quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O mais preocupante é que nem mesmo essa tímida redução é repassada aos juros pagos pelas pessoas físicas quando financiam compras ou tomam empréstimos

Timidez do Copom preocupa

Ricardo Patah, presidente nacional da UGT

Para a UGT (União Geral dos Trabalhadores), mais do que o ritmo lento da queda da taxa Selic, novamente mantido pelo Copom, com a redução de 0,5%, o mais preocupante é que nem mesmo essa tímida redução é repassada aos juros pagos pelas pessoas físicas quando financiam compras, tomam empréstimos ou entram no cheque especial. Dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) comprovam isso: a taxa de juros média passou de 6,84%, em julho de 2011, para 6,58%, em dezembro de 2011, uma queda de apenas 0,26 ponto percentual. Nesse período a taxa Selic recuou de 12,5% para 11%, uma redução de 1,5 ponto percentual.

O Copom, mas uma vez, foi timido ao reduzir a taxa Selic em apenas 0,50%. Essa timidez preocupa pois na verdade o Copom está fazendo o jogo do mercado, que antes mesmo da reunião já anunciava a redução em 0,5% e direcionava seu ataque especulativo dentro dessa nova taxa de juro.


BC corta juro em 0,50 ponto porcentual, para 10,50% ao ano

Copom faz o quarto corte consecutivo da Selic e indica que deve promover novas reduções nos próximos meses para estimular a recuperação da economia brasileira

O Banco Central (BC) anunciou nesta quarta-feira, 18, o quarto corte consecutivo dos juros e indicou que deve promover novas reduções nos próximos meses para estimular a continuidade da recuperação da economia brasileira.

A instituição confirmou as apostas do mercado financeiro e reduziu a taxa básica de juros (Selic) de 11% para 10,50% ao ano, por unanimidade. Agora, a expectativa da maioria dos economistas é de pelo menos mais uma redução, para 10% ao ano, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 6 e 7 de março.

Essa previsão foi reforçada não apenas pelo placar unânime, mas também pelo comunicado divulgado logo após a decisão. O BC utilizou as mesmas palavras com as quais justificou os dois últimos cortes, que também foram de 0,50 ponto.

Afirmou novamente que "um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012". Manteve também o entendimento de que o ambiente global continua "mais restritivo", em uma referência aos efeitos da crise externa.

O que divide agora os analistas é a possibilidade de um último corte dos juros em abril, que levaria a taxa básica para 9,50% ao ano. Embora a maioria aposte nessa hipótese, alguns economistas dizem que há cada vez mais indicações de que o BC pode abreviar o ciclo de queda da Selic iniciado em agosto do ano passado, quando a instituição surpreendeu o mercado financeiro e se antecipou à piora no cenário externo.

Cenário. Desde a última reunião do Copom, no final de novembro, houve melhora no mercado financeiro internacional e recuperação modesta da atividade econômica no Brasil. Por outro lado, a inflação acumulada em 12 meses continuou em queda.

Também se espera o anúncio em breve de um corte de até R$ 70 bilhões no Orçamento federal, valor superior ao anunciado em 2011, para que o governo possa cumprir a meta de superávit das contas públicas neste ano. O aumento na economia feita pelo setor público é um dos fatores que entram na conta do BC na hora de decidir se reduz ou não a taxa básica.

O estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno, avalia que ainda não há dados que justifiquem encurtar o ciclo de redução da taxa básica de juros. "O ambiente externo, apesar da melhora marginal que a gente viu nesse começo de ano, ainda continua bastante incerto", afirmou. "Isso, somado à trajetória cadente da inflação, deve dar tranquilidade para o BC continuar cortando os juros."

Rostagno diz ainda que todo o governo tem se mostrado bastante alinhado com o BC e feito esforços para garantir um ajuste fiscal que abre espaço para que a política monetária seja o canal de estímulo para a economia. "O BC pode executar mais um corte em março e deixar a porta aberta para cortar ou não os juros em abril, dependendo do cenário externo e da inflação por aqui."

Já o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani, avalia que o ciclo de queda dos juros se aproxima do fim. Para ele, mesmo que o governo cumpra a meta fiscal neste ano, as despesas públicas devem continuar em alta, influenciando tanto a trajetória de inflação, quanto a condução da política monetária atual.

Padovani diz ainda que o mercado de juros já indica a possibilidade de uma política monetária mais cautelosa, em função da redução dos riscos externos e dos próprios sinais emitidos pelo BC em seus últimos comunicados. "Um ciclo mais longo poderia elevar o risco de o BC ter de elevar os juros mais à frente." (Estado)


Déficit da Previdência recua 22,3% em 2011

O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) registrou déficit de R$ 36,5 bilhões em 2011, 22,3% inferior, em termos reais, ao déficit de R$ 47 bilhões verificado em 2010. O rombo nas contas da Previdência foi o menor desde 2002, quando havia sido de R$ 30 bilhões.

A queda no saldo negativo decorreu do aumento de 8,9% na arrecadação da contribuição previdenciária, que no ano passado somou R$ 230,8 bilhões e seguiu favorecida pelo dinamismo do mercado formal de trabalho.

A despesa com o pagamento das aposentadorias e pensões, concentrada no pagamento de benefícios a pessoas do meio rural, atingiu R$ 277 bilhões, 3,6% maior que o verificado em 2010. (Valor)


Brasil condiciona ajuda a avanços na reforma do FMI, diz fonte

A declaração, feita à Dow Jones, ocorre após o FMI dizer que busca algo entre US$ 500 bilhões e US$ 600 bilhões em recursos adicionais

Um alto funcionário do governo do Brasil disse à Dow Jones que o País permanece aberto à possibilidade de oferecer ajuda financeira a economias em dificuldades por intermédio do FMI, mas quer um compromisso por uma reforma na instituição. A declaração foi feita depois de o FMI dizer que busca algo entre US$ 500 bilhões e US$ 600 bilhões em recursos adicionais para combater os efeitos da crise da dívida europeia.

"O Brasil continua com um foco positivo, no sentido de assegurar que o FMI tenha os recursos necessários, Nós entendemos que o formato discutido em Cannes deve permanecer no lugar", disse o funcionário. Na reunião de cúpula do G-20 em Cannes, em novembro do ano passado, o Brasil havia concordado em estudar a possibilidade de oferecer ajuda por meio de um fundo geral de assistência financeira gerido pelo FMI, mas rejeitou a hipótese de conceder ajuda direta a governos europeus ou aos fundos de estabilização financeira daquela região.

O governo brasileiro também sinalizou a disposição de oferecer "ajuda transitória" a países em dificuldades por meio de acordos bilaterais negociados no âmbito do FMI.

Com cerca de US$ 500 bilhões em mãos, o FMI estima que precisará de mais de US$ 1 trilhão nos próximos anos para atender às necessidades globais de financiamento. Mas, apesar dos esforços em andamento, o Fundo até agora não conseguiu convencer os países do G-20 a fazerem promessas firmes de ajuda.

Os governos europeus disseram que contribuirão com US$ 200 bilhões, o que deixaria a necessidade de países de outras regiões oferecerem os restantes US$ 300 bilhões ou mais. Os EUA, que são o maior acionista do FMI, disseram que não têm a intenção de oferecer mais recursos.

Embora o governo brasileiro não tenha citado quantias ou prazos para sua oferta de ajuda por intermédio do FMI, o funcionário ouvido pela Dow Jones disse que a expectativa brasileira é de vincular as discussões sobre isso a um "compromisso político" para que avance a reforma do sistema de cotas dos países membros do Fundo, prevista para 2013 e 2014. O Brasil e outros países emergentes esperam conquistar mais representação, e mais influência nas decisões do FMI, por meio dessas reformas.

Os países emergentes estão mostrando cautela depois do processo sucessório ocorrido em 2011 no FMI. Embora os países mais desenvolvidos tivessem se comprometido anteriormente com um processo mais transparente de escolha do diretor-gerente do Fundo, quando Dominique Strauss-Kahn renunciou ao cargo, o método de escolha de seu sucessor foi o de sempre, com os países desenvolvidos usando seu peso para assegurar que o posto continuasse sob controle da Europa - com a francesa Christine Lagarde, ligada ao governo conservador do presidente Nicolas Sarkozy.

A partir desta quinta-feira, os vice-ministros das Finanças dos países do G-20 se reúnem por dois dias no México para discutir o impacto da crise da zona do euro e possíveis soluções. (Estado)


No futuro, não faltará capital, mas talento, diz Schwab

Presidente do Fórum Econômico Mundial afirma que Davos discutirá nos modelos econômicos e de liderança

O mundo vive hoje uma “síndrome do esgotamento”. Foi assim que o presidente do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, apresentou ontem o que poderá ser um dos encontros anuais de Davos mais pessimistas. Em 41 anos de existência, o Fórum em Davos — que reúne os principais dirigentes e líderes políticos do Planeta — discutiu momentos de euforia e crise, mas nunca apresentou o mundo desta forma: como uma pane generalizada.

— Quando vemos o caminho de hoje, na política, economia e sociedade, temos a impressão de uma síndrome de esgotamento global — disse Schwab.

Por todo lado, há, segundo ele, “lacuna de moralidade”, uma “superalavancagem”, um descaso:

— Não investimentos o bastante no futuro, não demos bola suficiente para a coesão social. E estamos diante do perigo de perder completamente a confiança das futuras gerações.

E fez um alerta: o fato de as pessoas terem perdido a confiança nos líderes e estarem vendo a vida apenas como um sacrifício — o que ele chamou de “destopia” , isto é, o contrário da utopia — pode gerar conflitos sociais, protecionismo, nacionalismo e, com isso, “precipitar a espiral de queda da economia global”.

O Fórum reunirá 2.600 pessoas este ano, entre elas, cerca de 40 chefes de estado e de governo e 18 presidentes de bancos centrais. A dívida e a crise europeia vão, certamente, mobilizar boa parte dos debates em Davos. Mas o Fórum também vai discutir um novo modelo para o capitalismo. Schwab cunhou uma nova expressão para definir o que ele acha que deve substituir o capitalismo: o “talentismo”.

— O futuro não vais ser determinado pela escassez de capital, mas sim pela falta de talento. O modelo antigo era capitalismo. O novo é talentismo — acredita o presidente do Fórum.

Encontro deste ano também discutirá um novo modelo para as lideranças. Segundo Schwab, o líder do passado era determinado pelo poder, pura e simplesmente. O de hoje precisa ser determinado por um modelo mais colaborador, que ele chama de poder social:

— Tudo o que for criado, tem que ser codesenhado. A nova geração espera a democratização das decisões. É evidente que num mundo onde metade da população tem menos de 27 anos, os jovens têm que ser parte.

O encontro em Davos será aberto pela mulher que comanda hoje a Europa em crise: a chanceler alemã Angela Merkel. Entre as personalidades confirmadas estão o primeiro ministro britânico, David Cameron, o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, o presidente israelense, Shimon Peres, o presidente do México, Felipe Calderon. Dilma Rousseff, não está na lista, assim como o presidente francês, Nicolas Sarkozy, cujo país acaba de ser rebaixado por uma agência de classificação de risco. Do Brasil, estão confirmados Luciano Countinho, presidente do BNDES, os ministrosAntonio Patriota, das Relações Exteriores, e Fernando Pimental, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Haverá um painel sobre a economia brasileira, mas, em geral, a América Latina está fora do foco do encontro. Inspirados pelo movimento de ocupação e protesto em várias cidades, como o “Occupy Wall Street”, ativistas instalaram um iglu em Davos. A manifestação não garantiu um convite para os debates, mas os organizadores de Davos dizem que eles poderão participar de eventos paralelos.(O Globo)