação ao PP pelo Ministério das Cidades. Há fortes resistências no PT, inclusive de ex-ministros da Pasta, ao nome de Dornelles, que ocupou o mesmo cargo no governo do PSDB.
A secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, já comunicou ao PT que será candidata a prefeito de Vitória (ES), apesar de o PT local ainda analisar a possibilidade de apoiar uma candidatura do PMDB. A decisão sai no dia 15 e Iriny já foi avisada que, se deixar o governo para co correr, depois não volta, seja qual for o encaminhamento que o partido der à eleição de Vitória.
Se ficar com os Transportes, o PMDB pode abrir mão do Ministério do Turismo e abrir espaço para Dilma compensar algum dos partidos médios, provavelmente o PR. Na cúpula do partido há dúvidas se Dilma vai levar a ideia adiante, mas a ideia é não pressionar a presidente.
Primeiro, porque seria contraproducente; depois, porque a prioridade do PMDB é eleger a presidência das duas Casas do Congresso, no início de 2013, e as mudanças no ministério podem interferir no equilíbrio interno em que se sustenta o partido.
O governador Eduardo Campos deve manter Fernando Bezerra Coelho no Ministério da Integração Nacional, politicamente mais fraco depois da denúncia de que privilegiou Pernambuco na liberação de verbas da Pasta. O PSB pensava em remanejar Bezerra Coelho da Integração para o Ministério dos Transportes. (Valor)