terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O mercado mantém a projeção de que os juros serão reduzidos do atual patamar de 10,5% para 9,5%.

Fazenda considera juros bancários muito elevados

Ministério crítica diferença entre custo de captação de bancos e taxas cobradas. Documento divulgado ontem também reduziu a projeção de crescimento do país em 2012 de 5% para 4,5%.

O Ministério da Fazenda está insatisfeito com os altos juros cobrados pelos bancos, principalmente em financiamentos para empresas.

Em documento divulgado ontem, o órgão afirma que o spread bancário -diferença entre o custo que os bancos têm na captação de recursos no mercado e a taxa cobrada dos clientes - para pessoas jurídicas ainda é muito alto.

"O spread incentiva a realização de captações externas por empresas brasileiras que possuem acesso ao mercado internacional", afirma o caderno "Economia Brasileira em Perspectiva".

De acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco Central, o spread bancário fechou o ano passado em 26,9 pontos percentuais, contra 23,5 pontos no fim de 2010.

O documento da Fazenda também trouxe uma estimativa menor para o crescimento do país neste ano, prevendo agora uma expansão de 4,5% da economia brasileira. A última estimativa, feita em outubro, era de aumento de 5% no PIB (Produto Interno Bruto) em 2012.

No mercado, porém, a expectativa é bem mais modesta: espera-se crescimento de 3,3%, segundo pesquisa semanal divulgada ontem pelo BC (Banco Central).

A publicação não traz projeções para o crescimento do país em 2011. No mercado, a projeção para o aumento do PIB do ano passado é de 2,87%. Os dados sobre o PIB de 2011 deverão ser divulgados pelo IBGE em março.

JUROS -- A pesquisa divulgada ontem pelo BC, o Boletim Focus, também mostra uma redução na projeção do mercado para a alta da taxa básica de juros (Selic) no ano que vem.

Os analistas ouvidos pela instituição agora estimam que a taxa estará em 10,50% em dezembro de 2013, ante expectativa de 10,75% na semana passada.

Para este ano, o mercado mantém a projeção de que os juros serão reduzidos do atual patamar de 10,5% para 9,5%. Nas últimas semanas, o BC vem sinalizando que trará a taxa para um dígito.

Temerosos com uma nova alta da inflação devido ao corte acentuado dos juros neste ano, os economistas vinham elevando suas projeções para a Selic no ano que vem.

Agora, voltaram a reduzir a projeção porque acreditam que o BC vai privilegiar medidas alternativas de controle do crédito, como fez na primeira metade de 2011, nota relatório da consultoria LCA. (Folha)

Governo vai elevar IR de aplicações atreladas à Selic

O objetivo da proposta é desestimular, por meio de um imposto mais alto, as aplicações que acompanham o sobe e desce da taxa básica de juros

O governo prepara mudanças na tributação do Imposto de Renda (IR) incidente nas aplicações financeiras de renda fixa, como fundos de investimentos e CDBs. O objetivo da proposta em estudo é desestimular, por meio de um imposto mais alto, as aplicações que acompanham o sobe e desce da taxa básica de juros, a Selic. O governo quer fazer os investidores migrarem para aplicações com correção prefixada ou atrelada à inflação.

A ideia é aproveitar o momento de queda da taxa Selic em direção ao nível de um dígito para atacar de forma mais efetiva a chamada cultura do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), informou ao Estado um integrante da equipe econômica. Uma fonte da Receita Federal confirmou os estudos.

Hoje, grande parte dos fundos de renda fixa são os chamados DIs, que aplicam em títulos públicos pós-fixados. Ou seja, se a Selic é puxada para cima, o rendimento sobe; se é reduzida, a rentabilidade cai.

Na avaliação do governo, quanto maior é essa vinculação, menor é o impacto das decisões de juros do Banco Central sobre o ritmo de consumo da população e nos investimentos das empresas. Quando o BC quer esfriar a economia, por exemplo, eleva a Selic. Na prática, ao fazer isso, a autoridade monetária reduz a quantidade de dinheiro em circulação no mercado.

No entanto, hoje, esse efeito é limitado porque a alta da Selic engorda as aplicações de grande parte dos investidores que estão nos fundos DIs ou nos CDBs (que, em sua maioria, também seguem a Selic pós-fixada), deixando mais dinheiro para consumir.

O governo está aproveitando um momento de queda da Selic para mudar a regra. Não dá para tentar fazer essa mudança quando a Selic está subindo e todo mundo ganhando dinheiro.

As mudanças devem afetar o ganho dos investidores, principalmente nas aplicações de curto prazo. Seriam impactados tanto o aplicador de classe média, que investe em CDBs de bancos e fundos de investimentos, quanto instituições financeiras e empresas que fazem grandes negócios com renda fixa.

O estoque de investimentos em produtos criados pela iniciativa privada com renda fixa é de R$ 1,5 trilhão, e 89% desse total estão atrelados ao CDI (taxa de juros de referência do mercado financeiro nacional, que segue a Selic pré ou pós-fixada). Na dívida em títulos do governo, que soma R$ 1,8 trilhão, os papéis pós-fixados somam 30% do total.

As discussões começaram no Grupo de Trabalho do Mercado de Capitais, que avalia medidas de aperfeiçoamento do mercado. O grupo é formado por representantes do Ministério da Fazenda, BC e Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O governo está conduzindo os estudos com cautela porque qualquer mudança mal feita ou precipitada pode provocar distorções. (Estado)

Bombeiros e PMs do Rio encerram paralisação

Movimento grevista iniciado na quinta passada teve baixa adesão.

Categoria tenta agora negociar a libertação dos líderes da greve presos logo no início da mobilização no Estado.
Após a baixa adesão ao movimento, líderes dos PMs e bombeiros do Rio de Janeiro decidiram suspender a greve iniciada na quinta passada.

Em assembleia no centro, as categorias anunciaram "trégua" para o Carnaval, mas disseram que voltarão a discutir a possibilidade de paralisação após a festa.

O presidente do Sindpol (Sindicato dos Policiais Civis do Rio de Janeiro), Fernando Bandeira, reconheceu que a prisão de líderes grevistas enfraqueceu o movimento. Parte da Polícia Civil já tinha anunciado a suspensão da greve na noite de sábado.

A reunião de ontem discutiu basicamente como negociar a libertação dos manifestantes presos: nove PMs e 11 bombeiros detidos em Bangu 1; outros sete PMs em um quartel da corporação e 162 bombeiros em detenção administrativa.

A Defensoria Pública do Rio decidiu atuar na defesa dos PMs e bombeiros presos.

O Tribunal de Justiça do Rio disse que alguns pedidos já foram encaminhados para parecer do Ministério Público.

"Ainda não conseguimos falar com eles. Estão incomunicáveis. São presos políticos", disse à Folha a estudante Ana Paula Matias, 29, mulher do sargento do Corpo de Bombeiros, Alexandre Gomes Matias, 32, preso em Bangu 1.

O deputado Marcelo Freixo (PSOL), da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia do Rio, disse que a prisão dos militares em Bangu 1 é "inaceitável" e "arbitrária".

A ida dos presos para o presídio é defendida pelo governo Sérgio Cabral (PMDB) como forma de isolar os líderes do movimento e "sufocar" a greve. As prisões foram feitas já nos primeiros dias.

O Estado diz fundamentar sua decisão com a Constituição Federal, que não permite que militares façam greve, e o Código Penal Militar (CPM), que aponta como crime o "incitamento à greve".

O Superior Tribunal Militar, porém, entende que os militares só devem ficar em presídios comuns ao perder a condição de militar.

PARANÁ -- Enquanto as greves da Bahia e do Rio terminaram, PMs e bombeiros paranaenses iniciram uma série de protestos. Ontem, eles fizeram atos em sete cidades para cobrar aumento do governo Beto Richa (PSDB).

Os protestos foram pacíficos e reuniram policiais de folga e seus familiares. Por enquanto, não há perspectiva de greve no Estado. (Folha)