quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Taxa de juros de um dígito: a avaliação consta da ata da última reunião do colegiado do Banco Central

Copom vê elevada probabilidade de juro básico de um dígito

O Comitê de Política Monetária (Copom) atribui "elevada probabilidade" à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito.

A avaliação consta da ata da última reunião do colegiado do Banco Central, quando o juro básico foi reduzido em 0,50 ponto percentual, para 10,50% ao ano.

No documento, o Copom também comentou que a desaceleração da economia brasileira no segundo semestre do ano passado foi maior do que se antecipava e que eventos recentes indicam postergação de uma solução definitiva para a crise financeira europeia. (Valor)


Superavit do governo fica R$ 10 bi acima da meta e atinge R$ 92 bi

Resultado de 2011, que ainda não é oficial e depende de ajustes, fortalece defensores de corte menor no Orçamento. Economia do governo para pagar juros da dívida tira dinheiro de investimentos e reduz ritmo do crescimento.

A contenção de gastos do governo federal e a arrecadação acima do esperado no ano passado geraram uma economia superior à meta do Ministério da Fazenda.

Segundo a Folha apurou, o número, que ainda está sendo fechado pela equipe econômica e será usado para abater a dívida pública, está em cerca de R$ 92 bilhões -R$ 10 bilhões a mais que o previsto no início de 2011.

Apesar de ainda poder sofrer alguma alteração, essa estimativa de superavit primário já animou no governo os defensores da tese de que não é preciso anunciar corte muito forte no Orçamento da União em fevereiro.

Nos cálculos desse grupo, dado o resultado do superavit de 2011, não será difícil economizar os R$ 97 bilhões projetados para este ano.

O governo discute um corte de despesas da ordem de R$ 60 bilhões para este ano. O objetivo é economizar o suficiente para fazer um superavit primário de 3,1% do PIB (Produto Interno Bruto).

O cumprimento integral do superavit abre espaço para que o Banco Central siga reduzindo os juros da economia, daí a importância da economia nas contas públicas. O BC analisa a situação fiscal do país ao definir a taxa básica de juros.

Neste ano, o desafio é reduzir despesas sem inviabilizar o crescimento.

Ocorre que a economia brasileira entrou em 2012 ainda em desaceleração.

Para tentar aumentar o crescimento já no primeiro semestre, a presidente Dilma Rousseff determinou a ampliação do investimento público. O governo quer crescimento entre 4% e 5% em 2012.

Mas analistas dizem que não é possível realizar as duas tarefas: investir mais e, ao mesmo tempo, fazer um corte mais severo para honrar o superavit primário.

Em 2011, quando foi anunciado um ajuste fiscal de R$ 50 bilhões, aconteceu exatamente o que a presidente quer evitar agora: a queda de investimentos públicos prioritários, como em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Hoje, para não comprometer gastos com infraestrutura, o Executivo pode descontar as despesas com o programa do cálculo do superavit.

Mas o ministro Guido Mantega (Fazenda) vem dizendo que não usará esse artifício.

CONTRA -- Embora o número preliminar tenha animado aqueles que advogam por bloqueio nas contas inferior a R$ 60 bilhões, há riscos iminentes.

O principal deles é se o crescimento da economia não for tão bom quanto consta no Orçamento aprovado pelo Congresso, resultando numa arrecadação menor.

Além disso, o governo já prevê que pode ter despesas adicionais de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões, relativas principalmente a desembolsos do seguro-desemprego.

Nas contas do economista Mansueto Almeida, diante desse quadro, "não haverá tanto espaço para aumentar os investimentos". Segundo ele, os contratos fechados em 2011 e que ficaram para ser pagos em 2012 já comprometem uma boa parte do espaço para novos desembolsos. (Folha)


Participantes do Fórum Social veem fracasso da Rio+20

Intelectuais de esquerda e ambientalistas que participam do Fórum Social Temático, em Porto Alegre, fazem previsões de fracasso para a conferência Rio+20, que reunirá líderes mundiais em junho para discutir o futuro do planeta.

"O G8 não está minimamente interessado em fechar compromissos ambientais", afirmou o escritor Frei Betto

Os participantes criticaram texto divulgado pela ONU como esboço de resolução a ser votada na conferência.

Para o empresário Oded Grajew, o documento está "muito abaixo da expectativa" e não prevê ações concretas para reduzir as emissões de gases. (Folha)


Três edifícios desabam no centro do Rio

Cinco pessoas foram resgatadas com vida até a conclusão desta edição; número de vítimas ainda era incerto. Segundo bombeiros, obra que estava sendo realizada em um dos prédios pode ser causa do desmoronamento.

Três prédios desabaram ontem por volta das 20h30 no centro do Rio. Até a 0h, cinco pessoas feridas haviam sido retiradas dos escombros e levadas para o Hospital Souza Aguiar, também no centro.

O estado mais grave era de Cristiane do Carmo, 28, que sofreu uma fratura no crânio e passaria por uma cirurgia.

O edifício Liberdade, de 20 andares, o Colombo, de dez, e um terceiro prédio, de quatro andares, foram ao chão.

Escombros atingiram edifícios vizinhos. A Defesa Civil, porém, afastou a possibilidade de novos desabamentos.

Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões, a principal hipótese para o desabamento é uma obra que era realizada em um andar do Liberdade.

Um dos sobreviventes é um servente da obra. Ele estava dentro do elevador e sofreu apenas ferimentos leves.

Segundo Simões, os cães farejadores identificaram dois pontos onde pode haver vítimas. Até a meia-noite nenhum familiar acusou o desaparecimento de pessoas.

"Possivelmente foi problema estrutural", disse o prefeito Eduardo Paes (PMDB).

LUZ DE CELULAR -- Pessoas que estavam no edifício ao lado usaram a luz de seus telefones celulares para chamar a atenção dos bombeiros e buscar socorro. Com as escadas cheias de escombros, não havia como sair. Trinta foram resgatadas.

Os três prédios que ruíram ficam na avenida Treze de Maio, próximo ao Theatro Municipal, na Cinelândia.

O Theatro não foi atingido, mas seu anexo, onde funciona a bilheteria, sofreu danos por causa dos escombros. "Estava na banca de jornal em frente e, de repente, ele simplesmente caiu", disse o analista de sistemas Fernando Amaro, 29, que tinha acabado de sair do edifício quando houve o desmoronamento.

Testemunhas contam que, um pouco antes do desabamento, algumas pedras caíram do alto do Liberdade. Pouco depois, houve um estrondo e o prédio veio abaixo. Segundo testemunhas, uma empresa fazia obras no 3º e no 9º andares do prédio.

Os bombeiros não tinham estimativa de quantas pessoas poderiam estar sob os escombros, mas diziam achar difícil haver sobreviventes.

PRINCÍPIO DE INCÊNDIO -- Às 21h30 houve um princípio de incêndio. De acordo com bombeiros, havia forte cheiro de gás no local. Jornalistas e curiosos foram afastados. Um cordão de isolamento mantinha todos a cerca de um quarteirão do local.

Fiscais da CEG (Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro) foram chamados para fechar as tubulações de gás. A empresa disse que não havia registro de reclamações de vazamento de gás no local, nem vistoria agendada.

Moradores de prédios vizinhos contaram que sentiram os imóveis balançarem. "Senti meu colchão tremer. Abri a janela e não vi nada, só poeira", disse a auxiliar de enfermagem Diane Silva Souza, 35. (Folha)